quinta-feira, 13 de setembro de 2018
O brasileirinho - nossa desgraça
POR FAHYA KURY CASSINS
Entra governo, sai governo e pouca coisa, de fato, muda. Muda regime e nada. Tudo parece sempre tão difícil de ir pra frente. Você fala com um monte de gente hoje e concluem que, assuma quem assumir, não vai dar coisa boa. Por que, afinal, as coisas não mudam? Porque, parece-me, nós não queremos que mude. O brasileirinho quer privatizar tudo! Aí privatiza, fazem cartéis e conchavos e nada muda – serviço ruim e caro. Mas, o mesmo brasileirinho que quer privatizar tudo é o que sonha com o concurso público. O brasileirinho, ele não sabe o que quer. Ele quer que todos os políticos sejam honestos, mas de honestidade o brasileirinho nada entende. Ele quer que cumpram as leis! Pergunta pro brasileirinho se ele já leu alguma lei, se ele conhece as leis de trânsito, se ele já leu a Constituição. Brasileirinho não lê nada! O brasileirinho quer porte de arma de fogo! Mas, nem sabe que já está na lei o porte de arma de fogo.
Discutindo projetos de governos, regimes políticos, orientações políticas e coisas do gênero é que chegamos ao ponto do problema: as pessoas. São elas que fazem a sociedade e o povo brasileiro, esta entidade tão cara ao cinema e às artes nacionais, tornou-se seu maior inimigo. É sempre difícil falar as características do “povo brasileiro”. Mas, certamente, o reconhecemos. Não é um povo muito coerente, nem culto (aliás, não precisava ser, mas não é em nada um povo que estuda e dá valor para o estudo), nem respeitoso. É o povo criado na base da lei do menor esforço e do maldito “jeitinho”. A imagem histórica e caricatural do malandro carioca talvez tenha contagiado toda uma nação. E agora sabe-se lá quando nos livraremos disso!
O brasileirinho quer escola em tempo integral. Sabe por quê? Pra se livrar dos filhos, assim a criançada passa o dia inteiro na escola e não dá trabalho (pro governo é positivo porque ele não vira traficante e não dá despesa com presídio e tal depois). Escola em tempo integral não é pra criança aprender mais e, do jeito que são nossas escolas, eles vão odiá-las ainda mais sendo forçados a passar o dia inteiro lá. O brasileirinho quer redução de todos os impostos! É um absurdo o que pagamos (e é mesmo). Mas o brasileirinho quer educação, saúde, segurança, ônibus, tudo de graça – e o litrão da gasolina a menos de dois reais. O brasileirinho é o cara que está de saco cheio de ser explorado sendo funcionário, aí ele decide tornar-se um empreendedor. E o que ele faz? É o patrão sacana que explora seus empregados.
Caracterizar o brasileirinho é difícil, mas agradá-lo, então, é mais ainda. Tudo isso me lembrou de um filme italiano (Itália é terceiro mundo assim como nós, apesar de ser do Velho Mundo – mas citar Europa pro brasileirinho já faz brilhar os olhos). L’ora legale (A Hora da Mudança, 2017, Picone Ficarra) trata de uma cidadezinha onde tudo vai mal e a sociedade se junta pela mudança. Aí elegem o cara que começa a pôr ordem no lugar. E o que acontece? Todo mundo fica insatisfeito porque, afinal, não era bem isso que queriam.
O brasileirinho é um bicho esquisito. Porque ele quer status, quer dinheiro, quer fama. Quer mostrar pro vizinho que ele tem mais – não que ele é melhor. Eles não competem pra ver quem separou mais lixo reciclável, ou quem agora faz compostagem também. Eles competem pra ver quem tem a TV maior, quem tem o carro mais novo, quem instalou ar condicionado. Porque eles “votam pela mudança”, mas se o cara lá de cima manda comprar carro, o brasileirinho dá mil pila de entrada e, com prestações a perder de vista, compra seu carrinho. A família inteira agora tem carro, mas quando o cinto apertar (porque vai apertar) eles vão meter o pau no transporte público – caro e ineficiente. Porque eles não questionaram (o brasileirinho, aliás, não sabe questionar) o cara lá de cima que investisse em políticas e modais do transporte público mais rápidos e modernos, eles correram mostrar pra todo mundo: agora eu tenho carro! E o brasileirinho é a nossa desgraça.
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"Você fala com um monte de gente hoje e concluem que, assuma quem assumir, não vai dar coisa boa. Por que, afinal, as coisas não mudam?" (Fahya)
ResponderExcluirFahya, você já se deu conta de que, desde a redemocratização, o Brasil nunca elegeu nenhum governo de direita democrática? Sabemos que o PSDB é centro-esquerda e faz o joguinho da "Tesoura" com o PT. Assim, tentou-se estabelecer o limite da direita nesse partido! Conversa! Um governo de direita liberal ou conservadora, são verdadeiramente as novidades que esta eleição poderá apresentar! O regime militar que tivemos foi caracterizado pelo espectro da direita, mas foi um regime de exceção, como outros tantos regimes militares de esquerda que temos pelo mundo. A balança esquerda/direita em nosso país, está desequilibrada há décadas.
HGW XX/7
Novidades nesta eleição... tem que ser muito ingênuo para acreditar nisso. Mas o brasileirinho, quando não é burro é ingênuo mesmo.
ExcluirRegimes de exceção estão tentando muitos hoje... mais uma falta de novidade.
"brasileirinho, quando não é burro é ingênuo mesmo." (Fayha)
ExcluirEsqueceu-se de mencionar o "brasileirinho" mau caráter:
Que queria o criminoso Lula como candidato!
Que nega todas as provas que incriminam o Lula!
Que insiste na tola teoria de golpe contra Dilma!
Que abomina o Temer, embora tenha o elegido!
Que chama de fascista quem não concorda com suas ideias!
Etc...
Um governo de direita liberal ou conservadora, seria sim uma novidade para o Brasil!
Negar isso é se identificar em uma dessas categorias:
Burro, Ingênuo ou Mau Caráter.
Fique a vontade!
HGW XX/7
O brasileirinho quer mudança, e ela bate à porta dele nestas eleições, e é tão tentadora que a mesma já tem cerca de 30% dos votos dos brasileirinhos, garantindo-a no 1o turno. Então o brasileirinho está, sim, disposto à mudança. O problema são os outros que enxergam, de forma antecipada, essa mudança como algo ruim e concluem que “não vai dar coisa boa”. O ponto nevrálgico é que muitos desses que desdenham a mudança, por incrível que pareça, estão dispostos a votar na representação máxima da política podre de um coronel tirano nordestino ou num candidato de um governo fantoche a ser moldado por um apenado em Curitiba.
ResponderExcluirSim, o brasileirinho informado (e com formação) quer privatizar tudo. Ele sabe que as empresas públicas oferecem serviços de baixíssima qualidade, além de servirem como moedas de troca, cabides de empregos quando não lavanderias. Os outros são que sonham com concurso público e, quando conseguem a tão sonhada vaga, costumam apertar o botão F0d@-$3! Para os desígnios políticos do país (afinal, eles têm garantidos os salários e a aposentadoria, por enquanto!).
Portanto o brasileirinho sabe o que quer.
O brasileirinho quer ter o direito a arma de fogo. Um governo tirano pediu ao brasileirinho se ele queria esse direito, e o brasileirinho disse num referendo que SIM! Mas a vontade do brasileirinho foi ignorada e dado o direito de porte apenas aos brasileirinhos que fizessem três twist carpados seguidos, fossem bonitinhos aos olhos da justiça e tivesse MUITA, MUITA GRANA para manter o porte. Ou seja, somente os brasileirinhos endinheirados que moram em fortalezas e andam em blindados podem manter o porte, sobra aos de classe média têm a garantia do bandido de que o mesmo poderá invadir a casa deles sem correr o risco de ser contido por uma arma de fogo.
O brasileirinho que trabalha, paga impostos e não mama nas tetas do governo é coerente, sempre foi, pois ele sabe o valor do esforço. Os outros, que afirmam não colocar um ex-militar na presidência, mas estavam dispostos a colocar um bandido, é que são incoerentes. Lembrando que esses outros, em sua maioria, é formada por funcionários públicos e detentores de poderosos veículos midiáticos.
O brasileirinho quer sim a redução dos impostos, mas também quer a melhora de serviços básicos ofertados pelo poder público. O brasileirinho sabe que pode ter os dois: impostos baixos e qualidade, basta o Estado privatizar serviços onde ele não é necessário, como extração de petróleo, correios, geração de energia elétrica, por exemplo. Que tal os brasileirinhos pagarem por formação universitária de qualidade? Que tal os brasileirinhos que têm condições, frequentou bons colégios e viveu de ovomaltine bancar os estudos e deixar para aqueles que têm capacidade intelectual, mas não condições financeiras, frequentar gratuitamente a universidade pública? Os outros incoerentes não querem, provavelmente porque eles também viveram de ovomaltine e agora brandam por “justiça social” - ovomaltine para todos!
(O brasileirinho não quer ônibus de graça. Os que querem são os asininos consumidores de ovomaltine!)
O brasileirinho não é um bicho esquisito porque quer uma televisão maior, um carro mais novo ou um ar-condicionado, afinal ele sabe que pode bancar tudo isso com o seu salário (com ciência dos juros estratosféricos impostos pela ineficiência do Estado).
Esquisitos são os outros.
A nossa desgraça são os outros.
Hahahaha
ExcluirMe lembrou aquela frase "o inferno são os outros", né, porque de incoerência este textão está entupido.
Mas, pelo empenho, pensei em convidá-lo/a para ser colunista do Chuva Ácida. Vou levar a sugestão aos colegas.
Meu caro anônimo 13 de setembro de 2018 13:10, até me dei ao trabalho de ler toda sua opinião, mas quando chegou no:"O brasileirinho quer sim a redução dos impostos, mas também quer a melhora de serviços básicos ofertados pelo poder público." aí deu Bug!!!
ExcluirVocê quer a realização desse sonho por um Deputado Federal de Carreira??? 27 anos na Câmara e dois projetos de Leis aprovados?
Já dizia minha avó: Opinião é que nem cu, tem gente que dá mesmo sem você precisar pedir...
A Fahya e sta confundindo concordância com coerência... kkkk
ExcluirNo texto faltou o primeiro, mas não senti falta do segundo.
O anônimo 13:10 deve fazer referência aos vermelhinhos quando cita “os outros”, acho.
Acabei de ver a entrevista do cavalo do Lula ao governo fantoche. Cheguei a a afirmar que o tirano nordestino do Ciro seria de longe a pior situação. Retiro o que eu disse. O candidato petista é de longe a pior opção. Nunca tive fé no povo brasileiro, terei que mudar essa visão e pedir aos deuses que esse povo abra os olhos e não eleja esse candidato.
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