sexta-feira, 7 de junho de 2013

E já todo mundo só fala em ouro...

POR ET BARTHES
Já que o ouro é o tema do dia, que tal relembrar este dedo de ouro? É um dos momentos mais famosos da série do agente Bond, James Bond.




quinta-feira, 6 de junho de 2013

Adeus, Mayerle Boonekamp!

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Falar sobre a memória requer muito cuidado. É um composto de simbologias, interpretações e situacionismo cronológico que varia de pessoa para pessoa e que levam à construção da identidade. Cada ser humano tem a sua vida, a sua história, e os seus princípios. Logo, cada um tem a sua memória. Aquilo que é importante para mim, pode não ser importante para você, leitor, ou ainda: lembramos das mesmas coisas mas de formas muito diferentes. Entretanto, quando um elemento da cidade é lembrado da mesma maneira por um quantidade significativa de pessoas, as quais constroem laços afetivos ou funcionais em comum, ele é importante para a manutenção, antes de tudo, de quem nós somos. E deve ser preservado.

Em Joinville (pra variar), o poder econômico e a especulação imobiliária passam por cima disto. O crime da vez foi cometido com a derrubada total do prédio centenário da fábrica de bebidas Mayerle Boonekamp, como mostra a foto abaixo, por uma empreiteira (a qual, por pura coincidência de fatos, é ligada à ACIJ), para dar lugar a uma grande rede de supermercados.


Pode ser que o prédio era velho e sem utilidade. Pode ser que ele precisasse dar lugar ao "moderno", pois era ultrapassado. Pode ser que já não condizia mais com o entorno "desenvolvido". Pode ser que tivesse sido de um empresário já falecido. Pode ser que fosse um lugar "sem vida", com mendigos e traficantes. Pode ser que, nos últimos anos, ele tenha sido um espaço que juntasse todas estas características.

Para empresários do ramo da construção civil de Joinville, o prédio é um empecilho para o lucro.

Está ocupando um espaço em que será construído um grande supermercado. Está ocupando um espaço de grande valor comercial. Está ocupando um espaço com uma possibilidade de uso totalmente diferente do que foi no passado.

Para as pessoas que vivem a cidade e percebem os seus traços e as suas histórias, a derrubada do prédio da Mayerle Bonnekamp foi um crime. Foi uma espoliação de parte de suas identidades. Foi uma privação da capacidade de ver e lembrar não somente a cidade (em um comparativo de como era e como é), mas suas próprias vidades. Foi cambiar o cheiro daquela deliciosa bebida amarga, que reunia amigos em botecos na cidade inteira, por pó e concreto desabados. Foi sentir o dinheiro esmagando a necessidade de se olhar para trás, para se entender o presente. Foi ver a Joinville que não queremos. Foi ver uma Joinville sem controle e sem dono. Foi ver uma Joinville morrer.



Aquilo não servia para o bolso de alguns, mas servia para a coletividade. Seria como, em escala maior, arrancar as palmeiras da Alameda Bruestlein. Seria como se, ao invés de humanos portadores de sentimentos, percepções e heranças, fôssemos robôs programados apenas para o dual casa-trabalho. Frios. Secos. Com um serial number.

Seria como beber uma dose de Mayerle Boonekamp e não se sentir bem.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Os 10 piores desastres ecológicos

POR ET BARTHES
No Dia Internacional do Ambiente, os 10 maiores desastres ecológicos da história recente.


Monteiro Lobato e o politicamente correto

POR CLÓVIS GRUNER



Com este mesmo título, três pesquisadores cariocas publicaram, na última edição da revista Dados, artigo onde analisam a controvérsia gerada em torno ao livro “Caçadas de Pedrinho”, em 2010, e as manifestações racistas presentes na obra de Monteiro Lobato. As conclusões não chegam a ser uma novidade para quem já leu o escritor paulista: seja em textos adultos – como no romance “O presidente negro”, de 1926 –, em suas cartas ou  nos livros infantis, notadamente os do “Sítio do Pica Pau Amarelo”, Monteiro Lobato não cansa de afirmar e reafirmar suas convicções racialistas, enaltecendo a superioridade dos brancos ou acusando a inferioridade dos negros.

Os indícios se espalham pela sua obra – nas alusões sempre pejorativas a Nastácia; ou no epílogo de “O presidente negro”, onde a esterilização dos negros é apresentada como um “manso ponto final étnico ao grupo que a ajudara [a raça branca] a criar a América, mas com o qual não mais podia viver em comum” –, mas marcaram igualmente sua trajetória pessoal. Lobato foi um ardoroso defensor da eugenia e um entusiasta da Ku Klux Klan. Em carta ao médico e amigo Arthur Neiva, um dos mais ativos membros da Sociedade Brasileira de Eugenia, ele escreve que “país de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Kux-Klan, é país perdido para altos destinos. (...) Um dia se fará justiça ao Klux Klan; tivéssemos ai [no Brasil; nesta época, Lobato vivia nos Estados Unidos] uma defesa desta ordem, que mantém o negro no seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca – mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva”.

Claro, pode-se objetar que se tratava de um pensamento comum à época e que Lobato pensava com as balizas intelectuais e morais do seu tempo. Mas é uma verdade apenas parcial. Primeiro porque a própria eugenia e seu projeto de purificação racial (eu = boa; genus = geração), embora tenha de fato seduzido governos e intelectuais de diferentes orientações, nunca foi um consenso. No Brasil ela foi combatida por, entre outros, Graça Aranha, Roquete Pinto e Lima Barreto, escritor de quem Lobato, inclusive, editou “Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá” em 1918. Além disso, ele não limitou sua militância racista à eugenia, revelando-se um simpatizante entusiasmado da KKK, organização que nunca foi conhecida pelas suas virtudes científicas.

Ora, não causa espanto que Lobato tenha tratado as personagens negras não apenas como subalternas socialmente, mas inferiores racialmente. Igualmente, não deveria provocar estranheza que o Ministério da Educação acatasse pedido de verificação dos conteúdos racistas em uma das obras do escritor, distribuída gratuitamente nas escolas brasileiras como parte do Programa Nacional de Biblioteca na Escola. Não deveria, mas causou. E como soe acontecer sempre que a direita se mobiliza, o estranhamento justificou o escândalo, e o escândalo se sustentou em uma mentira: a de que o governo federal estava querendo censurar Lobato. Nada disso: nenhum dos dois pareceres encomendados a especialistas pede o banimento ou censura da obra. Solicitam apenas que, além do treinamento dos professores para usar em sala o livro, fosse inserido nele uma “contextualização crítica do autor e da obra, a fim de informar o leitor sobre os estudos atuais e críticos que discutem a presença de estereótipos na literatura, entre eles os raciais”.

Não adiantou, porque a gritaria seguiu seu rumo, desta vez acusando o perigo de interferir em uma obra literária sacrificando seu valor artístico em nome da “ideologia”. Interessante que o mesmo livro motivo de tamanha controvérsia já trazia em suas reedições uma nota explicando, em passagem onde Pedrinho organiza uma caçada, que a história foi escrita em uma época onde os animais silvestres ainda não eram protegidos, nem a onça-pintada estava ameaçada de extinção, e que tal prática hoje não é mais aceita. Ou seja, os mesmos que consideravam inaceitável interferir na obra de Lobato para “contextualizar” seu racismo, nada disseram quando se interferiu nela para explicar a diferença entre as caçadas de ontem e sua proibição hoje. Claro, não interessa a ninguém que uma criança negra se sinta humilhada ao ler passagens pejorativas a respeito de suas origens, sua cultura e a cor da sua pele. Já os sentimentos da onça...

MAS E DAÍ?, podem estar se perguntando alguns. Não acho que o artigo mencionado vá reavivar a polêmica. No Brasil, a produção acadêmica raramente pautou o debate público, porque a ela preferimos gente da inteligência e do caráter de um Reinaldo Azevedo. Mas o imbróglio envolvendo “Caçadas de Pedrinho” em 2010 é atualíssimo. Ele diz respeito a outro debate, travado principalmente nas redes sociais e nas mídias audiovisuais, em especial a televisão. Me refiro a oposição entre o que se convencionou chamar “politicamente correto” e “politicamente incorreto”. Não tem sido incomum ler e ouvir adjetivações negativas sobre o primeiro, como se a sua simples existência ameaçasse as liberdades de pensamento e expressão. Será?

Toda generalização é perigosa, mas vou assumir o risco: ao menos no Brasil, o politicamente incorreto tem servido aos fins mais pífios. Ele tem sido reivindicado sempre que jornalistas, blogueiros, formadores de opinião, artistas, intelectuais, humoristas, etc..., tentam justificar, defender e legitimar o que consideram seu direito inalienável de agredir, desqualificar, ofender e humilhar principalmente as chamadas minorias. Não, não são os brancos de classe média alta, nem os homens heteros os alvos privilegiados do politicamente incorreto – e quando acontece de o serem, as desculpas públicas vem a galope. Incapaz de ultrapassar o chamado senso comum, de fazer-lhe a crítica, de expor seu ridículo, o politicamente incorreto o reforça e reproduz atacando mulheres (as feias, principalmente, que devem agradecer quando estupradas), negros, índios, pobres, gays, deficientes e quem mais ele julgar inferior e incapaz de se defender. O politicamente incorreto não é apenas preconceituoso, racista, machista e homofóbico; ele é covarde.

E autoritário. Sim, porque o politicamente incorreto quer continuar agredindo, ofendendo e humilhando sem ser contestado, acusando - vejam só! - de intolerância quem o contradiz. Para sua desgraça, no entanto, os tempos são outros: estamos mais atentos a força das palavras, ao que elas significam e produzem socialmente. Ninguém, ao menos ninguém com um mínimo de bom senso (mas sempre há quem não o tem) levantará a voz ou deslizará os dedos no teclado para calar quem quer que seja. Mas igualmente não se aceita mais, resignadamente, como inevitável que se reafirmem estereótipos que são a expressão de uma violência simbólica a perpetuar ódios de classe, gênero e etnia, tão profundamente arraigados na nossa história. Ser politicamente correto é chato? Que seja. Mas é melhor que ser politicamente um protofascista.

Entrevista: João Carlos Romano, da Krona

POR GABRIELA SCHIEWE

Hoje vemos com frequência, nas narrações, comentários e qualquer programa que envolva o esporte, a questão do preparo físico do atleta.

Aqui em Joinville, no JEC, muito se falou a respeito. Que no primeiro tempo o time jogava bem, mas caía muito de produção no segundo tempo devido ao preparo físico de seus jogadores, o que culminou, inclusive, na demissão do então preparador físico.

Em contrapartida, atualmente podemos ver o time de futsal da Krona "voando" em quadra. E muito se deve ao rendimento físico de seus atletas.

E já que está dando certo, nada como o principal responsável por este resultado positivo vir falar a respeito de preparação física no esporte de alto rendimento.


João Carlos Romano, preparador físico da Krona Futsal é natural de São Caetano do Sul, em São Paulo, mas está radicado em Jaraguá do Sul. Com 27 anos de profissão, é graduado em Educação Física, pós-graduado em Fisiologia do Exercício e doutorando em Ciências da Atividade Física e do Desporto.

João Romano, como é conhecido, é um profissional conceituado na sua área de atuação e  extremamente respeitado por todos que trabalham com ele. É sempre elogiado pelo profissionalismo empregado naquilo que faz. Teve passagens pelos principais clubes do país e comandou por anos a parte física da Seleção Brasileira de Futsal, sempre conquistando títulos, como:

1- Bicampeão Mundial pela Seleção Brasileira de Futsal (2008/2012);

2- Campeão Mundial de Clubes pela Ulbra (2001);

3- 6 vezes campeão da Liga Futsal (destas seis, quatro ao lado de Ferretti).







Gabriela Schiewe - Qual a importância da preparação física para um atleta de ponta?

João Romano - Na atualidade, o jogo se tornou muito físico. Com a saída dos atletas para o exterior, a parte física teve que melhorar ainda mais e se profissionalizar para se refletir diretamente na melhora das equipes daqui e, por conseguinte, manter os melhores jogadores no Brasil.

GS - Existe diferença da preparação física desde quando você começou para os dias de hoje?

João Romano - Sim e muita. A diferença é grande de quando comecei para os dias de hoje. No começo, os treinos do futsal eram cópias do treino de futebol. Hoje os treinos do futsal possuem a sua própria identidade e especificidade, que foram se aprimorando ao longo dos anos e, principalmente, a partir do surgimento da Liga.

GS - E qual foi a principal evolução?

João Romano - A profissionalização. A partir disto tudo melhorou, pois qualificou o treino do futsal. Obrigatoriamente as equipes tiveram que investir em profissionais da área para poder ter rendimento melhor e disputar a Liga, hoje o principal campeonato da categoria.

GS - Quanto uma preparação física inadequada pode afetar para um atleta de ponta?

João Romano - Afeta muito. No primeiro momento, quando ainda jovem, não chega a afetar em demasia. No entanto, no decorrer da carreira começa influir diretamente no rendimento do atleta, não bastando apenas a técnica. É preciso uma complementação do preparo físico, adequado ao biotipo do jogador e ao esporte que pratica. E deve também haver um grande cuidado com o preparo físico precoce, que podendo prejudicar em vez de ajudar.

GS - Os seus principais títulos - e a maioria deles - foram ao lado do Ferretti, técnico multicampeão. Há quanto tempo dura essa parceria de sucesso?

João Romano - Trabalhos juntos há 11 anos, com algumas interrupções, mas essa convivência só contribui para o sucesso do trabalho de ambos, que é complementar entre parte técnica e física. E um conhecer muito sobre o outro é fundamental.

GS - Você poderia pontuar o motivo do sucesso da Krona Futsal, que até o momento vem se apresentando de maneira perfeita, principalmente no que tange ao preparo físico dos atletas?

João Romano - 1- Equipe multidisciplinar e comprometida;
                             2- Pré-disposição do grupo ao trabalho oferecido;
                             3- Trabalho preventivo (colaboração do fisioterapeuta Renato);
                             4- Em relação ao meu trabalho, especificamente, ter disputado todas as  ligas, me permitindo evoluir profissionalmente.

GS - Quais suas pretensões profissionais?

João Romano - Com o término do ciclo da Seleção Brasileira de Futsal, passei a ver outro horizonte, visando a melhoria de equipamento, capacitação individual, aperfeiçoamento da minha técnica de trabalho, voltado para a equipe que me encontro.







"Hoje, não tenho pretensão de retornar à Seleção Brasileira, amanhã não sei."

terça-feira, 4 de junho de 2013

U.D.O : Tá na garantia?


Imagens chocantes de ritual hindu

POR ET BARTHES
Atenção. Estas imagens de um ritual hindu são chocantes, mas precisam ser divulgadas para mostrar o nível de barbárie que ainda existe no planeta. Se for suscetível, recomendamos que não veja.


O vento está mudando

POR JORDI CASTAN


Os ventos estão mudando. O bom marinheiro é capaz de antecipar as mudanças e ajustar as velas. Não saber ler as nuvens, perceber as mudanças na cor no céu e saber a calmaria que antecede a mudança pode ser um erro caro. Mais que caro, desastroso.

Em poucos dias temos acompanhado o corte de mais de uma centena de árvores em Porto Alegre, em nome da Copa da Sustentabilidade. E temos o corte de outras árvores em Biguaçu, para um novo loteamento, em Sorocaba, em São Paulo e em dezenas de outras cidades pelo Brasil afora. É como se o pais tivesse sido acometido de uma furia devastadora e prefeitos e governadores sofressem ataques compulsivos de dendrocídio.

Se cortam hoje mais árvores que antes? Provavelmente não. A facilidade com que o poder público justifica o corte de árvores em nome do progresso, do desenvolvimento e do crescimento econômico é diretamente proporcional ao seu nível de ignorância ambiental e de falta de sensibilidade.

Em Joinville tivemos alguns episódios lamentáveis, o desastrado projeto do Boulevard Cachoeira, que pretendia converter a margem do rio num muro de concreto, sem sombra e sem vegetação. Nem é preciso comentar. O pedaço que foi executado frente à prefeitura é um monumento a incompetência e permanece exposto para não nos deixar esquecer. O corte das arvores da rua XV foi outra ação intempestiva e mal planejada que deixou o centro da cidade também sem sombra e sem arvores e que ainda hoje é uma sucessão de trapalhadas. Daquelas que só alcançam a absoluta perfeição quando conduzidas, planejadas e executadas pelo poder público. Acha que estou exagerando?  Veja as imagens e depois me diga se há exagero da minha parte ou estamos frente ao suprassumo da incompetência sambaquiana?






Neste final de semana mais de 100.000 turcos saíram as ruas para protestar contra um projeto imobiliário que quer acabar com a praça Taksim, um dos poucos espaços verdes que ainda sobrevivem em Istambul, formando parte da antiga caserna que hoje forma o Gezi Park. Os protestos acabaram se espalhando pelo país e o que iniciou como um movimento em defesa de um espaço verde ameaçado pela especulação, se converteu num evento de proporções maiores.

Em Joinville é pouco provável que surja um movimento para abraçar o 62 BI e pedir que seja convertido num parque urbano. O Joinvilense não tem voz, não se mobiliza para defender os seus interesses e depois acaba só resmungando pelos cantos e a boca pequena quando a cidade perde um pouco mais do seu verde, quando o sol desaparece mais cedo porque surgiu um espigão aonde antes tinha um quintal com poucas árvores.

 Mas o vento esta começando a mudar e como na musica de Bob Dylan, A hard rain is a-gonna fall



“Oh, where have you been, my blue-eyed son?
And where have you been my darling young one?
I've stumbled on the side of twelve misty mountains
I've walked and I've crawled on six crooked highways
I've stepped in the middle of seven sad forests
I've been out in front of a dozen dead oceans
I've been ten thousand miles in the mouth of a graveyard
And it's a hard, it's a hard, it's a hard, and it's a hard
It's a hard rain's a-gonna fall. “

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Anormais, imbecis, idiotas, panacas, cretinos, energúmenos...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Eu juro que não queria voltar ao tema. Mas às vezes surgem coisas tão imbecis que não dá para passar batido. Quem viu a imagem aí ao lado percebeu do que estou a falar. Tem gente querendo suspender o direito de voto dos beneficiários do Bolsa Família. Putz. Estarei a ser duro demais ou essa é uma das coisas mais estúpidas que apareceram nos últimos tempos?

Fico aqui a pensar. Quem foi o gênio a parir esse disparate? Quem teria a cara de pau de levar essa proposta a público? E, por fim, quem daria apoio a uma babaquice desse calibre? O pior, leitor e leitora, é que a coisa já tem mais de 4 mil partilhas na rede do Mark Zuckerberg. Pode parecer apenas uma piada de mau gosto, mas a coisa é seria. Porque os caras estão com saudade de uma ditadura à moda antiga.

Tem gente acreditando que a supressão do voto dos mais pobres torna as eleições mais justas. Faz sentido. Sem essa sujidade que são os votos dos desvalidos, a sociedade pode eleger governos como todos os governos deveriam ser: a pensar nos mais abastados e feito por políticos que estão cagando e andando para os pobres. Afinal, o país sempre foi melhor quando as coisas estavam no lugar certo: os pobres eram pobres para toda a vida e essa era a ordem natural das coisas. Fala sério.

Aliás, não resisto e dou uma ideias para melhorar o processo. Por que não impedir o voto dos negros? Por que não impedir o voto dos homossexuais? Porque não impedir o voto das mulheres? Por que não impedir o voto dos torcedores do Corinthians? De impedimento em impedimento, vai sobrar pouca gente para votar. Ou seja, só votam o idiota que teve a ideia e a multidão de idiotas que acreditaram nela e espalharam.

Sério, gente? No Brasil há pessoas que acham a suspensão da democracia uma boa ideia? Ah... e com o requinte de suspender a democracia apenas durante as eleições. É uma ideia tão estapafúrdia que não sinto a menor vontade de discutir com argumentos do mais elementar bom senso. A racionalidade é impossível e não vou desperdiçar o meu latim.


Esta parece ser uma daquelas situações em que só um montão de xingamentos serve de argumentos ajuda a extravasar a indignação: seu anormais, imbecis, idiotas, panacas, cretinos, energúmenos, patetas, parvos, estúpidos, pacóvios, lorpas, atrasados, apoucados...

domingo, 2 de junho de 2013

Cremar e rezar, Joinville precisa avançar

POR FABIANA A. VIEIRA

A controvérsia da instalação do crematório em Joinville mistura alguns preconceitos e a falta de um debate desarmado sobre o planejamento da nossa cidade.

De uma parte, temos aqueles que não querem a cremação. Por fundamento religioso ou pura ignorância descartam a incineração como alternativa para o destino final de um corpo inerte. Preferem a ritualística secular de enterrar o corpo, mesmo que depois do lacre da urna não mantenham mais nenhum contato com o dito cujo.  Mas é obrigatório e sensível reconhecer, que o velório e o sepultamento são práticas das mais reveladoras do sentimento verdadeiramente humano. Dignificar a morte é homenagear a vida, diriam os filósofos. O pacto entre gerações se completa com uma morte acolhida com dignidade.

Temos também aqueles que desconfiam da fuligem e dos gases tóxicos da queima e se opõem, com convicção, a permitir que sua família e a vizinhança sejam disseminadas por uma fumaça de teor imprevisível e não sabida.

E temos aquela situação em que o crematório não é possível no meio da classe média, mas se enquadra confortavelmente na periferia como um bom investimento.  É o planejamento urbano induzido pelo poder econômico da propriedade.  Ou melhor, o poder da elite expulsa do seu círculo doméstico qualquer empreendimento que seja potencialmente perturbador.

Os nossos cemitérios, entretanto, não tem mais capacidade de expansão. Um corpo em decomposição tem consequências ambientais nefastas para o nosso subsolo, especialmente para o lençol freático que, requer cuidados redobrados hoje em dia. Os gases tóxicos da decomposição também são bastante prejudiciais.

Na Europa fazem centrais de queima de resíduos sólidos, lixo mesmo, em pleno centro das cidades. São verdadeiros shoppings totalmente limpos, automatizados, que geram energia, descartam o volumoso detrito doméstico e não prejudicam o ambiente. Aqui, pela insegurança na fiscalização, pela inexperiência desta prática e pela mobilização apontada, qualquer equipamento social é banido imediatamente do círculo excludente do centro, área reservada por excelência a moradia nobre e negócios.

Mas modernas tecnologias de filtros já garantem a sanidade da queima e, com crematórios devidamente instalados em áreas estratégicas, podemos garantir todos os recursos logísticos necessários para a realização de uma cerimônia que preserve completamente a dignidade, a segurança e a paz ao ato de despedida das famílias.

Muitas cidades já dispõem do recurso da cremação. Transformar o corpo em cinzas já é uma prática recorrente em todo o mundo. Cidades grandes, médias e até pequenas, como nossas vizinhas , Jaraguá do Sul e Balneário Camboriú, já dispõem desse serviço. Nos Estados Unidos a cremação começou em 1876. O primeiro crematório do Brasil, na Vila Alpina em São Paulo, inaugurado em 1973, hoje realiza 750 eventos por mês. A cremação já era considerada, um século antes da era cristã, como uma prática corriqueira, higiênica e julgada prática por muitas comunidades. Em vários países do hemisfério norte a cremação já é majoritária.

Entendo que Joinville deveria enfrentar essa agenda da modernidade sem medos e se mobilizar para viabilizar um crematório. Bom seria mesmo se tivéssemos crematórios públicos, gratuitos, acessíveis irrestritamente a todos. A falência dos cofres públicos abriu mais esta opção para o investimento privado ganhar mais dinheiro.

É claro que devemos nos assegurar de todas as garantias técnicas dessa ferramenta, mas também é uma obrigação que essa questão combine com o planejamento para o futuro da nossa cidade. Em pouco tempo, talvez menos do que trinta anos, iremos atingir cerca de um milhão de habitantes. Morrer não pode se transformar em um problema.

É preciso pensar com cautela e decidir com segurança sobre uma questão tão importante.