quinta-feira, 26 de abril de 2018

Corrida de caiaque pelo rio Cachoeira: por que não?


POR FAHYA KURY CASSINS
Não é de hoje que Joinville ficou para trás. Após sucessivos governos pífios, como o atual, que não transformaram a cidade em um bom lugar para se viver nem num lugar desenvolvido e ancorada numa elite e poder econômico dominante que sufocam a cidade, a estagnação é completa.

Me surpreende tanto ouvir falar de eventos sobre empreendedorismo, de idéias e gestão pela cidade, todo ano. Pois as pessoas que vão a estes eventos não aprendem nada, não colocam nenhuma daquelas idéias em prática. E a cidade míngua e dá vexame diante de qualquer outra cidade de médio porte do país.

Gosto do exemplo de Itajaí. Perdemos feio para a nossa vizinha da porta do Vale. A cidade era feia, abandonada, sofria as características das cidades portuárias, amargava viver sob o brilho da sua vizinha mais famosa, a Capital catarinense do turismo. E soube se reinventar. Soube dar aos seus cidadãos uma cidade gostosa, atraente, com uma variedade de perfis e opções para todas as áreas e idades. É uma cidade que você vê o cidadão aproveitá-la. Soube se reinventar economicamente e na sua infraestrutura, procurando satisfazer as pessoas e os investidores.

Um baita exemplo é a Volvo Ocean Race, evento internacional que tem em Itajaí uma das suas paradas. As outras são Hong Kong, Auckland, Cape Town, Alicante, Lisboa, etc. na maratona náutica de mais de 40 anos de existência. Cobiçada por Salvador e Rio de Janeiro, a parada em Santa Catarina mostrou-se um sucesso. Muitos catarinenses de várias regiões, inclusive joinvilenses, foram prestigiar a Vila da Regata. Um lugar organizado, com atrações que não ofuscavam a garra das equipes, podendo acompanhar o trabalho de restauração, as atividades dentro do veleiro, as curiosidades da competição.

Um evento desses é um sonho para qualquer cidade, e Itajaí faz por merecer. Era de encher os olhos as milhares de pessoas vendo a largada, o desfile das equipes, andando a pé até o molhe e as praias para acompanhar os veleiros, torcendo, comentando, fotografando – programão de domingo. O evento primou pela segurança e pela organização, num pano de fundo que uniu a natureza belíssima e a infraestrutura que a enaltece.

Não ocorreu com Itajaí o que vimos com o Brasil ao sediar a Copa do Mundo de futebol, por exemplo. Itajaí primeiro investiu em si mesma, nas suas qualidades, no seu potencial, para aí, então, atrair interesse de qualidade na cidade. O Brasil fez justamente o contrário, produziu peça publicitária enganosa, levou na conversa os interessados, garantiu o evento e, a partir disso, resolveu que teria que virar-se para dar conta do recado de ser digno de um evento de tal porte. Assim é, aliás, como se faz pelo país afora. Mas não é assim que se conquistam a confiança e o sucesso.

Quando falamos em Joinville, percebemos que nem uma competição de caiaque no rio Cachoeira nós temos. Nem um torneio de pesca na Vigorelli. Nenhum evento na Arte ou na Cultura de âmbito nacional ou internacional, para além do Festival de Dança. Nenhuma, zero mesmo, representatividade no círculo acadêmico. Nada. A cidade não se projeta, não oferece qualidades, atrativos nem infraestrutura para tal. E é isso que movimenta a economia, que faz o cidadão feliz, que volta os olhos para si mesmo, que dá orgulho. Por tanto tempo tivemos que nos preocupar com os buracos nas ruas, com praças sendo cimentadas, com as enchentes de sempre que esquecemos de levantar a cabeça – e ver acima e adiante. Perdemos o bonde. Aliás, por falar em bonde, por aqui nunca nem falamos de trem de superfície, por exemplo.

O tempo passou e Joinville ficou para trás vítima dos interesses nefastos de alguns poucos e de administradores covardes e ineficientes. Não temos uma cidade projetada nacionalmente, nem no âmbito estadual, quiçá internacionalmente. Somos uma vila onde espera-se muito por nada. Dá orgulho falar das nossas vizinhas, dá orgulho visitá-las, e como eu ouvi de uma joinvilense que esteve na Vila da Regata: dá vontade de ficar por lá.

4 comentários:

  1. Muito bom. Joinville perdeu mesmo o bonde e ficou para trás em relação a lazer e cultura. A cidade já não exerce mais a atração de antes. Em Joinville a única coisa que interessa são os números do PIB que não se traduzem em melhora para a população da cidade.

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    1. Perfeito. Infelizmente parece que o joinvilense se contenta só com isso. Ter o maior PIB insufla o ego, e nada mais. Mas isso tem sido usado pelos nossos políticos ineptos ha mais de 40 anos. Enquanto o ego está inflado, não existe risco de pedirem o que realmente interessa. E todo mundo fica (falsamente) feliz.

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  2. Concordo. Itajaí que era considerada o “patinho feio” do vale, deu uma quinada e se transformou, talvez, em conjunto com Balneário Camboriú, na zona mais dinâmica do Estado catarinense. Isso tudo graças a visão empreendedora das gestões administrativas. Lembro da primeira participação da cidade no calendário da famosa corrida de barcos e o quanto as vozes empreendedoras foram CRITICADAS POR POLÍTICOS DE ESQUERDA, enquanto os últimos batiam palmas para os atuais elefantes brancos que estavam sendo construídos com dinheiro público para festividades da copa e olimpíada.
    A diferença entre o legado da Volvo para Itajaí e todos os outros que não existiram, da copa e olimpíada, é que o primeiro pensou na coletividade, na importância para a cidade de um evento deste porte, sem contar, é claro, da capacidade comprovada da cidade em receber tal estrutura, ao contrário das fraudes ocorridas na copa e olimpíada que envergonham até hoje os brasileiros que tiveram de pagar a conta as grandes “empreiteiras amigas do rei”.
    Embora a cidade de Joinville passe por essa situação desagradável, é sabido que outros municípios estão passando por algo semelhante. Joinville é uma cidade essencialmente empreendedora e os três últimos anos de recessão pelos qual o Brasil passou agravou sobremaneira os recursos destinados às administrações municipais. Entretanto, se há um aspecto positivo a ser elencado no atual administrador da cidade é a sua “impopularidade” que faz com que a administração adote medidas necessárias de contenção de gastos que, por hora, são mal vistas, mas que a curto e médio prazo surgirão efeitos positivos para a sanidade orçamentária e a responsabilidade fiscal do município.

    Eduardo, Jlle

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  3. Villa Dona Franziska,,, a maior Villa do Mundo uma veiz...

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