sexta-feira, 10 de junho de 2016

Vereadores e o programa "Meu salário, meu aumento"















POR SALVADOR NETO

Os quase 380 mil eleitores de Joinville (SC), conforme levantamento da Justiça Eleitoral após o recadastramento biométrico, ganharam mais um motivo para renovar geral a Câmara de Vereadores de Joinville este ano. Ao aprovarem reajuste de seus próprios salários em 9,83% passando dos atuais R$ 11 mil para R$ 12,3 mil, ressalte-se que em apenas uma vez, os vereadores mostram o abismo que os separam da realidade atual dos brasileiros com a economia em crise. Mais um deboche, e com o nosso dinheiro. A hora era para dar exemplo, o povo sofre com a crise. Mas não.

Já falei sobre os atuais legisladores (clique aqui e leia) aqui no Chuva Ácida. A certeza que os nobres edis têm de que o eleitor não vai dar nem bola para suas ações e os reeleger é claríssima! O povo desempregado que se lasque. Os servidores públicos do executivo a quem o prefeito Udo Döhler (PMDB) “concedeu” a inflação em parcelas até 2017, idem. Podem faltar remédios, leitos, obras, professores nas escolas, eles não estão nem aí. Buracos nas ruas, problema do povo. O que eles se preocupam é com o programa deles: meu salário, meu aumento. Minha casa, minha lei. O resto...

Resultados do trabalho da Câmara de Vereadores se veem nas matérias dos jornais e imprensa em geral. CPI da Saúde que não viu nada de errado no setor que está um caos. Diárias para viagens nacionais e internacionais que são um escândalo só. Carros alugados para suas excelências com gasolina incluída. Um milhão desperdiçados em catracas para “controle” do povo que acessa o legislativo. 

Vereadores denunciados por compra de votos, caixinha de 10% com salários de assessores, uso de laranjas para receber salário indevidamente. Discussão para criar a Lei da Mordaça nas escolas. A Lei de Ordenamento Territorial (LOT) não se vota, não se resolve, e a cidade fica a esperar sem poder se desenvolver, investidores levam seus negócios para outras cidades, e por aí vai. Produtividade para o povo, zero. Reajustes para si próprios, já, de uma vez só. 

Neste projeto do auto-aumento, dos 19 vereadores, 13 votaram a favor, três sumiram do plenário para não votar, e três foram contrários, mas não se enganem... O jogo já estava jogado.

O fato é que o poder legislativo tem orçamento muito acima do necessário, a produtividade é baixíssima, e assim a cidade sofre porque a maioria se atrela ao governo, não fiscaliza, fecha os olhos para o que não é feito, tudo em nome do próprio umbigo. E os eleitores, aqueles que avalizaram a ida dos “representantes do povo” (?!) ficam somente com a conta, salgada e alta para pagar.


Você gosta do programa dos vereadores “Meu salário, meu aumento”? Reeleja os que lá estão. Se você prefere outro programa, o “Minha Cidade, Minha Dignidade”, troque a todos para arejar o legislativo.

Aproveite e troque junto o Prefeito, outro que não disse a que veio. Mas não deixe de acompanhar seus eleitos. Por falta de participação dos eleitores é que os políticos produzem essas leis em causa própria. Anote os nomes dos atuais vereadores e vereadoras. Participe, outubro tá chegando.



É assim nas teias do poder...

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Da publicidade da Prefeitura de Joinville

POR RODRIGO BORNHOLDT*

Discute-se há tempos sobre o sentido e os limites da publicidade oficial dos entes estatais.

Segundo a Constituição, a publicidade de atos, obras, programas, serviços e campanhas deve ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, não podendo caracterizar-se aí a promoção social ou política da pessoa dos governantes (art. 37, par. 1o ). Para além do evidente componente jurídico, essa diretriz dá uma orientação política e ética extremamente relevante.

A ideia é, inicialmente, suprimir a publicidade pessoal, no estilo Odorico Paraguaçu (o imaginário prefeito de Sucupira, no inesquecível seriado “O Bem Amado”, de Dias Gomes), em que os governantes aproveitam-se das verbas estatais para a autopromoção. Mas o sentido desse preceito constitucional vai mais além. Quer-se que os recursos a serem gastos com publicidade sejam apenas os estritamente necessários.

Pergunta-se: será que duas páginas inteiras num jornal de grande circulação, em dias seguidos, segue a moderação e o caráter informativo solicitados pela Constituição? Aqui só resta o caráter informativo a ser avaliado. Pois de orientação social não se trata. Nem de uma campanha, como, por exemplo, de combate ao zika vírus. Não! Então, qual é o caráter informativo perseguido? Tratava-se de algumas obras, em variadas regiões da cidade e sobre variados temas. Está claro: a informação que se quis passar é sobre o conjunto da obra da gestão (bastante pobre, por sinal) que ora se encerra.

Quer-se reforçar a imagem do prefeito-candidato! Será que esse sentido informativo é o perseguido pela Constituição? Será que encerra ele aquilo que se persegue numa divulgação que deve ser impessoal? O sentido informativo que a Constituição determina é o de orientação para a comunidade de algo relevante, e não para a avaliação da gestão. Para isso haverá a propaganda eleitoral daqui a alguns meses.

Relevante é, por exemplo, a inauguração de um grande equipamento esportivo, uma obra viária, a aquisição de um equipamento específico que aprimorará os serviços de um hospital ou posto de saúde. Mas isso só deve ser perseguido quando a mídia, por si só, não der destaque à realização. Ora, tudo é muito diferente nessas páginas inteiras, com o conjunto da obra, em que o dinheiro do contribuinte foi rigorosamente desperdiçado.

A gravidade disso tudo só aumenta quando se trata de uma gestão que se diz austera. Que deixa de nomear secretários adequados por suposta economia; que não paga os premiados nos editais de apoio à cultura; que deixa as calçadas da cidade em estado calamitoso; em que pessoas morrem em buracos nas ruas por falta de conservação; em que os proprietários de patrimônio considerado histórico continuam sem poder usufruir das vantagens proporcionadas por uma lei que não é aplicada! Isso pra não voltar a falar das questões atinentes à saúde e aos cortes de vagas e diminuição de horários nos CEIs. Às vezes, é difícil acreditar que estamos vivendo na ordeira Joinville!

Ao que consta, cerca de 15 milhões de reais serão gastos em publicidade nesse ano. É preciso tanto dinheiro para essa área? Notadamente quando as redes sociais se mostram tão vigorosas e eficazes, é necessário ainda gastar toda essa dinheirama nos veículos tradicionais, como rádios, tevês e jornais?

Reconheço haver dúvidas quanto à possibilidade de questionamento jurídico dessa farra de gastos, embora uma análise mais aprofundada da Constituição concluirá por sua total inconveniência. Mas não tenho dúvidas de que, sob o aspecto político e de moralidade pública, é ela de uma gravidade sem precedentes, em especial nesses tempos de suposta austeridade!

*Rodrigo Bornholdt, Doutor em Direito e advogado em Joinville



Harakiri


quarta-feira, 8 de junho de 2016

A conta saiu cara


POR CLÓVIS GRUNER

"Tá todo mundo se cagando, presidente. Todo mundo se cagando. Então ou a gente age rápido”. As frases, ditas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado a um dos principais caciques do PMDB, José Sarney, eram um apelo de Machado ao ex-presidente da República. Ele pretendia que ele usasse seu poder e influência para barrar as investigações da Lava Jato, com potencial para levar “toda a classe política para o saco”, e de preferência antes da delação premiada dos executivos da Odebrechet, porque “não há quem resista à Odebrecht”. Sarney propõe, como saída, a posse do então vice-presidente Michel Temer, que teria o apoio da oposição “diante de certas condições”.

O diálogo com Sarney deu sequência a uma conversa anterior, do mesmo Sérgio Machado, com Romero Jucá, um dos principais articuladores do impeachment de Dilma Rousseff, também senador pelo PMDB e por um breve período Ministro do Planejamento de Michel Temer. Ainda mais explícito, Jucá fala textualmente que é preciso “resolver essa porra. Tem que mudar o governo para poder estancar essa sangria”, e sugere uma “articulação política” envolvendo o PMDB, à época das gravações, em março, ainda na base aliada mas já ensaiando sua saída do governo petista, e a oposição, também na mira das investigações da Lava Jato.

Experiente, o presidente do Senado Renan Calheiros, do PMDB, aconselha primeiro mudar as normas que regulamentam a delação premiada (“não pode fazer delação premiada preso”), instrumento fundamental da Operação, e negociar a transição com os ministros do STF, todos “putos com ela”, Dilma Rousseff. Feito isso, PMDB e oposição podiam “passar a borracha” e dar a posse a Michel Temer. Nos planos de peemedebistas e tucanos, a interinidade seria mera formalidade, porque a deposição definitiva de Dilma já era favas contadas, já que se tratava de componente fundamental à garantia de que terminariam todos, impunes.

As coisas não saíram exatamente como o esperado. Ontem, ficamos sabendo que Rodrigo Janot, o Procurador da República, pediu ao STF a prisão de Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney e do deputado afastado Eduardo Cunha. A alegação de Janot, com base nas gravações das conversas entre Machado e os senadores do PMDB, é de que eles estariam tramando para atrapalhar as investigações da Lava Jato. No caso de Cunha, o Procurador sustenta que, mesmo afastado, o deputado continua a interferir nas investigações contra ele na Justiça e na Câmara dos Deputados, inclusive ameaçando integrantes do Conselho de Ética. A decisão de acatar ou não os pedidos de prisão cabe agora ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF.

O PREÇO DA IMPUNIDADE – Não é novidade e nem uma surpresa que a notícia caiu como (mais) uma bomba no interino, ilegítimo e acuado governo Temer. Se desde antes da vergonhosa sessão da Câmara que votou pela admissibilidade do processo contra Dilma Rousseff já estava claro que o processo contra a presidenta era uma verdadeira chicana, as semanas de interinidade do nada novo governo não apenas confirmam aquela primeira impressão, mas lançam nova luz sobre a extensão e a profundidade do arranjo criminoso forjado para, justamente, empossar um governo feito sob medida para livrar corruptos da cadeia e garantir a sobrevivência política de quem se sentia ameaçado pelas investigações da Lava Jato.

Se os diálogos de Sérgio Machado com as lideranças peemedebistas já comprometiam irremediavelmente a versão de que a presidência de Temer surgia para “refundar” a nação, a possibilidade de que Sarney, Jucá, Calheiros e Cunha – um quarteto formado por um ex-presidente da República, dois senadores (um deles ex-ministro, outro presidente do Senado) e um deputado ex- presidente da Câmara – sejam encarcerados, sela a imagem do governo Temer como ilegítimo, e dá razão ao editorial do New York Times, que conferiu a ainda breve gestão do presidente interino a “medalha de ouro em corrupção”.

Mas se a tese moralizadora é hoje insustentável, as perspectivas a curto e médio prazo tampouco são animadoras. Acuado e fragilizado, é bastante provável que Temer não meça esforços para impor, em um curto espaço do tempo, a agenda que negociou em troca de apoio. E se já vivíamos, sob o governo Dilma, a ameaça da precarização dos direitos sociais, as chances aumentam consideravelmente agora que a Fiesp está disposta a mostrar, na prática, que não vai mesmo pagar o pato. A situação não é melhor no parlamento, não apenas o mais conservador desde a democratização, mas também o que levou a noção de fisiologismo a patamares vergonhosos.

De certo, apenas a incerteza, por mais contraditório e paradoxal que possa parecer. Obviamente, não há motivos para comemorar mais essa crise – até porque, não esqueçamos, a situação do PT e de algumas de suas principais lideranças não é nada confortável, as chances de Dilma voltar à presidência seguem mínimas e, caso volte, também não são alvissareiras as perspectivas para a continuidade de seu governo. Mas é preciso, mais que apenas lamentar, denunciar o fato de que as articulações escusas que visavam manipular a Constituição, derrubar uma presidenta eleita, empossar um vice disposto a barrar investigações e acobertar investigados para  livrar políticos corruptos da cadeia, não custou caro só ao governo. É o país, afinal, quem vai pagar a conta.

terça-feira, 7 de junho de 2016

O silêncio dos canarinhos paneleiros

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O trem está feio para Michel Temer. Tão feio que nem os paneleiros pró-impeachment engolem o interino. O homem ainda não acertou uma e até a equipe econômica, uma espécie de reserva moral do seu governo, já começa a dar sinais de desconforto. Imagem ruim no Brasil, pior lá fora. Ainda ontem o interino levou outro murro no estômago: o NY Times publicou uma matéria (a segunda em menos de 15 dias) a atribuir ao seu governo a “medalha de ouro em corrupção”.

O interino foge das ruas como os vampiros da luz. Um governante com medo de povo é tudo o que o país precisa neste momento. Motivos de sobra para os defensores de Dilma Rousseff perguntarem, de forma insistente, onde anda o pessoal que apoiou o golpe? Houve uma debandada dos canarinhos. Arrependimento? Vergonha? Sensação de mico? O pessoal do “eu avisei” não para de falar no ensurdecedor silêncio das panelas.

Mas, afinal, que fim levaram os canarinhos paneleiros? Não tenham ilusões. Os apoiantes do golpe estão a curtir a vitória em silêncio. O objetivo era o impeachment. Foi alcançado. Ponto. Ou alguém foi inocente ao ponto de acreditar que toda aquela barulheira era pelo fim da corrupção? Isso não estava nos planos. As balizas morais e éticas dessa gente são muito flexíveis e para muitos a corrupção faz mesmo parte do modus vivendi.

Na realidade, o ruído das panelas era um apelo à volta da velha ordem, a mesma que prevaleceu ao longo da história recente. O objetivo sempre foi o engessamento social, uma volta à sociedade de lugares definidos e imutáveis. Rico é rico, pobre é pobre. Cada qual no seu lugar. Sem disfarces. Para essa gente, a organização social perfeita é aquela expressa num modelo bem brasileiro: elevador social e elevador de serviço.

Os canarinhos paneleiros queriam apenas a volta da velha sociedade distópica. Sem Bolsa Família, porque mais vale ensinar a pescar. Sem cotas nas universidades, porque o “mérito” serve para mostrar quem realmente é digno. Sem o dinheiro do pré-sal para a educação, porque os abutres estrangeiros sabem dar melhor destino ao nosso petróleo. Sem um sistema público de saúde, porque “gente bem” tem plano privado. E por aí vai...

Por que o fracassado Michel Temer não os faz lembrar das panelas? Porque não importa quem esteja lá. Basta ser uma pessoa que dê guarida aos seus delírios anacrônicos. E o interino tem feito isso. Afinal, lá bem no fundinho de um coração paneleiro palpita um amor pelo velho apartheid social.


É a dança da chuva.


segunda-feira, 6 de junho de 2016

Saneamento mente: estatistica...mente, numerica...mente e confusa... mente


POR JORDI CASTAN

Poucos temas são objeto de tantas informações contraditórias como o saneamento básico. Mergulhar neste universo é garantia de sair confuso e os políticos sabem disso e brincam com números fictícios na certeza de que o eleitor acreditará em tudo o que se divulgue.

A Companhia Águas de Joinville veiculou, nestes dias, publicidade informando que a cobertura de saneamento era de 17%, em 2013, e chegou a 32%, em 2016. Como há um histórico de exagerado otimismo no quesito "percentuais de cobertura", é bom manter uma cautela prudente antes de sair soltando foguetes.

Vejamos algumas informações divulgadas pela CAJ em Julho de 2012 e setembro de 2013

Informações de julho de 2012

“Até o fim do ano, a Cia Águas de Joinville vai conseguir cobertura de esgoto de 26% da totalidade das moradias do município. Este índice é a metade dos 52% prometidos pelo prefeito Carlito Merss durante campanha eleitoral de 2008.  Tinha 12%, a cobertura está em 21%.  E, por isso, ainda assim, o avanço alcançado (mais do que o dobro do que havia há quatro anos) é importante. O ritmo bem mais lento dos serviços obedece a dois fatores: é preciso adaptar-se à capacidade de mobilidade urbana e evitar maior desconforto à população com abertura de ruas, a prejudicar o trânsito de carros; e há pendências judiciais a impedir realização de algumas obras. As explicações são do presidente da empresa, Luiz Alberto de Souza.” Publicado pelo jornalista Claudio Loetz no jornal A Notícia.

Informações de setembro de 2013

“Até o fim do ano, a Companhia Águas de Joinville pretende concluir o Plano Municipal de Saneamento Básico, que dará um direcionamento oficial para a implantação do esgoto. Segundo o diretor de expansão da companhia, Henrique Chiste Neto, até dezembro de 2014, a expectativa é alcançar 30% de cobertura. Uma das maiores metas do então prefeito Carlito Merss (PT) era ampliar consideravelmente a cobertura da rede coletora de esgoto em Joinville. Eram almejados 53,5% até 2014. No entanto, ao terminar 2012, um balanço mostrava meros 17% de cobertura, ampliando apenas em 3% o que já existia.” Publicado no jornal Noticias do Dia.

Metas para cobertura da rede coletora de esgoto (Divulgadas pela CAJ em setembro de 2013)

Dezembro de 2012: 17%
Agosto de 2013: 19%
Dezembro de 2014: 30%
Dezembro de 2017: 46,85%
Dezembro de 2019: 63%
Dezembro de 2035: 100%

Há neste tema do saneamento básico motivos de sobra para ser cuidadoso com as informações que são divulgadas. Em ano eleitoral, a tendência a exagerar aumenta muito o pior é que o índice de credulidade do eleitor também aumenta é isso confere uma vantagem significativa aos candidatos que contam com o apoio da mídia. Fique atento. Busque informações, confira os dados.


sexta-feira, 3 de junho de 2016

Uma caixa preta chamada CVJ


POR THIAGO LUIZ CORRÊA


Nesta segunda feira, acessando o Chuva Ácida, fui surpreendido pelo post do José António Baço sobre o tal "escola sem partido". Apesar de já ter ouvido falar deste tipo de projeto de lei rodando por aí não tinha ideia de que esta sandice já tivesse embarcado aqui em Joinville.

Bateu a curiosidade de saber mais detalhes sobre o projeto e, sobretudo, saber se esta iniciativa da Vereadora Léia (na verdade Pastora Léia, mas me recuso a chamá-la de pastora quando ela toma decisões que não afetam apenas a sua comunidade religiosa mas a toda a sociedade) tem alguma novidade ou invenção sua ou não passa de uma cópia do projeto já apresentado em outras esferas públicas Brasil afora.


Pois bem, na minha busca pela íntegra do projeto acessei a notícia que o projeto havia passado pela Comissão de Legislação formada pelos vereadores Maurício Peixer, Claudio Aragão, James Schroeder, Manoel Francisco Bento e Sidney Sabel. Na mesma matéria há um link que redirecionaria o cidadão ao documento em questão para apreciação. Qual a minha surpresa quando ao acessar este link me deparo com a informação de que o site está em manutenção (imagem no início do texto).

Em uma época em que pensamentos complexos são reduzidos a memes com imagens fora de contexto e um texto com não mais de três linhas, esta página resume como o poder público de Joinville não tem interesse algum em prestar contas de sua atuação à sociedade agindo como uma caixa preta para defender os seus próprios interesses.

Eu realmente ainda estou avaliando o que mais me revolta nesta imagem, se o fato de parecer que o site foi feito por uma criança de 7 anos que acabou de sair da terceira aula de programação web, se a imagem no canto direito de uma pessoa dormindo em uma cadeira de escritório, se o fato que esta página exibe ao centro, quase que como a se orgulhar de não servir o seu propósito há mais de um ano ou se a imagem de uma mesa de reunião em que todos estão olhando pra mim, como se fossem os próprios vereadores constrangidos por terem sido pegos depois de tanto tempo de pernas pro ar.

O conjunto da obra debocha da minha cara como que dizendo "cuide da sua vida" ou "não pense em críticas, trabalhe".

quinta-feira, 2 de junho de 2016

PMDB usa estrutura da educação pública para chamar reunião em Joinville

POR IVAN ROCHA*

Na manhã da última quarta-feira (1º), quando fui buscar minha filha no CEI onde ela estuda, no bairro Vila Nova, recebi um convite inesperado. Por ordem da diretora da unidade, todos os pais receberam o convite para participar de uma reunião, pasmem, do PMDB (imagem no fim do texto). Sim, isso mesmo: o partido do prefeito Udo Döhler está usando a estrutura da educação pública para divulgar suas reuniões abertas ao público.

É provável que a alta cúpula do governo municipal não saiba do enorme erro cometido pelo partido, pois saberia do grave problema que isso acarretará junto à Justiça Eleitoral, a qual esperamos que faça a sua parte no rápido julgamento e punição ao partido e ao governo municipal. A saber, o uso descarado da máquina pública em benefício do partido do prefeito.

O ato, que será denunciado à Justiça Eleitoral, fere a lei 9.504, no artigo 73:

III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado (aqui).


Escola sem ideologia, com exceção da minha

Coincidentemente, na mesma manhã, recebi um vídeo falando sobre a lei da mordaça, no qual um professor de Joinville explica o projeto que foi aprovado no estado de Alagoas e está tramitando em vários estados do país. Em resumo, a lei vai proibir que professores tratem em sala de aula de temas como gênero, política e religião. Em Joinville, a ideia é encampada pela Pastora Léia (PSD), com amplo apoio dos políticos com ideologia de direita.

A ideia é estapafúrdia. Com base em um discurso ideológico, políticos de direita afirmam que professores de esquerda, a partir de orientação do Ministério da Educação (MEC), estariam “contaminando” as crianças do país - a tal da “doutrinação marxista” e por isso há a necessidade da proibição. Na prática, essa censura visa omitir as teorias e personagens da História que são identificados com a esquerda, reescrevendo a história da maneira que a direita quer, sem respeitar o método científico e a construção milenar do conhecimento.

O objetivo deste projeto é bastante ideológico. É o de (de)formar crianças, adolescente e jovens para trabalhar sem pensar, sem questionar. Em Joinville esta já é a ideologia predominante, formando mão-de-obra para trabalhar nas grandes empresas locais.

Retrocesso Nacional

O projeto escola sem partido é um retrocesso em âmbito nacional. Já aprovado em Alagoas, está em tramitação em outros estados, como o Rio Grande do Sul, e sempre defendido por políticos de direita que flertam com o fascismo.

O governo golpista de Michel Temer (PMDB) recebeu os defensores desse projeto por meio do MEC, em episódio que chocou o país, quando o ministro Mendonça Filho, do Democratas, recebeu Alexandre Frota e o movimento Revoltados Online para ouvir propostas para a área da educação. Estuprador confesso e defensor do ideário de direita, Frota também defende o projeto, que estava entre as propostas apresentadas. O encontro foi uma forma de retribuição pelo apoio dado ao golpe no governo Dilma, mas não é de se duvidar que o PMDB leve a cabo as ideias retrógradas para a educação do povo brasileiro.

* Ivan Rocha é pré-candidato a prefeito de Joinville pelo PSOL.


O Facebook lembrou do racismo e do machismo de Joinville

POR FELIPE CARDOSO

Nesta semana, a foto de uma matéria publicada em 2013, do jornal A Notícia, voltou a ser compartilhada. Acompanhado de muitos comentários indignados, a foto serviu para acender o debate sobre as questões raciais aqui na cidade e também no Brasil.

A matéria informava que “o perfil ideal de trabalhador procurado é homem, branco, de 25 a 35 anos de idade”. Além do racismo e do machismo, a matéria também deixa evidente o recorte e o preconceito com a idade.

Uma informação como essa é necessária para mostrar a qualquer pessoa que defenda a meritocracia que vivemos em um sistema desigual, que não oferece as mesmas oportunidades para todos.

Mais adiante o texto diz que “em parte, as vagas não são preenchidas porque os candidatos não têm as habilidades e competências necessárias”. Oras, de 7 mil vagas, dizer que não há gente qualificada é de uma injustiça sem tamanho, talvez devessem se atentar as exigências que fazem e não imputar aos trabalhadores a falta de qualificação. Se procurassem por mulheres, negros e pessoas com idades abaixo de 25 e acima de 35 anos, talvez pudessem encontrar com maior facilidade pessoas para preencherem as vagas. Mas, pelo visto, é melhor deixar 7 mil vagas abertas do que empregar pessoas fora do “padrão ideal”.

Prova do racismo são os tratamentos e os empregos ofertados aos imigrantes haitianos, grande parte com formação acadêmica, mas que não conseguem validar seus certificados por conta de ter que desembolsar uma quantia aproximada de 15 mil reais para ter um tradutor juramentado que realize os processos necessários. Para sobreviver, muitos aceitam subempregos que nem sempre oferecem a garantia de segurança ou muito menos de pagamento pelo serviço.

O que devemos nos atentar é que, segundo os dados nacionais, a taxa de desemprego é maior entre a população negra, principalmente entre as mulheres negras. Agora imagine a chance de uma mulher negra, com 45 anos, estrangeira em conseguir um emprego na área que estudou.

Mulheres negras além do machismo enfrentam também o racismo e estão na base da pirâmide social, muitas vezes sustentando suas famílias sozinhas. Em época de crise, são as mais propensas a serem demitidas, voltando a sofrer para serem reinseridas no mercado de trabalho novamente.

E tem gente que chama isso tudo de vitimismo.

Não é tão simples falar em meritocracia quando os dados insistem em nos mostrar a realidade.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Questão de tempo

Olha o tipo dos caras. E eles acham que podem com a gente.
POR FELIPE SILVEIRA

A queda de Michel Temer, o Fraco, é questão de tempo. A qualquer dia acordaremos com a notícia da renúncia, prisão ou afastamento das cabeças do golpe, que já tem perdido braços e pernas dia sim outro também. Jucá, Renan, MBL, Fabiano Silveira… É o governo Temer, confiável como um bate-papo informal do Sérgio Machado.

O erro da classe dominante é achar que conhece o adversário quando não o conhece de fato. Acham que a esquerda é petista, que os votos de Dilma vêm de dependentes do Bolsa Família (que eles julgam como coitados), que a televisão constrói a narrativa predominante e que os toda aquela massa verde e amarela que encheu as ruas vai simplesmente fechar com eles. Essa massa não é militância, não é politizada e tem interesses difusos. Não dá pra esperar mais deles do que já foi tirado.

O que eles não perceberam é o tanto que o país mudou. O povo não aceita o retrocesso e está mostrando isso nas ruas e nas redes. Universidade pública, acesso universal à saúde, políticas de inclusão e de direitos para minorias só podem crescer, pois o povo não vai aceitar menos. Pode haver tentativas de retrocessos, mas Temer, o Fraco, não aguenta a pressão.

Nos últimos anos, o que se formou no Brasil foi a multidão. É o termo usado pelos filósofos Michael Hardt e Antonio Negri para descrever o sujeito histórico que vai fazer a história acontecer. Somos nós, os movimentos sociais, as feministas, o movimento negro, os secundaristas, os lgbts, os artistas e intelectuais em defesa da democracia, as organizações comunitárias das favelas e dos bairros, os quilombolas e os indígenas. A classe dominante não pode com essa multidão. A opção fascista, muito menos. Não passarão.

Aproveite as horas no poder, Temer. Estão acabando.