POR VALDETE DAUFEMBACK NIEHUES
Depois de um ano intenso de trabalho, de estudo, de tentativa de compreensão das inconveniências ideológicas manifestadas nas redes sociais, eu só queria passar o fim de ano em um lugar calmo, sem a agitação da “ditadura” da contagem regressiva do tempo que, simbolicamente, se enterra o passado e faz nascer o futuro desejoso de uma vida fortuita, de paz, amor, saúde e dinheiro.
Assim, fui para a minha terra natal, no sítio onde à noite costuma-se ouvir os sons da natureza, a harmonia do canto dos pássaros ao amanhecer, o estilo da vida rural no dia seguinte. Enfim, o “direito à preguiça” estava garantido, tudo ao seu tempo.
Mas no segundo dia do ano a ficha caiu ao tentar visitar parentes e amigos residentes em centros urbanos de municípios nos arredores, pois as cidadezinhas estavam desertas, as casas de comércio fechadas, as residências trancadas, ninguém nas ruas. Para onde foi todo mundo? Percebi que a situação daquelas pequenas cidades não diferia muito de Joinville, onde nas férias de fim de ano até restaurantes e panificadoras se mudam para as praias.
No terceiro dia, hora de voltar para Joinville. Durante o trajeto, que levou doze horas para percorrer trezentos e cinquenta quilômetros, além da paciência e do cansaço, fiquei observando a quantidade de carros com placas de todas as partes do Brasil que entravam e que saiam das cidades litorâneas, certamente de turistas ou veranistas em férias. Pensei: ‘Essa movimentação toda deve ser o reflexo da crise anunciada no ano passado desde as primeiras manifestações da eleição presidencial. Imagina se não houvesse crise’.
A história tem registrado que diante de uma crise econômica o lazer é o primeiro atributo a sair da lista do consumo dos trabalhadores. Será que a população brasileira mudou seu estilo de vida? Ou a mídia, aliada a interesses interesseiros de alguns políticos alardeou uma crise com propósitos específicos?
A considerar o cenário internacional, não estou afirmando que o Brasil está livre de uma crise econômica. Porém, a crise anunciada, para tristeza de muita gente que torcia por um desastre na economia para desestruturar a política “esquerdista”, ainda está na lista de espera do tempo. Ora, as crises econômicas são necessárias porque possibilitam o surgimento de novos mercados, dizem os capitalistas. Sem elas o capital não se renovaria e entraria no processo entrópico. Além do mais, a crise força os trabalhadores a se atualizarem profissionalmente e assumirem o ônus das mudanças tecnológicas.
Quanto ao próximo verão, para resolver o aborrecimento tumultuado do trânsito, quem sabe pensemos em um meio de transporte alternativo, barco, helicóptero, ou jatinho, talvez.
Alguma dica de como construir aeroporto no sítio?