quinta-feira, 31 de agosto de 2017
A prefeitura não valoriza a Cultura nem o nosso dinheiro
POR FAHYA KURY CASSINS
Como bem disse o Jordi no seu último texto, Cultura deve ser tratada como merece. A julgar pela incapacidade e inabilidade dos últimos prefeitos da cidade, também concordo que devemos começar por coisas simples. Seria demais esperarmos iniciativas de grande porte, como cinemas e centros culturais – ou, simplesmente, que os dispositivos culturais existentes, Cidadela no topo da lista, recebam atenção e sejam ocupados pelo que lhes é devido. Ao que parece, não é possível esperar nem o mínimo das pífias gestões (?) da, digamos sem orgulho, cidade mais populosa do Estado.
Cultura pra mim é e sempre será prioridade. Em julho eu lembrei aqui com carinho das minhas primeiras noites de Festival de Dança no finado Ivan Rodrigues. Semana passada, a notícia de que ele foi devolvido ao governo do Estado amargou nas nossas bocas. Por mera incompetência. Como amargamos ver a Cidadela, o MAJ, o Fritz Alt, a Casa da Cultura, o prédio da antiga prefeitura (antes rodoviária, lembram?) definharem. Enquanto isso, crianças e adolescentes e eu e você poderíamos estar vivenciando estes espaços adequadamente.
Quero, para não dizerem que nós só criticamos o prefeito, acrescentar uma proposta à do Jordi. É essencial que os alunos tenham transporte público gratuito para levar aos lugares onde há educação e cultura. Por isso, diria para retirarem a linha fantasma do Mirante e destinarem estes ônibus, que passam o dia a ir e voltar praticamente vazios, disponíveis ao transporte escolar em atividades extracurriculares. Ah, mas e o mirante? Bem, vou repetir o que propus na época, pequenos carros elétricos (não poluem) no pé do morro a ir e vir de acordo com a demanda (como há em inúmeros parques, museus e espaços turísticos no Brasil – sim! – e mundo afora).
E por falar em Cultura, queremos gritar a plenos pulmões: e o SIMDEC 2016? Por que não ouvimos os berros das instituições que receberiam os projetos? Para quem não sabe (e é sempre bom procurar saber), SIMDEC é o edital de Cultura municipal e abrange diversas iniciativas culturais, como cursos e oficinas nos bairros e preservação de patrimônio histórico. Não é, como eu sei que alguns pensam, “dinheiro pro bolso de artista vagabundo” (já poupei alguns anônimos dos seus comentários).
O edital de 2016 foi lançado somente em dezembro, as inscrições foram até fevereiro de 2017 e desde então a seleção dos projetos se arrasta - o resultado previsto era para abril de 2017. Foi de uma vergonha sem precedentes o fato de o edital não conseguir selecionar avaliadores para todas as áreas. Imaginem vocês que não havia candidatos, ou que não estavam dentro das qualificações exigidas. Depois de muita enrolação e pouca transparência uma lista foi fechada. Finalmente, a avaliação, segundo o último cronograma, será feita até dia 6, mas o resultado final após recursos e tudo o mais somente pelo final do mês, sendo que o repasse da verba (“considerando a disponibilidade de recursos”) ficará para meados de outubro.
Por que devemos todos nos preocupar com isso? Porque é a nossa cidade, é o nosso dinheiro. É o que devemos investir em cultura, em formação cultural, em preservação do patrimônio, em disseminação do conhecimento. O descaso e total falta de compromisso e responsabilidade com o dinheiro investido nas coisas boas da cidade precisa ser repudiado e cobrado por todos nós. Eu sei que não nos escutam, mas isso não nos fará calar.
* Em tempo: sem esquecer que Design (área em expansão na cidade e novidade no edital de 2016 para suprimir a demanda) e Carnaval não terão projetos selecionados, ou seja, quem se inscreveu perdeu tempo e trabalho. Dizem que os valores serão somados ao deste ano. Quem viver, verá.
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