POR GUSTAVO PEREIRA
Em 1995 o autor contemporâneo Stone, defensor do
desenvolvimento sustentável, cunhou um neologismo ao afirmar que os elementos
naturais necessitam ter voz, pois somente através de uma moral coletiva é
que a sociedade encontraria respostas para casos tormentosos, em que se
contrapõe o utilitarismo e a defesa dos valores coletivos. Segundo Stone,
Industry Minded traduz-se numa espécie de afinidade transmitida em que os
agentes políticos e poder público adquirem e incorporam o modo de pensamento de
agentes econômicos.
A consequência, em um país culturalmente patrimonialista
como o Brasil, é que os serviços oficiais encarregados da administração pública
convertem-se em feudos e panelinhas suscetíveis de pressões pelos mais variados
interesses que não aqueles da sociedade, mediante concertação e relações
políticas nebulosas, conflitos entre o público e o privado.
Os exemplos são inúmeros em Joinville, a começar pelo
Conselho da Cidade, o nosso querido “covil”, dotado de baixíssima eficácia
social. Refratários às mudanças, os Industry Minded asseguraram o controle no
setor público municipal, em órgãos colegiados e buscam lançar os tentáculos em
outras searas. A cota 40 tornou-se o símbolo da defesa da cidadania e a
contradição dos Industry Minded.
Nos bastidores, nosso guia sonha com o aumento da arrecadação, admirando o modelo atávico de construção civil de outras cidades. Mas em
público é o bom samaritano acossado a assinar a petição da Cota 40. O estilo
rolo compressor dá sinais de desgastes e o pleito de outubro vai decepcionar
muitos candidatos Industry Minded, esperançosos que o discurso falacioso da
empulhação faça a população continuar a ter memória curta. Atenção Industry
Minded, a paciência da sociedade tem limites.
Gustavo Pereira é advogado.