POR CHARLES HENRIQUE VOOS
Segundo fontes,
no conjunto do fluxo migratório que chega ao país, eles representam 10% do contingente – há quatro anos eles não passavam de duas centenas, mas, no fim de 2011, somavam 4 mil. As estatísticas fazem do Brasil o maior ponto do tráfico de imigrantes haitianos da América do Sul: 75% passam pelo Equador, seguem para o Peru e ingressam no Brasil por Tabatinga e Brasileia, fazendo, na fronteira, o pedido de refúgio. Apenas 5% deles tomam rotas distintas com passagem pela Argentina, Bolívia ou Chile antes de imigrar para o Brasil. Cerca de 20% saem do Haiti com vistos obtidos nos consulados e fazem escala no Panamá, antes de desembarcar nos aeroportos de Belo Horizonte, Brasília ou São Paulo.
A imigração de Haitianos é uma realidade presente em uma boa quantidade de municípios brasileiros, principalmente nas cidades catarinenses onde o superávit de empregos é noticiado nacionalmente. Muitos possuem ensino médio completo e são absorvidos pelos setores da construção civil e comércio em geral. Inclusive em alguns lugares há campanhas específicas para estes grupos, com acompanhamentos de assistentes sociais e médicos do Programa Saúde da Família. É uma população com alta vulnerabilidade que precisa de apoio para conviver harmoniosamente com a realidade brasileira e fugir das drogas, do tráfico e mendicância. Infelizmente o preconceito e o descaso ainda competem com a busca por oportunidades de uma vida melhor.
O recado que os preconceituosos merecem vai no sentido do título deste texto. Claro que as condições do país são diferentes e as realidades são outras, mas todos os nossos parentes (inclusive os indígenas) foram imigrantes em alguma parte da história. As nossas origens provam que estes povos merecem sim o respeito, a dignidade e a inclusão como qualquer outro ser humano merece, sem o constrangimento de que "estão tirando vagas de trabalhadores brasileiros" e sem patriotada. Mesmo assim, se alguém pensar contra esta linha de raciocínio, que vá abrir os álbuns antigos de família e ver que, se não fossem pelas oportunidades conquistadas na dura realidade social brasileira (escravidão, campesinato, êxodo rural, ditadura, etc.) talvez nem teria existido.
Somos todos nômades. Está em nossa essência.