quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Os ratos de janeiro




POR FAHYA KURY CASSINS
Chega janeiro e os gatos vão à praia, tiram férias coletivas, viajam para ver a família… enquanto os ratos são empossados, fazem sessões extraordinárias, aumentam taxas, aumentam passagem de ônibus e nadam alegremente pelos terminais e casas alagadas. Janeiro é sempre típico em Joinville. Já repararam?

Como em muitas cidades, uma boa parte do comércio dá folga para os funcionários entre final e começo de ano, as indústrias entram em férias coletivas, há as férias escolares e dos servidores públicos e a cidade fica bem vazia. Em janeiro você não precisa desviar a João Colin porque quase não há carros circulando. Mas talvez você precise desviar porque choveu – e choveu coisa de meia hora, mas a maré, sabe como é… Lá está o centro debaixo d’água, o terminal intransitável, os bairros mais afastados contando desabrigados e o povo (ainda bem que de férias) erguendo móveis e tirando crianças da água contaminada.

Você passa pela cidade assim tranquila e pensa “puxa, que época boa para pintar as faixas de pedestre, abrir a rua para colocar tubulação, terminar a obra do rio Mathias, limpar o mato que está aí crescendo vigoroso no calor do verão sem atrapalhar demais e pra quando o pessoal voltar de férias e das viagens encontrar uma cidade bonita, acolhedora, onde dá orgulho viver”. Mas, não. Mal e mal (por vezes muito mal) as equipes de limpeza e da Defesa Civil passarão na região central para limpar o barro e retirar árvores caídas na última tempestade.

Enquanto a chuva pobre coitada sempre tão culpada vem como sempre veio, também o ônibus foi para R$4 a passagem – devemos ficar felizes que não aumentaram a embarcada? E a COSIP, na nossa cara, os vereadores votaram correndo um aumento mal explicado e absurdo (tão bem esmiuçado pelos colegas colunistas). Os vereadores foram nas regiões alagadas? Estão fiscalizando as obras de manutenção e dragagem de rios e córregos? Ou não querem se molhar?

Entre erros e acertos, ainda nenhum prefeito tomou para si a responsabilidade de enfrentar a situação das cheias em Joinville – que padece com qualquer chuva de Verão. Eu me pergunto onde estão as organizações comerciais e empresariais nessa hora – sim, porque o comércio é fechado em si mesmo, controla tudo, a indústria controla a cidade, e não são eles também que perdem com os transtornos dos funcionários para chegar e sair do trabalho, com lojas e ruas alagadas todo ano?

Enquanto a cidade dorme, meus queridos, os ratos fazem a festa. E é o povo que acorda de madrugada e sente a água a tocar-lhe os pés ao levantar da cama.

5 comentários:

  1. Pessoal, seguinte: vocês podem até mostrar suas indignações sobre os estragos causados pelo nível das águas nas ruas de Jlle, mas parem por aí! Não opinem sobre o que vocês não sabem! As obras do Mathias é para desafogar águas da chuva, não tem nada a ver com maré.
    Segredo: não há alternativas economicamente viáveis para contenção das marés em Jlle. É mais barato conviver com o problema ou abandonar o centro do que investir em estruturas que poderiam estancar as águas da maré. "Poderiam" porque ou se estanca as águas da maré ou escoa as águas da chuva, as duas coisas - impossível. Aqui não é Holanda, e se fosse, Joinville viraria um grande canteiro de tulipas.

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    1. Acho que o Anonimo está equivocado. As obras do rio Mathias incluem contrução de muros,comportas e bombas que impedirão que a maré alta cause transtornos. O sistema atuará também quando combinar chuva e maré. E por que não almejar os diques da Holanda aqui? Será que Joinville está condenada à quinta categoria?

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  2. Bilhante escrita, dedução dos fatos ocorridos, os rato rei caiu do trono, o marketing da política e do político não vai tirar prejuízos dos seus eleitores, que não foi pouco, além traumas e transtorno psicótico de qualquer chuva poderá vir alagar, de quem vai água, lama, esgoto entrar em seus lares, comercio, fica pergunta foi jogada muitos arriscada, saber que não foi feito, mais que agora em 180 dias vão resolver tudo, iludir o Povo, o tal que deu entrevista na tal emissora de Tv disse que não tinha, dinheiro, o mesmo disse jornal escrito que para solucionar os problemas, precisaram 180 milhões, e dinheiro do marketing da prefeitura nunca faltou foi apenas 17 milhões, lembram disto, aprovado naquela que se diz à casa do povo, o ex presidente colocou catraca, fez reforma jardim, e farra diárias, bem realmente isto passou, mais foi mais esse dinheiro fez falta pra cidade, o nosso magnífico prefeito, vice deveria vir na mesma emissora que ajudou tanto reeleger, a prestar esclarecimento, ou mesmo se aproximar da população, sabemos que Santa Catarina, castigada por algum fenômeno da meteorologia, "El Niño/La Niña" não sou especialista, sempre algumas cidades são afetadas, mais se gastou mal, esse mau apareceu desta forma, gestão privada nada tem haver com pública, tem aprendido na carne, tem equivocado e esquivado e fazendo todos pagar caro, por isto, além demorar muito pra tomar ações, veja que aconteceu em floripa, o vice prefeito veio falar, em público, dizer que vão buscar recurso, enquanto prefeito viajava pra Brasilia, se vai vir dinheiro ou não é outra estória, esse correndo atrás do prejuízo e nosso prefeito o que fez até agora, decreto pra tentar trazer dinheiro, veremos se isto realmente se concretiza. Deixa prefeito trabalhar, afinal ele doa seu salário!!

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  3. Houve, sim, um prefeito que chamou para si a responsabilidade sobre o problema das cheias e alagamentos. Basta não ser intelectualmente desonesto para dar nome aos bois e reconhecer isto.

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    1. Não sei se você se refere ao Carlito, que diz que fez o mínimo esperado de um prefeito. Porém, daí a dizer que chamou para si a responsabilidade... é forçar a barra. Se fosse verdade não teríamos os problemas continuamente. Aliás, foi na gestão dele que tivemos a pior enchente em casa. E na época solicitei que limpassem e abrissem bueiros na rua: estou esperando até hoje.

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