quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Educação não é mercadoria - nem moeda de troca por voto


POR FAHYA KURY CASSINS

É comum ver em universidades públicas faixas com os dizeres “educação não é mercadoria”. A intenção, na maioria dos casos, é defender a luta pela educação pública. O Paraná, por exemplo, está vendo suas universidades estaduais, que já foram muito bem avaliadas, ficarem sem dinheiro, ameaçando professores e alunos – caso, também, da estadual do Rio de Janeiro. Em Santa Catarina, a UDESC é bem menor, infelizmente nunca ofereceu o suficiente para a população, muito menos no interior, onde ela deveria suprir a demanda que não foi atendida por nenhuma Federal durante longo tempo.

E Educação também não é moeda de troca para voto. Vale lembrar disto agora que estamos a pouco mais de um ano da eleição de outubro de 2018. Recentemente, o governador Raimundo Colombo anunciou concurso para a Educação, 600 vagas para professores e 400 para servidores, a serem contratados até dezembro. Colombo não se reelegerá, mas dizem que há chances de concorrer ao senado e, obviamente, tentará eleger algum sucessor. Desde 2012 não havia concurso para professores do Estado. E desde muito antes há necessidade de mais professores do que o disponível. Os ACTs, admitidos em caráter temporário, também sofreram nas mãos do atual governador, pois ele tornou mais difícil a admissão e diminuiu o número de vagas. Lançar concurso um ano antes da eleição a gente sabe muito bem o que significa.

Por outro lado, o governo do Estado veio inaugurar quatro escolas na região – enquanto fechou e fecha tantas outras. Mais curioso é ler que a evasão escolar é a culpada pelo fechamento das escolas. As reformulações pelas quais devem passar o Ensino Médio também aparecem como responsáveis, pois as escolas deverão estar preparadas para mais horas de aula. E as escolas que estão fechadas? E a Germano Timm, promessa do próprio Colombo como o CEART de Joinville? Por que não há projetos para a cidade?

Vale lembrar que há chances, dizem, de Udo Döhler se candidatar ao governo do Estado – prefeito de Joinville eleito e reeleito, naturalmente o maior colégio eleitoral o elegerá ao governo do Estado, não? Já vimos essa história. Udo levará à campanha os excelentes índices da educação básica da cidade, levará as obras viárias que estão modernizando a cidade, levará sua fama de homem sério que acorda cedo e administra com pulso firme. Luiz Henrique da Silveira, durante os seus mandatos como governador, não inaugurou nenhuma escola estadual em Joinville. Será que sucumbiremos às mesmas esperanças?

Na época da reeleição do Lula, as universidades federais recebiam rios de dinheiro em bolsas e financiamentos. Era uma beleza. Novos campi foram prometidos, concursos a rodo. Pelos corredores se dizia, diante de tudo o que acontecia no país, que votariam em Lula só pelas regalias com as quais viviam as federais – todos ali dependiam delas para viver. E, vale lembrar, na época da eleição da Dilma o argumento era o mesmo, a certeza de que as universidades passariam muito bem. Ninguém queria discutir o uso do dinheiro público, desperdícios, políticas e outras questões. Educação não pode ser moeda de troca – nem de voto.

Um comentário:

  1. A USP está funcionando, com salários em dia, zeladoria... tudo em ordem. Mas quando passamos pelos departamentos de História e Geografia, vemos mesas e carteiras amontuadas sobre as portas das salas. "Greve de Alunos" dizem os vadios desonestos, uma minoria que impede os demais de estudar.

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