segunda-feira, 25 de março de 2013

Efeito BMW em Araquari


POR GUILHERME GASSENFERTH
Uma comitiva catarinense viajou à cidade americana de Spartanburg, na Carolina do Sul. O objetivo da missão era conhecer o impacto que a fábrica da BMW causou naquela pequena cidade do leste americano.

Uma reportagem publicada em ANotícia em 23 de março dá conta que a comitiva, formada mormente por políticos, está empolgada com o que viu em solo yankee. Crescimento econômico, desenvolvimento, vitalidade e efervescência urbana contagiaram os catarinenses, que querem fazer de Araquari uma Spartanburg com a vinda da BMW.

Esqueçam.

A primeira diferença é que Spartanburg está nos Estados Unidos e Araquari está no Brasil. Nos Estados Unidos, há desenvolvimento avançado por causa da infraestrutura. No Brasil, há algum desenvolvimento apesar da infraestrutura.

Nos Estados Unidos, a sociedade é muito organizada e participativa. Alexis de Tocqueville já preconizava em sua obra-prima “A Democracia na América” (1835) que a organização da sociedade em associações é fundamental para o desenvolvimento. Os Estados Unidos são ricos em associações, em comércio, em lazer, em esporte, em história, em conhecimento.
Spartanburg tem teatro, tem estádio, tem museus, tem bibliotecas, tem livrarias, tem diversas opções de lazer. Já Araquari... tem a Festa do Maracujá como epicentro da sua vida cultural e de lazer.

Mas não é na infraestrutura, nas opções de lazer, na cultura ou na organização que focarei para explicar porque o desenvolvimento visto em Spartanburg nunca será alcançado na Capital Catarinense do Maracujá. Vou prender-me aos aspectos educacionais.
Em Spartanburg, uma cidade com 40 mil habitantes, há uma universidade e sete faculdades, duas delas fundadas no século XIX. Em Araquari, com cerca de 25 mil habitantes, há uma faculdade com cursos ligados a agricultura e poucos alunos – e frequentada por poucos araquarienses. Não há boas escolas de ensino fundamental em Araquari.

Li uma vez um livro interessante, chamado “A História dos Estados Unidos”, escrito por três brasileiros e um canadense que vive e trabalha no Brasil. Num capítulo ele aborda a importância e ênfase que os EUA dão à educação. Para ilustrar, apoia-se em uma Lei do Estado de Massachussets, publicada em 1647 (quando nós não éramos sequer um país, mas uma grande fazenda portuguesa), que obriga que quando um lugarejo chegar a 50 famílias, estas deverão cotizar-se para pagar um professor para ensinar às crianças do local.

A qualidade da educação é o maior paradoxo que vivemos. Não há neste país uma alma que contrarie o senso comum de que sem a educação não há salvação. Os mais renomados intelectuais, os mais gabaritados políticos e os mais leigos compatriotas tem na ponta da língua o mantra de que é preciso investir na educação para que o Brasil alcance um dia patamares satisfatórios de desenvolvimento. Mas o investimento apequenado que chega onde deve produz igualmente pequenos resultados.

A culpa, meus caros, não é da nossa vizinha Araquari. Não pensem que falo mal daquela cidade, mas tão somente contextualizo as diferenças que existem entre uma cidade dos Estados Unidos e uma cidade brasileira. O problema é sistêmico, conjuntural e está muito distante de ser resolvido.

Se eu pudesse escolher uma instituição de Munique a instalar-se por aqui não seria a BMW ou a Audi, mas a Universidade de Munique Ludwig-Maximilians. Deixo claro que não sou contra a instalação da fábrica de motores da Baviera, mas só quero demonstrar que o efeito BMW de Araquari será diferente substancialmente do efeito BMW em Spartanburg.

O negócio é que podem vir BMW, Google, NASA e o próprio Palácio do Planalto a instalar-se em Araquari, Joinville ou onde for. Se não atraírmos e/ou desenvolvermos primeiramente boas opções de educação, acessíveis a todos; se igualmente não pensarmos em desenvolver a cultura e o lazer; se não investirmos com eficiência em infraestrutura e urbanismo; sem planejamento consistente de longo prazo sendo levado a sério; sem combater a burocracia e a ineficiência do gordo Estado brasileiro; jamais poderemos chegar sequer perto do resultado ‘miraculoso’ que a BMW deu à cidade estadunidense.

domingo, 24 de março de 2013

Uma cidade machista


POR FERNANDA M. POMPERMAIER
Existem pessoas que realmente acreditam que machismo não existe. 

A verdade é que essas pessoas não percebem as sutis atitudes machistas presentes no nosso dia-a-dia. 


Falta de informação, de percepção e um mínimo de empatia são alguns dos motivos.

Tem quem não veja o tratamento diferenciado que dedicam ao filho homem e à filha mulher; a estúpida idéia de que existe mulher para casar e mulher para sei-lá-o-que; o pensamento ultrapassado de que a mulher é que deve ser responsável pelos filhos e pela casa; que mulher tem que ser magra e bonita para mostrar para aos amigos; que mulher deve "se comportar, ser feminina" ou seja, não protestar, ficar quieta e aceitar; que mulher não tem o direito de se irritar ou reclamar que "já está de tpm" ou é "mal amada" (ninguém fala isso de um homem, não é?!); que vivemos numa cultura que legitimiza o estupro em "certas ocasiões" e até culpabiliza a mulher citando a roupa que estava usando ou o lugar onde estava na hora do crime.  Para ficar claro, isso não existe. Estupro é sempre um crime e se a mulher disse Não! apenas uma vez, é motivo suficiente para o parceiro párar tudo. 

Esses julgamentos ignorantes e machistas dão suporte para homens ciumentos e possessivos agredirem suas parceiras todos os dias no Brasil, essa semana, infelizmente, em Joinville. 


Uma mulher de 28 anos, que deixa 2 filhos, assassinada pelo marido, por ciúme, alimentado pelo machismo. 


E o mais revoltante, desculpa a família enlutada, é saber que a tragédia foi anunciada e as pessoas não reagiram. Sabe por que? Porque em briga de marido e mulher não se mete a colher.  Mete sim! Principalmente quando você vê sua filha, cunhada, irmã, sobrinha ou vizinha levando empurrões e pontapés do marido. ISSO NÃO É ACEITÁVEL! Em nenhum tipo de relacionamento. Nunca. Quem cala é conivente. 

Ele era um homem bom e perdeu a cabeça? Me poupe. Ele sempre foi um doce de marido respeitador e amável mas de repente solta o braço na mulher? Como assim?
Alguns trechos da reportagem do Anotícia do dia 20/03:

"Andreza morreu na madrugada de terça. Ela havia sido vítima de agressões do marido na tarde de segunda-feira. Como o casal estava na casa do pai dela, João Cardoso Amaral, 63 anos, a cena foi presenciada por outras pessoas da família. (...)

 Em depoimento, Luís confessou que agrediu a mulher, porém sem a intenção de matá-la. Ele contou que tinha bom relacionamento com a esposa, mas que perdeu a cabeça depois de descobrir uma traição." 

Na frente da família! Na casa do pai! E o cara nunca demonstrou nenhum comportamento de ciúmes, possessividade e agressividade? Ele era super bonzinho e de repente, do nada, ele chuta a mulher.


"À polícia, Luís Carlos Mellies admitiu que chegou a agredir Andreza, mas que teria agido apenas para controlar a mulher, supostamente agitada. Conforme o delegado Wanderson, o marido reconheceu que as discussões começaram por causa de mensagens trocadas pela mulher com outras pessoas na internet. (...) Investigadores levaram Luís Carlos até a casa dele na manhã de terça-feira para recolher o computador e vistoriar a suposta cena do crime. Andreza deixa dois filhos. O pai de Andreza, João Carlos Amaral, diz ter se surpreendido com o desfecho da briga porque considerava o genro um segundo filho. — Era um homem bom. Não pude mais ver o que aconteceu depois da briga na minha casa, mas acredito que ele tenha perdido a cabeça —, lamenta."


Ou seja, o pai da vitima sente compaixão pelo cara, que, coitado, deve ter perdido a cabeça. O comportamento do genro não foi reprimido pelo sogro, que deve ter pensado: Quem nunca, né.?! Quem nunca bateu na mulher? Eu lembro muito bem da polêmica quando o Bruno (ex goleiro do flamengo, lembra?) fez uma declaração apoiando o amigo Adriano que tinha batido na mulher, dizendo o famoso mantra dos machistas extremos:"quem nunca, né". Deu no que deu. 


O machismo mata!


E ele começa a plantar seus fundamentos dentro das nossas casas, quando reprimimos as meninas e mandamos os meninos às casas de mulheres (famosas Marlennes) para ele aprender direitinho que mulher é objeto pra gente usar. Que algumas merecem respeito e outras não, e a distância entre essas duas podem ser algumas mensagens na internet. 


Reportagem: http://anoticia.clicrbs.com.br/sc/noticia/2013/03/marido-que-agrediu-companheira-e-indiciado-por-homicidio-em-joinville-4080470.html


Foto: http://juntos.org.br/2012/11/25-de-novembro-dia-internacional-de-combate-a-violencia-contra-a-mulher/combate-violencia-domestica/

sábado, 23 de março de 2013

Viagem de Dilma: o que a imprensa não me disse

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Confesso que, n0 início, o assunto da grana gasta pela presidente Dilma Roussef na viagem à Europa não me interessou. Afinal, é um tema recorrente que vez por outra surge por aí pelo mundo (até aqui mesmo neste pequenino Portugal). Mas quando vi, nas redes sociais, o pessoal ligado ao partido do poder pedindo desculpas pelo ocorrido fiquei curioso.

Aliás, o que me fez escrever sobre o assunto foi uma notinha do Guilherme Gassenferth, ex-integrante do blog, no Facebook. Ele reproduzia a charge (ali abaixo) com o seguinte comentário: “Que patada certeira no PT/governo federal a charge do Iotti em ANotícia hoje, não? É indefensável, infelizmente”. E os comentários que se seguiam eram todos a desancar a presidente.




Mas se todos - opositores e defensores do partido da presidente - estão em acordo é motivo para olhar a questão mais de perto.  Afinal, quando todos estão a pensar igual, é porque ninguém está a pensar. E aí baixou o bicho jornalista em mim. Fui dar uma pesquisada e, depois de muito ler, fiquei com muito mais perguntas que respostas.

Se eu ainda trabalhasse numa redação de jornal, tentaria esclarecer algumas questões. Mas não lembro de ter lido, na grande imprensa brasileira, alguém a fazer as perguntas óbvias que mesmo um jornalista inexperiente teria a obrigação de fazer:
Pergunta 1. Quantas pessoas são precisas numa viagem presidencial?
Pergunta 2. Qual é a estrutura necessária para um governo em viagem poder governar?
Pergunta 3. Qual é o custo diário médio diário de uma viagem presidencial?

Procurei, procurei, procurei. Mas na imprensa brasileira, ao não ser que a coisa me tenha escapado, parece que ninguém perguntou e ninguém respondeu. Só parece importar a indignação do populacho e dos desafetos do partido no poder. Eu entendo que o tema desperte paixões nas mentes mais simples, mas a imprensa tem que manter o rigor.

Tudo isso fez lembrar um caso parecido, que aconteceu nos States faz uns meses. A chazista Michelle Bachmann (queria saber que chá ela bebe) foi à televisão dizer que uma viagem do presidente Obama à Índia iria custar US$ 200 milhões por dia aos cofres públicos. Foi um berreiro. O pessoal afeito ao Tea Party tentou estimular uma onda de indignação. Mas logo as pessoas perceberam que a informação era falsa e a coisa parou.

Mas como estava no tema, aproveitei para ver se os jornalistas norte-americanos tinham feito a lição de casa. E não é que fizeram? Fiquei a saber que uma viagem de um presidente dos Estados Unidos a outro país custa a bagatela US$ 10 milhões por dia. A explicação, dada há alguns anos por um porta-voz de George W. Bush, pareceu-me convincente: “é preciso recriar uma mini Casa Branca”.

Então pergunto: qual seria o valor aceitável para uma viagem de Dilma Roussef? Não sei. Mas a grande imprensa parece não gostar de fazer as perguntas certas e não ajuda a esclarecer. Pelo contrário, prefere estimular o irracionalismo de uma indignação balofa, desinformada e com rancores de classe.

Ou é desatenção minha ou acho que as perguntas ainda não foram respondidas. Aliás, se o leitor e a leitora chegaram até aqui na leitura deste texto vão perceber que não fiz qualquer julgamento de valor. Até porque acho a visita ao papa uma tremenda parolice. Mas acho interessante refletir sobre o papel da imprensa, que prefere o "auê" à informação.

P.S.  E antes que apareça alguém a dizer que estou a fazer a defesa de Dilma (coisa que não estou) explico que já no tempo de FHC achava essa discussão uma babaquice. Os presidentes dos países têm que poder viajar com a dignidade que o cargo exige. Ou querem que a presidente vá dormir no Ibis Budget?

sexta-feira, 22 de março de 2013

Dias muito loucos – Udo corta lanche, James quer proibir cerveja na rua e Acij vende camiseta pra juntar um dinheirinho pro São José

POR FELIPE SILVEIRA

Vivemos tempos muito loucos mesmo. É o tal de dois mil e crazy. Pra você ver como a situação não tá fácil pra ninguém, olha como tá difícil para os empresários da Acij (Associação Empresarial de Joinville).

Reconhecidos por eles mesmos e por alguns historiadores safados como os bastiões da pujante e ordeira Joinville, nossos adorados empresários (afinal, eles dão um monte de emprego pro povo por bondade!) ficaram, de repente, mais ou menos depois de Udo Döhler se tornar prefeito, preocupados com a saúde do povo. De repente perceberam que o nosso hospital municipal, o São José, vive superlotado e tem problemas de infra-estrutura, o que gera desconforto e atendimento precário para a população. Devem ter achado um absurdo.

Mas, como a situação não tá fácil pra ninguém e não dá pra botar a mão no bolso assim pra investir em melhorias no hospital, nossos valorosos empresários tiveram uma brilhante ideia: vender camisetas.

Fico pensando em como não pensaram nisso antes. Esta brilhante ideia que sustenta diretórios acadêmicos, escoteiros e associações atléticas e de moradores há anos pode, claro, salvar a saúde pública municipal. Você que está aí sentado, por favor, levante e aplauda esta louvável ação de pé.

Mas, por favor, não desconfie de politicagem. Não ache que a ação tenha a ver com o fato de um colega empresário ser prefeito e precisar dar uma ajeitada no Zequinha. Não me venha com insinuações de que isso jamais seria feito no ano passado, quando o Carlito (PT) era prefeito. É óbvio que aconteceria, mas faltou a ideia.

Mais aplausos.

A última – Disse que a venda de camisetas era a penúltima porque depois disso rolou mais uma evidência desses tempos doidos. Udo, The German, anunciou ontem que os servidores que trabalham seis horas não têm direito a intervalo. Dizem que tá na lei. Eu digo que o bom senso pegou a BR e se mandou.

A antepenúltima – Essa vem da Câmara. O vereador James Schroeder (PDT) entrou na vibe do conservadorismo, que eu chamo carinhosamente de Onda Udo, e teve a brilhante ideia de proibir o consumo de bebida alcoólica nas ruas da cidade. E se você não vê um atentado à liberdade aí, meu amigo, você tem um problema.

Levante e aplauda.

quinta-feira, 21 de março de 2013

É contigo, Malafaia

POR ET BARTHES
Sem comentários.


A sua cidade é moderna? Faça o teste


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Hoje proponho um teste aos leitores. É uma forma de tentar saber o quanto a sua cidade (qualquer cidade, em qualquer país) está no caminho da modernidade. Ou seja, se é feita a pensar nas pessoas. Como é óbvio, o teste tem os seus limites, uma vez que não é feito com bases científicas aferidas por um instituto qualquer. Mas permite um rápido diagnóstico. E, no final, pode conferir os resultados (que são baseados na minha opinião, claro).

1. O planejamento em termos de mobilidade urbana é feito a pensar nas pessoas. Ou seja, o cidadão tem prioridade em relação aos carros.
(   ) SIM (   ) NÃO

2. Há um grande leque de opções destinadas ao lazer da população, como parques, praças, jardins ou áreas verdes com boas infraestruturas etc.
(   ) SIM (   ) NÃO

3. O transporte público é de qualidade e tem opções intermodais (mais de um tipo de veículo), oferecendo interfaces para o usuário.
(   ) SIM (   ) NÃO

4. A mídia é independente, informativa, educativa. Não existem os tais canetas ou bocas de aluguel.
(   ) SIM (   ) NÃO

5. Os turistas têm coisas relevantes para ver, como museus, monumentos, espaços culturais. O calendário de eventos é atraente para o visitante e as opções de lazer são suficientes para reter o turista por mais que dois dias.
(   ) SIM (   ) NÃO

6. Os serviços públicos são capazes de atender as necessidades da população, mesmo levando em consideração as dificuldades econômicas por que passam as cidades.
(   ) SIM (   ) NÃO

7. Tem uma vida cultural efervescente e movimentos de vanguarda que vão transformando o espaço público num lugar que aponta para o futuro.
(   ) SIM (   ) NÃO

8. A economia da cidade dá prioridade às indústrias modernas e ecológicas, como as ligadas às tecnologias da informação e à sociedade do conhecimento.
(   ) SIM (   ) NÃO

9. A ecologia é uma preocupação. O lixo é separado, as ruas estão bem cuidadas, as áreas verdes são estão preservadas, os rios são pontos de atração para os moradores.
(   ) SIM (   ) NÃO

10. Há a uma preocupação com a inclusão digital, com o acesso das camadas mais pobres às tecnologias da informação (zonas públicas de internet wi-fi, por exemplo).
(   ) SIM (   ) NÃO

11. Desde o jardim de infância à universidade, o sistema de educação atende às necessidades da cidade, tanto do ponto de vista econômico quanto cultural.
(   ) SIM (   ) NÃO

12. O patrimônio público, como escolas, museus, bibliotecas ou arquivos, está em bom estado de conservação.
(   ) SIM (   ) NÃO

13. Os formadores de opinião são pessoas estudiosas, bem informadas (e formadas) e que inspiram respeito.
(   ) SIM (   ) NÃO

14. Os políticos são, na maioria, pessoas interessadas em defender o bem comum e em quem o cidadão pode confiar.
(   ) SIM (   ) NÃO

15. A tolerância política é uma norma. A liberdade de expressão é total e ninguém corre o risco de ser discriminado por uma posição qualquer.
(   ) SIM (   ) NÃO


RESULTADOS
- 10 a 15 respostas SIM: você mora numa cidade onde até pessoas do tal primeiro mundo gostariam de viver. Legal.
- 5 a 9 respostas SIM: a sua cidade tem problemas, mas há uma base interessante que permite consertar o que está mal.
- 1 a 4 respostas SIM: Você precisa ter uma conversa com o seu título de eleitor.
- 0 (zero) respostas SIM: Oooops!


P.S. Se fez todo o teste, aproveite para contar a sua experiência nos comentários.

quarta-feira, 20 de março de 2013

O governo vai virar igreja e a igreja virar governo

POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Menores de 18 anos, atenção, contém palavrões.

Eu fico emputecida com as declarações homofóbicas e preconceituosas que tem aparecido. Incrível. Olha a controvérsia, na Comissão de Direitos Humanos e Minorias no Brasil. Não precisa contextualizar porque todos sabemos do que se trata: do nojento Marco Feliciano e seus comparsas, incluindo os retrógrados Bolsonaro e Silas Malafaia.

E que não venham religiosos defender porque o cara é pastor e por isso merece adoração inquestionável. Foda-se que ele é pastor, ele pode ser pastor, padre, macumbeiro, o que ele quiser, na vida PARTICULAR. As religiões que as pessoas seguem não interessam a ninguém, exceto quando suas crenças religiosas influenciam nas decisões  de uma comissão que justamente tem o objetivo de defender minorias. Minorias essas atacadas com o ódio e a ignorância desses mesmos senhores em declarações nos seus perfis nas redes sociais.

Eu não tenho nada contra pessoas religiosas que tem bom senso, respeitam o diferente e pregam o amor. A essas todo o meu respeito. Meu problema é com essa gente que acha que todos devem pensar como eles e não conseguem enxergar o mundo cheio de diversidade em que vivemos. Meu problema é com gente que deveria reconhecer o estado/governo com um espaço para todos. O estado como responsável por garantir direitos iguais à TODOS os cidadãos, sejam eles heterossexuais, homossexuais, transsexuais, religiosos ou não.

O estado brasileiro é laico, ou pelo menos deveria ser. Na prática não é, se fosse, casamento homoafetivo seria legalizado, aborto também, e não haveria crucifixos em repartições públicas. Não importa se a maioria é católica, não importa a religião da maioria, eu como atéia, ou budista, ou muçulmana, quero ser respeitada no meu direito de não ter nenhuma religião aparecendo na escola pública que minha filha frequenta ou no fórum da cidade. Religião é uma opção pessoal, guarde para si. Existem espaços apropriados para expressões religiosas: igrejas, templos, mesquitas, lá os pastores podem dizer o que pensam estando entre os seus. Não tragam isso para a esfera pública porque aí teremos um problema.

É como disse o Charles Henrique no texto "Não basta apenas deixar de ser machista", é preciso pelo menos falar sobre o assunto. Não basta não concordar com o preconceito desses homens, é preciso combatê-los, questionar, argumentar, protestar. Eles são representantes de um grupo que ainda acha que homossexualidade é doença, que casamento homoafetivo foge do objetivo de Deus de procriar. Como se precisássemos tanto assim de mais gente no mundo. A bancada evangélica está forte no Brasil e tentando promover retrocessos gigantescos nos minúsculos avanços que tínhamos. (Vê-se reportagem no Estadão). Eles lutam forte por isso e nós devemos também lutar. (Aliás, estou orgulhosa com os protestos que acontecem no Brasil todo. Decepcionada com os colegas que votaram no nojento, mas esperançosa pelo povo que foi às ruas de verdade.)

Agora, me diz, como alguém pode ser contra o casamento homossexual? Quem é que está casando? Não é a favor do casamento gay, simples, não case com um gay. Que que a vida sexual do cara tem a ver com você? E essa pessoa tem que passar a vida toda ao lado do outro, dividindo sofrimentos e alegrias, para no final não poder ser acompanhante do parceiro no hospital porque a lei não garantiu seus direitos? Isso é justo? Não é.

Não podemos julgar alguns países muçulmanos que permitem que a religião influencie no governo, nós fazemos o mesmo.

Em tempos, o casamento homoafetivo é legalizado na Suécia há 12 anos e a lei do aborto livre existe desde 1975. A Suécia é um dos países menos religiosos do mundo, mais de 60% da população se auto-denomina ateu ou agnóstica. Um país com nível de pobreza e corrupção zero. Com uma administração pública eficiente, na qual vereadores não tem salário, e políticos não tem benefícios. Com fortes programas sociais, altos impostos: quanto mais ganha mais paga, forma de garantir a igualdade. Excelente educação e sistema de saúde gratuita e igual para todos. Algumas coisas a ensinar ao nosso país religioso.

O que você LEU nesse texto:

- Que declarações homofóbicas me deixam emputecida,
- Que o estado é laico e religião não pode influenciar importantes tomadas de decisões,
- Que é preciso protestar,
- Que sou à favor da união homoafetiva,
- Que devemos tomar como exemplo países mais avançados em direitos humanos,

O que você NÃO LEU nesse texto:

- Que eu odeio todos os religiosos,
- Que deputados não devem ter religião,
- Que todas as pessoas deveriam ser gays e casarem entre si,
- Que todas as mulheres devem fazer aborto,
- Que o mundo está perdido e nada mais tem jeito,
- Que a Suécia é melhor que o Brasil.

Briga de egos!

Olá, caros molhados! Já ando de saco cheio de falar para pessoas que não são do meu quilate, que preciso ficar a todo instante olhando para baixo, pessoinhas que não chegam aos meus pés, claro.

Da até pra rir de tão nojentinho esse papo, não é? Pois é, assim tem sido as relações técnico - jogador. Quem pode mais? Quem tem mais poder? Quem manda mais? Quem consegue diminuir o outro?

Tá, mas só um momentinho. O técnico é contratado para aplicar táticas de jogo e o jogador para executá-las. Simples assim e ponto final, caramba.

A diretoria dos clubes também, vou te contar, tem lá um time com jogadores de nível X+ e contratam um técnico X-. O que vai ocorrer... nada de produtivo. Óbvio, pois esse técnico jamais terá voz de comando com aquele jogador que já se encontra em nível bem acima do dele.

Gente, não precisa ser o gênio da lâmpada para chegar a esta conclusão. Dorival Junior é bonzinho, mas é muito pouco para "Flamengo" e o maior problema é que ele já se acha técnico master. Deu no que deu.

Outro é o Ney Franco, que até pouco tempo treinava a gurizada da seleção aí acha que já é o bam bam bam, vai treinar o São Paulo e quer cantar de galo. Não é à toa que o Tricolor paulista anda nessa m...

JEC. Bom vocês acompanharam todo o blablablá. E, evidente, sobrou para o técnico.

No entanto, várias vezes já vimos jogadores que se acham a última coca cola do deserto se ferrarem na mão de técnicos que são e não apenas se acham master.

E de quem é a culpa nessa briga de egos???? Tá, existe diretoria pra quê? Pra bonito? Ela está lá para isso, identificar o nível de seus jogadores e lhes oferecer um técnico capaz com comando de voz perante esses atletas. Do contrário a maionese vai desandar.

A grande verdade é que essa briga de egos sempre existirá. Nem jogador e nem técnico sabem se colocar nos seus devidos lugarzinhos e controlar o ego que, na maioria das vezes, é muito maior do que a sua qualidade técnica, em ambos os casos. E tampouco existem diretorias profissionais nos seus cargos e agem de forma amadora e que só prejudica o clube.

Novamente voltei ao assunto, aquele que falei no post do marketing, falta profissionalização no esporte como um todo, não só no futebol.

A nós, torcedores, só resta rezar... e muito!

terça-feira, 19 de março de 2013

Os idiotas e os conformistas


POR JORDI CASTAN

Inicialmente o texto de hoje tinha como objetivo discorrer sobre o Rei e Senhor da Idiotia, o Príncipe da Estupidez, o Paxá da Imbecilidade, o Sufa dos Idiotas. Fui aconselhado a não fazê-lo. Discutir com idiotas é uma causa perdida. Desperdício de tempo. Não há como manter um mínimo de racionalidade ou de bom senso. Aí a unica saída é descer ao seu nível e neste ponto você perde sempre, porque eles ganham pela sua maior experiencia.

Assim que sem muito tempo para mudar de tema, preferi escrever sobre os conformistas, que fazem do convívio com idiotas uma arte e um exercício diário.

Nada a ver com o protagonista do filme de Bernardo Bertolucci e roteiro de Alberto Moravia. Os conformistas estão hoje por todos os lados. Invadem-nos e nos envolvem com sua atitude passiva, com seu conformismo militante. Tolamente se alegram e fazem algaravia por qualquer coisa menor, como se fosse um grande acontecimento e merecesse todo este barulho.

Os conformistas são esta gente que se satisfaz com pouco, algumas vezes ficam contentes com nada, enchem os seus espíritos vazios de ar, de pura empulhação, que os alimenta e nutre. Acreditam em palavras vazias, imaginam que porque algum político diz que vai inaugurar isto ou aquilo, em determinada data, aquilo é uma verdade absoluta. Ignorando, no seu conformismo, que nem o próprio político acredita no que afirma.

Os conformistas são como um lastro que não nos deixa avançar, nos mantêm presos à nossa mediocridade provinciana e nos impedem de sonhar e de ir além. Querem nos convencer que estamos muito bem, que vivemos na melhor cidade de Santa Catarina, no melhor estado do país e no melhor país do mundo. Que os dados do censo mostrem que as desigualdades subsistem, que as diferenças entre os mais ricos e os mais pobres permanecem, que o salário médio é baixo. Os conformistas querem que mantenhamos uma venda sobre os olhos, que não possamos enxergar como as coisas deveriam ser, e que não nos rebelemos contra a situação que aqui esta.

Alguns são conformistas porque não conhecem outra realidade e acreditam piamente que vivemos no melhor dos mundos. Outros levam o seu conformismo ao extremo de imaginar que isto é o melhor a que podemos aspirar e que, mesmo sabendo que existem alternativas melhores que a nossa, elas estão fora do nosso alcance, ou porque não as merecemos ou porque somos incapazes de atingi-la. E acabam ficando fora do nosso alcance. Como na fábula de Esopo, em que uma raposa morta de fome vê uma parreira carregada de cachos de uva, intenta alcançá-la e depois de árduos intentos desiste alegando que as uvas estão verdes.

Fazer do conformismo uma corrente que nos prende à mediocridade é condenar-nos a permanecer servis, a não avançar, a não sonhar, a aceitar como boas soluções medianas, remendos de solução, é um castigo injusto e desproporcional para uma cidade que merece mais e aspira a um futuro melhor, que já foi altiva, orgulhosa e exemplo, e que hoje insiste em conformar-se com pouco ou com muito pouco. A única solução é enfrentar este conformismo capacho, mantendo-nos firmes e indômitos.  

E nos debatemos eternamente entre o domínio dos idiotas ou a mesmice modorrenta dos conformistas.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Não rebaixem o meio-fio!

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Está tramitando na câmara de vereadores de Joinville um projeto de Lei, de autoria do vereador Roberto Bisoni (PSDB), que pode alterar consideravelmente a relação entre pedestres e automóveis: o livre rebaixamento do meio-fio, para facilitar a entrada e saída de automóveis, sobretudo dos comércios. Graças a alguns vereadores e entidades representativas, o projeto só entrará em pauta novamente após uma audiência pública para discussão de tema.

A justificativa do projeto é simples, porém equivocada. Bisoni argumenta que, nos bairros, os pequenos comerciantes estão perdendo clientela. A lógica dele é a seguinte: o número de automóveis aumentou bastante nos últimos anos (quase 110% de 2002 a 2011, segundo o Detran); a malha viária continua praticamente a mesma; com ruas mais cheias, espaços de estacionamento diminuem; como a atual legislação veda o uso total da testada dos estabelecimentos, o cliente não consegue vaga nem na rua e nem na frente da loja (Fonte: CVJ).

É complicado presenciarmos mais uma vez as bizarrices que são propostas por parte do legislativo joinvilense. Esta visão retrógrada de urbanismo, a qual dá privilégios ao automóvel em detrimento de todos os outros modais de deslocamento em uma cidade, deve ser abolida. Querem dar prioridade ao automóvel também na calçada, lugar exclusivo do pedestre? Ainda prefiro ser mais radical, e propor a extinção do recuo (utilizado na maioria das vezes como estacionamento). Lugar de carro é na rua, e muito menos na calçada e/ou no recuo para estacionar. E ainda: quanto mais espaço der para o carro, mais carro teremos nas cidades. Neste momento me recordo do ex-prefeito de Bogotá, Henrique Peñalosa, que revolucionou em muitos aspectos a sua cidade, principalmente ao considerar estacionamento um "problema de ordem privada" e que não promoveria nenhuma vaga de estacionamento em lugar público (a rua), ou em espaço de uso misto (calçadas e recuos). O cidadão de Bogotá passou a deixar seu carro em estacionamentos privados, pagando caro por isso, e percebeu que a melhor alternativa seria o transporte coletivo.

Vamos ficar atentos a este projeto, e também a todos os posicionamentos que surgirão nas audiências ou reuniões internas das comissões em que este projeto tramitará. O que não surpreende, mas nem um pouco, é de onde vem a autoria deste projeto. Anos atrás este mesmo legislador propôs o fim de todas as praças e lugares públicos, para evitar "bêbados e drogados". Então tá.