quinta-feira, 2 de agosto de 2018
Por que nos matamos? Enquanto eles querem ser presidentes...
POR FAHYA KURY CASSINS
Eu acredito que o mais importante é falarmos do nosso quintal. Sim, não podemos voltar as costas ao mundo, mas nossas vidas estão aqui. Foi levando isso em conta, inclusive, que aceitei o convite para escrever neste espaço – tão necessário na nossa cidade, principalmente. Incomoda-me o fato de sermos tão pouco críticos com o nosso entorno, pois em Joinville a população não é famosa por reivindicar, questionar, discutir, contestar. A cidade é nossa e para nós, simples assim. E assim deve ser pensada e construída.
Da mesma forma o país. Ele é nosso e para nós. Posso me preocupar e saber o que acontece com outros países do mundo, mas este aqui ainda vem primeiro. É com este que eu me importo e ao qual eu quero bem. Talvez este sentimento esteja em falta no Brasil. Talvez não nos importemos mais com nada por aqui. Talvez ainda sejamos incapazes de perceber que quem faz o país somos nós, os seus cidadãos. E sem nós ele não irá longe. Parece-me covarde os mais de sessenta por cento dos jovens que desejam sair do país – e os milhares que têm seguido para outros países, onde não são ninguém, onde não reconhecem as paisagens nem os costumes, sequer falam o idioma local. São ninguém em terra estrangeira, que não constroem o que é seu (muitos sonham em construir as suas vidas, suas contas bancárias, mas sonhos sonhos são) – e muitas vezes são indesejados.
O nosso país parece espoliado entre os pré-candidatos a presidente. É o que tenho pensado ao acompanhar suas entrevistas. A maioria (por que não dizer todos?) candidatou-se visivelmente com um plano pessoal de poder. O discurso de “grande pacto nacional”, de “integrar os interesses para tirar o país deste lamaçal” e similares escondem nada mais do que o próprio desejo de levar a faixa verde e amarela. Não vejo-os condoídos com a população que morre todos os dias à espera de atendimento médico, com crianças (crianças!) vítimas de violência, assassinato, abandono, aliciadas pelo tráfico. Mas, é claro, eles dizem que resolverão todos os problemas – ou que temos que nos defender de brasileiros, como nós, que são criminosos.
Curioso pensar que temos um número tão grande de desonestos e criminosos no nosso país. Há de haver alguma explicação para isso. Será que somos um povo tão ruim? Nossas cadeias estão cheias e o Ministro da Segurança só sabe falar que tem dinheiro para construir mais. Nossas crianças estão sem pais, estes presos ou mortos pelo crime. Qual o efeito, na cabeça de uma criança, de passar por estas experiências? Eu me pergunto isso. Não são estatísticas. São pessoas. São famílias. São crianças – as crianças deste país. Dezenas de milhares de pessoas assassinadas, por ano, não pode ser normal. Ninguém pode ficar impassível diante desta realidade.
Mas, esta é a nossa realidade. E ela bate à nossa porta, em algum momento. Todos os dias, na porta de muitos. Ela vem para nos fazer entender que somos egoístas, que estes candidatos que estão aí não demonstram real interesse em resolver nada, não enfrentam nossos piores fantasmas – e jamais enfrentarão. Nós não somos este povo assassino, este povo criminoso e desonesto – não podemos ser. Quando foi que nos transformamos nisso? O que fizeram conosco que nos levou a caminhos tão destrutivos? Começo a acreditar que somos resultado de séculos de degradação, vítimas da espoliação de pessoas que nada fazem pelo bem comum. E querem, hoje, que travemos uma guerra entre nós, brasileiros. Nos ensinaram a odiarmos a nós mesmos. Eles não nos querem bem. Nossa destruição e nossa miséria servem apenas de propaganda para que eles se elejam. Querem, inclusive, que tenhamos uma arma às mãos para que nos matemos de vez. Quem somos, afinal?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Complicado.
ResponderExcluirO que chama atenção sobre esse pleito é a desonestidade vinda de pessoas que deveriam fazer análises políticas da forma mais imparcial possível e disponibilizá-las à população. É desalentador alguém nessas condições criticar o candidato X chamando-o de “antidemocrático” por não concordar com as ideias dele e, ao mesmo tempo, apoiar o candidato Y que tem como pautas de governança justamente ações vão de encontro com a democracia em qualquer país democrático. Ou liberar políticos presos, “colocar o judiciário na caixinha”, desapropriação de bens, invadir propriedades alheias, impedir a ida e vinda de pessoas, inflamar a violência, dividir a população ou comprar votos estão na pauta de governos democráticos?
A democracia se faz, justamente, da abstração de ideias divergentes – se não concorda com elas, não vota, simples assim. Que democracia é essa que só os candidatos de uma parcela pequena da população, autointitulada “virtuosa”, podem concorrer ao pleito?
Fahya se Joinville está esta zona que está...imagina o Brasil, esse Brasilzão gigante nas mãos desses vagabundos que serão eleitos pelo voto de uma maioria ignara.
ResponderExcluir