quinta-feira, 18 de outubro de 2018
O presidente youtuber
POR FAHYA KURY CASSINS
Segunda-feira foi dia dos professores, sem nada a comemorar em tempos sombrios. Li um comentário aqui no blog esses dias, “estou esperando dia 28 para vir aqui rir de vocês”. Pois é, uma pessoa dessas deve ter muito para rir dos outros, quando todos estaremos no mesmo barco naufragando. Os professores serão só mais uma classe trabalhadora que sofrerá as consequências da estupidez de colocar um homem rancoroso e ignorante no poder. Além de nós, imagine todo o serviço público brasileiro sendo privatizado e milhões despedidos. Os números que hoje dizem ser absurdos não serão nada perto disso.
O setor da Cultura também está em pânico. Muitas foram as conquistas das últimas décadas, na área do Audiovisual, no Patrimônio, no incentivo às produções artísticas de todas as regiões do país. E estamos vendo tudo isso se perder, diante da passividade de um povo que acha que artista, no Brasil, é vagabundo que vive de lei Rouanet (sem saber nada sobre ela, além daquilo que siau aqui e ali em notas de Facebook).
O indústria Criativa é dos setores que mais crescem no mundo, além de disseminar arte e cultura, de dar acesso às pessoas aos produtos que abrem a mente e a percepção, é uma indústria limpa. Emprega, também, milhões de pessoas, entre equipamentos públicos e produções para a TV fechada. Em um mundo que todos adoram a Netflix, difícil crer que não compreendam a importância da indústria de bens culturais. Os professores estão aterrorizados – os que não estão, deveriam estar. Conheço alguns que, por orientação de religiosos, votarão no dito cujo. Professor de Ensino Fundamental que, a julgar pelo plano de governo do candidato, ficarão sem emprego na primeira hora. Talvez eu nunca tenha visto proposta mais descabida do que ensino básico à distância. É tão sem noção da realidade do país que percebemos fácil como o cara está há quase trinta anos sentado na cadeira da Assembléia, dormindo.
Professores das áreas de Humanas serão, obviamente, os mais atingidos. Um cara que diz aos quatro ventos que na escola não se deve ensinar a ser crítico, que só precisa aprender Português, Matemática, Química e Física demonstra claramente que perseguirá professores de outras disciplinas. Num vídeo, pois mais parece youtuber do que candidato à presidência, diz que jogará “Paulo Freire na lata do lixo”. Não admira que não tenha ninguém sério da área da Educação disposto a ser seu Ministro. Alguém que não tem a menor capacidade de perceber que a Educação não é só decorar meia dúzia de conteúdo técnico, mas tem função de inclusão e cidadania não deve ter tido uma boa educação. Este homem quer embrutecer e emburrecer o país. Esta luta que travamos há séculos, de deixar a nossa miséria está com seus dias contados. Acabar com a Educação, destruir as universidades, no máximo possibilitar um curso técnico, é um retrocesso sem precedentes. Dilapidar a Cultura e a produção artística, deixar as pessoas sem acesso a elas é tirar-lhes a cidadania. Este é o caminho para tirar-lhes, também, a humanidade.
E as pessoas que votam nele acreditam que ele acabará com os impostos, sonham comprar seus carros e iPhones por bagatelas. Não me admira que digam “se for o outro vamos virar uma Venezuela”. Pois eu digo, se for ele viraremos um Paraguai. Mas, para compreender estas afirmações é preciso conhecimento, é preciso entender de América Latina, de Geografia, História, etc.. e nisso o brasileiro tem se mostrado, também, bastante ignorante.
Imagine os professores, do básico ao universitário, os concursados públicos, do Correios e bancos aos das grandes estatais, todos que trabalham com Arte e Cultura, desempregados. Um país que nem fábricas terá para sustentar sua Economia. Nem os técnicos terão no que trabalhar. É o que teremos com este homem ignóbil na presidência. Ele ri do povo, ele debocha da Democracia. Nunca vi atitude mais antidemocrática do que negar-se a participar dos debates. Passou a campanha inteira e enaltece o fato de ter apenas oito segundos na TV, mas milhões de votos, pois que aproveitasse o tempo dedicado dos debates. Não, como bom youtuber, ele foge da discussão e só fala aos seus asseclas. Assim se vê que nosso caminho ainda é longo, pois milhões de brasileiros votam induzidos por youtubers e pela histeria coletiva alimentada por notícias falsas e pela imprensa mal intencionada.
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Não acho o presidenciável da direita um “ignorante” tampouco um rancoroso. Rancoroso é o Ciro Gomes que foi preterido por um pseudo-intelectual marxista petista que se sujeitou a beijar a mão de um apenado por corrupção e vai perder a eleição feio. Rancoroso e com ódio nos olhos é o Guilherme Boulos que jogou uma pá de cal no natimorto PSOL (partido do socialismo COM liberdade).
ResponderExcluirQual setor da cultura está em pânico? O do Caetano Veloso? O da Daniela Mercury? O da pseudo-cantora Letícia Sabatella? Porque o do cirquinho mambembe está eufórico com a fala de Bolsonaro sobre o direcionamento dos recursos da Lei Rouanet para a cultura de base, ao invés de bancar shows de artistas já consagrados.
Professores que fazem uso de sua cátedra para, vejam só, L-E-C-I-O-N-A-R (!), não estão nem um pouco preocupados. Na verdade, muitos estão até aliviados com a possibilidade de os atos de violência contra os próprios por alunos diminuírem com o advento de uma política de segurança mais incisiva, além de uma possível valorização do professor que LECIONA, não que “politiza” (um eufemismo desonesto para proselitismo político em sala de aula). Sobre jogar Paulo Freire no lixo – perfeito.! O pedagogo desenvolveu sua tese para a alfabetização de adultos e que foi usada por um séquito de pedagogos de esquerda para todos os estágios da educação. Por isso vemos hoje, com essa “pedagogia da libertação”, o profissional subvalorizado onde o aluno, não o mestre, é o centro das atenções e ele tem sempre razão, inclusive de agredir fisicamente o professor. O aluno virou vítima da sociedade (ouvimos essa história todos os dias) e o professor (tal qual a sociedade) tem o dever de absorver os desagravos de forma beeeem passiva.
Professores de humanas, que sentem possuir o monopólio da virtude, fazem descaradamente proselitismo político em sala de aula (inclusive partidária) e que são diretamente responsáveis pelo quadro paupérrimo que temos na educação – serão naturalmente substituídos, ignorados ou até repreendidos com o implemento da Lei da Escola em Parido que SIMPLESMENTE informa os pais e alunos sobre os direitos e deveres do educador em sala de aula, que já existem em lei – nada mais que isso.
Não se preocupe com a arte. A arte se renova, se molda, avança. A arte se vende, é um mercado próprio. A boa arte permanece, pois ela se sustenta, a má, que necessita de constantes incentivos de recursos públicos, tende a desaparecer. Veremos o quão bom é o cancioneiro de Caetano Veloso sem os recursos da Rouanet. Veremos o qual desafinada é Sabatella sem os recursos da Rouanet. Veremos quantos (bons) artistas sairão do ostracismo com o advento da Rouanet.
O eleitor do Bozo tentou juntar as verdades (sic) recebidas pelo Whats para montar uma tese..
ResponderExcluirObviamente que o resultado foi vergonhoso...
Parabéns pelo texto Fahya, não concordo com alguns pontos mas a reflexão é indispensável nesses tempos de verdades absolutas.
Anônimo 14:44,
ExcluirVocê é um perdedor na vida.
Na falta de argumentos ataque o mensageiro...
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