sábado, 7 de maio de 2016

Impeachment sem crime é golpe e retrocesso institucional

Catarinense ocupa um dos maiores cargos do país
O Chuva Ácida publica, neste sábado, um texto ministerial, vindo direto de Brasília. Assinado pela ministra Chefe da Casa Civil substituta (enquanto Lula não assume a função), a catarinense Eva Maria Della Cella Dal Chiavon, natural de Chapecó, o texto fala aos catarinenses sobre a questão do impeachment, dos créditos suplementares e dos investimentos federais no estado.

POR EVA MARIA DELLA CELLA DAL CHIAVON*

A presidenta da República, Dilma Rousseff, enfrenta de cabeça erguida o processo pela sua destituição. É uma tentativa antidemocrática de tomada de poder por eleições indiretas. Dilma, mulher digna, mãe e avó, sem ser réu em nenhuma ação, foi injustamente acusada de cometer crime fiscal por não pagamento aos bancos oficiais e pela edição de decretos de crédito suplementar.

Ter obrigações junto aos bancos oficiais não é ilegal, nem configura operação de crédito. É como se, para qualquer cidadão que deva a conta de luz, a CELESC se tornasse sua credora. O TCU nunca havia considerado a medida irregular. Os recursos objeto da denúncia financiaram o Plano Safra, ação crucial para o desenvolvimento agrícola do Brasil. Nenhum ato do Plano Safra foi assinado pela Presidenta, mas sim, pelos ministérios e instituições financeiras responsáveis. Além disso, as obrigações junto aos bancos oficiais relativas a 2015 foram integralmente quitadas.

Sobre os decretos de crédito, eles apenas remanejaram recursos e não implicam automaticamente aumento de gastos. A meta fiscal foi cumprida e não houve crime de responsabilidade. Sem crime, conclui-se que estamos diante de um golpe de Estado. Por quê? O mau uso do instrumento do impeachment sem crime de responsabilidade significa ruptura institucional.

No dia da votação na Câmara, ninguém tratou do mérito da questão do impeachment. Quem comandou o espetáculo, o presidente da Câmara, é réu no STF. Dilma não responde a nenhum inquérito nem tem conta no exterior. Agora, no Senado, a análise de mérito será discutida a fundo. Temos esperanças poia não houve crime de responsabilidade.

Apesar da crise, o governo Dilma manteve em Santa Catarina investimentos nas políticas sociais como a construção de 170,6 mil moradias do Minha Casa Minha Vida,129 mil já entregues. O Programa Mais  Médicos beneficiou 1,9 milhão de pessoas em 216 municípios, com 572 profissionais. Na Educação, foram abertas 394,9 mil matrículas no Pronatec, 68,4 mil bolsas no Prouni e 54,1 mil contratos do FIES.

É hora de unir as forças progressistas e movimentos sociais na luta pela retomada do crescimento econômico com inclusão social e estabilidade política num governo democrático que tenha compromisso efetivo com o voto popular.

*Eva Maria Della Cella Dal Chiavon - Secretária Executiva da Casa Civil da Presidência da República, no cargo de Ministra Chefe da Casa Civil Substituta

De políticos e politiquices #1

POR ET BARTHES

Nada é mais definitivo do que a palavra de um político. Faz sentido: um dia é um dia, outro dia é outro dia. Ou seja, hoje estou com Dilma, amanhã não garanto. Certo, deputado?





sexta-feira, 6 de maio de 2016

Aos navegantes: Cunha caiu, mas a corrupção continua















POR SALVADOR NETO


Chegamos ao final de semana derradeiro antes da votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff com a bela notícia da “suspensão” do mandato do eminente deputado peemedebista Eduardo Cunha. Com grande atraso, Teori Zavascki do STF deu “liminar” para defenestrar a grande mão da corrupção no Congresso Nacional.

E ao fim da tarde desta quinta-feira (5/5) os ministros por unanimidade, 11 votos, mantiveram a suspensão. Sim, Cunha é o grande manipulador das forças políticas no legislativo, e tem, ou tinha, em torno de 300 deputados nas mãos. Agora perdeu o poder.


Já escrevi sobre esse tema que está quebrando o país, esta crise política sem fim que agrava a crise na economia. Nos textos “Querem impedir o Brasil?”, “A Cunha que atrasa o Brasil” e “Um impedimento só não faz verão”, analisei os fatos e com presença em Brasília, centro da briga. Ao final temos um quadro escabroso, e esta retirada cirúrgica de Eduardo Cunha de um dos poderes da República tenta nos dar um cálice de água fresca no deserto de esperanças que temos. Pelo menos ele já deu tchau à sua cadeira e ao poder. 

Mas, não se iludam. Como acreditam vocês que Eduardo Cunha chegou a ser Presidente da Câmara? Com votos dos senhores deputados e deputadas, aliadíssimos a ele, com as fortes bancadas do boi, da bala e evangélica! Junto a ele, há uma mesa diretora eleita no mesmo esquema. Um a um respondem a processos graves de lavagem de dinheiro, entre outros. E eles continuam. Eles mandam. E mandarão até que um dia o STF acorde novamente. Cunha fez o serviço requerido, e como a laranja ficando só o bagaço, está jogado ao lixo da história. Mas o esquema ainda está lá...

A MÁQUINA CORRUPTORA - O fato histórico é esse: os políticos brasileiros derrubaram uma presidente honesta utilizando um político desonesto para acionar a engrenagem maquiavélica que só a política tem, aliada ao poder econômico e midiático. Podem berrar à vontade citar juristas, pedaladas, caminhadas, qualquer coisa, mas o fato é este. Dilma Rousseff não cometeu crime algum, e será afastada com um golpe branco. Grande parte da população brasileira, embromada diariamente pelos grandes jornais televisivos, jornalões e bocas alugadas em rádios país afora, apoia isso. É um erro e reconhecerá isso tarde demais.

De qualquer forma, o povo vai saber já o que é que ajudou a recriar: o governo ultraliberal, o mesmo que vendeu o Brasil quase inteiro nos governos FHC, e que volta agora com os mesmos personagens. Michel Temer, Romero Jucá, Moreira Franco, entre outros, já estiveram nos governos anteriores. Conhecem e azeitaram a máquina corruptora que se apropria do Estado há décadas. Posam agora de salvadores da nação, mas não são. Investimentos sociais, em educação pública e formação profissional em larga escala? Esqueçam neste governo que pretende assumir logo ali na frente. Com eles é tudo com o deus mercado.

Outra verdade histórica: o brasileiro não acompanha a política, tampouco seus políticos eleitos, a não ser, e ainda precariamente, os poucos comissionados, nomeados, apadrinhados. O povo somente se ergue em casos esporádicos, quando dói o bolso, ou a mídia joga alguns aos leões. Mas logo volta aos sofás, ao futebol, e a dizer – não gosto de politica. 


Agora, neste exato momento em que soltam foguetes e já divulgam em redes sociais “viu, o Cunha também caiu?”, acreditam piamente que acabaram com a corrupção, e que o mundo será cor de rosa. Sugiro que continuem acompanhando de perto, porque a corrupção não acaba com um golpe na democracia. Acaba com a sua participação efetiva, inclusive na escolha de bons representantes populares sem ligações com grandes grupos econômicos, religiosos, ou de classes.

E Cunha, tchau prá você, já vais tarde! Tomara que mais dos cunhistas embarquem logo na canoa do STF. Que esta teia da corrupção continue a ser desvendada, e que o Brasil se reinvente. E seu povo também, participando ativamente da vida politica em todos os sentidos, não somente em eleições e em partidos. Política é mais que isso.


É assim, nas teias do poder...


quinta-feira, 5 de maio de 2016

O empresário, o trabalhador e o Bolsa Família




POR CLÓVIS GRUNER

Não fazia ideia de quem era Danilo Conti há até poucos dias. Seu nome entrou no meu radar por conta de um comentário publicado em sua página no Facebook no dia 01 de maio. Nele, Conti parabenizava a todos que, como ele, sobrevivem sem o Bolsa Família. “Hoje o dia é nosso!”, congratulava-se com aqueles que considera seus iguais: os que trabalham e labutam – não há outra interpretação possível – ao invés de viverem das esmolas atiradas aos parasitas sociais pelo governo por meio de programas como o Bolsa Família.

Conti, descobri depois, é um jovem empresário joinvilense que, até 2015, presidia o Núcleo de Jovens Empresários da Acij, de onde saiu para assumir a Secretaria de Integração e Desenvolvimento Econômico, nomeação devidamente chancelada pela entidade, segundo a coluna “Livre Mercado” de A Notícia. Se não chega a ser uma novidade – afinal, Udo Döhler também foi eleito com a chancela da Acij, entidade cujos interesses e expectativas estão acima dos da cidade há várias gestões –, surpreende o quanto, apesar de pertencer a uma nova geração de empreendedores, Danilo Conti parece não se diferenciar substancialmente de seus predecessores.

No site de sua agência, a iZi, em  meio ao trivial (cases de sucesso, relação de clientes atendidos, etc...) um pequeno amontoado de textos, abrigados sob o lamentável título “Filosofada”, revelam um publicitário e empresário que acredita no poder da autoajuda e na capacidade criativa e transformadora das garagens, entre outras coisas. Mas ser crédulo e careta, no fim das contas, não deixa de ser em parte uma escolha, e Conti está longe de ser o único a confundir literatura de autoajuda com filosofia – ou “filosofada”, segundo ele. Mas enfim...

O problema é quando esse publicitário e empresário se torna uma pessoa pública (no duplo sentido: porque ocupa um cargo público e porque desempenha uma função política e, logo, pública), e nesta condição decide reproduzir mentiras baseado tão somente em sua ignorância e seu preconceito. Especialmente sobre um tema sobre o qual há muita informação séria disponível, oficial ou não, a apenas um clique de distância. Nesse sentido, as duas linhas de Conti no Facebook valem por um textão, na linguagem das redes. E merecem um textão como resposta.

O primeiro e o menor dos equívocos de Conti é confundir o BF com seguro desemprego. Qualquer um hoje, mesmo o mais ignorante, sabe que isso é mentira, e só a desonestidade e a má fé do secretário explicam a “confusão”. Mas, como falei, esse é dos equívocos, o menor. Desde que foi criado, em 2003, o BF foi responsável pela diminuição no número de brasileiros vivendo em situação de pobreza extrema, que caiu de 12 para aproximadamente 4,5% na primeira década do programa. Diminuíram igualmente as taxas de analfabetismo e mortalidade infantil. O resultado é altamente positivo se levarmos em conta o volume total de investimentos públicos, algo em torno de 0,5% do PIB nacional, para atender cerca de 14 milhões de famílias. Mesmo as recentes irregularidades encontradas em auditoria do TCU, que identificou cerca de 160 mil famílias cadastradas com indícios de erro ou fraude, não invalidam nem comprometem a pertinência do programa.

Acesso à renda e exercício da cidadania – Primeiro, porque é mais fácil corrigir as distorções encontradas do que, por exemplo, cassar o mandato de Eduardo Cunha, réu no STF e até esta manhã, presidente da Câmara. Além disso, o prejuízo aos cofres públicos, R$ 195 milhões, se significativo, ainda assim é muitíssimo menor do que, por exemplo, o R$ 1 trilhão em dívidas de empresas públicas e privadas perdoadas pelo Estado; os quase R$ 600 milhões pagos em juros aos bancos só em 2015; ou os R$ 19 bilhões sonegados por grandes corporações empresariais, como a Rede Globo e a RBS, investigados pela convenientemente esquecida “Operação Zelotes”.

Mas os aspectos positivos não são apenas estatísticos. O desenho do programa, ao substituir as tradicionais “cestas básicas” por um complemento de renda depositado diretamente na conta bancária dos beneficiados, desenvolveu um senso de autonomia praticamente inexistente em famílias e comunidades que viviam em situação de carência extrema. A associação entre dinheiro e liberdade de escolha propiciou aquilo que o economista Amartya Sen chama de “capability”, grosso modo, a oportunidae de se desenvolver novas capacidades em condições socialmente favoráveis. De acordo com Sen, indivíduos são mais livres à medida que tem à sua disposição mais e melhores opções de escolhas, mas também possibilidades concretas de exercê-las.

Um bom desempenho escolar, por exemplo, depende certamente de um conjunto de habilidades e esforços individuais, mas é preciso igualmente condições objetivas para tanto, entre elas uma boa nutrição, escolas com infraestrutura e professores capacitados e bem pagos. A conclusão é obvia: se a liberdade de escolha é um dos fundamentos de qualquer sociedade democrática, o acesso à renda é uma das condições imprescindíveis a um exercício mais pleno da cidadania. Além disso, para Amartya Sen, há uma relação direta entre dinheiro e desenvolvimento e liberdade individuais: além do empoderamento, o acesso à renda contribui para novas atitudes mentais, produzindo sujeitos menos dependentes e mais responsáveis.

No primeiro turno das últimas eleições presidenciais, os três candidatos com chances efetivas de vitória se comprometeram a não apenas manter o BF, mas a ampliá-lo. Mesmo Aécio Neves, de todos certamente o mais elitista dos presidenciáveis – as outras eram Dilma Rousseff e Marina Silva – tratou de desmentir os boatos que tentaram apresentá-lo e sua candidatura como inimigos do benefício, a colocar em risco sua continuidade. A seu favor, o senador mineiro reivindicava projeto de sua autoria que visava, justamente, transformar o Bolsa Família em programa de Estado, e não de governo, teoricamente fortalecendo-o e assegurando sua continuidade independente do partido ou mandatário de plantão.

Essas informações estão, todas, disponíveis e acessíveis. Porque, a consulta-las, o secretário de Integração e Desenvolvimento Econômico preferiu repetir preconceitos, apequenando-se e também ao município do qual é um dos administradores – e onde, aliás, cerca de sete mil famílias são beneficiárias do Bolsa Família – só se explica pelo preconceito, a ignorância (nesse caso, voluntária) e a má fé pura e simples. Tivesse uma boa assessoria, e Danilo Conti seria orientado a, publicamente, pedir desculpas pelo comentário. Na verdade, se tivesse uma boa assessoria, Conti talvez nem o fizesse. Uma pena. Porque a mim, pessoalmente, não deixa de ser interessante saber o que vai pela cabeça de quem administra a cidade e é em parte responsável pela qualidade de vida dos cidadãos que nela vivem. 


Ministro de Temer


O racismo e a xenofobia não incomodam a Prefeitura de Joinville


POR FELIPE CARDOSO

O Haiti não é aqui!

Essa foi a frase escrita na parede de uma empresa na Zona Sul de Joinville que pôde ser vista por muitas pessoas que fazem o trajeto em direção aos bairros da região. Um grupo antifascista tratou logo de tentar apagar o ataque e tentar minar, da maneira que eles tinham no momento, a propagação da ideologia do ódio contra estrangeiro, mais especificamente contra estrangeiros negros.

Mas o papel principal que pertence ao poder público não foi feito até o momento. Após um ano de luta e reivindicações de diversas entidades da cidade para a criação e efetivação de políticas públicas que garantissem a segurança e a integração dos imigrantes haitianos em Joinville, nada foi feito.

O atual prefeito Udo Döhler prometeu cumprir todos os pedidos que foram apresentados: criação de uma casa de acolhimento para os imigrantes; aulas de português; reunião com empresários para criar diálogo sobre a empregabilidade dos haitianos.

O pouco que foi conquistado foi graças a mobilização popular das pastorais da Igreja Católica, de organizações políticas, movimentos sociais e de muitas pessoas que se solidarizaram com a causa. Hoje, os haitianos contam com uma associação independente e lutam de forma organizada para buscar os seus direitos na cidade.

A atual gestão mostra total descaso com essas pessoas. O Conselho da Igualdade Racial (COMPIR) também, deixando transparecer certo alinhamento de ideologia e má vontade em realizar críticas ao comando do Executivo. Aliás, muitas das denúncias feitas ao COMPIR não tem o encaminhamento desejado, deixando em dúvida a utilidade de tal.

Um Conselho mais atuante e atento às movimentações da cidade é urgente. Não podemos nos conformar com a passividade e o silêncio de um órgão criado exclusivamente para atender e se dedicar a essa causa: Igualdade Racial! Bem como não podemos isentar o atual prefeito e seus secretários que estavam presentes nas duas reuniões e se comprometeram em atender todas as reivindicações.

Enquanto mensagens que preguem o respeito e a boa convivência não são emitidas por órgãos públicos (que tem essa função), o discurso de ódio continuará ganhando espaço e força.
Um ano se passou e praticamente nada foi feito pela mão do prefeito para tentar resolver o problema de vez. Um ano se passou e o ódio continua imperando. Agora, cobrado nas mídias sociais, um dos secretários que tem tempo para dizer em sua rede social que esse não é o maior blog de Santa Catarina, desapareceu.

Depois, em época de eleição, não adiantará procurar os haitianos para fazer coisas às pressas, ou tentar comprá-los para fazer propagandas políticas. Nós não esqueceremos!


O racismo e a xenofobia não incomodam a Prefeitura de Joinville.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Evolução política


O joio e o trigo: a gestão Udo Dohler






POR VANDERSON SOARES


Atualmente, os partidos de oposição ao governo municipal não medem esforços em fazer cartazes, banners, memes entre outras tantas formas de achincalhar, principalmente, o prefeito Udo Dohler. Felizmente, quem mais ataca o atual governo é quem já foi condenado ou quem responde por crimes eleitorais. Isso já mostra quem é joio e quem é trigo. 

É nítido que Udo Dohler está aquém do que prometeu, porém há de se considerar que ele está fazendo verdadeiros milagres na administração. Com a nossa atual crise política ao nível nacional, afetando fortemente a economia e assim a arrecadação, com cidades e estados fazendo cortes, alguns declarando ”falência”, Udo está sim se sobressaindo. 

Quando ele assumiu a Prefeitura, o governo anterior não provisionou a folha de pagamento. Desta forma, Udo Dohler foi o primeiro prefeito a não pagar a folha. Foi vítima ou de desleixo ou de maldade do governo anterior. A Prefeitura, nos primeiros meses de trabalho, não tinha poder de endividamento, estava totalmente em dívida com os fornecedores. Udo Dohler negociou e honrou todas as dívidas e vem honrando. A casa está em ordem e com saúde financeira, com capacidade de endividamento, se isto for necessário. Uma prefeitura com crédito na praça é sinal de gestão sim.

Udo Dohler, logo no começo, cortou na carne. Cortou centenas de cargos comissionados, acordou que em todas as secretarias os comissionados trabalhariam até às 17h00 (nos governos anteriores, era até às 14h00). 

Quando assumiu, não apenas se esforçou para manter o valor da passagem de ônibus, como diminuiu. Agora, nos últimos meses, por determinação judicial, não conseguiu conter o aumento. Era ou acatar ou ser processado por improbidade. 

Mesmo em meio à crise política e a grandes baixas na arrecadação, Udo Dohler está fazendo e entregando obras. 

Muitos reclamam da saúde e do asfalto, com razão, mas quero que se apresente aqui qual prefeito conseguiu fazer tanto com tão pouco. Qual prefeito mexeu tanto em pontos tão críticos e polêmicos da saúde quanto Udo Dohler? Não foram poucas as brigas que comprou. Qual prefeito, com baixa crescente de arrecadação, deixaria de colocar dinheiro na saúde e na educação para asfaltar ruas? Além disso, note-se que as ruas que estão recebendo asfalto ou recape não é com aquele velha casca de ovo, conhecida dos governos anteriores. 

Udo Dohler estava certíssimo quando em campanha falou que não faltava dinheiro, mas sim gestão. Infelizmente, não previu a crise que se formaria. Imaginem este homem trabalhando com caixa positivo e constante na prefeitura? 

E por fim, mas mais importante, Udo Dohler é o reflexo de alguém que trabalha pelo desafio de gerenciar uma grande cidade, aliado à honestidade. Muitos dos rivais que conquistou nestes três anos e meio, muito do apoio que perdeu de outros partidos, não é devido à falta de gestão, mas sim à sua postura firme contra qualquer tipo de corrupção. Além disso, fez algo inédito na política de nossa pequena aldeia, colocou pessoas com capacidade técnica, e não simplesmente políticas, em cargos estratégicos. 


Então, amigo, assim como você acho que Joinville pode muito mais. Infelizmente, sem arrecadação e sem dinheiro, não se pode fazer muita coisa, porém Udo Dohler mostrou ser honesto, não permitir a corrupção em seu governo, afastar pra longe qualquer um que se mostrasse interessado em se apossar do erário. Dentre os atuais pré-candidatos, Udo Dohler é a melhor opção. Antes um honesto, capaz e bem intencionado, do que alguém desonesto, incapaz ou mal-intencionado. 

terça-feira, 3 de maio de 2016

Lula, Janaína... o diploma, o amor e o ódio

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O terceiro mundo não é um lugar. É um estado da mente. E o Brasil é um país que, por suas contradições, acaba por se tornar um case study nesse capítulo: tem gente que quer ser a Suécia, mas defende coisas que empurram o país para o Sudão. Um exemplo recente é a proposta de emenda à Constituição para proibir candidaturas de pessoas que não tenham curso superior. É infrutífero. O planeta está cheio de gente que passou anos nos bancos escolares e não consegue fazer um zero com o fundo de uma garrafa.

Não dá para disfarçar. É uma emenda taylor-made, feita sob medida para um objetivo: impedir que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva possa concorrer ao Palácio do Planalto, em 2018. É perda de tempo discutir se a proposta é constitucional (não é) ou se Lula ficará impedido (em se tratando Justiça brasileira tudo pode acontecer). Mas tem gente que aplaude. Os políticos que temem enfrentar Lula nas urnas e os conservadores que, por preconceito de classe, não toleram um torneiro mecânico que ousou chegar à presidência. 

O autor da proposta é o deputado Irajá Abreu (PSD-TO), para quem uma visão acadêmica é capaz de elevar o nível dos pretendentes a cargos públicos. Diz ele que a dificuldade de leitura dos legisladores impede que “atuem de modo efetivo nas suas funções constitucionais”. Certo e errado. Certo porque os legisladores via de regra são fraquinhos. Errado porque nenhum diploma é garantia de qualidade ou de comportamento ético.

E para não ficar no plano acadêmico – não é a função de um texto de blog – vamos a uma comparação prática. De um lado temos o ex-presidente Lula, cognominado “apedeuta” pelos detratores (o tema do diploma é recorrente), e do outro a advogada Janaína Paschoal, que tem um doutorado e nos últimos tempos foi alçada à categoria de heroína pelos que apostam na economia de neurônios.

Lula não tem diploma. E está sempre sob o olhar crítico do "diplomados". Não é difícil encontrar as raízes do preconceito. Apenas 16% dos trabalhadores brasileiros têm curso superior completo. Ter um diploma na parede ainda confere estatuto. Mas é preciso ser muito alheado para não reconhecer em Lula um homem culto, mesmo com os pontapés na língua portuguesa. O ex-presidente tem a cultura de quem viu mundo. De quem precisou tomar importantes decisões. De quem transitou ao mais elevado nível. É uma escola.

Janaína Paschoal tem um doutorado. É um daqueles casos em que nulidades acabam elevadas a celebridades. O discurso teatralizado, a retórica violenta e o estilo mistificador têm o poder de falar aos que rejeitam o pensamento. Eis o perigo: por trás da ameaça de destruição do inimigo (lembram da república da cobra?) ou da salvação futura das crianças (no Senado) subjaz o mais abjeto fascismo. A história ensina que há algo de podre nesse tipo de discurso.

Enfim, os exemplos de Lula e Janaína são apenas uma forma de mostrar que o diploma per si não é sinal de uma “mente superior”, como acreditam muitos brasileiros. Aliás, nem é preciso ir longe para comprovar. As redes sociais, por exemplo, estão cheias de gente com diploma. O problema é que não passam de analfabetos (dis)funcionais a desfilar ignorância pelo ciberespaço. Ah... e não vamos esquecer a caixa de comentários do Chuva Ácida. É um delírio.

Faz sentido uma lei que feche as portas de cargos públicos a pessoas sem diploma? Não. Isso só interessa aos têm pavor de enfrentar Lula em eleições. Seria apenas outro tipo de golpe. A lei traria uma mudança pontual e inessencial. O que o país precisa é de uma reforma polícia ampla e séria. É preciso refundar o sistema. Porque nenhum país, por mais rico que seja, aguenta um Congresso Nacional como este que surgiu das eleições de 2014. Diploma é diploma. Ética é ética. E ambos não andam necessariamente juntos.

É a dança da chuva.



segunda-feira, 2 de maio de 2016

Em Joinville, as palmeiras morrem de pé


POR JORDI CASTAN
Joinville vive um dois seus piores momentos. A cidade está parada ou regredindo. O que era para ser uma gestão de impacto e de resultados tem se mostrado um completo fiasco.

Cultura – Os problemas com o SIMDEC. Só de maneira emergencial parte dos recursos para os projetos aprovados é liberada, mas depois de forte movimentação nas redes sociais e na imprensa.

Também lamentável a situação do principal museu da cidade. O Museu Nacional de Imigração está em estado de abandono. Sem dúvida a cultura tampouco é uma prioridade desta administração. Aliás, não há área de Joinville que sobreviva a anos de péssima gestão.



Saúde - O que era para ser o ponto forte da gestão - afinal, era alguém com experiência e conhecimento na saúde - está se mostrando o seu principal gargalo. A falta de medicamentos é comum, ao ponto de deixar de ser notícia. Pacientes em corredores e em macas são imagens que já fazem parte do quotidiano. Os funcionários do principal hospital de Joinville trabalham diariamente no limite. Com taxas de ocupação e de atendimento que chegam perto do 140%, a saúde está além do limite.

Apesar do silêncio oficial, fontes internas do hospital confirmaram esta semana um caso de H1N1. Um tema gravíssimo que tem sido ignorado pela imprensa local e que está sendo guardado a sete chaves. Hoje a situação nos corredores do São José é a que se vê neste link (Pacientes nos corredores do HMSJ).

Parques e praças – O máximo que o joinvilense aspira é que seja roçado o mato. O munícipe desistiu de pedir mais parques, plantio de árvores ou a preservação das que ainda teimam em sobreviver.




O cartão postal de Joinville, a Rua das Palmeiras, vê morrer as suas simbólicas árvores. As palmeiras imperiais morrem em pé. As imagens mostram duas palmeiras mortas, sem manutenção, sem cuidado. E fica a advertência: sem que ninguém se responsabilize, aos poucos as palmeiras irão morrendo uma trás outra. Por parte do poder público, a Alameda Bruestlein está abandonada. O cenário é desolador. E todos olham para o outro lado.

Trânsito e mobilidade – A mais recente intervenção do IPPUJ criando um corredor de ônibus na Beira Rio frente ao Mercado Municipal tem conseguido complicar ainda mais o acesso a zona leste. Atravessar a Rua Abdon Batista toma em média 15 minutos, mas em horários de pico chega a mais de 30 minutos. Um percurso que antes não tomava mais do que 3 ou 4 minutos, além de deixar trechos da avenida Beira rio sem acesso para os veículos e subutilizados. As intervenções feitas pelo Instituto de Planejamento tem em comum a improvisação, a falta de planejamento e a necessidade ajustes posteriores para corrigir tudo aquilo que não foi previsto.




Outro exemplo é obra da Santos Dumont. A cada dia surge um novo empecilho que impede o avanço da obra. Especialistas alegam que a falta de um projeto executivo adequado, aliada a mudanças constantes e adequações para resolver as situações não consideradas pelo planejamento, não apenas atrasam a obra como são motivo para novos aumentos de custos e solicitações de aditivos ao contrato original. Se isso fosse pouco, são comuns os acidentes graves e já houve mortes pela falta de fiscalização, de sinalização, pela improvisação e pela inépcia com que as obras públicas são tratadas em Joinville. O pior é que ninguém é responsabilizado por tanta irresponsabilidade.

Planejamento urbano - A LOT volta à pauta, com a pressa e os problemas que vem arrastrando desde o seu inicio. Faltam documentos, estudos, anexos e informações. Mesmo assim o Legislativo insiste em querer aprovar um texto incompleto, recheado de erros e omissões. Tem tudo para continuar sendo judicializado. Além da falta da compatibilização e inclusão do Plano Viário, imagine que até esqueceram de incluir o Plano de Gerenciamento Costeiro e o Zoneamento Ecológico Econômico.

Como alguém pode imaginar que seja possível planejar a cidade sem apresentar um plano viário? É uma temeridade e o cúmulo da improvisação e do amadorismo. O resultado é imprevisível, mas um resultado já constatado é a incapacidade do IPPUJ de mobilizar a sociedade para que participe das reuniões que promove. O instituto esta desacreditado e sem rumo. 




Na reunião preparatória da Conferência da Cidade, realizada nesta semana, havia mais cadeiras vazias que participantes e mais funcionários do IPPUJ que da sociedade organizada. Faltou preparo, as perguntas da sociedade não foram respondidas e de novo os técnicos apresentaram mais sombras que luzes.

Reeleição – Por se esse quadro não fosse suficientemente grave, as pesquisas divulgadas nestes dias mostram que o atual prefeito é candidato firme a estar no segundo turno. Mesmo com a maioria do eleitorado 63% considerando a sua gestão entre regular e péssima. 

Joinville tem pela frente um cenário preocupante, oscilando entre mais do mesmo ou retorno ao passado. Sem candidatos novos que apresentem alguma alternativa real ao modelo atual, Joinville tem todos os números para seguir retrocedendo em todos os indicadores positivos.