quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Temporada churros gourmet


POR FAHYA KURY CASSINS
Caminhava pela orla de Balneário Camboriú, nos primeiros dias de dezembro, quando li a placa sobre o que seria a sensação da temporada (e eu que pensava que isso se descobriria apenas ao final da mesma): o churros. Eu já havia sentido o óleo de fritura velho a empestar o ar. Sucessivas barracas (devidamente organizadas, pois Balneário é a nossa Miami) anunciavam os recheios: nutella, doce de leite, coco com leite condensado, chocolate, etc.. Pensei que, enfim, tudo bem, era Balneário.

Mas agora a previsão confirmou-se: o churros invadiu o litoral. Há barracas, vendedores ambulantes e furgões por muitas praias vendendo churros; gourmet, é claro. Porque agora tudo é gourmet. Só as nossas praias que não.

Sou daquelas que já pode dizer “daqui até lá era tudo mato”. Então, me pergunto: churros é comida de praia? Cadê o milho cozido e o bendito caldo de cana (às vezes difícil de encontrar)? Saíram de moda, é isso? Onde que uma massa frita, que nessa gourmetização ridícula vem cheia de recheio super calórico, é comida de praia? Fritura era o bom e velho pastel, que pelo visto também saiu de moda.

E esses dias me dei conta que era a única pessoa a subir o morro de acesso à praia – a fila de carros parada – a pé. A praia que frequento é pequena e carros começaram a parar sobre a areia, nos cantos da praia, arrombaram os portões de uma casa abandonada e cobram R$15 o estacionamento, há carros por todos os lados, ruas entupidas. Ao chegar na areia lá estava um carro vendendo churros, a fila enorme de famílias inteiras, crianças obesas com os rostos lambuzados de recheios gourmets, granulados coloridos a cair pelo chão.

Obesidade infantil é um problema de saúde pública. Excesso e mau uso do carro é um problema de tantas áreas – meio ambiente, saúde, urbanização. Eu antes via trupes inteiras passarem na frente de casa, a pé, a caminho da praia. Por que as pessoas não andam mais a pé? Por que trocaram o caldo de cana e o milho cozido (naturais) por uma moda qualquer? Estamos balnearizando todo o litoral catarinense?

Lembrei de Goiânia, cidade longe do litoral, mas onde faz muito calor e em quase todas as esquinas vendem frutas frescas, inteiras ou devidamente prontas para consumo, cortadas em pedaços e descascadas – coisa que aqui no Sul passei a sentir falta, pois nos dias de calor é uma excelente pedida. Eu compraria fácil uma porção de melancia fatiada na beira do mar.

As pessoas poderiam trocar o “projeto verão” de dias trancados na academia ao longo do ano, pelo projeto verão de andar mais a pé, abrir mão do ar condicionado e caminhar, carregando guarda-sóis e cadeiras, absorvendo vitamina D, tomando um caldo de cana bem gelado, levando garrafas de suco e frutas para as crianças. Isso de levar a cidade para a praia não dá certo – só se sentirem muito a falta de um congestionamento.

6 comentários:

  1. Temos uma forte candidata ao texto mais lixo de todos os tempos.(E Estamos ainda em janeiro, mas superar esse requer muito esforço)

    1) Obesidade infantil não tem nada a ver com exercícios físicos e sim com alimentação.
    2) As barracas de churros de Balneário vendem milho cozido tbm (todas elas).
    3) Não é permitido a estas barracas venderem caldo de cana por causa dos insetos (abelhas em especial)
    4) Nem tudo que é natural faz bem. O açúcar (este sim responsável pela obesidade) é muito mais concentrado num caldo de cana do que num churros.

    Pelo amor de deus, se não tem sobre o que escrever, fique na praia aproveitando o cheiro de gordura.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Até preferia, mas a água contaminada da orla central de Balneário não é convidativa.

      Excluir
    2. 1) má alimentação aliada a falta de exercícios causa obesidade. Sugestão no texto: andar a pé.
      2) a colunista fala das barracas clandestinas e não somente as da orla.
      3)o litoral paulista e carioca todinho vende caldo de cana e não temos relatos de ataques de insetos
      4)o açúcar do caldo de cana não é processado. Ademais, pessoas normais tomam um copo de garapa, que é rico em ferro e outros sais minerais. No churros tem farinha, mais o açúcar da cobertura, mais o recheio( que é uma combinação de gordura e açúcar).
      É duro quando o texto é lido fora de contexto.

      Excluir
    3. 3) Observei, ao longo do Verão, uma infestação de abelhas nas barracas de Balneário... atraídas pelos recheios doces dos churros. E agora?

      Excluir
  2. Sr. Anônimo,,, poupou-me a tarefa de expressar o mesmo sentimento.. Mi mi mi em cima de mi mi mi.. Ah, não tem isso.. ah não foi feito aquilo,, ah vai capinar uma roça, vai pendurar uma roupa,,,

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Típica mentalidade de baixar a cabeça. Tão útil à sociedade...

      Excluir

O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem