POR FAHYA KURY CASSINS
Joinville não é uma cidade segura. É desassistida de policiamento. Esse ano presenciei um desfile de viaturas da PM pela Beira-rio, as motos paravam as transversais para que todos passassem ostensivamente. No dia seguinte liguei para o 190 e ouvi “está registrado, será enviada uma viatura, se estiver disponível”. É o que, aliás, sempre ouço. E, ao que parece, nunca há viaturas disponíveis. Muito menos de madrugada.
Por outro lado, passei pela colisão de uma moto na traseira de um carro, amassou o para-choque, e lá estavam dois PMs. Outro dia vi uma batida policial naquele canto atrás do tal prédio verde que foi construído sobre o rio. Quem não sabe que ali volta e meia tem um ou outro desocupado ou bêbado? Enquanto isso, o número de estupros na cidade já é 17% maior do que no mesmo período do ano passado.
Até início de agosto foram 90 mulheres estupradas. É um número absurdo, considerando que o estupro é violação do corpo e da mente da mulher, e que sabemos a dificuldade acerca das denúncias e da relação muitas vezes próxima com o criminoso. Eu mesma já denunciei agressão à mulher, que eu presenciei na rua de casa, e nenhuma viatura, ao que parece, estava disponível. Teve, também, aquele caso de provável estupro à luz do dia, na Santos Dumont. Houve, inclusive, registro fotográfico das testemunhas, e muitos fizeram piada. Uma mulher sendo estuprada e todos nós olhando e não fizemos nada. Também não havia viatura disponível, imagino. Ou a câmera de segurança não estava funcionando. E, claro, evidentemente as investigações não encontraram o suspeito.
É pouco, às vezes, o que está ao nosso alcance. Numa madrugada dessas, o cachorro latia e na frente de casa ouvi um grupo de homens que aguardava a receptação de produtos de arrombamento e planejavam o próximo. Liguei para a polícia, de mãos atadas, ao presenciar isso debaixo do meu nariz. Pediram a descrição deles e enviariam uma viatura, se estivesse disponível. Vi, depois, quando dois chegaram com um carrinho de supermercado com os produtos do roubo. Nada da viatura. Aliás, por aqui isso é comum: os ladrões usam carrinhos de supermercado para levar o que roubam.
Joinville vê os crimes sendo cometidos diante dos seus olhos e nada faz. É assim que a criminalidade tem crescido por aqui. É assim que bairros periféricos têm sido dominados pelo tráfico e crianças e adolescentes estão indo pelo pior caminho. É assim que nós mulheres vivemos vulneráveis. Enquanto nos corroemos de inveja por Jaraguá do Sul, tão pertinho, com índices louváveis de segurança pública e a conquista do desmembramento do Batalhão da PM. Perdemos mais essa.
Não falta viaturas, falta dinheiro.
ResponderExcluir18% dos impostos fica nos municípios, 24% nos estados (responsáveis pela segurança pública) e 58% vai para a União que investe a maior parte na "corte", no C... de empresários-amigos-do-rei e em estatais deficitárias. Ou seja, o investimento público está indo para ralo em setores que o Estado não deveria operar, em detrimento da saúde, segurança e educação. Mas essa crítica é liberal demais, né não?
Na verdade não. Realmente a repartição dos tributos e mesmo o sistema tributário brasileiro necessitam de uma reformulação. E quanto as estatais deficitárias é sempre bom lembrar que Petrobras não pega dinheiro dos cofres públicos, Correios também não, entre outras. Só que metade da arrecadação do governo federal vai para pagar juros da dívida pública, ou seja, vai para a mão de rentistas. Acho o gasto destes 50% em juros muito mais preocupante do que as estatais.
ExcluirOs Correios tiveram um prejuízo de 2,7 bilhões em 2016. Quem vai pagar essa conta? Ou não será paga?
ExcluirNinguém está falando em "cofres" (caixa), estou falando em tributos (fluxo).
Várias empresas grandes tem prejuízos por anos seguidos e depois se recuperam. A Ford é um exemplo disso. Até o momento quem paga essa conta é o próprio Correio, pois o erário não contribui em nada, ao contrário retira recursos da empresa.
ExcluirVoltemos ao assunto, você não está falando em caixa está falando em tributos. Toda a nação civilizada que eu conheço tem altos tributos. França, Alemanha, Noruega, Dinamarca, Suécia, etc. Então nã é uma questão de altos tributos. É uma questão de primeiro, revisão do sistema tributário como um todo, segundo mais transparência nos gastos públicos, terceiro maior participação popular na hora do planejamento do dinheiro público. E por aí vai.
Falta gente competente, tanto cade Câmera de Segurança e vigilância, lê agora pouco sobre escâneres corporais, falta tudo nessa cidade, até vergonha na cara, cade aquele vereador que se elegeu que prometeu mais segurança, onde esta os deputados dessa cidade, que parece uma casa maria joana, absolutamente nada funciona. Parece que seu geston não esta nem ai. Não sabe de nada inocente!!
ResponderExcluirA geston de segurança é do Estado, não do município.
ExcluirNão sabe de nada, inocente!
Caro colega, gestão de segurança é do município também, então precisaria guarda municipal, cabe ao secretário de segurança da cidade dizer que efetivo esta pouco, pedir mais policiais, enfim
Excluirconcordo Fahya, a cidade está um caos e a tendência é piorar :/
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