Até o momento em que escrevo este texto, pelo menos 58 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas em um tiroteio durante um festival de música country em Las Vegas (filme no final do texto). É o mais mortífero ataque deste tipo - e olhem que não são poucos - na história moderna dos EUA. O atirador, um homem de 64 anos, estava no 32º andar de um hotel e abriu fogo contra a multidão indefesa. Depois se suicidou.
Logo após a notícia, os comentários começaram a pulular nas redes sociais. E no Brasil os partidários da liberação das armas apressaram-se a defender o indefensável. Houve um comentário que saltou aos olhos. Um dos defensores dessa sociedade de bang-bang saiu-se com uma pérola: “Quantos casos destes aconteceram nos últimos 10 anos? Você acredita mesmo que eles não existiriam se as armas fossem restringidas?”, disparou à queima-roupa.
Uau! Uma pessoa que não sabe a resposta para estas duas questões tão óbvias parece ter sérios problemas: ou é muito desinformada ou está de má fé. Então vamos lá ver as respostas.
1. A primeira pergunta permitiria publicar uma extensa lista, mas vamos ficar pelos 10 massacres com maior número de mortos (e não apenas pelos últimos 10 anos, excluindo o atual). Eis:
- Boate Pulse, 49 mortos
- Universidade Virginia Tech, 33 mortos
- Escola de Sandy Hook, 28 mortos
- Cafeteria Luby, 24 mortos
- McDonald’s de San Ysidro, 22 mortos
- Universidade do Texas, 17 mortos
- Escola de Columbine, 15 mortos
- Correio de Edmond (oklahoma), 15 mortos
- San Bernardino, Califórnia, 14 mortos
- Centro de Atendimento a Imigrantes - Binghamton, 14 mortos.
2. A segunda questão. Será que isso teria acontecido se as armas não fossem liberadas?
Ora, nos EUA uma pessoa consegue comprar avançadas e potentes armas num supermercado. Apenas este fato é mais que suficiente para responder à questão. Ou não? “Ah... não são as armas que matam. As pessoas é que matam pessoas”. Sério? Eis a dúvida. Sem armas, como o perpetrador do massacre de ontem iria fazer 50 vítimas? À cusparada?
Aliás, vale salientar que o Estado de Nevada, onde ocorreu o massacre, é um dos mais permissivos na aquisição de armas. Tão permissivo que os políticos estão a discutir a liberação de silenciadores para as armas. Ah... que gente sensata. Mas, pensando bem, se as armas do assassino do hotel tivessem silenciador, ninguém teria ouvido as rajadas sobre a multidão (no filme) e mais pessoas teriam morrido.
É a dança da chuva.