quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Jurássico.


Mídias Sociais e Racismo


POR ANDRESSA KAROLINE

Com o passar do tempo, nosso cotidiano tem se tornado mais e mais digital. A evolução dos meios de comunicação nos tem feito abraçar a praticidade. Agora nos perguntemos: qual a relação entre o racismo ainda relutante no Brasil e as mídias sociais?

Tal praticidade, em conjunto com o atraso da legislação em conseguir sanar tais demandas, é um encorajamento para que racistas incumbidos venham à tona despejar seu discurso, ofensa e agressão. Discurso esse, que vem carregado de um preconceito enraizado, antigo, alimentado, protegido e com uma imensa relutância em se abrir mão.

O racismo é uma prática construída, como já dizia Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.” Ele nasce em lares preconceituosos, em escolas que não discutem o assunto com propriedade e clareza (exceto na semana da consciência negra, quando todos se transformam em seres politizados e apoiadores da causa). Ele permanece com o apoio dos grandes personagens das redes sociais que tratam os casos com uma simples hashtag acompanhada do nome se algum(a) famoso(a) e que enchem os telejornais de um sensacionalismo ridículo e abominável, que tem o intuito de explorar a situação diante de mais uma manchete, e que se gerar audiência, permanecerá nas telinhas por mais alguns dias.

A grande verdade é que nosso povo teve voz, mas sempre foi calado, silenciado ou de alguma forma censurado. Pois bem, é o fim dessa era. Enquanto não houver equidade, enquanto “morro” na favela continuar sendo verbo, enquanto nossas escolas não demonstrarem a importância que a cultura negra teve na construção do nosso país, enquanto houver alguém, atrás de algum aparelho eletrônico, que se sinta confortável e seguro para despejar seu ódio racista desenfreado, não vamos nos calar. 

Não vamos deixar de comunicar, de lutar, de insistir no sonho de criar um lugar onde a cor da nossa pele não seja um divisor de águas. É preciso acreditar que há tempo. É preciso não silenciar. É preciso descontruir, politizar, reeducar e conscientizar. É preciso que tenhamos coragem para enfrentar as batalhas diárias em nossos locais de trabalho, de estudo, de convivência. É preciso que entendamos que nossas raízes não são motivo de vergonha, pelo contrário.

Que nosso black cresça, que nosso axé floresça e que a cada vez nos tornemos mais fortes e unidos para um dia quem sabe, se não se tratar de apenas uma utopia, possamos sair de nossas casas e encarar o mundo como um lugar livre dessa doença contagiosa que é o racismo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Precisamos falar de criminalização das drogas


POR CÁSSIA SANT'ANNA

Na semana em que se celebra a Consciência Negra, precisamos falar daquilo que vem dizimando centenas de negros diariamente: a criminalização das drogas. 

Com suas raízes racistas, a Guerra às Drogas é uma falácia, uma guerra instaurada contra os pobres, notadamente contra a população negra, que vem sendo exterminada pelo Estado, em nome da “pacificação” e do “bem social”.

O Brasil conta com a 4ª maior população carcerária do mundo, com mais de 500 mil presos. 26% dos presos, estão envolvidos com crimes relacionados à proibição das drogas, e desses 26%, 60% são pessoas negras ou pardas.

A violação de direitos fundamentais dos cidadãos, frente à guerra às drogas, está presente no cotidiano das comunidades pobres, com execuções sumárias, revistas seguidas de torturas, adolescentes que não podem ir à praia porque são barrados, tendo em vista suas características “criminosas”: negro e favelado.

A guerra às drogas tem produzido um alto índice de mortes no Brasil, inclusive com casos emblemáticos que ganharam notoriedade, como no caso de Amarildo, no caso da Cláudia, e no caso de Eduardo. Ressalta-se, que todas essas execuções foram praticadas nas favelas.

Quantos usuários e traficantes da classe média encontramos diariamente nas universidades, baladinhas de playbas, academias e colégios? Porque essa guerra às drogas é feita somente nas periferias das cidades? Se o Estado está tão preocupado com o bem estar social e quer, de fato, uma política de combate às drogas, porque não abrange todos os grupos? Porque somente nós negros que preenchemos esses 60% quando o assunto é drogas?

Todas essas perguntas se chocam com uma única resposta: isso tudo é devido a nossa guerra - racista - às drogas, que são feitas nas favelas, nos bairros pobres, aonde dificilmente chega o acesso à justiça, a segurança e a educação.

A mídia sensacionalista mostra as periferias como um local com alto grau de perigo, e impressa na população que as execuções praticadas por policiais em nome da Guerra às Drogas e, que ocorrem diariamente nas periferias, são algo comum, ou seja, não são vistas como uma grave transgressão ao direitos humanos, aos princípios e normas do direito penal e processual penal.

O racimo é um problema estrutural do sistema de segurança pública, o qual tem contribuído para a morte de crianças negras, jovens negros, pais negros, avós negros, entre outros que “não importam para o Estado”.

A descriminalização das drogas precisa ser a nossa luta, a luta dos movimentos negros, a luta do coletivo da mulher negra, do coletivo do jovem negro. Precisamos salvar a população negra das atrocidades cometidas pelo Estado!

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Saúde da população negra



POR VANESSA CARDOSO


A saúde é resultado da forma como as pessoas vivem, e o quanto acessam a educação, meio ambiente equilibrado, lazer, habitação, entre outros. A forma de organização da sociedade brasileira historicamente estabeleceu hierarquias por classe social, gênero e raça, que definiram diferentes formas desses indivíduos terem acesso aos determinantes do processo saúde-doença.

Dessa forma, a raça/cor/etnia é uma categoria importante a ser considerada quando se pensa em saúde no Brasil. Por muitos anos, a ideia de democracia racial difundida no país no período da ditadura militar, não permitiu avanços na relação entre a raça e a saúde, mas ações intensas do movimento negro culminaram na criação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, que define diretrizes para esse cuidado no Brasil.

O Sistema Único de Saúde (SUS) já prevê entre seus princípios a equidade, que significa ofertar mais a quem mais precisa, ou seja, prestar um cuidado igualitário, mas respeitando as desigualdades existentes, portanto, é essencial que os serviços e principalmente os profissionais da saúde conheçam as diferentes formas de viver, adoecer e morrer, para que prestem uma assistência à saúde mais singular.

Um dos fatores essenciais para estabelecer indicadores de saúde com recorte racial é o preenchimento adequado do quesito raça/cor nos instrumentos utilizados nos serviços de saúde. Do Censo do ano 2000 para o de 2010, foi observado um aumento no número de pessoas que se autodeclararam negras (pretos e pardos) no Brasil. É importante que os serviços compreendam e importância e estejam preparados para perguntar, qual a sua cor? E a população empoderada para responder adequadamente. Em Joinville no Censo de 2000 7,19% da população se declarou negra, já no Censo de 2010 aumentou para 13,55%.

Os avanços nos registros acabam revelando uma triste realidade nos indicadores sociais e de saúde, ainda somos maioria entre as vítimas de violência, entre aqueles que vivem com menos de ¼ de salário mínimo e entre os que nunca acessaram o serviço de saúde para coleta de exame preventivo de colo do útero, exame de mamografia ou consulta com o dentista.

Nos indicadores de saúde podemos observar o impacto em agravos geneticamente determinado e naqueles adquiridos, agravados ou de tratamento dificultado pelas condições desfavoráveis de vida da população negra, entre eles a anemia falciforme que é mais prevalente na população negra; a hipertensão arterial (pressão alta) que é mais frequente, inicia mais precocemente e apresenta evolução mais grave na população negra; glaucoma mais prevalente e mais grave nos negros; miomas, 3 vezes mais comum em mulheres negras; o diabetes tipo 2 que é 9% mais comum entre os homens negros que em brancos e 50% em mulheres negras que em brancas; além das doenças do trabalho, mortes violentas, mortalidade materna e mortalidade infantil.

Reconhecendo esta situação o Ministério da Saúde lançou, em 2014, a Campanha de Enfrentamento ao Racismo no SUS, pois ao produzir situações de vida contrárias à promoção de saúde, tornar difícil o acesso da população negra aos diferentes setores e níveis do SUS ou propagar e utilizar preconceitos e estereótipos nos atendimentos são estabelecidos entraves na garantia da saúde da população negra.

Enfim, é importante a produção de conhecimento científico com recorte racial, capacitação dos profissionais de saúde e subsidiar a população com informações adequadas para que possamos construir coletivamente uma atenção à saúde mais justa.


Vanessa Cardoso possui graduação em Enfermagem pelo Instituto Superior e Centro Educacional Luterano Bom Jesus/IELUSC (2003). Mestranda em Saúde e Meio Ambiente. Atualmente é efetiva - Secretaria Municipal da Saúde de Joinville e docente do Curso de Graduação em Enfermagem. Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem de Saúde Coletiva e Saúde da População Negra. Membro do Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A mulher negra e a luta feminista


POR NATÁLIA PONCIANO

Mais uma celebração semanal da Consciência Negra, na tentativa de permitir espaço, conscientização, e manifestação da nossa história. Críticas que ridicularizam este evento são constantes, depoimentos de ódio pela promoção de uma semana que visa o freio da discriminação racial que nos persegue até hoje.

Nosso país carrega nas costas uma dívida histórica com a população negra, esta dívida que reflete no cotidiano da nossa gente. Condutas provam que o país não cessou o racismo e não cessará até que tenhamos o espaço adequado, através da luta diária para, quem sabe, alcançarmos, um dia, o equilíbrio, a igualdade de direitos sem distinção, a consciência.

Importante ressaltar: a posição de ser mulher e negra no que diz respeito à invasão sexual,
à 
condição profissional e ao estereótipo. As curvas acentuadas do corpo, o cabelo crespo, a boca carnuda, os seios fartos são traços da beleza negra, onde não implicam transformar determinadas condições para saciar os desejos e curiosidades do homem, transformado-a apenas em um objeto para satisfazer o prazer e humilhando-a cada vez mais  no contexto da sociedade, por isso é importante discutir a Consciência Negra sempre vinculada à luta feminista.

A mulher negra também deseja (como de fato merece) ocupar o espaço que é seu por direito, sendo respeitada por seu intelectual e sua condição de ser humano, como outros inúmeros fatores.

No quesito profissional ser mulher e negra, a luta pela conquista de reconhecimento duplica, se não é que triplica, são puramente resquícios das mágoas deixadas pelo sistema escravista.

Os reflexos são fortes, ataques agressivos aos centros de religião africana, desrespeito constante as tradições da população negra. Na fala corriqueira a atribuição da cor preta como sinônimo de ruim, negativo. São estes comportamentos que a Consciência Negra visa reparar, visa dialogar, a fim de que possamos repensar conceitos de igualdade, permitindo e conquistando uma sociedade mais justa e humanitária em relação aos nossos direitos.

Respeito.

domingo, 15 de novembro de 2015

Xô, baixo astral


POR JORDI CASTAN

Com frequência leitores questionam o tom crítico dos meus posts aqui e no jornal ANotícia. O que mais escuto é: não há nada de bom em Joinville? Ora, fora o verde do Morro do Boa Vista, a imponência da Lagoa de Saguaçu e o espírito empreendedor dos joinvilenses tenho dificuldade em achar outros pontos que poder elogiar. O fato é que Joinville vive uma onda de baixo astral que já dura alguns anos. Não quero aqui entrar no mérito de se começou na gestão do Tebaldi, do Carlito ou já começou antes. O que parece unanimidade é que a cidade anda para trás. O baixo astral esta tomando conta até dos mais ferrenhos defensores desta terra.

Como sair desta espiral depressiva? Se vemos as cidades como entes vivos é possível entender o drama que Joinville vive. Sem rumo, sem ideias, sem visão e chorando a falta de recursos. Teve até candidato que dizia que o problema não era a falta de recursos e sim a falta de gestão. Como Joinville poderia sair deste marasmo em que esta mergulhada?

Vão ai cinco propostas do tipo "pegar ou largar". E já aviso que se aparece candidato com essas propostas no seu plano de governo não é para acreditar, porque o problema de Joinville vai muito além dos políticos. Eles têm uma boa parcela de culpa, mas sair desta situação não esta na mão do próximo prefeito é um desafio para todos.

1. Otimismo.
Quando falo em otimismo, não falo dessa coisa tão brasileira de “torcer”e não levantar do sofá. Otimismo atuante é fazer algo para mudar. É a capacidade de avançar quando os outros desistem. O otimismo deve ser tão forte que seja o inicio da própria mudança.

2. Ação determinante.
O otimismo não é suficiente. É preciso agir. Agir com vontade, com capacidade, com conhecimento e, principalmente, com coragem. A coragem que falta para tomar as decisões difíceis. E o que mais vemos aqui é a falta de decisão, o empurrar com a barriga, a falta de coragem. E falta de coragem tem nome.

3. Bússola moral.
Não é bonito o retrato de uma sociedade como a nossa: já se perdeu a noção do certo e do errado, bandidos têm tomado o poder e se foram perdidas as referências de moral e respeito. É imprescindível a volta da honra, da integridade, da fidelidade e dos valores éticos para auxiliar na tomada de decisões nesta situação difícil que enfrentamos. Difícil imaginar que qualquer dos nomes já colocados como pré-candidatos a prefeito tenham a menor noção do que isso seja sem recorrer ao dicionário. E, mesmo que o soubessem, falta-lhes a estatura moral para serem referência de alguma coisa.

4. Tenacidade a toda prova.
A persistência pode ser onipotente. Temos nos acostumado a ver os nossos administradores reclamarem que as coisas não acontecem, que os recursos não vêm, que a chuva faz isso, que se o sol faz aquilo, que há falta de recursos. Se houvesse, um campeonato internacional de escusas, Joinville estaria entre os primeiros. Não confundir tenacidade com teimosia. Ter um prefeito teimoso não faz dele um homem tenaz. Faz dele só um teimoso a mais. Se não há vento para encher as velas é hora de remar.

5. Apoio social.
Quem está junto? Quando a sociedade não apoia os projetos que são apresentados é hora de perguntar se são estes os projetos e as propostas que a cidade precisa. Não se sai deste buraco sozinho. Sem mobilizar toda a sociedade para alcançar os objetivos não será possível voltar a colocar Joinville onde nunca deveria ter saído.

A pergunta é: há em Joinville lideranças para capitanear este processo? Tem credibilidade para tanto? Estão dispostos? Ou vamos seguir andando para trás e sendo governados por quem não tem a capacidade e a competência que o momento exige? 

Macacos me mordam #3


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Vamos falar de assédio?

POR CECÍLIA SANTOS

Olá. Eu hoje queria falar com você, leitor. Você mesmo, do sexo masculino. Talvez você tenha lido sobre a campanha #PrimeiroAssédio. Se não sabe do que se trata, eu explico: assim que começou o programa MasterChef Júnior na Bandeirantes, uma cambada começou a fazer piadas de cunho pedófilo em relação à menina Valentina, de apenas 12 anos, participante do programa.

Com a repercussão, um grupo de mulheres lançou a campanha #PrimeiroAssédio, contando nas redes sociais as próprias histórias de assédio. Deixa eu te contar uma coisa: tem mulheres que relatam que sofreram o primeiro assédio aos 5 anos de idade! Eu mesma fui perseguida por bando de garotos da minha escola aos 7. E sabe, a gente vai descobrindo aos poucos que quase todas as mulheres passaram por isso na infância e adolescência. Quase. Todas.

UM DADO "NOVO" - Isso significa que provavelmente aconteceu ou acontecerá com as mulheres próximas a você. Pergunte a elas. Não é assustador? Não dá uma sensação de impotência pensar que você não pode evitar que aconteça com quem você mais se importa? Nos relatos nas redes sociais, percebi que muitos homens estavam chocados com a dimensão do problema.

Curiosamente, era um dado “novo” para eles. Pois é. Nós mulheres não falávamos disso – pelo menos até agora. Muitas vezes não contamos nem para as pessoas em quem mais confiamos, como mãe, pai ou amiga. Ou sequer reconhecemos que sofremos assédio. Às vezes fica lá perdido nas memórias da infância. Porque é tão naturalizado que a gente às vezes nem registra.

Sabe por quê? Porque de alguma forma que eu não sei explicar, nós mulheres crescemos achando que a culpa é nossa. Fazem a gente sentir vergonha. Medo. Achamos que não vão acreditar em nós. Que vão nos tirar toda a liberdade. Nos ameaçam. Ou seja, nós mulheres é que pagamos a conta do assédio.

Não estou falando aqui de violência sexual, que é um problema ainda mais sério e, pasme, acontece até onde a gente menos imagina: dentro de casa, na casa do tio, do avô, do vizinho, da casa da coleguinha de escola. Também não estou falando de cantada, que é um assunto controverso. Muita gente, inclusive mulheres, acha que cantada é de boa. Eu particularmente não acho. Acho constrangedor e invasivo. Nunca precisei de elogios de estranhos para validar o meu corpo.

CONIVÊNCIA COM O ASSÉDIO - Quando a gente fala de assédio, significa o olhar malicioso, o comentário desrespeitoso, o contato não autorizado, a perseguição, o exercício de um poder cruel da parte mais forte sobre a parte mais fraca, especialmente quando se trata de meninas e adolescentes. Você deve estar pensando: se tantas meninas e mulheres são assediadas, quem é que faz isso? Existem alguns poucos assediadores em série superpoderosos? Porque, claro, a gente sabe que você não é um assediador. E você provavelmente tem certeza que os homens das suas relações também não são. Espero que não sejam mesmo.

Mas sabe, se alguma vez você buzinou para aquela pré-adolescente na rua, achando que o fato de ela estar vestindo shorts te autoriza a cantá-la, então você talvez seja um assediador. Se você riu daquele seu cunhado sem noção falando das “novinhas”, talvez você não seja um assediador, mas está apoiando a cultura do assédio. Se você continua a sair com aquele seu amigo que agarra as meninas pelo cabelo na balada, bem, você é conivente com o assédio.

Outro dia no ônibus duas jovens estavam conversando ao meu lado e cada uma contou a sua história do primeiro assédio. Com uma delas, foi na escola de inglês em que ela estudava. Eu ali ouvindo me dei conta de que, sim, é chocante que seja tão constante, mas ao mesmo tempo é tão importante que as mulheres estejam falando disso como nunca antes, estão expondo seus traumas e exigindo respeito, estejam indo para a rua e ocupando espaços na mídia.


Eu tenho esperança de que colocar o problema na mesa e discuti-lo é a única coisa que pode acabar com a cultura do assédio. E vai ser cada vez mais difícil recusar-se a admitir que ela existe. Pense nisso.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O preço da não participação



POR VANDERSON SOARES


"Aqueles que não gostam de política serão governados por aqueles que gostam”.

A frase é clichê, você já deve tê-la lido várias vezes em diferentes lugares, mas mesmo assim talvez não tenha parado para pensar e refletido sobre seu significado. Quando se fala em política, já vem à mente um caminhão de pensamentos não tão bons: corrupção, mordomias, tudo bandido, etc, etc.  E você tem sua razão em pensar isso. Não tivemos muitos bons exemplos até hoje para embasar um pensamento diferente.

Mas não pense que a política se restringe a partidos, câmaras, congressos e prefeituras. A política é algo que permeia toda a sua vida. Se você participa de uma entidade de classe, faz política. Se participa de algum grupo de voluntariado, faz política. Se é membro de algum conselho de profissionais, faz política. Se reúne os vizinhos para falar dos problemas da rua ou do bairro, faz política. Se participa das reuniões da escola do seu filho, faz política. Em suma, um grupo de pessoas com um ideal, objetivo ou interesses em comum estão fazendo política. E isso acontece desde os tempos mais remotos. 

O preço de não participar da política é isso que você vê hoje. A cada dia um novo escândalo, uma nova CPI, alguns novos delatores, acusados, propinas, aeroportos, helicópteros, subornos, esquemas, etc. Talvez o fato de reclamar no Facebook ou xingar na frente da TV “ui, que nojo de política” cria aquela sensação de saciedade e a revolta para por ali. E no dia seguinte, tudo se repete. 

O preço que se paga em apenas ser um “revolucionário de pijama” é o saneamento básico que não chega na sua cidade, o posto de saúde que não é construído e quando é, demora-se o dobro do tempo, com o triplo do preço e antes da conclusão da obra, já se inicia a licitação para reforma. O preço é a escola sem materiais ou estrutura que acompanhe a evolução do mundo. O preço é o trânsito que aumenta, pois o transporte público não melhora e apenas sobre seu preço, incentivando a utilização dos carros particulares. 

Este preço é pago parceladamente, mês a mês, ano a ano, através da duplicidade de pagamento por educação, saúde, segurança e transporte. Duplicidade porque você paga uma vez no imposto e a outra de maneira particular, pois a precariedade dos serviços públicos apenas reforça que é necessário ter um plano de saúde particular, escola particular e por aí vai. 

Para Construir uma Joinville mais efetiva, melhor, e uma sociedade renovada, voltada para a Sustentabilidade, é necessário um pouco de empenho, participação em audiências públicas, perguntas, críticas e por aí vai. 

É certo que a pressão popular motiva ou desmotiva as atitudes da maioria dos políticos. Se você não participa, os corruptos se sentem bem à vontade para fazer o que fazem de melhor: servir seus próprios interesses. 



terça-feira, 10 de novembro de 2015

Tebaldi e os salários dos deputados

POR ET BARTHES

Se ainda não viu a participação do deputado Marco Tebaldi no CQC, eis o filme. Ele fala sobre baixar os salários e chega mesmo a dizer que os deputados não precisariam de salário, desde que tenham as condições para trabalhar. Mas, no final, parece que era tudo brincadeira.