quinta-feira, 8 de março de 2018

Crianças estão sem ar condicionado nas escolas: até onde vai a falta de vergonha?


POR FAHYA KURY CASSINS
As chuvas de Verão são condição sine qua non, tanto do Verão quanto da cidade. Não bastasse isso, as ruas alagam em poucos minutos – e nem estou falando de enchente. Quando o temporal começa no final da tarde, então, adeus sossego. Ruas lotadas, intransitáveis, visibilidade prejudicada. Porque, não fosse só a natureza no que lhe cabe, as ruas não possuem sinalização – ou, quando possuem, sabemos, está precária – e nem os postes de luz acendem mais.

Num temporal desses me chamou a atenção a quantidade (absurda) de lâmpadas apagadas em várias ruas dos bairros e da região central. Na minha rua eu já havia reparado, pois se somarmos os postes apagados todos juntos dá uma quadra inteira. O que prejudica a visibilidade e também piora muito a mínima condição de segurança do bairro – que não é lá essas coisas.

O que faz uma administração que não troca periodicamente as lâmpadas das ruas? Mas eis um ponto para entender porque a cidade está tão ruim: manutenção. É tão raro vermos qualquer movimento nesta direção que nos acostumamos às ruas escuras, aos pontos de ônibus quebrados, à sujeira nas calçadas. Final do ano passado a prefeitura deu-se ao trabalho de colocar umas placas ao redor de duas escolas próximas de onde moro, além de pintar as faixas e “criar” novas ciclofaixas. Foi a única coisa que vi em anos. Porém, as faixas já estão sumindo.

O mato toma conta de muitas ruas da cidade, o que no Verão torna-se mais evidente. Quando foi a última vez que você viu limparem a sua rua? Quando foi a última vez que a prefeitura fez a limpeza dos bueiros do seu bairro? Quando foram limpos os rios e córregos da região onde você mora? No seu trajeto para casa, as ruas são devidamente sinalizadas vertical e horizontalmente? Ou você apenas circula por elas “porque conhece”? Os terminais de ônibus que você usa, estão com a manutenção em dia?

Nos custa observar. Vamos fechando os olhos cotidianamente. Mas as evidências do abandono são gritantes.

Contudo, há coisa pior. As escolas municipais possuem ar condicionado. Foi usado, inclusive, na propaganda política eleitoral. Mas vocês sabiam que as escolas foram avisadas de que não será mais feita a manutenção deles? Neste calor que tem feito, imaginem crianças e professores e funcionários o dia inteiro dentro de salas abafadas, suando. Um incentivo e tanto para o aprendizado!

As escolas estão se organizando em fazer rifas, por exemplo, para conseguir dinheiro para a manutenção dos ares condicionados que estragam. Tentam arrumar dinheiro, das famílias, do pessoal do bairro, para a manutenção do equipamento que é patrimônio do município. Se a administração não previu manter os bens que possui, não deveria ter investido tanto dinheiro na aquisição.

Nessas horas a gente sente falta dos meios de comunicação. Porque o cidadão está refém dos desmandos da sem-vergonhice que tem sido as últimas administrações da cidade. Nada se fala. Nos mantêm calados. Enquanto isso, crianças e professores são submetidos ao calor intenso dos últimos meses e a comunidade se vira para tentar resolver os problemas básicos, nos quais não têm auxílio nenhum. A cidade tornou-se inviável.

Para quem pensa “ah, antes não tinha ar condicionado!” é porque não conhece o calor de Joinville, ou não entende que os prédios eram projetados pensando nisso, ou que, pelo menos, havia ventilador. Eu sugiro entrar numa sala de aula com mais de trinta alunos e trabalhar durante horas. Só assim para saber.

Nem de aparências mais a cidade vive, estão apagando as luzes dos postes para esconder nossa vergonha.

2 comentários:

  1. E pensar que uma liminar contra a Prefeitura para que ela realizasse as obras de desassoreamento do Rio Jaguarão (Anita Garibaldi) foi indeferida pois, segundo a decisão judicial é discricionariedade da Prefeitura realizar a limpeza dos rios, ou seja, LIMPA SE QUISER! Enquanto isso, os acessos ao Hospital São José e à Maternidade Darcy Vargas ficam prejudicados pelos alagamentos, além da mobilidade urbana. Mas lembremos: NÃO FALTA DINHEIRO, FALTA GESTÓN!

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  2. É. Assim... é óbvio que o ideal seria uma prefeitura garantir manutenção nos ares-condicionados instalados nas escolas, maaaaaasss, visto que as prefeituras do Brasil estão falidas, visto que as instituições escolares têm o dever de manter o uso normalizado dos aparelhos e impedir a depredação dos mesmos pelos próprios alunos (porque tem isso também), visto que a manutenção do ar-condicionado não é barata, visto que os pais também têm responsabilidades na instituição de ensino público (a escola não é um galpão onde os pais deixam os filhos) e, visto que muitas repartições públicas da PMJ sequer têm esse artefato, acho justo distribuir as demandas para todos que usufruem dos espaços públicos, incluindo as escolas.

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