POR JORDI CASTAN
A cada
dia fica mais fácil entender o sentimento que a sociedade joinvilense externa
em conversas particulares, nas mesas de bar, em cartas a jornais, inclusive em
comentários e posts nas redes sociais. E, cada vez mais, com menos inibição.
Quanto maiores as esperanças depositadas no mandatário, seja ele
municipal, estadual ou nacional, maior o risco da frustração. Ao esperar
demais, na maioria das vezes segue o desencanto. Não porque os eleitos façam
pouco e sim porque esperamos demais. E por esperar demais entenda-se
esperar que se cumpram as promessas feitas durante a campanha. Tendemos a
acreditar que as ditas promesas são verdadeiras e que há vontade e capacidade
real de cumpri-las.
As campanhas políticas contribuem para consolidar, ainda mais, esta
imagem. As pesquisas buscam identificar quais são os sonhos, as esperanças e
oferecem, de forma mais ou menos velada, a imagem de um candidato que, depois
de eleito, atenderá os nossos desejos mais íntimos. Como resultado, não
elegemos governantes, mas sim aspirantes a super-heróis ou candidatos a
compor o nosso santoral.
Os marqueteiros políticos constróem a imagem dos candidatos como se
fossem super-heróis, semideuses, seres míticos capazes de resolver todos os
problemas reais ou imaginários de cidades como Joinville. Nem consideram estar
oferecendo ao consumidor-eleitor uma fraude, alguém que não poderá atender as
expectativas criadas e que o eleitor julgou reais. E não existe um Código de
Defesa do Eleitor, que garanta a devolução ou a troca do produto defeituoso ou
que não cumpra as especificações anunciadas.
Em outras palavras, quanto maior a esperança que colocamos em algo ou em
alguém, maior será a nossa frustração, ao descobrirmos que era infundada, que
não correspondia à realidade. O erro não está em ter esperança. O erro está em
confundir o que desejamos e queremos com aquilo que é possível.
Seria inimaginável há poucos meses, mas a impressão
que está se consolidando, neste momento, é de que Carlito
Merss até não é um mau prefeito, que é uma pessoa bem intencionada tentando
dar o melhor de si. A frustração reside em ter sido depositada nele e na atual
administração uma esperança desproporcional à sua real capacidade de gestão e
de execução.
Nada melhor que aprender como diferenciar o real do imaginário, o
possível do impossível. Isto não garantirá a escolha de melhores prefeitos, mas
evitará frustrações e desencantos.