quarta-feira, 5 de julho de 2017

Sobre a ciclofaixa da rua Lages

POR FELIPE SILVEIRA
Na semana passada, a prefeitura de Joinville “surpreendeu” os moradores da rua Lages, no centro da cidade, com uma ciclofaixa onde antes habitava um estacionamento. Não demorou muito para que uma moradora publicasse um post em uma rede social, indignada pela falta de respeito do poder público com os empresários que tem seus estabelecimentos naquela rua. Ela apontava que não há um fluxo significativo de ciclistas naquela região, que não houve diálogo com os moradores e que do outro lado da rua havia menos vagas para carros, o que tornaria a ciclofaixa mais viável naquele ponto.

A postagem logo foi compartilhada por pessoas que concordavam e comentada por pessoas que a condenavam, em especial cicloativistas. Eu mesmo fui comentar que ando de bicicleta por ali e a via seria muito útil. Mas o assunto não morreu por aí. Meu colega Jordi Castan escreveu sobre o assunto na segunda-feira (3), apontando para as falhas do poder público e para a “patrulha” cicloativista, o que me levou a responder neste meu texto de quarta-feira (5).

O assunto mobilidade urbana, em especial esta questão de bicicletas e de transporte público, é o que eu mais gosto. Certamente é sobre o assunto que mais escrevi no Chuva Ácida. E, por andar há 20 anos de bicicleta com frequência em todos os lugares da cidade, me sinto um pouco apto a opinar. Mas não só por isso.

Por gostar do assunto, tento conhecer as experiências feitas mundo afora, motivadas por diferentes ideologias. Por isso, há muitos anos falamos aqui neste blog sobre o conceito de “cidade para pessoas” e das ideias do arquiteto dinarmarquês Jah Gehl, que transformou Copenhague com mudanças na mobilidade urbana, entre outras coisas. Ideias que se popularizaram muito nos últimos anos. E enquanto falávamos isso, o prefeito Udo falava em 300 km de asfalto e elevados como política de mobilidade. Escrevemos sobre o assunto aqui.

Aconteceu, no entanto, um fenômeno interessante. Mesmo sem confessar publicamente, fica evidente que o prefeito mudou de ideia sobre o assunto. A impressão que tenho, e um dia gostaria de perguntar a ele, é que Udo simplesmente teve contato com novas ideias e as apreendeu. Aquele pensamento retrógrado, provinciano, do asfalto e do carro a todo custo, ficou pra trás. Parece.

Não acho que a prefeitura acerte sempre, mas há evidentemente uma linha de raciocínio que propõe ciclofaixas, corredores de ônibus, redesenhos viários etc. Não é grande coisa. É simplesmente o caminho lógico. E falta muita coisa ainda: é preciso reduzir a passagem (na minha opinião, até chegar a zero, mas não é caso de discutir aqui. Se quiser saber mais, clique no link), aumentar o conforto, ampliar o número de linhas e arrumar as vias.

Fazer tudo isso, no entanto, exige que os passos sejam dados um de cada vez. E um passo neste sentido é a ciclofaixa da rua Lages. Não se trata de uma ação desconexa, mas parte de um projeto que não é exatamente da prefeitura de Joinville. É um projeto de toda uma sociedade, no mundo todo, que quer as cidades mais cicláveis.

O argumento de que o trecho é pouco pedalado cai por terra rapidamente. Coincidentemente eu moro na zona oeste há alguns meses e costumo passar por ali quando vou ao centro. Se eu for pela Timbó ou Max até a rua Blumenau, acho ruim pedalar na Blumenau até a região da Nove de Março. Por outro lado, acho ruim ir até a Quinze de Novembro, que tem um leve elevação antes de chegar no centrão. A Lages é perfeita para pedalar. Por outro lado, todo mundo sabe que os ciclistas costumam aparecer depois da instalação das vias adequadas. Né, Avenida Paulista?

Diferente de uma parte do cicloativismo, não acho que os carros são o inferno na terra. Ando de carro, a pé, de bike e de ônibus e acho que solução é um uso mais equilibrado destes modais. Para isso acontecer, é preciso tornar o transporte público mais confortável e muito mais barato. É preciso tornar a cidade mais segura para quem pedala. Isso não se faz com o isolamento do ciclistas, mas com a promoção do respeito dos motoristas pelos outros. Vale pra Joinville e pra Londres (repare na pista), como podemos ver no vídeo abaixo:

terça-feira, 4 de julho de 2017

É gafe atrás de gafe: um governo de "gafiosos"

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
A maior tragédia de um país é ser governado por gente medíocre, inculta e focada apenas nos próprios interesses. É o retrato exato do governo de Michel Temer. E é desnecessário falar de economia, política ou finanças, áreas onde os resultados podem ser verificados na primeira pessoa pelos brasileiros.

O tema aqui é a falta de cultura dessa gente. Mas isso importa? Sim, importa muito. As limitações do presidente, um homem que tem o cérebro em algum lugar do passado, e das pessoas no seu entorno impedem uma clara leitura do mundo. Ou seja, Michel Temer e sua gente não estão intelectualmente apetrechados para governar.

É um fato verificável em todos os segmentos, mas que também fica evidente quando se olha para os detalhes. Um dos exemplos é o chorrilho de gafes que vem sendo debitado desde os primeiros dias do seu governo (ilegítimo). Enfim, o atual presidente está à frente de um governo “gafioso” (expressão que traz uma curiosa homofonia).

Sem querer ser freudiano, lembro o conceito de “atos falhos”. É quando o inconsciente e o consciente se baralham e fazem a pessoa dizer algo que não seria suposto dizer. Em política a coisa também é tratada pelo eufemismo “gafe”. Desde que chegou ao poder, Michel Temer e a sua pandilha pariram um sem fim de atos falhos.

O presidente não deixa os créditos por mãos alheias. O seu acervo de bolas-fora é vastíssimo. Disse que o massacre de 56 presos era um “acidente pavoroso”. Desejou que a Paraíba fosse inundada. Disse que os governos precisam ter marido. Mais recentemente, chamou a Rússia de União Soviética, numa viagem em que também confundiu o rei da Noruega com o “rei da Suécia”. E por aí vai...

A sua entourage também é assídua produtora de besteirol. Um ex-ministro disse que antes da lista de Janot estava de olho na “lista de Schindler”. Outro aliado disse que a Justiça do Trabalho nem deveria existir. Um ministro disse que os “homens trabalham mais, por isso não acham tempo para cuidar da saúde”. E até um outro ex-ministro disse que o México é um perigo para os políticos homens “porque descobri aqui que metade das senadoras é mulher”.

E o retrato mais definitivo parece ter sido pintado ontem pelo secretário nacional de Juventude, Assis Filho, que abriu um evento citando “o grande filósofo alemão William Shakespeare”. Nem chega a ser estranho num país onde procuradores confundem Engels com Hegel, mas mostra a pobreza intelectual dos caras que ditam os rumos do Brasil.

O que leva de volta à frase do início. A maior tragédia de um país é ser governado por gente disfuncional, sem expressão política e com critérios éticos muito lassos. Os atos falhos, lapsos ou gafes são apenas a expressão da falta de cultura, entendida aqui num sentido mais lato. Ou seja, um caldo de (in)cultura  machista, classista, anti-intelectualista. Ou apenas pura ignorância mesmo.

É a dança da chuva.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Chega de brincar com Joinville: bom senso ao poder

POR JORDI CASTAN
Há um ar de radicalismo binário nos temas da vila. Ou você é a favor ou você é contra. Não há meio termo. A turma do planejamento (ex-IPPUJ) continua fazendo imbecilidades e parece que todos os problemas de Joinville se resolvem com ciclo faixas e corredores de ônibus. Será?

Vamos a alguns exemplos. Para começar, a ciclofaixa implantada de um dia para outro na rua Lages. Antes que a patrulha dos cicloativistas - essa gente que não tem bicicleta, não anda de bicicleta, mas defende que Joinville seja a Copenhagen ao sul do Equador - é bom lembrar que já escrevi muito a favor de priorizar os pedestres e os ciclistas.

Portanto, é evidente o apoio à ideia de que Joinville tenha um planejamento - infelizmente não tem - que ao menos possa ser levado a sério. Ou seja, que priorize os pedestre e os modais bicicleta e transporte público. O que, no entanto,  não acontece. Porque só há ações desconexas, sem sentido e questionáveis tanto pelo elementar bom senso como pelo MPSC. Mas essa é outra historia.  

Há, na rua Max Colin, uma ciclofaixa, muito pouco utilizada pelos ciclistas que prezam a sua vida e que escolhem circular pela Rua Timbó. Ora, essa ciclofaixa coloca os ciclistas em perigo constante, ao colocá-los em conflito com os ônibus e, por seguir o padrão do IPPUJ, desaparece e aparece deixando os ciclo-suicidas desprotegidos. O lógico seria ter ciclovias nas ruas de maior fluxo de veículos e de maior velocidade e instalar as ciclo faixas exclusivamente nas ruas de menor trânsito e por tanto menor risco.

QUE TAL UMA VISITA À EUROPA - Proporia aos cicloativistas que habitavam o IPPUJ - e agora migraram para a Secretaria de Planejamento - uma vista à Europa. Amsterdam ou Copenhagen para começar. Freiburg ou Munster numa viagem mais demorada. O problema é que já foram para lá e não aprenderam nada. Aliás, ainda estamos à espera da licitação das bicicletas de aluguel. Uma licitação que não sai e que é melhor não sair mesmo, porque se converteu num monstrengo. Tem tantas exigências que morreu na casca.

Mas vamos supor que fossem para lá. Vamos a imaginar que levassem um pouco de humildade na bagagem e reconhecessem que nada sabem, porque só se pode aprender a partir da ignorância, do desconhecimento. Só a partir do momento em que reconhecemos não saber algo é que estamos preparados para aprender.

Como esse pessoal já sabe tudo e o seu líder máximo é o mais sábio dos sábios - ao menos é isso que ele acha - descobriam que as bicicletas lá compartem o espaço com os pedestres e não com os veículos. Quando colocadas no mesmo nível dos carros, o modelo é a ciclovia e não a ciclofaixa. Se alguém inventasse colocar ciclistas e ônibus para compartilhar o mesmo espaço, como na rua Max Colin, por exemplo, seria internado imediatamente. Em Joinville, o mais provável é que seja promovido.

Se o projeto é colocar ciclofaixas em todas e cada uma das ruas, seria bom entender que é preciso muito mais que pintar uma linha vermelha e outra branca. E que é preciso fazer estudos, identificar fluxos e as demandas existentes e futuras. Mas estudos não são o forte desse pessoal que vice gazeteando aulas e não faz os exercícios básicos. 

OS ÇABIOS DO PLANEJAMENTO - Deve ser por isso que projetaram uma ciclofaixa na rua Marques de Olinda, no trecho entre a Ottokar Doerfehl é a rua Concordia, e esqueceram de olhar a inclinação da rua. Deve ser por isso que nunca há ciclistas por lá. O mesmo caso que na rua Papa João XXIII. Ainda não vi um ciclista subindo o morro que leva ao Hospital Regional. Deve ser porque os ciclistas, que são muito mais espertos que os "çábios" do planejamento (ex-IPPUJ) sabem que há uma rota alternativa mais plana e mais cômoda.

Mas aqui apoiamos qualquer bobagem que se faça quando se trata de mais ciclofaixas. Mesmo que não liguem nada com nada ou que unam a nada a coisa nenhuma não tem importância. Vamos pensar um pouco mais? Vamos planejar uma cidade em que a mobilidade com bicicleta seja uma opção real e viável e não só o sonho quimérico de um bando de amalucados?

Vão me acusar de radical? Ótimo. Vamos colocar o bom senso no poder, chega de brincar com Joinville.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Temer também sufoca os que querem ir à Disney

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
É a mais grave crise financeira enfrentada pela Polícia Federal nos últimos anos. Uma situação que vai ter reflexos nas grandes investigações, inclusive parte da Lava-Jato, e algumas poderão mesmo ser suspensas. Os policiais vão ficar sem dinheiro para passagens, diárias e outras despesas ligadas ao trabalho. Sem verbas, as aeronaves da própria Polícia Federal podem ter que ficar no solo.

Tem gente pondo a boca no mundo. O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, ligado à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, por exemplo, usou a rede social Facebook para denunciar a redução da equipe da polícia que trabalha no caso. Além de expor o seu descontentamento com a situação, o procurador deixa no ar uma pergunta sobre eventuais interesses.

“O governo Temer sufoca a Polícia Federal. Nem dinheiro para a emissão de um documento necessário como o passaporte. Imagine como está a continuidade das diversas investigações pelo país. Na Lava Jato a equipe da polícia foi significativamente reduzida. A quem isso interessa?”, pergunta o procurador. Não é preciso ser um vidente para saber quem é o alvo da questão.

As ilações são óbvias. Se a Polícia Federal não pode investigar, então os investigados têm a vida mais fácil. E quem está no olho do furacão? Todos os caminhos apontam para o Palácio do Planalto e o seu entorno. Dizem que há uma quadrilha instalada por lá. O que se pretende? Tudo aponta para uma volta aos tempos do PSDB e do engavetador geral da República, quando a Polícia Federal investigava pouco.

É sempre bom lembrar que quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu, em 2003, houve um forte investimento nas estruturas da Polícia Federal e o número de operações disparou. Também não é despiciendo dizer que, com o Partido dos Trabalhadores no poder, essa força policial realizou 50 vezes mais operações do que nos tempos de FHC.

Há alguma surpresa? Não. O roteiro desta história vem sendo anunciado há tempos, mas nunca comoveu as elites brasileiras (aqueles que o coletivo decidiu chamar “coxinhas”). As panelas, tão barulhentas nos tempos de Dilma Rousseff, hoje guardam um silêncio hipócrita e conivente. Afinal, o governo de Michel Temer conta com o apoio de PSDB e DEM, dois dos partidos das classes médias conservadoras (e reacionárias).

Eis a ironia. Foi preciso o “sufoco” chegar à emissão de passaportes para essa gente começar o berreiro. E até choro. Não vai ter Disney para os pequerruchos? Não vai ter filho adolescente em intercâmbios no exterior? Não vai ter compras em Miami? Fica a recomendação. Não tem passaporte? Então faça turismo interno. Se a Disney tem o Pato Donald, o Brasil ainda tem o pato da Fiesp. E os patos que foram atrás dele...

É a dança da chuva.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Pet


Orkut é um exemplo de que o Google também falha

POR LEO VORTIS
Não restam dúvidas de que o Google é uma das mais importantes empresas do mundo. O lado bom é que é uma ferramenta indispensável, o mal é que sabe muito sobre cada um de nós. E pode faturar com isso. Aliás, ainda esta semana a Alphabet, dona da empresa, recebeu uma multa da Comissão Europeia no módico valor de 2,4 bilhões de euros, por práticas que teriam violado as leis europeias.

Mas o Google é uma empresa que também falha. Até porque o mundo das novas tecnologias é feito de acertos e erros. A evolução acontece por tentativas, umas mais felizes, outras destinadas ao fracasso e outras à obsolescência. E hoje trago aqui uma lista de cinco produtos da marca que simplesmente desapareceram, mas dos quais os leitores provavelmente já ouviram falar.

ORKUT
Quem não se lembra desta rede social, lançada em 2004 e depois desbancada pelo Facebook? Durou uma década e desapareceu em todo o mundo.
GOOGLE GLASS
Era uma das promessas da empresa. Óculos inteligentes, com recursos de realidade aumentada, que tinham telas semelhantes as de um telefone à frente dos olhos do usuário. Não rolou.
GOOGLE BUZZ
Através do Gmail, disponibilizava ferramentas de redes sociais como divulgação de links, atualização de status e falar com outros usuários em serviço de chat. Durou pouco mais de um ano e saiu de cena.
GOOGLE ANSWERS
O utilizador fazia perguntas e tinha respostas de um especialista no tema. Mas era preciso pagar por isso e talvez resida aí uma das causas do fracasso do produto, que teve fim em 2016.
GOOGLE VIDEO
Como o nome já diz, era um serviço transmissão de conteúdos em vídeo. Podia funcionar. Só que mais tarde a empresa assumiu o controle do Youtube e a ferramenta perdeu utilidade.



O Orkut é, talvez, o caso mais emblemático

Um governo caindo de podre não pode fazer reformas

POR ET BARTHES
Quem diria? A senadora Kátia Abreu é hoje uma das figuras em destaque na câmara alta do Congresso Nacional. Não deixa de ser irônico. A direita não gostava dela por ser ministra de Dilma Rousseff. A esquerda não gostava dela por ser uma representante da direita no governo Dilma Rousseff. E hoje é uma das vozes mais críticas da situação que a política brasileira está vivendo.

A senadora não tem economizado expressões desagradáveis para descrever a atual situação política do Brasil, no geral, e no Senado, em particular. “Quadrilha organizada”. “Um governo caindo de podre”. “Uma vergonha”. “Acordo de ninguém com ninguém”. Essas foram algumas expressões usadas no discurso de ontem, quando disse que o Palácio do Planalto não tem legitimidade implantar as reformas Trabalhista e da Previdência.

“Pela primeira vez no país o presidente que está sendo julgado, condenado, inspecionado de todas as formas e nós vamos votar uma reforma dessa gravidade? É para mostrar que nada está acontecendo? É para segurar ele por quantos dias? Nós precisamos de um pouco de insônia, para que tenhamos vergonha do que nós estamos fazendo. Nós estamos nos distanciando cada vez mais do povo brasileiro”, disse a senadora.

É claro que a senadora continua no PMDB e todos sabem de que ela tem lado. Mas pelo menos neste momento é uma voz contra esse estranho grupo - a tal quadrilha organizada - que se adonou do poder em Brasília.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Ecoturismo em Joinville: as oportunidades perdidas

POR RAQUEL MIGLIORINI
Desde os anos 80 vemos que o aumento do turismo no Brasil e no mundo está associado à preocupação também crescente com a preservação do Meio Ambiente. A Educação Ambiental tem mostrado que as pessoas cuidam mais e melhor dos espaços que conhecem.

Encontramos diversas definições para o Ecoturismo na literatura, entre elas  “provocar e satisfazer o desejo que temos de estar em contato com a natureza, de explorar o potencial turístico visando à conservação e ao desenvolvimento e, ao mesmo tempo, evitar o impacto negativo sobre a ecologia, a cultura e a estética dos lugares (Lindberg & Hawking 2002)” e “o ecoturismo é um meio de desencorajar atividades mais predatórias, em favor de um turismo mais leve e seletivo, com ênfase na natureza mais preservada e/ou pouco alterada (Rodrigues, 1999)”.

A ideia principal é evitar impactos negativos, ambiental e culturalmente falando, trazendo benefícios socioeconômicos para a população local, aliando desenvolvimento e preservação ambiental. O planejamento das ações, da ocupação do solo e da gestão desses locais é vital para o sucesso da atividade.

Em Joinville temos algumas Unidades de Conservação Municipais que podem ser exploradas com fins  ecoturísticos:
- Área de Preservação Ambiental(APA) da Serra Dona Francisca, entre a região do  Quiriri e do Piraí, abrangendo o Parque Ecológico Prefeito Rolf Colin;
- Parque Natural Municipal da Caieira, no Ademar Garcia;
- Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) do Morro da Boa Vista, abrangendo o Parque Municipal Zoobotânico;
- Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) do Iririú, abrangendo o  Parque Natural Morro do Finder;
- Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Ilha do Morro do Amaral, na zona Sul.

Das Unidades de Conservação listadas, apenas o Parque Ecológico Prefeito Rolf Colin restringe a visitação, sendo utilizado para pesquisas.

A melhor maneira de utilização desses espaços deve  constar no Plano de Manejo, instrumento técnico de gerenciamento das UCs (Unidades de Conservação). Infelizmente, não há interesse público em levar adiante os estudos necessários para se fazer o Plano de Manejo das áreas que ainda não possuem nem tampouco a atualização dos já existentes. Sem esse instrumento, não temos como saber o que e como preservar.

Infra-estrutura inadequada, má gestão, falta de fiscalização para ocupações irregulares e caça ilegal, ausência de monitores treinados, entre outros, fazem o ecoturismo ser predatório. O que era para gerar conhecimento e sensibilização acaba por levar à destruição do meio. A destruição de espaços causados por padrões inadequados de uso para o turismo compromete o local nos aspectos naturais e sociais.

Ao observarmos a  diversidade ambiental nas Unidades de Conservação do município ficamos encantados com a beleza dos cenários. No Parque Morro do Finder sentimos todas as sensações do interior da Mata ao passarmos por suas trilhas, espalhadas nos 500 mil m2 remanescentes da Mata Atlântica. Já no Parque Natural Municipal da Caieira, com quase 1.300 km2 de área, observamos sítios arqueológicos de Sambaquis em meio a restingas e manguezais.

Aliás, o Parque da Caieira é um exemplo de como o poder público deixa abandonado um local que era para ser motivo de orgulho para os moradores do bairro e da cidade. Um local que sofreu ação de vândalos há alguns anos e que não foi recuperado nem colocado vigilância para evitar novos estragos. O mirante que oferecia uma vista deslumbrante para a Lagoa do Saguaçu, interditado desde sua construção, nunca foi recuperado.

O que me motivou a escrever sobre o turismo nas Unidades de Conservação de Joinville foi o novo Mirante da Boa Vista e seu acesso. A quantidade de turistas e moradores que tem usado aqueles 1900 metros de acesso, seja para atividade física, seja para simples visitação, nos dá a certeza da importância de locais como esse. Poderíamos seguir os demais países e até exemplos nacionais e cobrarmos ingressos. No Mirante tem uma luneta para observação gratuita. Confesso que foi a primeira vez que vi um equipamento desse gratuito. Os ingressos, de pequeno valor, ajudariam na conservação do local e dos equipamentos, no pagamento de seguranças.

O  poder público pode oferecer essas oportunidades de lazer e turismo, porém não deveria ser obrigação dele manter o espaço com recursos de impostos. Sei que é um tema polêmico, mas parece que o restante do mundo pensa dessa forma e pagamos quando usamos o serviço em outros lugares. Santa Catarina tem um exemplo do que falo nos Cânions de Aparado da Serra, em Praia Grande ( Unidade de Conservação Federal).

Creio que precisamos discutir o uso das Unidades de Conservação, a possibilidade de cobrança de ingressos, a cobrança do Poder Público com relação aos Planos de Manejo e o turismo sustentável.

Nosso município tem belezas que merecem ser contempladas de forma ordenada e responsável. Pensarmos em crescimento econômico só com fábricas não é mais possível. O turismo gera empregos tanto quanto as fábricas, com a diferença que os impostos gerados ficam no município de forma direta e não vão para o Estado para depois voltar. O Projeto Join.Valle, lançado recentemente pela prefeitura, não cita o turismo como fonte de renda. Perde-se uma excelente oportunidade.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Luana Piovani e o lé com cré da estagnação

POR ET BARTHES

Quem muito fala pouco acerta, diz o velho ditado. O problema é ainda maior quando a pessoa está a apontar o dedo para os outra pessoa (porque, afinal, ignorantes são sempre os outros), a quem acusa de não saber falar português. Deu chabu para com Luana Piovani. Num discurso para lá de arrogante, a loira dá autênticos pontapés na língua portuguesa. É de algum tempo atrás, mas é interessante ver a moça a estagnou a língua portuguesa.

Chuva Ácida entre as principais fontes de notícias sobre Joinville

POR COLETIVO CHUVA ÁCIDA
“Que veículo é a sua principal fonte de notícias locais?”
A pergunta foi feita numa enquete do Projeto GPSJor (UFSC e Ielusc) e o Chuva Ácida aparece na lista com 0,4%. Há alguns comentários possíveis sobre esse resultado.

1.     A presença na lista é, de certa forma, surpreendente, uma vez que o Chuva Ácida é um blog de opinião e não de notícias.

2.     O resultado não é muito expressivo em termos numéricos. Mas é valorizado pelo fato de estarmos a tratar de uma amostragem representativa da população. E 0,4% para um blog com a proposta do Chuva Ácida é um número a ter em conta.

3.     O resultado geral mostra, também, que apesar de amplamente dominado por veículos tradicionais, as tendências apontam claramente para os conteúdos online. Mesmo os noticiários da imprensa tradicional encontram no digital um meio de chegar aos seus públicos.

4. O Chuva Ácida vai completar seis anos. É um dado que coloca o blog numa posição de pioneirismo em termos de plataformas digitais em Joinville. De certa forma, como era a proposta original, o Chuva Ácida ajudou a abrir caminho para novos projetos digitais hoje existentes na cidade. Aliás, vale salientar que alguns foram apresentados aqui há duas semanas (O Mirante, Paralelo, Fazer Aqui e Conecdados).
  
Sendo uma amostragem, a enquete mostra que o Chuva Ácida tem representatividade em Joinville. E é motivo mais que suficiente para agradecer aos nossos leitores, que ao longo destes seis anos têm feito no blog um projeto de sucesso. Muito obrigado, leitor e leitora.

O relatório completo está (aqui).