segunda-feira, 20 de junho de 2016

O Estado é de calamidade



POR RAQUEL MIGLIORINI

O Governador do Rio de Janeiro em exercício, Francisco Dornelles, decretou, no dia 17/06/2016, estado de calamidade pública no Estado. Citou, para tal, as dificuldades na prestação de serviços essenciais, a possibilidade de total colapso na segurança pública, na saúde, na Educação, na mobilidade urbana e na gestão ambiental.

A possibilidade dos Estados decretarem estado de calamidade veio do Decreto Federal nº 7257/2010, assinado pelo ex-presidente Lula. O art 2º, item IV, define "estado de calamidade pública: situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos que impliquem o comprometimento substancial da capacidade de resposta do poder público do ente atingido".

Cabe à Defesa Civil Nacional socorrer estados e municípios vítimas de desastres, que deveriam ser eventos adversos naturais ou provocados (como o caso recente de Mariana-MG), que causem danos humanos (grande número de mortos), materiais ou ambientais. Nesses casos, o município ou estado não tem condições financeiras de arcar com os custos e com a ajuda à população e a União ajuda com a liberação de recursos.

O Estado tem até dez dias após o desastre para enviar o requerimento para a União com todos os detalhes e a extensão dos danos e a previsão de custos para restauração das atividades básicas para os cidadãos. Por meio de uma portaria, a União reconhece o estado de calamidade e libera os recursos. A vantagem desse processo está explícita na Lei 8666/1993, mais conhecida como Lei das Licitações, que dispensa licitações nesses casos para que as compras e obras sejam realizadas mais rapidamente e sem burocracia.

Com toda a explicação acima, qualquer ser vivente que já tenha trabalhado no serviço público ou que entende o funcionamento da máquina sabe aonde o Sr. Dornelles quer chegar. Para dar conta da incapacidade de um estado falido e mal gerenciado (só o PMDB está no governo desde 2003, ininterruptamente), que assumiu compromissos maiores que o tamanho de suas pernas, decretou o estado de calamidade cujo único desastre que o justifica é o pagamento de obras superfaturadas, como a do metrô que já era para ter sido entregue no início de 2015 e já teve seu valor reajustado 3 vezes, e o desvio dos recursos de atividades essenciais, como saúde e segurança pública, para terminar espaços olímpicos. E tudo isso endossado pelo vice que se acha presidente, Michel Temer.

Antes que comecem a bufar “eu disse que o Brasil não tinha capacidade para sediar as Olimpíadas”, quero afirmar o contrário. Temos sim, muita competência. Eventos internacionais trazem recursos, visibilidade, legados para as cidades que sediam tais eventos. O que não temos, infelizmente, é capacidade para fiscalização, para acompanhar as ações dos nossos governantes, nos limitando a reclamar e “bater panelas” apenas quando o problema bate à nossa porta (ou no nosso bolso).

Diante de tudo isso, nem vou falar da Baía da Guanabara, que merece um texto especial, tamanho descaso.

Vivemos realmente um estado de calamidade. Moral, principalmente.

      

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Ao PMDB o que é do PMDB















POR SALVADOR NETO

O sistema político vigente passa por seu momento mais crítico com a iluminação dos intestinos do modo brasileiro de fazer política. Com a ampliação da liberdade de investigação do Ministério Público, Polícia Federal e a antiga Controladoria Geral da União, atual Ministério da Transparência no governo interino Michel Temer, que passou a existir, e cresceu nos governos Lula e Dilma, a operação Lava Jato e outras operações desnudaram a corrupção na Petrobras, Carf e outros órgãos. 

Finalmente as famosas delações premiadas mostram as entranhas do financiamento de campanhas políticas, partidos e políticos Brasil afora. Não é de hoje que as grandes empresas, inclusive empreiteiras que hoje aparecem com seus executivos presos, irrigam projetos, nacionalistas ou não. Caixa dois sempre foi igual ao jogo do bicho: todo mundo sabe, joga, mas convive. Sempre foi assim. 

O fato é que ao poder investigar a fundo os esquemas, sem engavetamentos que eram corriqueiros até o final dos anos 1990, os órgãos fiscalizadores chegaram à ponta do iceberg. Sim, porque o que vemos é apenas a parte visível da corrupção que deixa o país paralisado e refém. Vemos hoje que obras poderiam custar de 30 a 40% mais baratas aos cofres públicos. A institucionalização da corrupção pela velha política é um vírus resistente. Resiste porque ficou crônico no tecido social brasileiro.

Eis que esse vírus resistente começa agora a ser colocado abaixo de muita luz. Está hoje em todos os jornais que em sua delação premiada, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado citou 23 políticos de diferentes partidos. Segue a lista: PMDB - Michel Temer, Renan Calheiros, Edison Lobão, Romero Jucá, José Sarney, Jader Barbalho, Henrique Eduardo Alves, Gabriel Chalita, Valdir Raupp, Garibaldi Alves, Walter Alves. PSDB - Aécio Neves, Sergio Guerra. PT - Candido Vaccarezza, Luis Sergio, Edson Santos, Ideli Salvatti, Jorge Bittar. PP - Francisco Dornelles. PCdoB Jandira Feghali. DEM - Agripino Maia, Felipe Maia. PSB - Heráclito Fortes.

O que há de novo? A cúpula do PMDB, partido que sempre escapou das lupas da imprensa e das investigações por concentrar muito poder a cada governo federal que ocupa o Planalto desde a redemocratização. O poder gigantesco do partido sempre ficou escondido, pois nunca comandou o poder central. Partido forte em municípios e tendo comandado alguns estados, jamais criou liderança capaz de liderar projeto nacional. Aliás, jamais foi interesse da turma citada agora por Sergio Machado ter o nome no topo, mas agir em suas pequenas repúblicas. Em silencio, nas sombras. Mas sempre forte, dando as cartas.

O PMDB chegou ao comando do país com Michel Temer, agora enrolado até o pescoço também na Lava Jato, fazendo o que sabe fazer melhor na política, articulando nos bastidores o golpe parlamentar que afastou a presidente eleita Dilma Rousseff. Estavam crentes que chegara a hora de saltar ao poder central para voltar aos tempos antigos onde nada se investigava, e claro, poder manter o formato velho e arcaico de fazer política. E voltaram a se unir como antes com PSDB, DEM e outros.

Comandos de estatais poderosas, ministérios endinheirados, com capilaridade nos estados e muita obra para tocar. Tudo isso ficou claro nos áudios que o próprio Sergio Machado, correligionário de longa data dos caciques peemedebistas, gravou. A trama ficou claríssima. Eduardo Cunha, agora radioativo ao PMDB e Temer, comandou até ontem a bancada na Câmara, onde foi presidente. Esse é o verdadeiro PMDB hoje. O MDB de 1965 não existe mais.

Ao PMDB o que é do PMDB. O poder sempre, nem que seja para ficar ocupando espaços secundários, sem a ribalta da Presidência. Em Santa Catarina foi assim, aliança com o DEM, antigo PFL nos tempos de Paulo Afonso. Depois com LHS, entregou os anéis ao grupo de Jorge Bornhausen (PFL, DEM, PSD, PSB) fazendo de Raimundo Colombo governador. Em Joinville, LHS entregou o governo ao PSDB para chegar ao governo do Estado, e quando não aceitou o caminho do ex-aliado, chegou a ajudar o PT com Carlito Merss em 2008. 

Ao sentirem-se desprestigiados, largaram Carlito e aceitaram o neófito Udo Döhler no partido, tudo ao empresariado para voltar ao poder mais fortes. Conseguiram vencer, e hoje comandam Prefeitura e Câmara de Vereadores. Com tudo isso, colocaram Joinville em marcha a ré. Algo deu errado em Brasília, e chega ao município mostrando que o PMDB não é aquilo tudo que vendem. Que avancem as investigações, porque a corrupção não está em um partido, está em vários, inclusive no antigo manda brasa. Mais luz por favor. 


É assim, nas teias do poder.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

As bandeiras certas, as falas erradas


POR THIAGO LUIZ CORRÊA


A reunião da Comissão de Educação da CVJ  no plenarinho da Câmara sobre o projeto "Escola Sem Partido" pode ser resumida em quase duas horas de uma batalha ideológica que estava mais para uma queda de braço do que para partida de xadrez.

De um lado uma vereadora jogando para a sua torcida e conseguindo o maior número de holofotes possível  para posar como a "defensora da moral e dos bons costumes da família tradicional brasileira", ou então a minha preferida: "bastião da moralidade que ousou enfrentar a ditadura comunista por trás do MEC", entre outras frases soltas dignas de quem está a dois passos de andar por aí com um chapéu de papel alumínio para não ter a mente lida.

Do outro lado, representantes dos Sindicatos dos Trabalhadores em Educação, do Centro de Direitos Humanos e representantes de grêmios estudantis fazendo todo o barulho possível para chamar a atenção para o projeto com o objetivo de sensibilizar e conscientizar outros setores da sociedade sobre o tema. Em comum entre eles apenas uma coisa: o baixo nível da discussão.

Léia gastou seu parco carisma tentando convencer os presentes de que o seu projeto era uma reivindicação popular e não o cumprimento de uma orientação ideológico-partidária com direito a manual e projeto de lei prontinho pra copiar e colar. A população presente apresentou seus argumentos, indo de "proibição da manifestação dos grêmios estudantis", passando por "ler um trecho d'O Capital no lugar da Bíblia"até "o projeto veio de um ator pornô". Jura que de todas as falhas, de toda a desonestidade intelectual, de toda a lógica terrível posta sobre aquelas folhas de papel, era isso que os representantes antiprojeto tinham a dizer?

Em seu artigo 1º, o projeto já fala em "reconhecimento da vulnerabilidade do educando como pate mais fraca na relação do aprendizado". Além de falsa, esta afirmação subestima a capacidade dos alunos e o empoderamento dado a eles com o advento da internet. Esta frase é um dos preceitos básicos para tudo que foi escrito posteriormente, destruindo este argumento todo o resto fica frágil mesmo assim esse questionamento não foi feito.

O mesmo artigo cita o "direito dos pais para que seus filhos menores recebam a educação moral que esteja de acordo com as suas próprias convicções". Eu realmente gostaria de saber como a vereadora Léia faria isso em uma sala de 40 alunos em que 3 são negros, 1 é ateu, 1 é filho adotivo de um casal homossexual, 1 é imigrante haitiano, 8 são evangélicos, 1 é umbandista, outros 2 estão descobrindo que não possuem uma sexualidade convencional mas não sabem dizer quais são os seus rótulos.

Infelizmente não vou ter a resposta para esses questionamentos, pois eles não foram feitos por quem teve a oportunidade. E também o questionamento de se a ilustre vereadora realmente acredita que a escola é o lugar certo para reafirmar as coisas que a criança ouve em casa, em detrimento de ventilar novas formas de pensar um mesmo problema estimulando o pensamento crítico de autoria própria sobre assuntos os quais ela nunca teve acesso durante toda a vida.

A esquerda de Joinville tem dezenas de bandeiras para levantar, e é inegável que vem levantando as corretas. Mas está na hora de dar um passo avante na formação de quadros que conseguirão debater em um outro nível com os legisladores, burocratas e liberais de toda a sorte que por ventura tentarão bombardear direitos e conquistas duramente adquiridos.

Em tempo: se Alexandre Frota fez filmes pornô o problema é dele. Agora, se ele quer propor um projeto inconstitucional que bombardeia a educação, aí o problema é nosso. Da forma que foi dito em 80% das falas dos esquerdistas, parece que ator de filmes pornográficos é um emprego menor e menos digno, o que só mostra como é difícil mesmo para os mais progressistas se livrar das amarras do recalque.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Eduardo Cunha é a bola da vez

POR ET BARTHES
E a bola da vez é Eduardo Cunha. Para entender o que aconteceu, pode ler os noticiários ou ver as charges. Eis uma seleção, encabeçada pelo Sandro (Cão) Schmidt.
















terça-feira, 14 de junho de 2016

Escola sem partido, um crime de lesa-inteligência


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

É impressionante o tantão de gente que puxa o Brasil para o atraso. Parece que há um certo prazer em sabotar o país. E nem é preciso ir longe para constatar. A obtusidade fez ninho na Câmara de Vereadores de Joinville (ok... não é de agora), onde está em discussão a ideia de implantar a tal “escola sem partido”. Uau! Agora já se tenta impor a ignorância por decretos. Ou seja, usar a "legalidade" para cometer um crime de lesa-inteligência.

É difícil imaginar as razões que levam a ver mérito numa proposta tão retrógrada. Mas  a vereadora-pastora Léia encontra virtudes e, segundo o site da CVJ, até fez da “escola sem partido” uma bandeira do seu mandato. Aliás, antes de prosseguir permito-me um parêntese. As palavras “vereadora” e “pastora” numa mesma frase provocam comichões. Tudo remete para rebanhos e para a velha expressão “curral eleitoral”.

Parece ser uma questão de fé na iliteracia. A proposta parte de uma visão canhestra do ensino, em que o professor é visto como o inimigo capaz de fazer a cabeça dos estudantes. E o que propõe a tal “escola sem partido”? Ora, uma doutrinação reversa na qual a doutrina passa pela transformação dos estudantes em autômatos abúlicos. Ortogênese dos corpos dóceis, diria Foucault. Parem de brincar com coisas sérias, senhores vereadores.

A vereadora-pastora Léia propõe, em texto no site da CVJ, evitar que os estudantes sejam influenciados (ou doutrinados) em temas mais candentes. “Questões políticas, religiosas e ideológicas são muitos pessoais e familiares. Esse tipo de educação doutrinária pertence aos pais. As crianças e adolescentes têm o direito de ter suas ideias e suas ideologias e não ser influenciados nisso nas escolas”, afirmou.

Errado, pastora. Aliás, como diria Chaves, “dá zero para ela”. Chaves... o outro, porque não quero ser acusado de doutrinação bolivariana. Podemos até deixar a religião de barato, uma vez que a sua essência é ser doutrinária. Mas no plano familiar o prosélito defendido pela vereadora não se aplica aos temas da “política” e “ideologia”. Porque estes obrigam ao embate de ideias. É esse um dos muito papéis da escola.

A vereadora-pastora e seus sequazes demonstram um entendimento canhestro dos processos de subjetivação. Ou seja, esse pessoal acredita que o sujeito, no seu processo de construção, é um receptáculo vazio, pronto a ser preenchido com ideias que lhe são impostas de fora. Isso é besteira. A subjetividade resulta de um processo negocial. Para isso são necessários interlocutores capazes de produzir dissensos, antíteses, oposições.

Mais debate, melhores cidadãos. Mas é exatamente isso o que se propõe retirar com o decreto. Aliás, o nome “escola sem partido” é um slogan político inserido numa velha estratégia: apontar um mal inexistente e depois apresentar a "solução". É capaz de convencer os que pensam em slow motion, mas qualquer pessoa com dois dedinhos de testa sabe que slogans não fazem programas educacionais.

Nem vale a pena discutir a questão pedagógica (os especialistas têm feito um bom trabalho), porque o atraso é evidente. O ideário escondido por trás do slogan “escola sem partido” é obscurantista. Aceitá-lo é um erro grosseiro. E que põe o Brasil a andar na contramão da civilização. Por fim, há um fator incontornável: a educação é coisa séria demais para ser deixada nas mãos de vereadores cuja literacia é questionável.


É a dança da chuva.


Não queria...


segunda-feira, 13 de junho de 2016

O show da LOT está preparado. E é ilusionismo...

POR JORDI CASTAN


A imagem divulgada pela imprensa, na sexta-feira, de um grupo de vereadores visitando algumas das áreas rurais onde está previstas a incorporação ao perímetro urbano (fac símile no final do texto) é parte de um show. Está em curso um espetáculo, cuidadosamente preparado para criar a ilusão que tudo esta sendo feito como deve ser feito, de que não há nada de errado no processo de aprovação da LOT.

Trata-se de um elaborado jogo de cena com o objetivo, não declarado, de iludir o eleitor. O joinvilense que participou das audiências públicas promovidas pela Câmara de Vereadores e aquele que ainda deverá participar da que esta prevista para amanhã no própria Câmara de Vereadores, deve estar ciente que a sua participação é parte do seu dever como cidadão, uma vez que as cartas já foram jogadas.


A ordem é aprovar a LOT a tudo custo e rapidamente. Se os mapas da LOT fossem detalhados (não são) e estivessem completos (tampouco estão), os vereadores poderiam verificar a amplidão e o alcance da mancha de alagamento. A cartografia do município tem estas informações disponíveis. Se a LOT incluísse os estudos e dados necessários (que não inclui), os vereadores poderiam avaliar o impacto que terá para a cidade.

Por exemplo, a mudança do ângulo dos prédios, que era de 60 graus no projeto original elaborado pelo IPPUJ, agora aumentou para 76 graus sem que tenha sido apresentado qualquer estudo técnico que justifique este aumento e a correspondente redução da insolação. Maior ângulo, menor insolação. Menor insolação, maior insalubridade e menor qualidade de vida. 

Um estudo adequado mostraria o quanto a LOT avança sobre áreas de mangue e de preservação permanente. Áreas que estão protegidas por lei , mas que as plantas que formam parte do projeto da LOT desconsideram. Se a LOT incorporasse os estudos imprescindíveis para permitir a correta avaliação de cada uma das propostas apresentadas, seria possível avaliar o impacto que teria sobre a mobilidade quando implantadas as Faixas Viárias. E estamos falando de uma Joinville que deixou de mover-se para só rastejar. 

É bom que se diga que implantar Faixas Viárias em ruas que não tenham a largura mínima, que não sejam estruturantes e que não tenham a infraestrutura adequada é uma temeridade que só atende aos interesses especulativos e alimenta a cobiça dos que olham a cidade como um tabuleiro de “Banco Imobiliário”.

Mas como o projeto apresentado continua incompleto. Os vereadores seguem sem ter as informações e os dados que precisariam para poder analisar e votar com conhecimento e responsabilidade. É preciso muito mais que colorir o mapa da cidade, é preciso que a lei garanta a sua preservação, a qualidade de vida dos seus moradores e o seu desenvolvimento futuro.

Caso essa LOT seja aprovada com as emendas apresentadas até agora, o resultado será que as Faixas Viárias terão lotes com largura de 5 ou 6 metros. E isso fará aumentar o caos no trânsito. Há casos em que se permitirá a construção de prédios com até 90 metros, equivalentes a 33 pavimentos. A ventilação e a insolação estarão comprometidas irremediavelmente.

O pior é ainda ter que escutar, nas audiências públicas, as avalizadas vozes que defendem os interesses dos especuladores. E dizem que ninguém deve se preocupar com isso, porque em Joinville não é possível construir edifícios tão altos. Escutar calado tantas sandices e ver os vereadores concordando com tais estupidezes requer paciência e tolerância. Se fosse verdade que a nossa engenharia não detém a tecnologia para construir edifícios de 90 metros, para que apresentar emendas que permitam construir tais prédios? Nem precisa responder, a resposta é obvia. 


Aumentar o perímetro urbano resultará numa cidade mais espalhada e mais cara para todos. O transporte público terá que percorrer mais quilômetros e as tarifas aumentarão. Será preciso construir mais escolas. E também mais PAs. A rede de água e saneamento, que já é insuficiente, precisará ser aumentada. E precisaremos de mais infraestrutura urbana para atender às novas demandas.

Para Joinville e os joinvilenses ficará muito pior. Mas para quem comprou estas áreas rurais a preço de banana e graças a LOT pode vê-las convertidas em áreas urbanas, o beneficio será gigantesco. O resultado será a socialização dos prejuízos, que pagaremos entre todos e a privatização dos lucros entre a minoria de sempre.


Vereadores não têm informações necessárias para saber os efeitos da aprovação.



domingo, 12 de junho de 2016

Políticos e politiquices #5 (com adendo)


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O post "Políticos e Politiquices #5", publicado na semana passada, tinha o conteúdo exposto na fotografia e texto abaixo. Mas a publicação levantou um questionamento do autor da foto, Jaksson Zanco, segundo consta funcionário da PMJ, nos termos a seguir:

"Fui eu quem fez essa fotografia, e realmente foi inesperado, não sei o que vc quer com este texto, mas acho que respeito pelos profissionais é o mínimo. Acredito que vc não estava neste jogo, não estava próximo ao local em que foi feita a foto então querer insinuar qualquer coisa que seja a respeito é muito estranho. Costumo me pronunciar quando por qualquer motivo alguém coloca em dúvida algo que eu tenha feito. Então espero que esta postagem colabore com este teu texto sem fundamento".  Jaksson Zanco

Tendo em vista a manifestação do fotógrafo, ficam dois comentários:
1. Não parece ter havido qualquer falta de respeito pelo profissional. Afinal, o tema é "as coisas que os políticos fazem". O foco está todo sobre os políticos e não sobre quem faz as fotos. Mas se foi entendido como falta de respeito, fica o pedido de desculpas.

2. Admitir também a falha na interpretação. Num segundo olhar sobre a foto fica inequívoco que nada foi preparado e que é tudo mesmo muito inesperado. O leitor e a leitora certamente vão concordar.


POR ET BARTHES

Você, que já assistiu um jogo de futebol no estádio, pode responder a esta pergunta. Quem comemora um gol de costas para o gramado, onde o time comemora? Sim... um candidato em campanha, com um assessor e uma câmara fotográfica que "casualmente" estava ali. Milhares de pessoas olhando para o campo e o candidato é o único que olha para outro lado.  Tudo muito "inesperado"...



sábado, 11 de junho de 2016

Uma mentira contada 15 milhões de vezes

POR WAGNER DIAS*

“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Esta é uma frase muito utilizada na política, que é creditada ao ex-ministro de Comunicação da Alemanha e doutor pela Universidade de Heidelberg, Paul Joseph Goebbels. Nos dias atuais, do jeito que a carruagem anda, muitas pessoas iriam parar de utilizá-la ao saber que o doutor Joseph Goebbels foi ministro de Hitler. Mas como o foco desse texto não é exatamente o  Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães ou quaisquer de suas ações, vamos pular essa parte.

Escrevi algumas linhas com o intuito de desmistificar o mantra que vem ecoando na cidade, de forma equivocada, sobre os possíveis R$ 15 milhões que serão gastos com publicidade pela Prefeitura neste ano. Segundo informação levantada e devidamente confirmada por mim no Portal da Transparência (que recebeu nota 9,8 do Ministério Público), o orçamento previsto para a área de comunicação da Prefeitura em 2016 é de R$ 19,5 milhões, sendo que pouco mais de R$ 3,5 milhões são para Pessoal e Encargos Sociais. O que resta dessa conta são os R$ 15,9 milhões que, principalmente a oposição ao prefeito Udo Döhler usa como crítica ao seu governo.

No entanto, a maioria deve lembrar que na Eleição de 2012, Carlito Merss foi punido por empenhar no último ano do seu mandato como prefeito, um valor superior a média dos três primeiros. Usei o mesmo Portal da Transparência para ver esse números e confirmei essa informação.

A limitação do gasto em publicidade, prevista no artigo 73 da lei eleitoral (9.504/1997), busca impedir o uso de dinheiro público em benefício do gestor que ocupa o cargo e tenta a reeleição, em prejuízos dos demais concorrentes no pleito. O mesmo artigo proíbe a publicidade institucional nos três meses que antecedem o dia da eleição até a posse dos eleitos. Dessa forma, se Udo Döhler não quiser sofrer a mesma punição que o seu antecessor, não vai gastar todo o orçamento previsto.

Também usando o Portal da Transparência, cheguei aos seguintes números:

2013 = R$ 4,1 milhões
2014 = R$ 9,9 milhões
2015 = R$ 8,9 milhões

Se seguirmos a lógica, mesmo que quiser, Udo Döhler não poderá gastar mais do que uns R$ 7,7 milhões em publicidade esse ano.

Devemos levar em consideração outros fatores também. O primeiro deles é que os investimentos em publicidade em anos eleitorais precisam seguir algumas regras, o que acabará impedindo os anúncios por um certo período. E o segundo fator é que nesses primeiros cinco meses o valor investido foi de R$ 1,9 milhões, tendo que ser muito “mão aberta” para gastar mais de 70% desse orçamento em poucos meses.

Assim sendo, mesmo sendo o atual prefeito “o alemão” da história, parece que é a oposição que está utilizando a cartilha de Hitler para tentar ganhar a eleição.

*Wagner Dias é assessor de imprensa

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Vereadores e o programa "Meu salário, meu aumento"















POR SALVADOR NETO

Os quase 380 mil eleitores de Joinville (SC), conforme levantamento da Justiça Eleitoral após o recadastramento biométrico, ganharam mais um motivo para renovar geral a Câmara de Vereadores de Joinville este ano. Ao aprovarem reajuste de seus próprios salários em 9,83% passando dos atuais R$ 11 mil para R$ 12,3 mil, ressalte-se que em apenas uma vez, os vereadores mostram o abismo que os separam da realidade atual dos brasileiros com a economia em crise. Mais um deboche, e com o nosso dinheiro. A hora era para dar exemplo, o povo sofre com a crise. Mas não.

Já falei sobre os atuais legisladores (clique aqui e leia) aqui no Chuva Ácida. A certeza que os nobres edis têm de que o eleitor não vai dar nem bola para suas ações e os reeleger é claríssima! O povo desempregado que se lasque. Os servidores públicos do executivo a quem o prefeito Udo Döhler (PMDB) “concedeu” a inflação em parcelas até 2017, idem. Podem faltar remédios, leitos, obras, professores nas escolas, eles não estão nem aí. Buracos nas ruas, problema do povo. O que eles se preocupam é com o programa deles: meu salário, meu aumento. Minha casa, minha lei. O resto...

Resultados do trabalho da Câmara de Vereadores se veem nas matérias dos jornais e imprensa em geral. CPI da Saúde que não viu nada de errado no setor que está um caos. Diárias para viagens nacionais e internacionais que são um escândalo só. Carros alugados para suas excelências com gasolina incluída. Um milhão desperdiçados em catracas para “controle” do povo que acessa o legislativo. 

Vereadores denunciados por compra de votos, caixinha de 10% com salários de assessores, uso de laranjas para receber salário indevidamente. Discussão para criar a Lei da Mordaça nas escolas. A Lei de Ordenamento Territorial (LOT) não se vota, não se resolve, e a cidade fica a esperar sem poder se desenvolver, investidores levam seus negócios para outras cidades, e por aí vai. Produtividade para o povo, zero. Reajustes para si próprios, já, de uma vez só. 

Neste projeto do auto-aumento, dos 19 vereadores, 13 votaram a favor, três sumiram do plenário para não votar, e três foram contrários, mas não se enganem... O jogo já estava jogado.

O fato é que o poder legislativo tem orçamento muito acima do necessário, a produtividade é baixíssima, e assim a cidade sofre porque a maioria se atrela ao governo, não fiscaliza, fecha os olhos para o que não é feito, tudo em nome do próprio umbigo. E os eleitores, aqueles que avalizaram a ida dos “representantes do povo” (?!) ficam somente com a conta, salgada e alta para pagar.


Você gosta do programa dos vereadores “Meu salário, meu aumento”? Reeleja os que lá estão. Se você prefere outro programa, o “Minha Cidade, Minha Dignidade”, troque a todos para arejar o legislativo.

Aproveite e troque junto o Prefeito, outro que não disse a que veio. Mas não deixe de acompanhar seus eleitos. Por falta de participação dos eleitores é que os políticos produzem essas leis em causa própria. Anote os nomes dos atuais vereadores e vereadoras. Participe, outubro tá chegando.



É assim nas teias do poder...