quinta-feira, 14 de julho de 2016

Joinville e a negação do direito ao lazer

POR RAFAEL JOSÉ NOGUEIRA

Nos últimos tempos tem sido comum as empresas de ônibus de Joinville diminuírem os horários de determinadas linhas aos finais de semana (ou pelo menos de um dia deles). Isso mostra bem o imaginário social da cidade para a classe trabalhadora.

Trabalha-se de segunda a sexta - ou sábado em alguns casos e o lazer parece não estar no pacote. Fica a impressão que o trabalhador deve ficar em casa descansando para retornar ao trabalho na segunda-feira. Sair com a família ou com os amigos para se divertir, nem pensar. Em outras palavras, é a negação do direito ao lazer.

É algo grave. Uma vez que o lazer é um dos seus direitos sociais, como está escrito no artigo sexto da Constituição Brasileira de 1988: “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

Desde o início da Revolução industrial, na Grã-Bretanha, o trabalhador foi condicionado à massificação de sua força de trabalho, alterando sua rotina diária e sua condição física, moral e intelectual. Diante disso, a ONU (Organizações das Nações Unidas) teve o entendimento que o lazer é essencial ao ser humano na sua construção no meio social. Pois com a consolidação do capitalismo e aumento da exploração do trabalhador viu-se a necessidade e a importância do tempo livre: o lazer.

Joinville, por outro lado, entendeu que o trabalhador deve trabalhar descansar um pouco e trabalhar de novo num ritmo infernal e frenético. Todo e qualquer tipo de lazer é visto com desconfiança. Lazer só pode ser honesto se vinculado com a empresa do operário, o patrão que deve conceder a diversão para o empregado. De outra maneira, não é recomendável. Inverte-se a lógica do direito ao lazer como restaurador das energias e de um estado de saúde estável para um mecanismo de dominação tanto da mente como do corpo.

Trabalho é sinônimo de honestidade em nossa cidade. Em Joinville, a ordem é trabalhar. Lazer é visto como desculpa para não trabalhar. Triste pensamento. Uma cidade sem lazer não progride. Não falo de progresso material e econômico. Nisso Joinville tem tido sucesso historicamente. Falo de desenvolvimento humano. E vem a questão. E as pessoas? São seres humanos. A liberdade do lazer faz parte da qualidade de vida.

3 comentários:

  1. “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

    Educação = Continua ruim, senão pior (com os 13 anos de “governo progressista”).

    Saúde = Piorou (com os 13 anos de “governo progressista”).

    Segurança = Temos uma guerra civil declarada. Piorou, e muito, sobretudo nas cidades médias, como Joinville (graças ao afago dado aos bandidos pelos “progressistas” que governaram o país por 13 anos).

    Previdência Social = Prestes a desmoronar. Sem contar os fundos de pensão de petroleiros, carteiros e bancários, pilhados pelos “progressistas” que governaram o país por 13 anos.

    Proteção à Maternidade = Mais uma pauta meramente populista da nossa Constituição “a sinistra”! A saúde (ruim) e a segurança (pior) já demonstram o apreço do governo “progressista” pelas mães brasileiras.

    Infância = Ver Saúde e Educação nos governos “progressistas”.

    Assistência aos Desamparados = Outra pauta populista e vaga de nossa Constituição. Mesmo assim, ver itens Educação, Saúde, Segurança nos governos “progressistas”.

    E você reclama por “Laser”? HAHAHAHAHAHAHA

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  2. Mas estranha que um monopólio (do transporte coletivo) não atenda os desejos da população?

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  3. Transporte coletivo no Brasil tem que ser revisto. O modelo atual não está funcionando. Continua sendo mais barato andar de carro do que de ônibus, isso não faz sentido.

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