domingo, 7 de abril de 2013

O neoclientelismo econômico

POR GUSTAVO PEREIRA DA SILVA
O Estado torna-se um fim em si mesmo, quando organizado e desvinculado dos verdadeiros anseios da sociedade. Pairando sob o indivíduo e não o elegendo como foco de suas ações, a lógica estatal vai aos poucos desconectando-se da realidade social do cidadão comum, formando territórios, criando ações e grupos preponderantes, principalmente para deixar as coisas como estão em determinados segmentos, ora reproduzindo comportamentos tradicionais em outros,  afastando, assim, a possibilidade de mudanças ou reformas necessárias.

A  onda neoliberal, calcada no milagre da multiplicação dos pães e na gestão de resultados, utiliza o viés desenvolvimentista para  transformar o município numa empresa e o munícipe em cliente, subtraindo a cidadania e fortalecendo uma condição que contraria a igualdade entre as pessoas, o neoclientelismo econômico. 

Como não existe almoço grátis, apesar de uma aparente evolução neste processo, muito pouco ou quase nada se rompeu com a  cultura de velhas práticas institucionais que priorizam atores historicamente responsáveis pelas políticas econômicas e urbanas fragmentadas e desarticuladas em nossa cidade, dissociadas das reais condições de produção e dos conceitos  modernos funcionais, principalmente, a humanização e a  satisfação das pessoas.

Será que devemos virar as costas para o meio ambiente, para a efetiva participação da sociedade em assuntos de relevante interesse, tangenciar o bem-estar e a justa remuneração do funcionalismo público, ignorar o planejamento urbanístico adequado e racional, a mobilidade urbana, tergiversando a  qualidade de vida porque temos pressa em crescer e arrecadar, permitindo que meia dúzia de aquinhoados consigam obter as mudanças a seu bel prazer em prejuízo da coletividade? De fato, o crescimento econômico é imperioso, mas de forma sustentável, com planejamento democrático e sem afogadilhos.

Um exemplo deste desequilíbrio é ausência de regulamentação do Estudo de Impacto de Vizinhança, instrumento necessário e suficiente para avaliar os efeitos positivos e negativos dos empreendimentos, impedindo a utilização da propriedade privada de forma nociva à coletividade? Dá-se outro exemplo: nas reuniões da Comissão Preparatória da Conferência Extraordinária da Cidade, pessoas comuns foram guindadas a membros de um órgão criado à imagem e à semelhança de seu criador, pois não há dúvidas que no seu seio, apesar da boa ventura de seus integrantes (nem todos), reside o prenúncio da reprodução de um modelo político, econômico e  social predatório e patrimonialista, rascunhado de longa data.

Tendo acompanhado a discussão urbanística nos últimos anos fico assombrado com a quantidade de inverdades e aleivosias ditas por agentes que passaram a exercer militância aguerrida no seio de organismos públicos na defesa de seus  interesses privados, justificando a queima de etapas e a incompetência do Poder Público. É difícil acreditar que o Judiciário, em duas oportunidades, tenha sido induzido em erro nesta discussão, não passando de contorcionismo verbal o ímpeto daqueles que, por ausência de humildade, acreditam que suas opiniões registradas nos anais burocráticos valem mais que a aplicação da lei e da Justiça.

Escritos políticos ensinam que a meia-verdade são temas recorrentes da doutrina de Estado, mas sustentar expedientes desta natureza na arena política é desconhecer a importância que a confiança desempenha na interação democrática com a população. Neste momento, carecemos do papel fiscalizador do Poder Legislativo, diante de práticas indesejáveis, como o patrulhamento ideológico e a utilização das instituições, com complacência de seus dirigentes, para impor um viés autoritário e centralizador, em ofensa aos primados básicos da democracia. Há tempo de corrigirmos as distorções desta era neoclientelista econômica.

Gustavo Pereira da Silva, advogado, Presidente da Associação Viva o Bairro Santo Antônio

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Matar para tirar a pele

POR ET BARTHES
Matar para tirar a pele. Vale para os animais, mas não vale para você?




Você está satisfeito com o jornalismo feito em Joinville?

POR FELIPE SILVEIRA

Você, leitor, está satisfeito com o jornalismo feito em Joinville? Com as reportagens dos nossos jornais, com as coberturas das rádios e com as opiniões dos blogs locais, como o Chuva Ácida?

Pergunto isso motivado por uma questão nacional. Nos últimos dias, um dos principais blogueiros do país, o jornalista Luiz Carlos Azenha, decidiu encerrar as atividades do blog Viomundo, após perder uma ação judicial movida pelo diretor de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel, e ser multado em R$ 30 mil. Mais recentemente ainda, após receber inúmeras manifestações, ele mudou de ideia e decidiu manter o blog que tem mais de dez anos de existência e é dos principais da linha que chamamos de “blogueiros progressistas”.

(Vale ler, aqui, o que o fez mudar de ideia)

O fato inflamou a discussão acerca de alguns dos problemas pelo qual o jornalismo passa, como o dinheiro público no financiamento de veículos e a judicialização do debate. Copio um trecho do texto do próprio Azenha para exemplificar:

Como tocar um blog que não aceita patrocínios de governos, empresas públicas ou estatais — uma decisão tomada porque esperamos que Globo, Veja, Folha e Estadão nos sigam — e ainda assim tenha capacidade de debater políticas públicas de forma relevante, sem apenas reproduzir opinionismo político? Acreditamos que o Estado deva adotar políticas que incentivem a diversidade e a pluralidade, conforme previsto na Constituição. Que combata a propriedade cruzada. Acreditamos que o Parlamento deve cuidar do Direito de Resposta, uma forma de evitar a judicialização que leva desiguais para se enfrentarem num campo em que prevalece o poder econômico — dos advogados e lobistas.”

Aproveito o gancho nacional para trazer o debate a Joinville. Se tá ruim pra essa galera, imagina pra gente que tem o Beto Gebaili.

Particularmente, acho que o jornalismo local é muito ruim, apesar de haver alguma coisa boa de vez em quando e bons profissionais nas redações. O problema (na minha opinião, claro) está no direcionamento dado pelas corporações que influenciam direta ou indiretamente as redações. Direcionamento, por sua vez, dado por editores, alinhados com o pensamento dos patrões.

Nas rádios a coisa é pior ainda, pois os péssimos amadores que usam os microfones são despreparados e muitas vezes mal intencionados. Há, sem dúvida, gente boa também, mas cujo foco não é jornalismo.

A questão que pega, porém, é que ainda não podemos contar com uma blogosfera que faça jornalismo, pois é uma atividade profissional que custa caro. Os jornais, por sua vez, estão largando mão do jornalismo para se dedicarem a atividades de entretenimento, que custam bem menos, dão mais retorno e não incomodam os amigos/anunciantes (empresários do ramo imobiliário, por exemplo, e homens públicos, como o prefeito, o governador e o senador). O esvaziamento das redações é a maneira mais fácil de fazer isso.

Sem jornais fortes e comprometidos com a sociedade, que possam peitar poderosos, e com blogueiros sem grana e sem força, fica cada vez mais fácil para quem quer tirar um dinheiro de uma licitação aqui e beneficiar o coleguinha em outra ali.

Não tenho nada a propor. Fico feliz que o Azenha não tenha desistido e que os blogueiros estejam se organizando para enfrentar batalhas judiciais com a criação de um fundo específico. Esperamos que os blogueiros do Chuva Ácida nunca precisem. Fica a reflexão sobre o jornalismo em Joinville e a pergunta: estamos satisfeitos?

P.S.: Vale ler este texto do Fernando Evangelista sobre o caso do Azenha: Propaganda de Margarina.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

É possível viver sem empregadas domésticas!

POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Uma das minhas preocupações antes de vir morar na Suécia era com o fato de ficar sem diarista.
Depois de 5 anos casada eu sabia que em alguns momentos a divisão de tarefas era motivo de discussões. Ele demorava muito para lavar a louça ou levar o lixo, eu detestava varrer/passar aspirador, enfim,... Chegamos a passar alguns períodos sem esse serviço, e noutros com uma pessoa que vinha 1 vez por semana fazer uma faxina. Mas essas questões desgastavam a nossa relação. (oi?) - Minha opinião de brasileira, classe média, mimada.

Mas uma das grandes vantagens de mudar de país é o choque cultural. E eu aprendi que a minha preocupação, além de ser estúpida e egoísta era responsável por uma situação de quase escravatura no Brasil.

O Brasil tem uma das maiores populações de empregadas domésticas do mundo, são aproximadamente 7 milhões de pessoas e 92% dessas, são mulheres. Ou seja, resquícios tanto de machismo quanto da escravatura. Do machismo porque as mulheres ainda são, na visão de muitos, os seres mais "apropriados" para lidar com as tarefas da casa e os filhos, o que não tem nenhuma lógica. E da escravatura porque muitas dessas empregadas não tem garantidos direitos mínimos trabalhistas. Existem as que "dormem no serviço", muitas vezes mal instaladas e com trabalho que vai noite adentro; As que só podem ir embora quando tudo estiver pronto, mesmo que isso ultrapasse as 8h diárias, As que não recolhem FGTS, não tem plano de saúde ou indenização em caso de demissão e outros casos. E se isso não é escravidão, eu não sei o que é.

É apenas isso que a PEC das empregadas domésticas quer aprovar: direitos básicos.

Fácil agora ouvir de todo lado o mimimi da classe média que vai ter que começar a limpar o próprio banheiro porque empregada doméstica irá virar artigo de luxo.
Acho ótimo. Elas são trabalhadoras como qualquer outra e merecem o mínimo de respeito.

Eu aprendi na Suécia que é possível e até saudável fazer a divisão do trabalho doméstico, já que a prática imprime um maior senso de responsabilidade. Se somos nós que limpamos, acabamos cuidando mais na hora da sujeira, não é?! E esse conceito se estende para toda a sociedade que sabe que o governo deverá pagar alguém para limpar a sujeira que eu deixar nas ruas, dinheiro que poderia ser mais bem aplicado. Existe uma relação direta entre limpar a própria sujeira e ter responsabilidade.
Além disso, quando são os próprios donos que limpam, eles se preocupam mais com a qualidade do material usado e o tempo economizado o que faz com que invistam em facilitadores do trabalho. A maior parte das casas aqui tem máquina de lavar louça, secadora de roupas, lenços descartáveis para banheiro e janelas, entre outros recursos.

E não que contratar o serviço de uma diarista seja impossível. Se estiver disposto a pagar aproximadamente 120kr/hora, algo como 40 reais por uma hora de trabalho, tudo devidamente registrado, pagando imposto, vai poder.
A vantagem nisso tudo é saber que a pessoa que está limpando a sua casa tem as mesmas condiçöes de comprar roupas e ir ao cinema, que você tem. Considerando que educação é de graça e de qualidade, ela pode até ter mais formação acadêmica e falar mais línguas que você. Gera uma sociedade mais igualitária, com menos criminalidade e mais segurança, o que eu não troco por nada.

Se limpar nossos banheiros for uma das responsabilidades que devemos assumir para muitas pessoas viverem com mais dignidade, podemos fazer, não é?!

PS.: A foto que ilustra o post vem de um artigo do jornal local sobre a possibilidade de jovens estudarem e completarem sua renda com trabalhos de limpeza, que muitos idosos contratam.

http://www.aftonbladet.se/minekonomi/article11286306.ab

Eu sou favorita! Precisa de mais alguma coisa?

Sapato Christian Louboutin
POR GABRIELA SCHIEWE

No dicionário Michaelis, temos o seguinte significado para favoritismo: 

sm (favorito+ismo) 1 Preferência dada a quem é favorito.  4 Esp Condição de favorito.

Estava me inteirando do que está acontecendo por aí e li a seguinte mensagem no meu Twitter: "Taça Brasil larga com Krona, ACBF, Erechim e Minas como favoritos, minha opinião. Fora disso será surpresa, ou não? " (mensagem na timeline de um atleta consagrado).

O favoritismo se constrói no trabalho vitorioso de um atleta ou de uma equipe que, com uma série expressiva de resultados positivos, faz com que sejam considerados mais aptos para vencer.

Após anos, podemos ver o favoritismo histórico, o famoso "peso da camisa", como conhecemos tão bem na nossa amada "Canarinho".

Mas seria esse favoristismo uma grande hipocrisia? Viria apenas para prejudicar o atleta ou a equipe favoritos? Impõe pressão ao adversário do favorito? Ajuda na hora de uma decisão?

Bom, agora vou discorrer sobre o que eu penso, de maneira amadora, já que muitas questões só podem ser explicadas por especialistas. No entanto, mesmo assim vou dar o meu pitaco.

O favoritismo está diretamente ligado ao passado, já que ele existe hoje por resultados de ontem. E para que essa condição de favorito se sustente no tempo presente, no agora, será preciso jogar, correr, suar, dar o sangue, pois uma qualidade construída no pretérito não será suficiente para que ela sobreviva e persista agora, já.

Andar de salto alto ( e então que seja um Louboutin) é algo que requer prática, estilo, sabedoria e uma capacidade técnica muito apurada para se manter equilibrado e esguio. Tá... e o que o sapato tem a ver com o que estamos tratando aqui? Então, o famoso "entrou de salto alto".

Atletas e equipes acham que é simples, basta calçar o salto (favoristismo) e sair desfilando como a Gisele Bundchen. E o que vemos são muitos tropeços, tombos homéricos.

A situação de favorito atinge o ego, o psicológico e aí o furo é mais em baixo, pois quando a cabeça não está em sintonia com o restante do corpo, nem Neymar dá jeito. Você pode ser o melhor jogador, a melhor equipe, mas se o favoritismo não for trabalhado também no plano psicológico há o risco de travar. O risco é acreditar que o que foi feito no passado é suficiente para garantir o resultado no presente e "esquecer" de executar o que foi construído ontem, hoje!

Estamos passando por uma situação ímpar com a Seleção Brasileira, que é favorita por excelência no mundo do futebol, mesmo hoje sendo apenas a 18ª colocada no ranking da FIFA. Mas o que percebemos é que o favoritismo histórico que carrega no lombo não vem ajudando em absolutamente nada. Já há alguns anos penso que isso só esteja atrapalhando. Jogadores novos e que já atingem um "sucesso" grandioso e chegam na condição de favoritos por estarem vestindo essa camisa de peso e não conseguem jogar.

Outro atleta que sofre com o favoritismo é Diego Hypolito, que teve em alguns momentos a condição de nº 1 do solo na ginástica artística mas, quando chegou em duas Olimpíadas, fracassou. Visivelmente ele não soube lidar com a pressão. A condição psicológica travou a técnica e não lhe permitiu executar o seu melhor.

Os chineses são mestres em lidar com o favoritismo, pois são trabalhados para usar essa ferramente em prol, ela está ali pra somar. "Você já é o melhor, só precisa manter o que já vem fazendo e aprimorar. Simples".

Evidente que não é simples, mas o atleta - e principalmente o brasileiro - precisa aprender que não basta você vir sendo o melhor, você precisa confirmar a condição de "ser" o melhor. E para isso não basta uma condição, títulos, capacidade física, porque na hora H a mente que irá conduzir todo o seu corpo.

Artur Zanetti, campeão nas argolas na última Olímpiada que vem confirmando a cada campeonato o seu favoritismo, exaltou quando da medalha olímpica o trabalho psicológico, a importância que a mente tem no seu treinamento diário que, apenas o treinamento das posições, da parte atlética, resistência, tática não é suficiente se a cabeça não está no mesmo ritmo.

O favoritismo só será uma barreira para aqueles que não o trabalharem da maneira que devem, na amplitude que requer. Aqueles que acreditarem que a condição física e o talento são suficientes para atingir o resultado positivo irão fraquejar diante do seu maior adversário, a sua mente.

Messi, Usain Bolt, Michael Jordan, Michael Phelps, Ayrton Senna, Falcão, Federer, Seleção Brasileira de Vôlei, Robert Sheidt, Hortência, Nadia Comaneci, Serena Willians e inúmeros outros exemplos como estes, que são favoritos e na hora que essa condição era ou é cobrada, sabem lidar com isso. E com absoluta certeza a mente destes atletas e equipes estão em perfeita consonância com o corpo.

Hipocrisia não está no favoritismo, mas naqueles que não conseguem lidar e confirmar a condição de melhor no agora daquilo que o fizeram ser favoritos ontem!

O melhor e por isso favorito não o é por hipocrisia alguma, mas se não confirmar hoje o que lhe tornou favorito, aí será criado o hipócrita, aonde a condição de favorito acabou de se firmar "falsa".

Os pelos púbicos da senhora Merkel


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Quem é a moça de cabelos mais escuros, que aparece peladona na foto? Tem gente a jurar que é a todo-poderosa Angela Merkel, quando jovem num campo de nudismo (coisa que, fiquei a saber, era comum na antiga RDA). Mas também há muitos a dizer que a foto é falsa.

Até o momento em que escrevo este texto não houve respostas esclarecedoras. Mas a imagem se espalhou como rastrilho de pólvora pelo planeta. Em especial aqui deste lado do Atlântico não se falou em outra coisa nos últimos dias. Aliás, tomei conhecimento da foto através de um amigo mais atento aos movimentos das redes sociais:

-       “Já viste a fotografia da Merkel peladona?”
-       “A Merkel pelada? Deve ser montagem. E não é uma coisa que interesse”.
-       “Mas é a Merkel jovenzinha, de seios empinados e coxas durinhas”.

Ok... não vamos dizer que o cara é machista apenas por ter feito a constatação. Mas ele mandou a foto, que estou agora a reproduzir aqui. Mas a ideia não é discutir se Merkel tinha seios e coxas bonitos. Quem se interessa por ver mulheres nuas tem muitas outras publicações à disposição.

Como não tinha certeza sobre a veracidade da foto, fui fazer uma pesquisa na imprensa mundial. O fato é que a notícia aparecia muito, mas a publicação da foto de Angela Merkel foi muito limitada. Aliás, mesmo a imprensa alemã fez de conta que nada tinha acontecido. Silêncio. Ninguém confirmou, ninguém desmentiu.

O que interessa focar aqui é a reação dos meios de comunicação, em especial na Europa. O púbis de Angela Merkel deixou alguma imprensa desconfortável. Houve jornais que assumiram posições por vezes ridículas. O que rolou foi um festival de tarjas. Tarjas no sexo, tarjas nos seios, tarjas sobre tudo, tarjas para todos os gostos (veja as fotos abaixo). 

Ok... vamos esclarecer. Não estou a dizer que a imprensa tenha que publicar posters com a imagem de Merkel em pelo. Nada disso. Mas de maneira geral a imprensa é sempre tão ávida por publicar imagens de nudez, que provoquem algum escândalo. E desta vez ficou cheia de moralismo? Será que a nudez frontal ainda assusta os moralistas? Ou será apenas a nudez frontal de Merkel?

É claro que a moralidade é relativa, mas se depender da imprensa europeia, parece que temos aqui uma adaptação de Nelson Rodrigues: toda nudez (frontal) será escondida - em especial se for a rainha a ir nua. 



terça-feira, 2 de abril de 2013

Eta ladrãozinho desajeitado


POR ET BARTHES 
Essa vem da Austrália. A polícia liberou as imagens de um roubo completamente frustrado. O ladrãozeco roubou a bolsa de uma mulher num shopping e, na fuga a correr, deu de focinho contra o vidro da porta. O cara ficou em mau estado e foi ajudado pelo cúmplice, que estava lá fora à espera. Parece que a polícia pegou os dois.


Um cassino eleitoral? Façam as suas apostas...

POR JORDI CASTAN

"Para que alguém aposte num cassino é preciso que haja dois atores: um tolo e um ladrão".


Por que nenhum outro país se interessou em adquirir a “maravilhosa” tecnologia brasileira das urnas eletrônicas? O fato é que têm aumentado muito as dúvidas sobre a sua confiabilidade e há denúncias circulando na internet. 

Será que há um cassino eleitoral? Nas últimas eleições municipais alguns casos chamaram a atenção. Muitos eleitores, ao escutarem a musiquinha quando apertam a tecla verde da urna, parece que ficam esperando o som das moedinhas caindo na máquina caça-níqueis.


Tomando como base os dados oferecidos na Wikipedia (link abaixo), 50% dos ingressos dos cassinos em Las Vegas desde outubro de 2007 até novembro de 2009 provinham das maquinas caça-níqueis, muito mais que o ganho por conceito dos jogos de Black Jack, Bacará, Roleta e do Pôquer. 

A partir do ano 1980, os fabricantes destas máquinas de jogo incorporaram componentes eletrônicos. Agora contêm microprocessadores idênticos aos dos computadores modernos, que podem ser programados para definir diferentes probabilidades para cada um dos símbolos ou das figurinhas  (frutinhas, animaizinhos, etc.), que evidentemente podem diminuir as possibilidades do nosso “tolo” apostador para que possa ganhar o maior prêmio.

As máquinas de votar, também conhecidas como urnas eletrônicas, igual às máquinas dos cassinos, estão equipadas com  dispositivos de memória e microprocessadores  que também podem ser programados (para coisas ruins o boas).  Mais abaixo, um artigo publicado na prestigiosa página da Computerworld permite maiores informações.

Um grupo de investigadores do Argonne National Laboratory,  com sede em Chicago,  que se dedica, entre outras coisas, a investigar sistemas de seguridade tão complexos e sensíveis como instalações nucleares internacionais, afirma: “até uma engenhosa  criança de 12 a 13 anos de idade poderia ser capaz de produzir a tecnologia necessária para interferir (hackear) nesse tipo de máquinas”.

Esse grupo testou diferentes máquinas de votar eletrônicas de 12 modelos diferentes. Eles concluíram que "o tipo de ataques (hacking) que temos demonstrado  nestas máquinas provavelmente teria sucesso num bom número de outras máquinas de votar, mas não sabemos com segurança - simplesmente não tivemos a oportunidade de testar".

Será que temos um cassino eleitoral?

Links:

http://www.fraudeurnaseletronicas.com.br/




segunda-feira, 1 de abril de 2013

Cão Tarado


(des)interesses

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

O direito à propriedade, garantido na CF88, é a garantia de um sistema capitalista em nosso país. Capitalismo, antes de mais nada, visa o lucro. Logo, tudo o que envolve propriedade é lucro. Se a terra é passível de proprietários, a cidade está inserida em um jogo de interesses capitalistas. Nem todos possuem o mesmo nível, tipo e complexidade de interesses. Outros estão totalmente desinteressados: querem apenas trabalhar, se sustentar e viver com dignidade. É aí que mora o perigo.

Falar de planejamento urbano é uma tarefa difícil. Por trás dos termos e aplicações excessivamente tecnicistas, existem interesses dos interessados. E, quando não convergem para o mesmo ponto, fazem surgir rupturas e discursos muito diferenciados. Presenciamos isto em diversas cidades brasileiras, pois, felizmente, a cidade voltou a ser o tema central das discussões (não apenas no âmbito acadêmico). Na cidade a vida se realiza, a discriminação aparece e a exclusão socioespacial domina. Por exemplo: para um centro existir, é determinante que exista também uma periferia. 

Quem define o centro e a(s) periferia(s) de uma cidade? Uns diriam que é o "mercado", esse bicho de sete cabeças que regula o nosso tão especial direito à propriedade. Outros condenarão isto, delegando ao poder público a tarefa, sem esquecer da efetiva participação popular (social é diferente de popular). Graças ao Estatuto da Cidade, todos têm o direito da participação. Por outro lado, os interessados em que o "mercado" regule tudo utilizarão ferramentas (da mídia, propagando desqualificações do debate advindo dos populares interessados na coletividade; do Estado, articulando-se desde o período eleitoral) para que cada vez mais existam desinteressados nesse "jogo de cartas" que é o ato de organizar a (re)produção de terra (ou seja, propriedade, a qual nos leva à riqueza). Se há menos interessados em jogar, menos pessoas interessadas em acumular riqueza. Somente desta maneira é que o jogo se torna interessante para estes. Para a maioria desinteressada é um "tanto faz" perigoso. 

Com ideologias alienantes e que se propagam facilmente pela mídia tradicional, e o tecnicismo costumeiro do período militar (este foi o grande engodo da institucionalização do Plano Diretor na CF88), o número de desinteressados só tende a crescer. Assim, a única instância popular de planejamento urbano é "patrolada" pelo grupo de interessados que estão em maioria. Nesse caso, os representantes do "mercado". O cidadão do "tanto faz" é escravizado por um sistema pelo qual nem se dá conta e consome um tipo de vida na cidade, já formatado e especialmente preparado para gerar lucro aos donos da regra do jogo. Para um interesse surgir e dominar, é necessário que exista um desinteresse coletivo construído e reproduzido.