POR FAHYA KURY CASSINS
Ao contrário do Felipe, no seu último texto, não tenho dúvida que o prefeito não mudou de ideia a respeito da sua política. Ele não fez nenhum movimento na direção de resolver estas três licitações. O que me preocupa, em relação à cidade, é que muitos estão ganhando – e muito - com isso, enquanto a cidade perde em vários aspectos. A política atual é gastar tempo e poucos recursos em mudanças caóticas e mal pensadas, como fazer ciclovias/faixas e corredores de ônibus (ambos essenciais, diga-se de passagem), sem estudos e diálogo com os cidadãos, para constar nos relatórios de verbas e investimentos do governo federal para médias e grandes cidades. Foi o que aconteceu com o desastre de fechar a Beira-rio até o Mercado, foram centenas de metros para as estatísticas.
Na casa que existia aqui teve um famoso serviço de buffet e depois pizzaria - e era linda. |
Enquanto isso, alastra-se pela cidade, pois nem é mais só na região central, a especulação imobiliária atrelada ao interesse de explorar o uso excessivo que fazemos do carro. Perdemos a conta de quantos casarões históricos foram (e continuam sendo) demolidos para dar espaço a terrenos baldios, que em pouco tempo viram “estacionamentos” - ou seja, continuam baldios, sem estrutura, feios, mal-acabados. O que se faz em Joinville é um desrespeito ao patrimônio arquitetônico e cultural. As últimas notícias, como a intervenção do Ministério Público e a assistência da Fundação Catarinense de Cultura no departamento de patrimônio e tombamento da Secretaria de Cultura de Joinville, nos dão a dimensão do problema. Quer-se pôr tudo no chão. Uma cidade grande e desenvolvida tem que dar um fim nessas casas velhas, obviamente. Melhor, quem sabe, é conviver com terrenos que aumentam a insegurança na vizinhança, onde todo tipo de criminalidade ocorre. A cidade parece abandonada.
E está, como sabemos. Ao contrário da boa-fé do Felipe, eu, de natureza desconfiada, me pergunto se essas ciclofaixas (só gastaram aquela tinta que apaga em poucos dias) como, por exemplo, as das ruas Lages e Inácio Bastos, que surgem do nada não são uma forma de tirar mais vagas de estacionamentos das ruas, forçando a procura pelos estacionamentos privados, de baixíssimo custo e de lucro certo (para os que investiram em terrenos “com potencial” e aguardam para encher mais seus bolsos). Em verdade, a mim é a única explicação.
Há tempos que se sabe que o governo anda de conluio com os interesses privados (de poucos). E voltamos ao começo, pois a falta de licitação do transporte público e das vagas de estacionamento contribuem, e muito, com o lucro dos donos desses terrenos/estacionamentos. Enquanto cidades pensam em fechar regiões centrais aos carros, nós exploramos o uso deles, poluindo, gerando transtornos, consumindo nossa saúde. A preocupação com corredores de ônibus e espaços de circulação para bicicletas é fachada. Não nos deixemos enganar.
Ande aí por qualquer cidade, como citei no artigo anterior, da redondeza e veja parquímetros eficientes funcionando a pleno vapor – e estacionamentos inteligentes, com construções que abrigam uma grande quantidade de veículos num único terreno, mas aí requer investimento de verdade. As inúmeras placas de estacionamento nas nossas ruas do centro lembram uma cidade parada no tempo. Dá vergonha ver uma pessoa de fora, ao estacionar, procurando onde “comprar o cartão”. Aqui não temos dessas modernidades, caro forasteiro. Enquanto isso, nossos vereadores dispendem seu precioso tempo votando a regulamentação da cobrança fracionada do tempo nos estacionamentos privados – pois preocupam-se com os nossos direitos, obviamente.
Insisto, não nos deixemos enganar. Quem quer, de fato, faz.
Aqui existia uma casa em UIP (Unidade de Interesse de Preservação). Demoliram para evitar o tombamento e agora serve até pra cortar caminho. |
Quando eu concordo com essa moça deve ser sinal de que o fim se aproxima...
ResponderExcluirhahahahaha Discordamos concordando, então? É um progresso. O fim da cidade não está longe, porém.
ExcluirConcordo com você. São muitas construções históricas sendo demolidas para dar lugar a estacionamentos. Não dá para desacreditar que existe um conluiu entre interesse privado e público. Queria acreditar o contrário. Fico triste quando vou a Joinville. Um caos e abandono total.
ResponderExcluirQuanto a mim, não acho que a eliminação de estacionamentos seja uma política deliberada para favorecer empreendimentos privados. Até porque não há nenhum digno desse nome. Existe apenas o aproveitamento de terrenos baldios utilizados como estacionamento pago, até não surgir ali mais um espigão. Aos poucos eles desaparecerão tambem.
ResponderExcluirPara mim, trata-se apenas de uma linha de pensamento que beira o fanatismo religioso, dos "cérebros" do ex-ippuj, cuja objetivo único é "ferrar" a vida de motoristas, considerados "seres do mal".
Simplista? pode ser. E pode ser até um pensamento paranóico meu, sei lá. Mas, nesses dez anos em que voltei a morar em Joinville, a única coisa que ouvi desse pessoal, é que os carros são culpados de tudo e motoristas são pessoas infames e preconceituosas que não respeitam nada. É apenas radicalismo cego.
Sempre Lúcido Nelson.Mas que o rotativo está "demorando" para ganho de alguns está... porque um aluguel de um terreno no centro está por baixo 10,000.00 reais. São 120,000.00 reais no bolso sem fazer esforço e sem custo nenhum. Quem tem terreno baldio no centro se não os amigos do Onkel??
ResponderExcluirQuantos "estacionamentos" são regulares. O onkel já fiscalizou? Emitem cupom fiscal??? Recolhem impostos??? Tem seguro??? Ou é tudo no papelzinho de embrulhar peixe???
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