sexta-feira, 13 de abril de 2012

PARAÍSO


Edir Macedo sugere parar de usar internet

POR ET BARTHES


Mais uma da série das patuscadas promovidos pelos teleprofetas da Teologia da Prosperidade. O bispo Edir Macedo consegue uma façanha incrível: falar mais besteiras por minuto. Compara bebês recém nascidos a carros novos para sustentar seu argumento de que a vida só muda quando o espírito divino entra em você, coerente como só ele consegue ser. Em seguida, demonstra todo o seu conhecimento do vernáculo pátrio transformando o plural de senhor feudal em senhores "feudaus", além de não entender que os senhores feudais eram da Europa e não se apoiavam no trabalho escravo. Além de outras sandices, por fim ele sugere aos seus seguidores que deixem de acompanhar notícias e de acessar a Internet. Estará o latifundiário-mor da Universal com medo de ser desmascarado?


A sociedade do espetáculo e as máscaras

POR AMANDA WERNER

Foi-se o tempo em que éramos apenas hedonistas. Em que cultuávamos o prazer como premissa suprema da felicidade. Agora é preciso mostrar para o outro que temos momentos prazerosos o tempo todo. O “ter” e o “ser” ficaram para trás. Agora basta “parecer”.

A preocupação de, com muito esforço, adquirirmos bens e renda capazes de suprir necessidades futuras foi substituída por uma crescente preocupação em mostrar tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que nos torna melhores do que as outras pessoas. E, na medida que pensamos estar nos diferenciando, nos uniformizamos.

Hoje é importante fazer caridade, mas o mais importante é mostrar que o estamos fazendo. Teve até um caso recente na televisão local, onde a pessoa disse ter sido “acidentalmente” fotografada alimentando um animal faminto e abandonado na rua. Como somos bons. E ricos… e felizes.

Informamos ao nosso público, o tempo todo, onde estamos, com quem estamos e o quanto conseguimos comprar.

As festas de casamentos com despesas homéricas, custeando todos os novos “tem que ter” onde, por muitas vezes, por trás dos imponentes arranjos de flores e suntuosos vestidos de noiva existem recém-casados morando com os pais por conta das dívidas impagáveis, geradas pela tão sonhada festa. Por vezes verdadeiros casamentos de Chantilly (quem não se recorda do famoso casamento em um castelo na França, cuja duração não passou de três meses)? Mas este não é o propósito do texto. O casamento foi apenas um exemplo.

Aquele que pode comprar um carro zero por ano, o faz com tranquilidade. Enquanto aquele que não pode, na tentativa de ser igual muitas vezes não mede as consequências e se sacrifica para tal. Ou ainda, vive frustrado por não conseguir corresponder às expectativas.

Tomemos a superexposição nas redes sociais como outro exemplo. O Facebook (face – rosto) é o rosto que se quer mostrar. O problema de haver plateia para tudo é que acabamos por regular a nossa conduta de acordo com o que o público espera. E agimos como atores de nós mesmos, fazendo uma representação dramática da vida ideal.

Desse modo, desempenhamos papéis de forma a produzir impressões desejadas pelo público circunstante. E corremos um risco muito grande de perder a identidade. Esse novo jeito de interação social acaba por moldar o nosso comportamento. E, de repente, não sabemos mais quem somos.

O escritor francês Guy Debord já dizia: somos a sociedade do espetáculo. Nossa consciência adquirida socialmente se sobressai. Afinal, só conseguimos tomar consciência das pessoas que somos com o auxílio das outras pessoas. E a formação da nossa autoimagem nem sempre tem relação com fatos objetivos.

O risco desse tipo de conduta é nos pautarmos em fatos que nem sempre correspondem à realidade. É pensarmos que o conceito de felicidade não comporta dor, tristeza ou solidão. Afinal, não conseguimos mais ficar sozinhos, mandamos mensagens de texto o tempo todo, estamos sempre conectados na redes sociais. E mais: podemos dispor das pessoas à hora que quisermos, e até excluirmos alguém quando essa pessoa não mais nos agrada. É assim na vida real?

É possível que estejamos fabricando a nossa própria infelicidade. Como avatares de nossa própria vida, acreditamos e nos satisfazemos emocionalmente com nossas ilusões, não nos preparando para a vida de verdade. Será essa a nova vida real? As coisas são de fato o que parecem ser? A famosa indagação ainda vive: ser ou não ser? Eis a questão.

MELHOR E PIOR - SEMANA 2


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Você aperta o botão... e tudo muda

Um botão inocente, num lugar inocente na Bélgica (vejam como há ciclistas na rua). Você aperta o botão e a ação começa.




Floripa é melhor que Joinville

POR GUILHERME GASSENFERTH

“A minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”. Este trecho do famoso poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, serve para ilustrar o sentimento em relação à diferença da atenção dada pelo Governo Estadual (o atual e todos os seus antecessores) a Joinville e Florianópolis. Não só pelas palmeiras imperiais que são um símbolo inconfundível de nossa bela cidade, mas pelas aves. Elas representam nossos políticos. Nossa representatividade é pequena e nossos deputados gorjeiam muito pouco. Só isto pode explicar a disparidade do tratamento dado a Floripa e a Joinville.

Analisei a execução orçamentária do Estado de 2011 em todos os recursos específicos onde constavam o nome “Florianópolis” e o nome “Joinville”. Joinville teve investimentos diretos da ordem de R$ 28.266.642,84. E a capital, R$ 59.402.058,36. Joinville recebeu 47,58% do que recebeu Floripa. Não é nem a metade.

Na área da cultura, o Governo do Estado esforçou-se para aprovar no Ministério da Cultura o projeto para captar recursos via Lei Rouanet para a reforma da Ponte Hercílio Luz. Pediram R$ 76,8 milhões, mas ganharam autorização para captar apenas R$ 64,5 milhões. Vejam que eu sou favorável à reforma, é um símbolo de todo o estado. O que me irrita é não ver a mesma disposição em ajudar Joinville. Que fração deste valor seria suficiente para reformar nossos museus da Bicicleta, de Arte, Fritz Alt e do Sambaqui, além da Biblioteca Municipal e da Casa da Cultura? 10%? 5%? 1%? E não vem NADA.

Vamos à área da saúde: em Florianópolis, o Governo do Estado mantém o Hospital Celso Ramos, o Hospital Infantil Joana de Gusmão, o Hospital Nereu Ramos, a Maternidade Carmela Dutra, o Hospital Florianópolis, o Instituto de Cardiologia e o Instituto de Psiquiatria. São sete hospitais. Em Joinville, o Regional, o Infantil e a Maternidade Darcy Vargas. São três.

Na educação: a UDESC em Florianópolis tem 21 cursos. Em Joinville, 9. Como o número de escolas públicas não está muito acessível, não vou pesquisar a fundo. Mas estou certo de que se encontrar, não me surpreenderei se o número de escolas públicas estaduais na capital for muito maior do que em Joinville.

No que diz respeito à segurança pública, em Florianópolis há 12 delegacias e 3 subdelegacias da Polícia Civil. Em Joinville, há 9 delegacias. Em 2007, Floripa tinha 1,1 mil policiais militares e em 2011 nossa Joinville tinha 600. Lá, os bombeiros são militares e custeados pelo Estado. Aqui, são voluntários.

Mas está na infraestrutura viária a maior disparidade. O governo do Estado acaba de entregar a duplicação da SC-401, que faz a ligação da Trindade com as praias do Norte. Além disso, há outras 6 rodovias estaduais dentro de Florianópolis. Há vários elevados e viadutos com investimento do Governo do Estado. Em Floripa, o governo estadual investiu 250 mil em projetos para analisar viabilidade de implantar metrô de superfície. Havia dinheiro reservado para estes estudos em Joinville, mas o governo não executou. E agora estão estudando construir a quarta ponte, com investimentos da ordem de 1 bilhão de reais. Então o Estado faz rodovias, duplicações, pontes bilionárias, elevados e viadutos em Floripa, mas em Joinville não consegue duplicar uma rua?

Sei que Floripa é a capital, que a geografia local é muito diferente, que há várias situações que influenciam esta absurda disparidade entre a maior cidade e economia do Estado e a capital. Mas diferença é uma coisa, pouco caso é outra. Para Floripa tudo e pra Joinville nada? Florianópolis é melhor que Joinville?

É urgente que aumentemos a representatividade de Joinville, não só em quantidade, mas principalmente em qualidade. Joinville tem dois senadores (talvez a única cidade do Brasil a ter dois senadores exercendo o cargo),um deputado federal e três deputados estaduais. E as coisas continuam na mesma toada triste. Nosso prefeito se diz amigo de Lula e parceiro da Dilma, mas a cidade continua à míngua também de recursos do Governo Federal. Nossos representantes têm que gorjear mais.

Não acho que Floripa mereça menos. Mas Joinville merece MUITO MAIS.

Mas a culpa principal é nossa. Antes de acusarmos os políticos, não nos esqueçamos de que jabuti não sobe em árvore. Se eles estão lá, é porque nós os colocamos ali. E caberá a nós tirá-los.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Vídeo duplo, para nossa tristez... alegria!

POR ET BARTHES

O COLETIVO CHUVA ÁCIDA ADVERTE: se você sofre de insônia e é suscetível a pesadelos após filmes de terror, assista o vídeo abaixo com moderação. O conselho serve também aos cardíacos e ao João Gilberto. Dois irmãos e sua mãe entoam uma música gospel com letra indecifrável e qualidade indiscutivelmente ruim. O vídeo é tão ruim e bizarro que foi um sucesso nacional. A menina parece sorrir de forma artificial. Parece que há alguém por trás das câmeras a relembrando de mostrar alegria e o resultado é terrível. Mas o pior do filme é quando o rapaz resolve soltar a voz, seguido pela gargalhada paranóica da irmã. Cardíacos, insones e João Gilberto: nós avisamos!



O vídeo tornou-se um sucesso nacional: são mais de 15 milhões de acessos. A família foi contratada pela Pepsi, a Ana Maria Braga os entrevistou no global Mais Você e teve direito até mesmo a uma paródia gravada por Jair Rodrigues e seus dois filhos para divulgar seu show. O Jair Rodrigues atua no papel da mãe num vídeo tão engraçado quanto o original.


PARAÍSO


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