quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Joinville: muito lentamente nada acontece


POR FAHYA KURY CASSINS
As notícias mais recentes de Joinville não são animadoras. Antes de apagar as luzes do seu mandato, Colombo encaminhou para a ALESC o projeto da criação da região metropolitana de Joinville. E hoje li que entrou na discussão a prefeitura livrar-se do Centreventos e do Edmundo Doubrawa, assim como da rodoviária. A declaração do prefeito é que está “começando lentamente a pensar nesta possibilidade”, como já lhe é de costume. Tudo é muito lentamente.

A criação da região metropolitana é assunto velho – não que seja muito discutido há anos, mas é mais uma coisa que Joinville perdeu o bonde. Apesar de ser líder regional nunca assumiu-se como tal, nunca peitou criar condições de acesso, mobilidade, saneamento e trocas efetivas com as cidades do entorno – é culpada da região não aproveitar todo o seu potencial. Isolou-se e perdeu feio para cidades como São Francisco e Araquari. Nega-se, inclusive, a ser centro de referência e assistência em áreas pertinentes como saúde e educação para a região – o São José só é ruim porque vem gente de outras cidades, a UFSC ficou abandonada no meio do arrozal, e por aí vai.

Eu não sei bem ao certo para que servem as associações da cidade (para o povo eu sei que não é). Porque as propostas que apresentam, os interesses que defendem, escapam a qualquer boa noção. Lembram do orgulho do falecido com a construção do Centreventos? Pois é, foi quando nós achamos que a cidade finalmente iria deslanchar, teríamos um espaço para shows (nacionais, quiçá internacionais), eventos de grande porte e esportivos, feiras, atrações culturais, etc.. Depois de pouco tempo não deu mais certo. Só o Festival de Dança ainda (felizmente) usufrui do espaço com regularidade – e até para ele tornou-se problemático. Eventos esportivos barrados pela vistoria. E o elefantão colorido fica ali aos nossos olhos (pertinho da avenida que também está aí só para ser vista).

A proposta de passar o Centreventos para a iniciativa privada atrai porque o valor de manutenção é muito alto. Mas comentaram que é preciso (como se ninguém soubesse) resolver o problema da rodoviária e a ideia do prefeito é jogá-la para a BR, a partir da permuta com algum imóvel da prefeitura. Foi então que citaram que a prefeitura possui mais de dois mil imóveis na cidade. O número me pareceu alarmante. E se a prefeitura possui tantos imóveis assim, por que (alguém me explica) alguns órgãos “burocráticos” funcionam em prédios históricos, ícones da cidade? Por que existe o mau uso de espaços que deveriam ter ações compatíveis com a sua representatividade cultural e histórica? Enquanto isso, a prefeitura diz que tem mais de dois mil imóveis à disposição…

Aliás, é feio, muito feio (porque denuncia incapacidade) o prefeito dizer que vender imóvel, trâmites em relação ao prédio da atual rodoviária e tal “é muito difícil” por conta das regras e leis a serem seguidas. Parece comentário de preguiçoso. “Ah, dá trabalho fazer assim”. Não foi eleito para trabalhar? Não sabia como era a administração pública? (sabemos que não) E aí, muito lentamente, a cidade fica paradinha (tal qual está, há semanas, um dos relógios da rodoviária, por falar nisso).

A ação eleitoreira do Colombo, prestes a se lançar senador e dando recado ao nosso prefeito que parece almejar o governo do Estado, não seguirá pelo próprio desinteresse e falta de atitude nossa. É eleitoreira? É. E o que dizer do nosso prefeito que nem para nos dar esperança de que, desta vez, ele fará alguma coisa pela cidade? Ah, sim, vamos nos desfazer dos poucos imóveis significativos que temos como patrimônio. Talvez isso seja de suma importância para os cidadãos.

Ps.: mas se ele começou lentamente a pensar nisso… imaginem para quando será.

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