quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
AME QUEM - mas sem julgar ou precisar de publicidade
POR FAHYA KURY CASSINS
“Não julgueis, para que não sejais julgados”, deve estar em algum lugar da Bíblia. Achei oportuno começar com esta citação. Muitas religiões inspiram e incitam a doação, ajudar o próximo e o necessitado. Porém, como fazemos isso é que determina outras coisas, inclusive tem relação com nossas ações, a ética e a moral.
Quando começou a campanha – e este ponto é fundamental – sobre o menino que tinha uma doença rara e necessitava de tratamento importado eu nem dei bola. Não gosto, pessoalmente, dessas campanhas. Publicidade sobre a desgraça alheia não me atrai, me repele. Usar a imagem de um bebê para fazer camiseta, adesivo, banner e espalhar isso em redes sociais, grupos de Whatsapp (até eu recebi essa) não corresponde a questões éticas pessoais. E sempre penso que “se fosse comigo” eu jamais colocaria esta exposição sobre um problema, um ente querido, uma situação grave.
Mas, as pessoas gostam de aparecer. As pessoas gostam de aparecer que estão “ajudando”, sendo “empáticas”, sendo “caridosas”. Por isso mesmo que fazem tantas campanhas deste tipo, porque os outros ajudam pensando em aparecer. Por qual motivo você colocaria o adesivo da campanha no seu carro? Para esfregar na cara de todos (que tomaram conhecimento da situação do menino) que você é este nobre cristão que deu um dinheiro em troca da consciência tranquila e seu lugar no céu. Porque dinheiro compra tudo, até essas coisas.
É muito fácil participar de campanha com um grau de publicidade como a deste menino (visto que uma grande rede de TV apoiou). Você divulga, já exibe na sua timeline que fez sua parte, só dá um valor qualquer. Você não passa horas no hospital com ele. Você não troca fraldas. Você não está na pele de quem cuida. É como todo tipo de “caridade”, doar um dinheiro aqui ou ali, o único gesto é colocar a mão no bolso (quinze reais hoje não é nada, você gasta muito mais que isso numa noitada) ou passar o cartão. É como “fazer a limpeza” no guarda-roupa e jogar um monte de roupa velha, que nem sabe porque comprou, e “doar” para quem precisa.
Essas ações não doam um pedaço de você. É só a prática de garantir a visibilidade de sua nobre vida cristã e caridosa. Você quer aparecer. Mas aí houve uma revolta incontrolável do povo que sentiu-se ludibriado quando os pais da criança, foram acusados de coisas que, talvez, nem mereçam. Compraram um carro – um menino nesta situação precisa de transporte ou vai depender do “transporte eficiente” municipal? Pelo que entendo da lei, pela doença eles podem comprar um carro com isenção de impostos – e para isto deve ser pago à vista. E o que revoltou as pessoas? O valor do carro. E que foi pago à vista – enquanto todos estão aí com seus eternos financiamentos.
As pessoas desceram tão baixo que acusaram a mãe de aparecer maquiada nos vídeos. Gente, esse povo que se maquia pra caramba pra trabalhar todo dia, atendendo em qualquer loja, sentada atrás de uma mesa carimbando papel. Queriam o quê? Que ela aparecesse esgotada, com olheiras, cabelo desgrenhado? Sim. Porque querem vê-la sofrer. Porque querem vê-los miseráveis, que sofrem a desgraça de ter um filho assim – e precisam do meu dinheiro para tratá-lo. Eu estou pagando o tratamento do seu filho, a senhora tenha a dignidade de não aparecer com “roupas de marca” e batom, faz o favor!
Senti aversão. Independente de eles não terem prestado contas – ou qualquer erro jurídico cometido – senti aversão pelas acusações vituperadas. “Cadeia!” gritavam uns, porque eles andam “arrumadinhos”. Houve até quem sugeriu que eles não deviam fazer o tratamento – essa não era de religião, mas também duvidava da Ciência (vai entender). Os condenaram moralmente (eis um perigo!) porque eles foram viajar por quatro míseros dias. Mas o problema é que essas pessoas querem os pais minguando ao lado do leito do filho, abatidos, pálidos – e, em verdade, em verdade, vos digo: queriam mesmo era a tal viagem para Fernando de Noronha (e o tal carro “de luxo” pago à vista). A inveja, meus queridos, se não é pecado na sua religião, é pecado capital, aqui neste mundo que não é de deus nenhum.
A todos os (maioria religiosos) que eu vi levantando a voz contra o casal, me ocorreu apenas a citação bíblica inicial. Eles se aproveitaram de um meio para alcançar um objetivo, a lei deve ser observada. Vocês também se aproveitaram de um meio (campanha e doação) para alcançar seus objetivos (lugar no céu? consciência tranquila? auto-publicidade cristã? muitas opções). Se formos julgar todos, faltarão juízes.
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Ah, você exibiria sim. Pode ter certeza!
ResponderExcluirSe sua vida ou a de um ente querido dependesse da exposição para angariar fundos para tratamento médico, você não pensaria duas vezes, querida.
“Empatia” é um dom, ou só se manifesta quando se está na pele do desafortunado.
A senhora está colocando no mesmo saco as milhares de pessoas que doam por doar. De coração mesmo.
ResponderExcluirMuitas pessoas não tem Facebook, Twiter e o escambau. (Me incluo nessa turma por opção, eu vivo pra mim e a família, não para os outros). Você não tem noção da liberdade que isso propicia!!!!
As pessoas doaram para a saúde do menino, não para a compra de uma Sportage zero kilometro que o bebê nunca irá utilizar.
Seu deslocamento senhora é feito apenas por ambulância, dificilmente ele vai usufruir do banco de couro da caminhonete.
Mesmo que ele precise, vamos lá. Existe um subsídio para pessoas com deficiência que isenta o IPVA e alguns impostos, deixando o carro mais barato.
As pessoas que "trabalham" e pagam por estes veículos, geralmente compranm veículos Jeep, Creta, 2008, Tracker, carros de R$80.000,00 e não R$140.000,00. Detalhe: o IPVA de R$2.800,00 da Sportage deve ser pago todo ano.
Pobre que trabalha vai pra Enseada e Barra do Sul no máximo dois dias na casa de parente, não vai pra Noronha 4 dias amiga. Falando nisso, você já foi???
Usar o argumento de que o dinheiro é de "pessoas que doam para aparecer" para justificar o uso indevido, é muito baixo, inclusive para você!!!
Quando sair a condenação dos pais pelo Ministério Público, com a devida comprovação, aguardo um textão seu aqui no blog ok???
É a dança da Sportage!!!!
Os condenaram moralmente (eis um perigo!) porque eles foram viajar por quatro míseros dias. Mas o problema é que essas pessoas querem os pais minguando ao lado do leito do filho, abatidos, pálidos – e, em verdade, em verdade, vos digo: queriam mesmo era a tal viagem para Fernando de Noronha (e o tal carro “de luxo” pago à vista). A inveja, meus queridos, se não é pecado na sua religião, é pecado capital, aqui neste mundo que não é de deus nenhum.
ResponderExcluirMentira também é um pecado capital, e isso que eles fizeram.
Uma viagem para Fernando de Noronha com cerca de 03 dias custa aproximadamente 12 mil reais em dias normais, imagina na virada de ano. Pensou eu os pais se estivessem preocupados com o filho não gastariam tudo isso sabendo que um dia as doações acabariam e ele poderia morrer. Acho que um pai que viaja para um dos destinos mais caros do Brasil não pode dizer em rede nascional que não tem condições de comprar um leite e que precisa de ajuda das doações. A partir do momento em que esses pais fizeram uma tremenda campanha, apareceram na tv implorando por doações eles devem satisfação sim é muita!
Se você não doou e não gosta da campanha então não sei nem porque está dando palpite. Quem doou tem o direito de exigir explicação desses canalhas e ladroes que usam uma criança para ganhar dinheiros nas custas dos outros.
Simples assim!
Se eles não fossem culpados mostrariam relatórios.
Entendo que é sua “opinião”. Mas é uma tremenda falta de consideração e moral falar que é inveja de quem critica.
A família mais famosa de Joinville já apareceu na Veja e no Fantástico!!!!!
ResponderExcluirAcho que eles querem mais publicidade!!!