quinta-feira, 12 de abril de 2018

Se chove, nos danamos


POR FAHYA KURY CASSINS
Semana passada, sob este calor excessivo estranho a um Outono, vimos dias de tempestades. Final do ano passado algumas famílias joinvilenses passaram o Natal com os pés na água da enchente. No Verão choveu bastante e alguns alagamentos, aqueles de sempre, marcaram presença. Em pleno abril houve uma tempestade forte, mas que nem por isso deveria ter causado o que testemunhamos.

Porque quando começa, final da tarde, já noite, uma tempestade dessas, o joinvilense sabe o que vai acontecer. E o que mais queremos é ir logo pra casa, pra não ficarmos presos entre ruas alagadas e caminhos intransitáveis. Quem teve sorte, conseguiu chegar ao seu destino em segurança. Mas muitos ficaram reféns esperando por horas a água baixar. Isso que nem tivemos problema com a maré, foi uma breve chuva forte, que não durou uma hora.

Sabe que cansa falar sempre dos mesmos problemas. Mas não existe conformismo capaz de justificar o fato de Joinville ainda (e sempre) sofrer com inundações e alagamentos e absolutamente nada ser feito – além de ouvirmos um “acontece”. A rua da minha casa fica intransitável porque uma transversal enche. Por quê? Porque nela não há bueiro até a outra quadra, assim a água de lá, quando enche vem toda para a nossa rua. No ano de uma das piores enchentes que já sofremos eu solicitei (porque a empresa que tem nesta rua que enche subiu seu pátio e não se incomoda com mais nada) que abrissem um bueiro lá. Estou aguardando até hoje (a solicitação foi feita na Era Carlito).

E as obras do Rio Mathias? Estão lá, claro, pois todos podem ver que a praça (que era a mais bonita da cidade) está abandonada, a buraqueira ao lado do monumento da Barca, as ruas do entorno afundando. As propagandas ninguém mais viu. O prazo para conclusão foi esquecido. E então? O que eu acho mais curioso é que depois desse tempo todo, não vimos nenhuma evidência, nada nadinha, de que a obra esteja surtindo efeito. Porque, pensando bem, se ela está há tanto tempo sendo feito, é de se imaginar que alguma coisa já tenha avançado, já esteja pronta. Uma obra dessas não fica pronta na sua totalidade só de um dia para o outro. E então? Por que não vemos nenhum efeito dela nas chuvas? E por que ela nunca termina? Será mesmo que dará certo?

Joinville não tem nem uma régua para acompanhar o nível do rio. Não tem alertas sonoros, nada. Ah, a gente sabe que enche, é só ver se chover. O joinvilense é o melhor meteorologista, técnico da defesa civil, vidente com quem a cidade pode contar. Porque é isso mesmo, só podemos contar conosco. Qualquer chuvinha nos deixará diante de uma situação caótica e aí xingaremos os prefeitos, as malditas obras que não servem pra nada, a impermeabilização do solo da qual somos culpados, os bueiros entupidos, os rios sem manutenção. Com sorte estaremos vivos para a próxima tempestade.

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