quinta-feira, 20 de julho de 2017
Cadê, afinal, a UFSC?
POR FAHYA KURY CASSINS
Na última semana, quem saísse de Joinville pela BR-101, sentido sul, ficaria surpreso ao encontrar uma fila a menos de dez minutos do trevo da Ottokar Döerffel. Ou não muito surpreso, afinal as filas na 101 no trecho de Santa Catarina têm sido frequentes. Acontece que o local da fila é o mesmo do ano passado, onde por meses as filas se prolongaram, pois havia obras. Novamente eram obras, de iluminação e sinalização. O local? Logo após a conhecida (pelo menos nos velhos tempos) Curva do Arroz. A razão? O trevo de entrada da UFSC de Joinville.
Lembram quando, há poucos meses, foi terminada a obra do trevo de acesso à UFSC? Saiu na TV e tudo. Um sucesso (depois de mais de ano). Agora parece que estavam só sinalizando e dando os últimos retoques. Ficou uma belezura, iluminada, bonitona mesmo. Uma baita entrada, um acesso supimpa. Seria um sucesso absoluto, não fosse o ridículo da situação. Cadê, afinal, a UFSC?
O acesso ficou pronto. E o esqueleto abandonado das obras jaz ao longe para nos lembrar a promessa de, finalmente, a “maior” cidade do Estado contar com uma universidade federal. Ah, mas ela já existe, num prédio na cidade, funcionando a pleno vapor. A vapor, entenderam? Tal qual as obras.
A instalação de uma universidade federal em Joinville tornou-se um épico, pois novelas são mais curtas.
O joinvilense nunca teve muita opção de ensino superior – público, então, bem menos - porque nos dizem que servimos para o chão de fábrica. Reina absoluta (e decadente) a UNIVILLE, pululam faculdades duvidosas pela cidade com mensalidades atraentes, uma ou outra faculdade com melhor estrutura surge com boas iniciativas, porém a maioria logo encara a desilusão (frente às mensalidades absurdas). Temos, claro, a UDESC, porém, nela se reduz o contingente intelectual de uma cidade toda a sua vocação metal-mecânica – e a promessa de transformar o Germano Timm no Centro de Artes com curso superior de Dança.
Para termos uma ideia: em Curitibanos o campus da UFSC iniciou as obras em 2009 e inaugurou em 2010; em Araranguá em 2010 o campus comemorava um ano de inauguração e novas instalações. Ambos foram criados na mesma época de Joinville, no plano do governo federal de interiorização da UFSC, como a Universidade da Fronteira Sul, sede em Chapecó, que visou abranger uma área historicamente abandonada pelo ensino público superior. Somente a de Joinville encontra-se abandonada. A quem interessa? A quem podemos culpar por não ter força, interesse e disposição de correr atrás da tão necessária implantação de ensino superior federal na “maior” cidade do Estado?
Vejamos outro ponto: os cursos disponíveis em Joinville são quase que exclusivamente engenharias, a exemplo da UDESC. Tais como Engenharia Aeroespacial, Engenharia Automotiva, Engenharia de Infraestrutura, Engenharia de Transporte e Logística, Engenharia Ferroviária e metroviária, etc.. Reparem que não há nenhuma opção de licenciatura – minha primeira crítica. Segundo o site o campus da cidade “é uma estrutura de ensino, pesquisa e extensão destinada à formação de pessoas de alta competência técnica e gerencial, com foco no desenvolvimento de sistemas técnicos” nas áreas dos cursos. Sobre o campus de Curitibanos encontramos “Gerar e disseminar conhecimento formando profissionais e contribuindo para atendimento de demandas regionais e o desenvolvimento da sociedade.”, é esse o ponto. Só eu fiquei surpresa com o curso de Engenharia Aeroespacial?
Em Araranguá, além das engenharias, foi aberto curso de Fisioterapia e será implantado em 2018 o curso de Medicina. Em Chapecó há Medicina desde 2015, além de licenciaturas em Português, Espanhol, Filosofia, História, Geografia, Matemática, Pedagogia, como também Administração e Enfermagem. São cursos necessários à população que precisa de médicos, professores, profissionais de várias áreas que são exigidos numa cidade – de qualquer porte.
Se você quiser ser professor em Joinville, terá que pagar as duras mensalidades por longos anos. É disso que eu falo. Cursos de licenciatura fecham as portas na cidade. A título de encerramento do texto, para baixarmos a crista da “maior” cidade do Estado que é uma lamúria no quesito ensino superior: Blumenau contará com o primeiro curso de ensino superior de licenciatura em Dança, demanda antiga do Estado que sedia o maior Festival de Dança do mundo, além da única escola do teatro Bolshoi fora da Rússia (bem conhecidos esses slogans, não?). Perdemos mais essa.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Que tal culpar o governo da "Pátria Educadora" que tirou 10 bilhões de investimentos do MEC (cujo ensino superior incrivelmente está atrelado, e não no ministério de tecnologia, como deveria acontecer) e os pelegos da UNE ficaram pianinhos porque recebem $ e até hoje não declaram o que fazem com o "investimento".
ResponderExcluirEm resumo, a culpa pela paralização de vários campi por todo país é de dona Dilma Vana Rousseff e de seu governo de mentiras.
Eduardo, Jlle
Quem são os responsáveis por todos esses fracassos? O que dizer, sem sair do lugar comum? Vou me repetir. Em primeiro lugar nossos representantes que nas duas ultimas décadas se tornaram completamente inexpressivos. Não argumentam, não lutam pela cidade tanto a nivel estadual quanto federal. E olhe que no caso da UFSC, na sua criação tinhamos o politico mais influente do estado como governador. Louve-se a sua interferencia no sentido de garantir a instalação da UFSC em Joinville, já que a estávamos perdendo para a região de Jaraguá/Guaramirim, pois o então prefeito (Tebaldi) jogava contra a cidade motivado por uma briguinha imbecil contra o pt da então Ideli (aliás...onde anda essa Senhora?) Mas ficou por aí. O único fato novo referente àquele trabalho do grupo joinvilense ficou por conta do MPF questionando a compra do terreno la na curva do arroz. Duvidas ainda persistem.
ResponderExcluirE em segundo lugar temos o já conhecido complexo de superioridade que ainda domina o povo de Dona Francisca. Somos "a maior" do Estado. Algumas coisas aqui são também "as maiores do mundo" (vide a fileira de Ficus da Beira-Rio ou o Festival de Dança). Esse ufanismo foi inoculado em nosso DNA pelos mesmos politicos mencionados acima. Com isso preenchem o nosso ego e temos a sensação de que não precisamos lutar por mais nada. Somos os maiores e isso nos basta. Os politicos não precisam trabalhar e de quebra ainda ganham seu unico argumento: Joinville sempre "injustiçada" pelo governo estadual (pior, transferem a culpa para Florianópolis, outro "nó cego" da psiquê coletiva aqui dos manguezais). Afinal, como pode? A "maior do estado" sempre ficar de fora? É injusto. E dá-lhe choradeira.
E os néscios acreditando...
Exatamente, Nelson. Agradeço pela colaboração sempre pertinente. Por isso insisti na "maior", isso, então, acaba com os nossos problemas? Ser a "maior" faz tudo cair no colo? Não mesmo. Quando publiquei o texto, encontrei um sobre o Festival de Dança, no qual dizia-se que se não corrêssemos atrás o curso de Dança iria, de certeza, para "a Capital" - em seguida um comentário também afirmou isso. Esse complexo eu jamais entenderei. É a desculpa fácil, "perdemos tudo porque vai pra capital". O curso não foi para lá (o CEART não tem espaço hábil, mesmo sendo novo) e Blumenau correu atrás - e Pinhalzinho já tem o segundo.
ExcluirSe depender da representatividade a nível estadual Joinville seguirá errando e para trás, resmungando suas misérias, presa infalível nas mãos dos grandes interessados em que as coisas continuem assim.
Se Jaraguá tivesse levado, certeza que a região teria uma baita universidade federal funcionando, e muitos joinvilenses estudando lá. Mas além de não termos feito nada pela instalação dela, ainda prejudicamos as outras cidades.
Itajaí, mesmo que por pouco tempo, já superou a "maior" - nos quesitos que se levam em conta - e não demorará para que fiquemos para trás definitivamente. Uma cidade não é só a sua economia, de resto Joinville já tem perdido em muitas áreas.
Somos a maior cidade sim, mas nossos representantes sã uns incompetentes. Os políticos só vêm aqui para roubar votos, no maior colégio eleitoral
ResponderExcluirSomos a mais populosa, Francisco. De resto, parece-me que para ser "maior" precisa de muita coisa que nos falta. Mas e os prefeitos? Roubam votos para candidatarem-se ao governo do Estado? Então precisamos abrir o olho...
ExcluirEu concordo com todos os argumentos seja eleitor, e a autora da matéria, bem tem mais uma fato que anda no esquecimento, do eleitores, vocês já ouviram falar contorno ferroviário, pois aquele que perdeu eleição fez até seminário ferroviário sem entender nada, parecia que queria mesmo aparecer, em termo populares faltou (melancia no pescoço), pois bem um outro problema que tal nobre deputado quer ou deseja contorno do contorno, ou melhor desvio linha férreas, que vai passar do lado campus (não sou de nenhum partido e não quero defender ou ofender esquerda ou direita, ou centro, enfim, então concluímos que vai demorar muito pra isto acontecer e afinal inaugurar UFSC da maior cidade do estado em problemas, pode ter absoluta certeza, governo federal esta sem dinheiro, quanto aos cursos Engenharia Aeroespacial, não temos se quer uma base aeronáutica, barreira do inferno - RGNorte fica longe, Embrar também, Engenharia Automotiva, vejo que maioria das pessoas empregadas são importadas de outros estados, seja Engenharia de Infraestrutura, Engenharia de Transporte e Logística, basta da rápida olhada transportadora, a maioria esta recuperação judicial, salvo uma outra, Engenharia Ferroviária a principal empresa esta na vila oficina, que rumo assumiu antiga All, eles mesmo tem curso lá existe outras universidades mais conceituas, dificilmente esse pessoal vai formar vai ficar por aqui, e se querem ser verdadeiros especialista vão ter que buscar outras oportunidades fora Sc. Pra resumir Joinvilense tem de parar de aceitar migalhas, tá hora de começar limpeza, uma faxina desses que fica décadas embrulhando população lendo texto, o que outras cidades são melhores, somente aqui fica casos emblemáticos, sem solução curto prazo!! Cada dia mais cidade perde e fica parada no tempo, oportunidade não criadas!! Até meus amigos (a), sucesso à todos(a)
ResponderExcluirSó pra dar uma ideia. Palhoça tem uma faculdade municipal. Isso mesmo. Palhoça de 100 mil habitantes tem uma faculdade municipal. Qual a desculpa de Joinville para não ter a sua????
ResponderExcluirBem lembrado. São José também tem. Basta querer?
Excluirpalhoça já teve até governador ....nascido por lá
ExcluirNelson sempre correto.. A maior, a maior, a maior, é MAIS POPULOSA.. só isso.
ResponderExcluirSó isso... e a que não cuida dessa população, o resultado nós já temos visto e não são nada bons.
ExcluirEmbora com vários fatores não posso ficar dedicando a escrever bem, deixo isto para os intelectos do artigo, mais um fato me chamou atenção tem gente situação parece que deseja fornecer ou deixar ainda mais atônica, pois bem comentei engenharia especial, existe Ita faz curso muito bem, diria até formação nível mundial, fica pergunta dessa liberação de de R$ 11 milhões para desenvolvimento de pesquisas e projetos nas áreas eletrônica e inovação tecnológica e a Embraer S/A, a quarta maior indústria aeronáutica do mundo, estuda instalar uma unidade de pesquisa em Florianópolis, pelo nível das pesquisas da Certi, não preciso colocar quem fez artigo, mais os que vão fazer os que formam aqui vão competir com às pessoas de lá, e aquela universidade para Vida, do bom retiro, o que vai ser criado, ou já estão deixando de lado, pois melhores professores estão indo para outras instituições onde paga mais e tem carreira, novamente convicção que Joinville nem migalhas esta ficando. Viva Joinville!!!
ResponderExcluir