sexta-feira, 14 de outubro de 2016

O Brasil avança firme para o século 20: rico é rico, pobre é pobre
















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Faz pouco mais de 20 anos que saí do Brasil. Lembro que, naquele altura, o país vivia uma espécie de apartheid social. Ricos para um lado, pobres para outro. Quem me conhece sabe que sempre uso o exemplo do “elevador de serviço” e “elevador social” como metáfora daqueles tempos. É uma forma de duzer que não havia misturas, porque cada um sabia o seu papel na sociedade. Fico aqui a lembrar como era o fim do século 20.
-       Imaginem que naquele tempo as universidades eram coisa só para gente rica. Eu próprio só fui para a universidade porque o meu pai tinha alguns recursos, ainda que parcos. Quando era calouro na Faculdade de Engenharia de Joinville, a minha turma era toda de gente de classe média (para cima) e só tinha um cara que a gente podia chamar de “pobre”. É claro que o coitado não sentou nas cadeiras da faculdade por muito tempo, porque a faculdade era em período integral e ele tinha que trabalhar.
-       A saúde também era diferente. Quem dependesse dos serviços públicos estava palpos de aranha. Não havia um modelo como o atual SUS, que tem os seus defeitos mais vai atendendo. O antigo INPS não oferecia dignidade e era um recurso usado apenas pelos pobres. O pessoal com grana tinha planos de saúde privados ou apenas dinheiro para se defender nas emergências. Tem uma coisa que os mais novos nem sonham: o SAMU era uma miragem. Não existia.
-       A política era dominada pela plutocracia, que se confundia com os oligarcas e os seus acólitos. Ou seja, os donos do poder enquistavam os seus títeres nas estruturas de poder (Legislativo e Executivo) com o objetivo de proteger os interesses do topo da pirâmide. Quem não se lembra da expressão Belíndia? Uma parte do país era a Bélgica, onde viviam os ricos. A outra era a Índia, onde eram circunscritos os pobres. Nesse tempo, o Partido dos Trabalhadores ainda engatinhava e os seus militantes eram mesmo perseguidos. O partido era a voz dos mais desfavorecidos e propunha mudanças, o que incomodava os conservadores.
-       O Poder Judiciário era respeitado. Ou melhor, temido. Mas já naquele tempo os caras ligados a atividades judiciais (pelo lado do Estado) davam um jeito de tirar o máximo de proveitos do sistema. Os aumentos salariais e de benefícios foram sempre muito generosos. Os trabalhadores do Judiciário sempre formaram um elite intocável, que se destacava pelo elevado estatuto social.
-       A imprensa tinha alguns títulos combativos (a espasmos) e contava com jornalistas respeitáveis. Mas estiveram sempre sujeitos a interferências das leis do mercado e os humores do poder. No entanto, além de uma ou outra peitada esporádica, no frigir dos ovos a maioria esteve sempre alinhada com o poder. Podia dizer que as coisas eram muito parecidas com o que temos atualmente. Mas não. Hoje é muito pior.
Ops! Pensando melhor, parece que o golpe aplicado pela direita teve esse efeito: fazer o Brasil avançar para o século 20. E trazer aquela velha necessidade que a Casa Grande tem de pôr a senzala no seu devido lugar. Rico é rico, pobre é pobre. 

“O Brasil não é só de gente como nós (…) existe gente pobre”.
Michel Temer

“Se não tem dinheiro, não faz faculdade”.
Nelson Marquezelli

“A primeia vez que eu tentei carregar um pobre no meu carro eu vomitei por causa do cheiro“.

Rafael Greca

É a dança da chuva.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Je (ne) suis Udo!
















POR FILIPE FERRARI

Agitou as terras facebookianas e joinvilense nas últimas semanas a determinação judicial de suspender o Facebook por conta da ação movida pelo prefeito Udo Döhler. Pelo que li e que conversei com algumas pessoas ligadas à campanha de reeleição do prefeito, a principal reclamação eram as postagens que ligavam a imagem do senhor Döhler ao nazismo.

Em uma cidade onde a germanicidade ainda é insistentemente ligada ao nazismo, esse pedido é nada mais que justo. Há hoje nas discussões políticas polarizadas no país um reducionismo no uso dos termos. Qualquer um hoje passa a ser fascista, comunista, ou, no caso do prefeito, nazista. Há que se compreender que uma afirmação como esta encerra uma série de problemas. Primeiro, chamar alguém de nazista é partir de um conceito que não há debate. É reductio ad hitlerum, também conhecido como “Lei de Godwin”. O nazismo é visto como o mal supremo, e alegar que alguém é nazista é querer retirar do adversário no debate qualquer possibilidade de argumentação, já que parte da invalidação da fala do outro. Segundo, volto a insistir que em Joinville há uma alusão recorrente à figura do “alemão nazista”, onde essa fala é comumente ouvida em diversos círculos políticos, referindo-se não apenas ao Udo, mas a qualquer outro “alemão”, confundindo germanicidade e nazismo, dois conceitos completamente diferentes um do outro.

Nada mais coerente que um candidato a prefeito sinta-se ofendido ao ser chamado de nazista. Toda e qualquer pessoa com um mínimo de brios deveria sentir-se assim. Entretanto, recorro aqui também a uma outra postagem que vi em outra paragem virtual: Udo provou a eficácia e a competência de seus advogados ao conseguir a suspensão da página (bem ruim, por sinal) do “Hudo Caduco”. Essa mesma força advocatícia e agilidade de resposta poderiam ser usadas para realizar a licitação do transporte público, a desapropriação dos terrenos para terminar (se é que começou) a duplicação da Santos Dumont, para regularizar e fiscalizar o Simdec, e diversos outros pontos que foram magistralmente levantados  pelo Jordi Castan aqui.

Em tempos de radicalização e polarização política, as terminologias têm se perdido. Àqueles que sempre primaram pela discussão justa e limpa cabe não cair no jogo de seus detratores, e não apelar para táticas sujas e rasteiras. E chamar alguém de nazista, é algo MUITO sujo e rasteiro.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Criança feliz...













POR RAQUEL MIGLIORINI

Criança feliz... quebrou o nariz... foi para o hospital... e não tinha leito... não tinha medicamento... não tinha Mais Médicos. A Criança Feliz, sem entender, disse que era dia dela. Que, segundo a Constituição Brasileira e a Unicef, ela deveria ter acesso à Saúde de qualidade. E mais: direito à Educação, amor e à proteção especial. Estava lá, na Declaração Universal do Direito das Crianças e na Emenda Constitucional nº 26.

Pobre Criança Feliz. Está difícil entender tanta coisa em tão pouco tempo. Para nós, adultos, também não está fácil. Por exemplo, o lançamento do Programa Criança Feliz (que reinventou a função beneficente da primeira-dama) e a aprovação da PEC 241, que limita os gastos públicos do Governo Federal. No programa da primeira-dama, art. 5º diz que “O Programa Criança Feliz será implementado a partir da articulação entre as políticas de assistência social, saúde, educação, cultura, direitos humanos, direitos das crianças e dos adolescentes, entre outras”.

Mas como eles articulam políticas públicas sem dinheiro, gente? Se limitam os gastos para esporte, cultura, saúde e educação (esses últimos a partir de 2018) e se querem atendimento domiciliar para crianças atendidas pelo Bolsa Família nos primeiros cinco anos de idade, com profissionais treinados e capacitados, da onde virão os recursos?  Você consegue entender, pobre criança?

Outra coisa que me deixa pensativa é todo o programa ser amparado no desenvolvimento da criança na primeira infância quando todos sabem que não existem vagas e creches em qualidade e quantidade suficientes. A primeira-dama sabe, certamente, que nem todos nascem em berço de ouro ou podem se dar ao luxo de pagarem escolas particulares e babás, abandonarem seus empregos ou qualquer outra ação que melhore a vida da criança.

Para terminar, querido infante, não quero lhe causar ansiedade mas o que te espera no Ensino Médio não é nada alentador. O assistencialismo a que se propõe esse nosso novo Governo não entende Artes e Educação Física como disciplinas importantes e, portanto, serão retiradas dos currículos obrigatórios.

Não, criança, não consultaram especialistas, não ouviram a população. Se nem a Procuradoria Geral da União eles escutam, quanto mais nós, pobres mortais. Ah, e os recursos do pré-sal que seriam usados em Educação continuam valendo, só que em outro país.

Pobre Criança...

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Paneleiros!


Udo, Caduco, Darci, Zucker e até Paulo Coelho nas eleições

















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Já escrevi aqui que, se não pisar na bola, Darci de Matos tem tudo para ganhar o segundo turno das eleições para a Prefeitura de Joinville. E para começar o deputado deu um passo acertado, ao não negociar o apoio dos candidatos que ficaram no primeiro turno, principalmente Marco Tebaldi e Carlito Merss. Além de não serem capazes “transferir” votos, os dois aportariam uma rejeição de que o candidato do PSD não precisa. Aliás, esse foi um dos erros de Kennedy Nunes há quatro anos (lembram do KCT?).

O acaso também conspira a favor. E as coisas estão a correr melhor do que o esperado, porque Darci de Matos teve uma ajudinha da campanha do próprio Udo Dohler. O time do prefeito deu um tremendo tiro no pé ao partir para a judicialização do nada. O fator “Hudo Caduco”, acreditem, pode ter influência nas eleições. É certo que o perfil humorístico foi retirado e o Facebook de Zuckerberg continua no ar. Mas a coisa respingou sobre Udo Dohler.

O episódio ajuda a reforçar a imagem autocrática do prefeito. Mas tirar o Facebook do ar – uma rede social que o eleitor entende como “propriedade” de todos – é ir longe demais. Ok... todos sabemos que não foi bem assim (afinal, foi o juiz o autor do fogo amigo) mas em política vale mais a percepção do que a realidade. Perder tempo com um perfil de humor no Facebook foi um erro grosseiro. E com custos para a imagem do prefeito. Aquila non capit muscas (a águia não caça moscas). Ah... e até o escritor Paulo Coelho entrou no barulho (ver abaixo).

Ontem surgiram dados importantes. A pesquisa divulgada pelo Ibope mostra que Udo Dohler passou de 45%, no primeiro turno, para 47% de preferências no segundo. O crescimento raquítico de dois pontos percentuais pode indicar que a candidatura atingiu o ponto de estagnação. Por seu turno, Darci de Matos passou de 27% para 41%, ou seja, um crescimento de 14 pontos. Será uma tendência? De qualquer forma, a margem de erro permite descortinar alguns cenários, entre eles o empate técnico.  A entourage de Udo Dohler deve estar a ter suores frios.

O que deve decidir o resultado das eleições é o número de brancos e nulos, que chega aos significativos 10% na pesquisa. É esse o palco da luta pelo voto. Darci de Matos pode estar em vantagem, porque, como já foi escrito aqui, Udo Dohler não consegue se livrar da rejeição de expressiva parte do eleitorado. E a escolha para o segundo turno pode ser definida por um fator: o prefeito não será escolhido pelas qualidades de um, mas pelos defeitos do outro. Que sina, Joinville.

É a dança da chuva.




segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Querem posar de leões, não passam de carneiros

POR JORDI CASTAN


"Não tenho medo de um exército de leões comandado por um carneiro. Tenho medo de um exército de carneiros comandado por um leão".  Alexandre, o Grande

Joinville nunca esteve tão apequenada ou acovardada. Somos leões governados por cordeiros. Difícil olhar para algum lado e encontrar algo que funcione. O único quesito em que somos destaque é em achar escusas para não fazer. A insegurança tem alcançado níveis alarmantes. Nas últimas semanas, pareceu que as entidades empresariais iriam subir o tom das suas reclamações. No final das contas nada houve e as supostas ameaças de partir para ações mais efetivas ficaram em nada.

Alguém acredita que o problema da segurança em Joinville vai se resolver com as soluções apresentadas pelo governador? Alguém acha mesmo que Joinville precisava de dois batalhões da Policia Militar ou o que precisava era de mais meios e mais efetivo? Até agora o que temos é mais oficiais, mais custo e basicamente o mesmo efetivo. Alguma ação para trabalhar a prevenção além da repressão? E os nossos deputados, que de concreto tem feito por Joinville? Estão tão preocupados com os seus projetos políticos e pessoais que não têm tempo para atender os pleitos de Joinville.

Tanto o Governo do Estado, como o próprio governo municipal, tem muito bem tomada a medida das nossas lideranças: são carneiros. Só carneirinhos que se deixam convencer com uns tapinhas nas costas, uns agrados e promessas que dificilmente serão cumpridas. O importante é fazer de conta. Rugir como leão afônico para o público da vila e depois aplaudir e correr a render homenagem aos espelhinhos e bugigangas com que iludem a “colonada”. Joinville ainda é a maior cidade de Santa Catarina, mas deixou de ter peso politico. Não assusta mais, não impõe, não exige aquilo a quem direito e lhe é devido.

Nem as nossas autoridades, nem as chamadas forças vivas nos defendem e representam, como já o fizeram outras no passado. De nada servem os abraços em público, as audiências na Capital ou os ofícios formais escritos num vocabulário rebuscado. Joinville pede pouco e pede mal. O resultado é este que vemos cada dia. Desistimos de esperar qualquer coisa do governo municipal, só se escuta a ladainha de sempre: “Não há dinheiro”, quando se faz alguma coisa, se faz mal e precisa ser refeito.

Lembremos o caso do Abel Schulz ou essa vergonha humilhante em que tem se convertido a obra da Santos Dumont a que só os néscios chamam de duplicação. A lista de prédios públicos abandonados pelo Estado é quilométrica. O patrimônio público se deteriora a olhos vistos. Não serve para o que deveria servir e apodrece frente o olhar impávido das nossas autoridades que nada fazem e olham para o outro lado. O máximo que fazem é dizer que é responsabilidade do Estado e lavam as mãos.

Joinville amargará no mínimo outros quatro anos de passividade, de retrocesso. Nenhum dos dois candidatos tem capacidade, valentia, determinação e nem a ousadia de fazer o que precisa ser feito neste momento. E, menos ainda, o peso político para voltar a colocar Joinville no papel de protagonista que merece. Um já mostrou que no máximo é um administrador medíocre, o outro está mais interessado em atender pleitos paroquiais. Dois carneiros, quando precisaríamos de leões. 

sábado, 8 de outubro de 2016

Udo conta com a falta de memória do eleitor:10 motivos para lembrar

POR JORDI CASTAN


Há quem insista em tentar convencer o eleitor de que merece o voto porque acorda cedo e doa o salário. Que estes motivos, somados à limpeza das suas mãos, seriam suficientes para votar nele de novo. Muitos esquecem o fato de que votar em Udo Dohler não foi uma boa ideia. Há vários motivos para lembrar, aos que foram acometidos de súbita amnesia, que é bom pensar duas vezes antes de seguir o mesmo roteiro uma segunda vez. A falta de memória é o melhor cabo eleitoral de Udo Dohler. Eis...

1.- Não foi capaz de tirar do papel o ícone que colocaria seu nome na historia de Joinville, a propalada ponte do Ademar Garcia, aquela que seria sua obra emblemática. Na verdade, nem foi capaz de colocá-la no papel, porque ninguém até agora viu um projeto executivo da dita ponte.

2.- Deixou as ruas da cidade convertidas num queijo suíço. Não asfaltou os 300 quilômetros que prometeu no Plano 15 e deixou sem manutenção estradas que, de tão esburacadas, se converteram em pistas só para veículos com tração 4X4. Houve buracos de todos os tamanhos e formatos. Agora, perto da eleição, lançou um mutirão tapa-buracos em que há ruas com mais remendo que asfalto original. Aposta no esquecimento do eleitor.

3.- Falando de buracos, não só ocasionaram enormes prejuízos econômicos aos joinvilenses, que sofreram acidentes e estragaram seus veículos. Os buracos ocasionaram prejuízos muito mais graves. Gente morreu nos buracos da Santos Dumont. E também causaram mortes os buracos mal sinalizados pelas obras da CAJ (Companhia Aguas de Joinville) na Vila Nova. O que o prefeito fez? Olhou para o outro lado, como se o problema não fosse dele. Acreditou que o eleitor esqueceria.

4.- Na saúde seguem faltando remédios. O próprio pessoal do São José tem divulgado que até os mais simples, como gaze e esparadrapo, têm estado em falta e que cirurgias foram remarcadas por motivos como esses. E olha que se promoveu na campanha a imagem do gestor que entendia da saúde. Nesta campanha há um pouco mais de comedimento e só é dito que o prefeito acorda cedo e que trabalha como voluntário porque doa o salário. Esquece que Joinville precisa de um bom prefeito capaz de resolver os seus problemas, não de um voluntário com insônia.

5.- As contas estão em dia é o mantra que se repete pelos corredores da Prefeitura. A verdade é que atrasou as contas com o Ipreville. Pedalou mais que o Nairo Quintana. E olhem que ficou rouco de dizer que o problema da gestão anterior não era falta de dinheiro, era falta de gestão. O joinvilense que não sofre de amnésia e procura se informar descobriu que além de dinheiro, agora também falta gestão.

6.- Das praças e do verde melhor nem falar. Estão abandonadas. Só o mato viceja e das poucas árvores replantadas menos da metade sobreviveu. O verde nunca foi uma prioridade do prefeito e da sua gestão. Ao contrário, até pretende que a cidade avance ainda mais sobre as margens dos rios, propondo a redução da distância entre as construções e os cursos de água. Nada foi feito pelas ARIEs (Áreas de Relevante Interesse Ecológico) do Boa Vista e do Iririu. Joinville sairá da sua gestão como uma cidade menos verde, mais cinzenta e triste.

7.- Na cultura, outro desastre. É bom lembrar os problemas com o Simdec.  Continuamos com museus fechados ou em estado precário. Mesmo que a triunfalista propaganda oficial fale de todos os museus abertos e só dar uma passada para ver que o Fritz Alt esta fechado, o Museu Nacional de Colonização esta com graves problemas de manutenção, da Cidadela Cultural melhor nem falar. Aliás, é só dar uma passada é ver como se cuida do patrimônio público. A melhor definição da sua gestão na cultura é muito barulho e poucas nozes.

8.- Sobrou alguma coisa? Ah... lembrei. Dos tablets fica a dúvida se foram entregues a todos os alunos da rede ou a uma parte. A propaganda eleitoral não é clara. Há ainda as escolas municipais que receberam tablets e não têm internet. E as que tem aparelhos de ar condicionado novos que nunca foram ligado porque não tem a instalação elétrica com a capacidade adequada que permita ligá-los? Esse é um exemplo de como se administra Joinville.

9.- O planejamento urbano é outro bom motivo para pensar bem se é bom negocio voltar a votar no Udo. Ou Alguém esqueceu da engrolação feita no Iririu? Ou a da frente do Mercado Municipal? Ou a duplicação da Santos Dumont? São tantas que fica difícil escolher. No caso da Santos Dumont, o que deveria ser uma duplicação virou uma comedia de erros, dessas a que Joinville já deveria estar acostumada, mal planejada, sem um projeto executivo, sem quantitativos verazes. O que em qualquer cidade mais seria se denominaria uma enjambrada. Uma parte binário, uma parte duplicada, com um projeto que sofreu uma dúzia de ajustes e alterações. De verdade que alguém acredita que é assim que Joinville vai avançar?

10.- O gestor que foi eleito em 2012 virou uma caricatura dele mesmo, pela sua própria "gestón". A gestão de Joinville, nos quesitos saúde, educação e saneamento foi reprovada quando comparada a de todos os municípios brasileiros. Joinville faz pouco, faz mal e paga caro. Ganhou nota 0,427, foi definida como pouco eficiente e ocupa a posição 3334 entre todos. A maior cidade de Santa Catarina e uma das 3 ou 4 maiores economias da região sul do Brasil tem uma péssima gestão.

Se não se reeleger, o prefeito sairá do seu governo muito menor do que entrou. Disse que cuidaria de cada centavo do dinheiro público. Pode ter cuidado dos centavos, mas os milhares, as dezenas de milhar e os milhões parece que não foram tão bem cuidados assim. Os recursos destinados à propaganda e publicidade, as obras feitas e refeitas, o retrabalho, os remendos, a maquiagem nos meses que antecedem ao período eleitoral não enganam mais. 

Ainda que tenha uma parcela de amnésicos que insistam em votar nele, por sorte para a cidade há ainda uma parcela significativa de eleitores que consideramos seu governo ruim é este dado se faz evidente nos elevados índices de rejeição que aparecem em todas as pesquisas. Há mais gente que não votaria nele que eleitores dispostos a votá-lo. Muitos eleitores querem que Joinville se livre desse peso morto, desse lastro que a impede de avançar e decolar de vez rumo ao futuro.



sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Você deixaria essa criança morrer?
















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

A história é antiga. É um episódio ocorrido há muitas décadas, mas um acontecimento tão extraordinário que vale a pena uma reflexão. Tudo aconteceu na cidade alemã de Passau, na Baixa Baviera, conhecida como “Dreiflüssestadt”, a cidade dos três rios. Há uma razão óbvia para o nome: a região é o ponto de convergência dos rios Danúbio, Inn e Ilz. É um lugar importante para a economia local, uma vez que, além de navegáveis, os rios atraem muitos turistas.

O leitor e a leitora podem imaginar que um lugar assim é uma festa para as crianças. Mas apenas no verão, claro. Porque no inverno europeu, de baixas temperaturas e águas geladas, nem mesmo a molecada mais destemida se atreve a dar um mergulhinho.

Foi num desses invernos, em janeiro em 1894, que o jovem Johann Kuehberger percebeu uma coisa estranha quando passava perto do rio Inn. Um menino de quase cinco anos estava a se debater nas águas, prestes a se afogar. Sem pensar, ele se atirou à água e nadou para salvar o menino.

Perfeito. Tudo apontava para mais uma história de heroísmo, como tantas que acontecem aí pelo mundo afora. E até a imprensa da época documentou o gesto de desprendimento do jovem, mesmo sem revelar os nomes dos envolvidos. Sem dúvida, uma boa alma esse Johann Kuehberger.

Tanto que, quis o destino, anos mais tarde ele descobriu o sacerdócio, função que exerceu por toda a vida. Mas foi apenas depois de deixar a sua paróquia que ele revelou, ao seu sucessor, um segredo que tinha mantido religiosamente guardado ao longo dos tempos: o nome do menino que ele salvou era Adolph Hitler.

Ops! Digam lá, leitor e leitora, se não foi a pior boa ação de toda a história. Johann Kuehberger salvou a vida do menino que, ao se tornar homem, viria a tirar as vidas de milhões de pessoas. E aproveito a história para propor um pequeno dilema ao leitor e à leitora. Diga lá:

-       Se fosse você a passar pelo rio e visse o menino – sem saber quem ele era (e viria a ser) –, teria coragem de saltar para o rio e salvá-lo?
-       Mas se soubesse que ele viria a ser Adolph Hitler, ainda se preocuparia em, tirá-lo do rio pondo a sua própria vida em perigo?

Difícil, né? Se salva o menino, mais tarde correria o risco de se sentir responsável pela sua morte de milhões. E se não salva vai se sentir responsável pela morte de uma criança. Para finalizar: mesmo você, que vive a criticar o relativismo, vai concordar que tudo é relativo. Ou não?

É a dança da chuva.



A monstruosidade do imediatismo
















POR LIZANDRA CARPES 
Elencar algo para refletir em meio ao turbilhão que vivemos no Brasil é um desafio. Muito para pensar, muito para lamentar e muito para fazer. Os acontecimentos têm a velocidade do “imediatismo”. Isso significa: respostas a curto prazo e que não consideram as consequências. O imediatismo é fruto do consumismo.

A sociedade consumista (que consome desde informação até futilidades absurdas como tirar gordura das faces) substitui o conhecimento por falta de tempo para pensar. As pessoas precisam trabalhar exaustivamente para manter seus caprichos inúteis. Um prato cheio para o poder hegemônico, porque assim tomam as decisões apoiados por uma massa de manobra que não se enxerga como massa, porque perdeu a capacidade de reflexão, de pensar.

O imediatismo tem a função de transformar em algo novo o que já foi vivenciado na história, pelo simples fato de que é pouco provável que a massa se atente em fazer um resgate, uma análise de conjuntura. Vem como promessa de transformação, quando na verdade se aproveita da fragilidade da alienação para tornar suas pautas agradáveis aos olhos da sociedade.

Ou seja, sangue na tela e violência resultam em mais presídios, mais investimento em segurança pública com armamento; o impeachment e os “heróis” da Operação Lava-Jato, vão acabar com a corrupção no Brasil, de uma maneira simples de doer, vão  prender o Lula e sangrar o PT;  ouve-se clamores para a volta da ditadura militar brasileira como solução imediata. Tudo sem aprofundamento da raiz daquilo que se almeja, sem o crivo da razão, muito mais pautados pelo emocional abalado por conta da lavagem cerebral que o sistema nos impõe.

Logo, esta sociedade aceita qualquer discurso que prometa prosperidade econômica. A aflição provocada pelo imediatismo interfere no pensar e no agir das pessoas e opta por transferir responsabilidades a um salvador da pátria. Ele que pense por nós.

A cultura imediatista alimenta a urgência e um pensador, Douglas Rushkoff, professor de estudos de mídia na The New School University de Manhattan, traz uma definição certeira: a cultura do imediatismo apaga o passado, bloqueia o futuro e afeta as nossas escolhas políticas, sociais e ambientais. E este é o retrato da realidade que nos leva para a barbárie.

Os imediatistas não gostam de filosofia, de história e sociologia. Não gostam de estudar ciências humanas, nem ler. No entanto, dizem que têm certeza que sabem o que é melhor para a política. Mas, quem precisa da herança de Sócrates de questionar sobre:  O que é o bem? O que é a Justiça? O que é a virtude? Estas reflexões não interessam aos que se habituam a  enxergar as sombras do Mito da Caverna, de Platão.