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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Falta menos de um ano

POR JORDI CASTAN


A cada dia fica mais fácil entender o sentimento que a sociedade joinvilense externa em conversas particulares, nas mesas de bar, em cartas a jornais, inclusive em comentários e posts nas redes sociais. E, cada vez mais, com menos inibição.
Quanto maiores as esperanças depositadas no mandatário, seja ele municipal, estadual ou nacional, maior o risco da frustração. Ao esperar demais, na maioria das vezes segue o desencanto. Não porque os eleitos façam pouco e sim porque esperamos demais. E por esperar demais entenda-se esperar que se cumpram as promessas feitas durante a campanha. Tendemos a acreditar que as ditas promesas são verdadeiras e que há vontade e capacidade real de cumpri-las.
As campanhas políticas contribuem para consolidar, ainda mais, esta imagem. As pesquisas buscam identificar quais são os sonhos, as esperanças e oferecem, de forma mais ou menos velada, a imagem de um candidato que, depois de eleito, atenderá os nossos desejos mais íntimos. Como resultado, não elegemos governantes, mas sim aspirantes a super-heróis ou candidatos a compor o nosso santoral.
Os marqueteiros políticos constróem a imagem dos candidatos como se fossem super-heróis, semideuses, seres míticos capazes de resolver todos os problemas reais ou imaginários de cidades como Joinville. Nem consideram estar oferecendo ao consumidor-eleitor uma fraude, alguém que não poderá atender as expectativas criadas e que o eleitor julgou reais. E não existe um Código de Defesa do Eleitor, que garanta a devolução ou a troca do produto defeituoso ou que não cumpra as especificações anunciadas.
Em outras palavras, quanto maior a esperança que colocamos em algo ou em alguém, maior será a nossa frustração, ao descobrirmos que era infundada, que não correspondia à realidade. O erro não está em ter esperança. O erro está em confundir o que desejamos e queremos com aquilo que é possível.
Seria inimaginável há poucos meses, mas a impressão que está se consolidando, neste momento, é de que Carlito Merss até não é um mau prefeito, que é uma pessoa bem intencionada tentando dar o melhor de si. A frustração reside em ter sido depositada nele e na atual administração uma esperança desproporcional à sua real capacidade de gestão e de execução.
Nada melhor que aprender como diferenciar o real do imaginário, o possível do impossível. Isto não garantirá a escolha de melhores prefeitos, mas evitará frustrações e desencantos. 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ubíquos


Por JORDI CASTAN

Até parece que mais de um pré-candidato nas próximas eleições municipais contratou vários sósias para poder estar presente em todos os eventos, desde reuniões de condomínio, a formaturas, batizados ou kraenzchen que possam reunir mais de quatro possuidores de título de eleitor. A onipresença em alguns casos ficou tão evidente que produz risadas. No caso mais recente a situação chegou a ser constrangedora, ao ponto de o pré-candidato insistir em querer substituir o pastor na celebração de um matrimônio, não tendo obtido êxito na empreitada. A nova investida tinha como objetivo substituir o noivo e, se não fosse pela rápida intervenção dos padrinhos e do pai da noiva, praticamente teria obtido êxito. A última tentativa foi a de beijar a noiva antes que o próprio noivo o fizesse e a sua insistência foi tanta, que acabou conseguindo e há varias fotografias como prova do fato.


A insistência com que alguns pré-candidatos buscam se promover é, por dizer o mínimo, constrangedora. Não só andam todo o dia com uma melancia pendurada no pescoço para que sua presença não possa deixar de ser notada. Também, influenciados pelos seus marqueteiros, passam a mudar de hábitos, de forma de ser, ocupam as redes sociais, tuitam desesperadamente a partir das cinco da manhã e o seguem fazendo passada a meia-noite, para mostrar que estão acordados e que a sua energia é inesgotável. Todos já tem página no Facebook, blog em que postam suas idéias e projetos e ainda participam, mesmo que seja só nos primeiros quinze minutos, de todas as conferências, oficinas e palestras possíveis e imagináveis. A contratação de assessores de toda quanto é coisa completa o pacote. Assessor de estilo, de moda, de comunicação, de mídias sociais, de mobilidade urbana, de relações internacionais, de política local. Nada escapa.


O objetivo de todo este esforço é estar presentes ou pretender estar. Mostrar um conhecimento oceânico sobre todos os temas. E dar opinião sobre tudo e para todos. Em casos extremos, alguns pré-candidatos tem dado até conselhos sobre a educação dos filhos, a roupa adequada para assistir a uma festa, sobre como curar unha encravada ou como melhorar o tempero da comida, compartilhando receitas de cozinha baixas em potássio.
Os pré-candidatos são como um produto de supermercado. A sua imagem é construída por profissionais e eles são alunos aplicados dispostos a todo para conseguir ser escolhidos pelo eleitor. O primeiro passo está sendo dado, estar onipresente no seu dia a dia. Bombardear você com a sua imagem sorridente até que você acredite que ele é quase que um parente próximo. Fique atento... ele é só um produto.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

É melhor mesmo?

POR JORDI CASTAN

Escolher candidatos comexperiência em trabalhos anteriores é uma boa opção? José António Baço pensaque sim. Que é melhor escolher candidatos que mostrem no seu currículoexperiência em ter trabalhado de forma produtiva.

Não tenho tanta certeza queo José António esteja certo. É só dar uma olhada para a carga horária que amaioria dos políticos cumpre, o tipo de atividades a que se dedica no exercíciodo cargo e, principalmente, a tranquilidade que é a sua jornada semanal. Nuncater trabalhado – ou tê-lo feito pouco – deve ajudar a levar uma vida como essa. Afinal,não fazer nada exige algum talento e preparação.

Tem que ser muito cara de pau para folgar com atranqüilidade que o fazem. É preciso desenvolver capacidade de abstração quasetotal, para passar horas a fio fazendo pouco. Ou pior, ainda tentando criar aimpressão, junto aos eleitores, de que a jornada está recheada de importantesatividades políticas e que a participação em cada uma delas é quase uma questãode segurança nacional.

Visto desde outraperspectiva, nunca ter trabalhado de forma produtiva pode ser considerado umdiferencial competitivo importante. Desocupados profissionais tem todo o tempodo mundo para fazer “politicagem”.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O candidato por trás da máscara



POR JORDI CASTAN

O Marques de Vauvenargues,conhecedor da corte e dos cortesãos, dizia que: "não há nada pior que uma pessoa amável por interesse". Os tapinhas nas costas, o riso forçado e até o beijo fingido com que saem à rua os pré-candidatos, trazem para esta Joinville dos dias de hoje a amabilidade por interesse e a convertem numa peçade ficção teatral.

E compartem goles da branquinhacom possíveis eleitores mais ou menos sóbrios, visitam todas e cada uma dasfestas das paróquias da cidade, experimentam churrascos, galetos e carreteiroscrus, no ponto e passados. Os pré-candidatos são convidados a cantar os númerossorteados nos bingos das APPs, a doar brindes e beijar criancinhas e rainhascom entusiasmo inesgotável.

Agora, a tecnologia permite que ospré-candidatos utilizem as redes sociais para estarem mais próximos dos seuspossíveis eleitores, e criem uma imagem pública que os faz totalmenteirreconhecíveis para quem os conhece ao vivo e a cores. Bem humorados,simpáticos, amigos, abertos, inteligentes, sábios, tolerantes. Em muitos casos,os seus perfis nas redes sociais são gerenciados por profissionais que seconvertem no seu “alter ego”, um outro eu. A literatura tem produzido grandesobras a partir da historia de sósias ou de “ghost writers” que ocupam o espaçoe a vida de outra pessoa. Eu não confio nestes pré-candidatos tão falsos quecontratam outros para que os substituam e respondam as tuitadas que recebem,escrevam os seus artigos nos jornais, comentem nos blogs e projetem uma imagemfalsa e irreal. Uma máscara que mais cedo ou mais tarde cairá.

Apesar de não votar neles, prefiroa autenticidade destes outros políticos, que escrevem errado, tuitam abobrinhase não se preocupam com a imagem que projetam. Os mesmos que desconhecem aconcordância, vivem entrando e saindo de sessões ordinárias, são despachantesde luxo em Florianópolis e Brasília e fizeram do cargo e da política um modo devida. São autênticos, e por sê-lo tem os seus eleitores fieis que se veemprojetados na sua imagem. Ainda que eles também, como membros da corte, sãoamáveis só por interesse.