sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

É perigoso andar de zica?

POR ET BARTHES

Para você, que é um defensor do uso da bicicleta como meio de transporte, que tal um treino antes de sair para as ruas? Perigo por perigo, pelo menos esta vista é mais bonita e o percurso mais emocionante. E o melhor: você só depende da própria perícia, porque não corre o risco e ser atropelado por um carro cujo motorista pensa que a estrada é só dele. Aliás, dá para perguntar: é mais perigoso andar nesta trilha ou nas ruas de Joinville?


Os três primeiros meses e as mudanças

POR COLETIVO CHUVA ÁCIDA


O Chuva Ácida chegou aos seus primeiros três meses e esperamos que seja o primeiro de muitos outros trimestres. Mas uma proposta como a do blog precisa - e precisará sempre - de ajustes e aperfeiçoamentos. Essa era uma condição da proposta inicial e ainda hoje continua a orientar as nossas ações.

O ano de 2012 será muito interessante, especialmente no nível municipal. E o curto período de existência do Chuva Ácida permite aspirar objetivos mais ambiciosos. Os primeiros números do blog são animadores. Por um lado, o número de posts - mais de 170 - é um bom indicador de intervenção nos quase 100 dias de existência.

Um resultado a ter em conta é o número de acessos. Com quase 40 mil visitantes, o Chuva Ácida tem já um público fiel, que garante a média de 8 mil acessos por mês. Mas o indicador que mais nos satisfaz - e mostra que os leitores estavam à espera de um espaço como o Chuva Ácida - é o elevado número de comentários, mais de 850. O número é relevante. Mais ainda porque a qualidade da maioria dos comentários demonstra ser um público qualificado.

Cada post recebeu cinco comentários em média. Mas houve alguns que receberam mais de 100 comentários. Um fato que nos levou a abrir um espaço para a participação dos leitores, o Brainstorming. É a consolidação da proposta de democratização da opinião, pois dessa forma o blog não se fecha apenas nos seus administradores. Pelo contrário, busca fortalecer o conceito de espaço aberto e plural, como se de uma moderna ágora se tratasse.

Entre os ajustes que estão previstos estão a saída, por decisão própria, da professora Maria Elisa Maximo, e a entrada de Guilherme Gassenferth. Importante salientar que a saída de um não tem a ver com a chegada do outro. Estávamos a buscar alguém para escrever aos sábados e o nome do Guilherme foi unânime.

Mas devemos esperar ainda novas incorporações nos próximos meses. O objetivo é que a composição do coletivo represente não só opiniões diferentes, mas englobe também visões, posições, culturas e origens diversas. Entendemos que é nesta diversidade - com cada integrante tendo o mesmo peso nas decisões - que reside um dos pontos mais fortes do Chuva Ácida.

Desejamos um bom ano de 2012 a todos. Que seja um período repleto de desafios por vencer, de novos caminhos por trilhar, de debates por sustentar. Porque nós cá estaremos a manter um espaço democrático e de respeito pela opinião, seja ela qual for. E contamos com a insubstituível participação de todos vocês.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Bullying de Natal

POR ET BARTHES

Imagine que na época de Natal você vai a um centro comercial e um coro de crianças com caras de anjos começa a cantar músicas próprias da época. Mas quando você começa a prestar atenção às letras vai perceber que é bullying. É um anúncio da De Opvoedingslijn, um conselho belga destinado a pais com crianças fora do controle. A letra em inglês está na linha mais abaixo.

Os conformistas


POR JORDI CASTAN
Nada a ver com o protagonista do filme de Bernardo Bertolucci e roteiro de Alberto Moravia, mas os conformistas estão hoje por todos os lados. Invadem-nos e nos envolvem com sua atitude passiva, com o seu conformismo frente a tudo. Tolamente se alegram e fazem algaravia por qualquer coisa menor, como se fosse um grande acontecimento e merecesse todo este barulho.
Os conformistas são esta gente que se satisfaz com pouco. Algumas vezes ficam contentes com nada, enchem os seus espíritos vazios de ar, de pura empulhação, que os alimenta e nutre. Acreditam em palavras vazias, imaginam que se algum político diz que vai inaugurar isto ou aquilo, em determinada data, aquilo é uma verdade absoluta. Ignorando, no seu conformismo, que nem o próprio político acredita no que afirma.
Os conformistas são como um lastro que não nos deixa avançar, nos mantém presos à nossa mediocridade provinciana e nos impedem de sonhar e de ir além. Querem nos convencer que estamos muito bem, que vivemos na melhor cidade de Santa Catarina, no melhor estado do país e no melhor país do mundo.
Que os dados do censo mostrem que as desigualdades subsistem, que as diferenças entre os mais ricos e os mais pobres aumentam, que o salário médio é baixo. Os conformistas querem que mantenhamos uma venda sobre os olhos, que não possamos enxergar como as coisas poderiam ser, e que não nos rebelemos contra a situação que aqui está.
Alguns são conformistas porque não conhecem outra realidade e acreditam piamente que vivemos no melhor dos mundos. Outros levam o seu conformismo ao extremo de imaginar que isto é o melhor a que podemos aspirar. E que, mesmo sabendo existirem alternativas melhores que a nossa, elas estão fora do nosso alcance, ou porque não as merecemos ou porque somos incapazes de atingi-las. Como na fábula de Esopo, em que uma raposa morta de fome vê uma parreira carregada de cachos de uva, intentou alcançá-la e depois de árduos intentos desistiu alegando que as uvas estavam verdes.
Fazer do conformismo uma corrente que nos prende à mediocridade é condenar-nos a permanecer servis, a não avançar, a não sonhar, a aceitar soluções medianas como sendo boas, remendos de solução. É um castigo injusto e desproporcional para uma cidade que merece mais e aspira a um futuro melhor. Uma cidade que já foi altiva, orgulhosa e exemplo, e que hoje insiste em conformar-se com pouco ou com muito pouco. A única solução é enfrentar este conformismo capacho, mantendo-nos firmes e indômitos.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

De PIGS e putas

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Eis o meu último post do ano. E por estarmos em plena época festiva, seria normal desejar um feliz ano novo a todos os leitores do Chuva Ácida. Mas, como sabem, eu moro em Portugal e, do jeito que as coisas andam, não tenho garantias de que vá haver um 2012. Tudo depende de uma autorização da Sra. Merkel, que é quem manda nesta bodega toda.

O trem está feio, gente. Aqui deste lado andamos todos a comer nas mãos da “Troika da Merkel” (FMI, Banco Mundial e União Europeia). E os caras estão fazendo coisas do arco da velha. Imaginem que, por causa dessa corja, tive um Natal pela metade. Isso mesmo. Os puppets que governam a coisa por aqui (na verdade não governam, são paus-mandados) gudunharam parte do meu décimo-terceiro.

Foi um confisco na maior cara de pau. Só que para não parecer tão arbitrário, deram o simpático nome de “Contribuição Especial para o Ajustamento Orçamental”. Não sei se com a minha contribuição deu para ajustar o orçamento do país. Mas uma coisa posso garantir: eles certamente desajustaram o meu orçamento. Lembram daquela coisa antiga chamada “ouro para o bem do Brasil”? Aqui foi “euro para o bem de Portugal”.

Portanto, não sabemos se vamos ter um 2012. Se tivermos, tudo indica que vai ser uma porcaria. Porcaria? Ah... isso explica muitas coisas. Para quem não sabe, este cantinho à beira mar plantado é um dos integrantes do grupo de países carinhosamente chamado PIGS - Portugal, Italy, Greece e Spain. Os europeus do norte fogem de nós como os porcos deveriam fugir da salsicharia alemã.

A coisa está tão feia que todos estes países agora têm novos governos. Menos mal para Portugal e Espanha, onde Passos Coelho e Mariano Rajoy venceram eleições democráticas. Mas os manda-chuvas da Europa foram ao fundo do poço neoliberal e, em nome dos “mercados” (essa entidade que ninguém nunca viu), não se importam de atropelar a democracia.

Foi o que aconteceu na Itália e na Grécia, onde não houve eleições para escolher os novos governantes. Os ex-primeiros-ministros Silvio Berlusconi e George Papandreou foram defenestrados e substituídos por tecnocratas que não receberam um votinho sequer. Eleições? Ora, para quê? O mercado não gosta dessas sutilezas democráticas. Mas sou capaz de apostar que os italianos preferiam ir à urnas para dar um chute democrático no traseiro de Berlusconi.

E o mais chato. Segundo os donos da Europa, os PIGS são lugares onde as pessoas tiveram “vida fácil” nos últimos anos. Pelo que dizem, parece que andamos a gastar mais do que podíamos e agora é hora de liquidar a fatura. Não entendo. Porque tenho trabalhado feito um mouro e nunca me pareceu ser uma vida fácil. E se gastar o meu dinheiro em comprar casa e pagar educação é vida fácil, imagino o inferno que deve ser a vida difícil.

Peraê. Agora entendi, senhores da troika. Vida fácil é como muitos identificam a vida das prostitutas. É isso. Vocês emprestam dinheiro a juros escorchantes e , por causa disso, nós temos que nos portar como putas? Ok... vocês podem nos foder... mas sem beijo na boca.

Feliz ano novo. Onde houver ano novo...

Violência doméstica sem finais felizes

POR ET BARTHES

O filme mostra imagens violentas. Mas falar da violência mostrando os resultados da própria violência pode ser uma forma de passar a mensagem. E apesar de alguns considerarem as imagens chocantes, o fato é que em Portugal elas estão sendo exibidas sem problemas. E o texto faz sentido: “Nos últimos cinco anos 176 mulheres morreram vítimas de violência doméstica. Morreram porque continuaram a ter esperança de que ia voltar a ser como um dia foi. Mas ele não mudou e elas morreram”.
A violência doméstica não costuma ter finais felizes.


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Sobre crenças e apontamentos

POR CHARLES HENRIQUE

Como 2011 está chegando ao fim, os momentos de reflexão são praticamente obrigatórios em nossas vidas. Aquela coisa de “o que eu fiz de bom e de ruim” passa pela cabeça de qualquer um de nós. E nessas avaliações que fiz sobre meu 2011, gostaria de compartilhar algumas conclusões que obtive.

A criação do Chuva Ácida me serviu para aprender a expor minhas crenças e também para lidar com o ato de apontar. Na verdade é isso que fazemos aqui. Carregamos nossas crenças e as utilizamos para dizer “isso ou aquilo”. Incomoda muito os outros, mas, apontamos sobre tudo em nossas vidas. Não precisamos de um Chuva pra começarmos. Apontamos no relacionamento, na família, no trabalho...

Quando comentamos sobre a coisa pública, parece algo fácil, tranqüilo, pois não estou falando de algo particular, estou falando de todos. Aí é que mora o perigo. Cada um tem seu prisma de enxergar a sociedade. Eu, por exemplo, um ex-militante do PDT, candidato a vereador em 2008, ex-ACT da gestão Tebaldi, ex-comissionado da gestão Carlito, Cientista Social, mestrando em Urbanismo, consultor em planejamento urbano, radialista, blogueiro, filho, aceitei este desafio de apontar porque sei até onde vão as minhas crenças. Se os outros têm uma crença diferente da minha, paciência: eu aponto do mesmo jeito.

Apontar não é zombar do diferente, do errado. Apontar é chamar a atenção, para o bom ou para o ruim. Gostaria que nesse 2011 eu não precisasse apontar o furo dos deputados em relação as diárias, ou a morosidade dos vereadores durante o ano todo, culminando em sessões extraordinárias perto do Natal. Muito menos o falso-parque no Guanabara. Ou ainda a novela dos R$40mi do BNDES. Mas precisei fazer isto. Se ninguém apontasse, ninguém discutiria e a barrigada seria a regra de nossos representantes. A sociedade ganha.

Espero que em 2012 eu não precise apontar nada. Que todos tenham consciência de seus atos, e que a prudência faça parte de cada passo dado. Sei que é uma utopia, mas apontar é um trabalho que cansa, pois parece ser muito repetitivo. Corrupção daqui, morosidade dali, imoralidade acolá. Obra bem feita daqui, boa ação ali. Mas, peraí: apontar também não seria uma crença?

Com certeza, a liberdade...

POR ET BARTHES

Não dá para entender o texto (está tudo em árabe em sem tradução), mas a moça do filme parecer ter um ponto de vista. E com certeza tem a ver com a liberdade.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O dinheiro fala

POR GUSTAVO PEREIRA DA SILVA (*)


Lamentável o artigo intitulado “NÃO NO MEU QUINTAL” , publicado no jornal A Notícia, em 22/12/2011. Com o devido respeito que nutrimos pelos integrantes do poder público, trata-se de uma visão distorcida acerca da legítima e sadia discussão que as entidades civis e associações demoradores estão buscando imprimir à nova LOT - Lei de Ordenamento Territorial Urbano, ato normativo cuja aprovação era favas contadas em 2011 e foi sabidamente postergada para o ano que vem.


O natural sentimento de contrariedade em razão da não aprovação desta lei no apagar das luzes, motivada por fatores políticos, aliado à mobilização social de treze entidades civis, é o mote do discurso orquestrado - e agora ideológico- dos comissários, copiosos em vender à opinião pública
a imagem que a nova LOT- Lei do Ordenamento Territorial Urbano, do jeito que está, representa a panacéia universal para a resolução de todos os problemas da urbes, fruto da pretensa discussão democrática ocorrida no Senadinho dos comissários, o Conselho da Cidade.

Ao contrário do que foi dito nas entrelinhas, o Santo Antônio não é bairro de ricos. O Santo Antônio é bairro de gente honesta, trabalhadora, cuja população dedicou uma vida inteira de trabalho, sacrifício e renúncias nas indústrias localizadas no Distrito Industrial. Há pouco mais de 25 anos, o bairro era uma picada na Região Norte. Só havia mato, alagamentos e a circulação se dava por uma única via, a chamada NordstraBe, hoje Dona Francisca. É um bairro, como tantos outros, acolhedor e que está recebendo bem empreendimentos de relevante interesse social vinculados ao Programa Minha Casa Minha Vida, apesar dos sérios problemas detectados em termos de mobilidade urbana, verticalização, alagamentos, segurança, ausência de esgotamento sanitário, adensamento populacional, aliado à ausência de registro de investimentos em infra-estrutura pelo Poder Público nos últimos cinco anos.

Não somos contra o projeto de lei da LOT. Apenas concitamos o poder público a abrir o diálogo com a sociedade, principalmente diante da não realização de audiências públicas pelo Executivo nas comunidades - requisito exigido pelo Estatuto das Cidades, denominado de "gestão democrática das cidades". Do mesmo modo, asseveramos que não somos contra o ato normativo em discussão -LOT-,
apenas manifestamos cautela e reserva em face dos poderosos interesses não republicanos que pautam o status quo - a conhecida e manjada corriola de agentes econômicos e generosos doadores da campanha eleitoral que se avizinha, que almejam contabilizar os lucros maximizados em razão da provável valorização de seus imóveis e investimentos, diante da modificação dos usos e em áreas residenciais próximas aos futuros eixos viários contemplados na LOT e nas polêmicas ARTs.

O Poder Executivo adotou a tática da tergiversação, as manobras evasivas e os rodeios para defender um posicionamento desprovido de argumentos sólidos e consistentes, para tentar votar o projeto ainda este ano. Alegou que corria riscos de perder investimentos de uma grande montadora, mas o argumento não foi aceito. Agora, muda o foco, procurando minimizar a importância do debate democrático com os movimentos sociais, desqualificando o trabalho e a preocupação das lideranças comunitárias ligadas às entidades civis e de associação de moradores. A importância do espectro da discussão da LOT não está circunscrito a este ou aquele Bairro, pois o nosso quintal contempla toda a Manchester Catarinense, a "Joinville de toda nossa gente".
Conhecem este trocadilho?

Será que é pedir demais ao Poder Executivo a realização de audiências públicas para discutir alguns aspectos pontuais nesta lei, antes de prosseguir a tramitação na Câmara de Vereadores? Já tivermos a oportunidade de tecer elogios à LOT, reputando o ato normativo como sendo um avanço, mas, em contrapartida, não abrimos mão do exercício de nossos direitos como cidadãos, sugerindo aos legisladores, democraticamente, modificações no texto da LOT necessárias à harmonização de divergências havidas com o tecido social, buscando encontrar um caminho de consenso, um diálogo aberto e construtivo com a sociedade. Por estas e inúmeras razões, respeitosamente divergimos: a expressão idiomática do inglês a ser aplicada à discussão da LOT não é "not in my backyard" (não no meu quintal), mas "money talks" (o dinheiro fala).


(*) Gustavo Pereira da Silva é advogado, morador do Bairro Santo Antônioe Presidente da Associação Viva o Bairro Santo Antônio.



Nota do Blog Chuva Ácida. Este texto é a versão completa do publicado no jornal A Notícia. No blog, ao contrário do jornal, não há uma limitação que restringe o tamanho dos textos. O espaço para o contraditório está aberto.

domingo, 25 de dezembro de 2011

O futebol e a praga dos ratos


POR NICO DOUAT

O futebol é um esporte fascinante. Ao mesmotempo polêmico e, possivelmente, o mais popular do mundo.

A Copa do Mundo de futebol é a únicacompetição global que rivaliza com as olimpíadas. Só uma Copa do Mundo defutebol é capaz de integrar, de forma civilizada e competitiva, em torno de umsó esporte, em um mesmo ambiente de competição de duro confronto físico, um semnúmero de países de culturas e condições de desenvolvimento totalmentediferentes, não raro beligerantes. No futebol, a despeito de conflitosculturais, religiosos, ideológicos ou econômicos, essa integração se dá de maneira natural,pacífica e surpreendentemente disciplinada.

O esporte, de forma geral, é catalisador desentimentos conflitantes que vão da paixão ao ódio, da honra à frustração, doorgulho à vergonha, todos nos seus limites e vividos quase ao mesmo tempo. Édas poucas atividades humanas que mostram, de forma didática, as conseqüênciasdas escolhas pessoais. A necessidade de uma conduta rígida seja amador ouprofissional, o sacrifício e a renúncia pessoais, a obediência às regras,a importância do planejamento, da disciplina, da boa liderança, do espírito deequipe, da integridade, do respeito, enfim, de todas as experiências que formama base moral e ética de qualquer sociedade desenvolvida.

O futebol é polêmico justamente peladubiedade de algumas das suas regras.
Por isso reina, ainda, como um dos poucos, ouo único esporte de massa profissionalizado e globalizado que admite o erro,evidente e comprovado, como causa direta de um resultado.

O exemplo clássico disso é a regra deimpedimento que por sua relação direta com a perspectiva se torna quaseimpossível de ser aplicada de forma correta. Exatamente por isso abre uma imensapossibilidade para a dúvida, para a injustiça e, não raro, para a malandragem. Assim,a despeito de já existirem todos os meios tecnológicos disponíveis paraevitá-lo, seja por má fé, seja pela dificuldade de percebê-lo corretamente, umárbitro tem grandes chances de prejudicar uma equipe que investiu e preparou-sepor meses, quando não, anos, seja para um torneio regional seja para uma Copado Mundo.

A paixão pode até admitir isso, mas,certamente, o profissionalismo e a integridade não, ou pelo menos, não mais. Osapaixonados haverão de condenar-me pela ousadia, os conservadores pelodesrespeito à tradição, mas firmo a minha opinião de que há cada vez menosespaços para a dúvida, a rapinagem, a resignação, a indulgência, em um ambienteem que o profissionalismo, a competitividade e os custos, pessoal, profissionale financeiro, exigem o máximo de imparcialidade e retidão no comportamento e norespeito às regras.

O Brasil é um caso único. Todo brasileiro queaprende a falar, começa com três palavras: “mamãe”, “papai” e, quase com certeza,o nome do time de futebol do “papai”.

A Copa do Mundo, se é, por si, um eventomundial contagiante, para o Brasil é um momento mágico. De quatro em quatroanos partilhamos um genuíno sentimento patriótico e de união cívica poucas vezesvistos em torno da seleção de futebol que vai nos representar na Copa do Mundo. Em nome disso, deixamos de lado qualquerpreferência pessoal, digamos, “ideólogo-futebolística” e passamos a sersimplesmente brasileiros unidos por uma causa: A vitória da seleção brasileira.

Somos radicais defensores do nosso time docoração, no dia a dia, mas acompanhamos atentamente, durante quatro anos, ascarreiras de todos aqueles que poderão fazer parte da nossa seleção de futebol,pouco importando o clube defendam.

Conhecemos em detalhes toda a história danossa seleção, qualquer evento, por mais inexpressivo, mas que possa a vircontribuir, eventualmente, para ameaçar o orgulho de sermos considerados osmelhores. Procuramos nos informar profundamente da história de tudo, times,treinadores, escalações, momentos históricos, e os reverenciamos com respeito. Cadajogador, o treinador, os seus históricos profissionais, são conhecidos,estudados e discutidos em detalhes.

O brasileiro é implacável quando se trata deexigir qualidade, dedicação e seriedade da sua seleção de futebol. Exige omelhor, sem qualquer condescendência. Exige quase o impossível, mas sabereconhecer os méritos do possível. Por conta disso, transforma em vilão o heróido jogo anterior, se perceber qualquer sinal de esmorecimento, inabilidade,mesmo por motivo justificável. Só admite a vitória. Não admite jogador “médio”na seleção; tem que ser “o melhor” entre os melhores da posição.

Não é por pouco que a figura públicabrasileira mais reverenciada, no Brasil e no exterior, em todos os tempos, éjustamente Pelé. Polêmico, criticado, por suas declarações, mas é definitivamenteuma unanimidade quando se trata do reconhecimento do exemplo da sua habilidade,conduta técnica e profissional.

A justificar parte do título deste ensaio, edepois da decepção vivida na Copa de 2010 e da provável confusão que será a de2014, guardo uma frase do professor José Arthur Gianotti, filósofo e ProfessorEmérito da USP, que usou uma metáfora para descrever o deprimente espetáculopolítico brasileiro: “Toda cidade tem ratos. Mas os sanitaristasdizem que, quando os ratos começam a ser vistos, é porque aumentaram em númerode tal maneira que há perigo para a saúde pública. Corrupção em governo existedesde a Grécia. Corrupção na Igreja, desde São Pedro. Ou seja, o problema não énovo. Mas o tamanho da corrupção altera suas formas. O que estamos vendo hoje éque ela chegou junto do coração do sistema. E sabepor quê? Porque o sistema foi ético, por absurdo que possa parecer. Os mafiososencontraram a porta aberta, invadiram a casa dos puros e ainda se cobriram como manto da ética...”

Fico pensando como seria maravilhoso se otorcedor brasileiro transferisse, pelo menos uma parte desse sentimento cívicoem relação à seleção brasileira de futebol para a tarefa de “desratizar” os nossostrês poderes.

Seria ótimo se o implacável torcedorbrasileiro usasse o mesmo interesse, o mesmo rigor crítico, o mesmo cuidado, amesma convicção que usa como torcedor da sua seleção na tarefa de eleger quemvai representá-lo em todos os níveis de governo pelos próximos quatro anos.

Teríamos, certamente, muito mais a comemorar.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Cartinha ao Papai Noel

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Caro Papai Noel.

Eis o que queremos no nosso sapatinho este ano: o senhor pode pedir ao deputado clarificador Clarikennedy Nunes para desbloquear o Twitter do Chuva Ácida? É sério. Porque a nossa vida mudou muito – e para pior – desde que perdemos esse privilégio. É impossível viver a sem a sabedoria com que ele brinda os seus seguidores todo (santo) dia.

É difícil assimilar a perda, Papai Noel. Se não formos desbloqueados só nos restará o divã. O pensamento do deputado clarividente Clarikennedy Nunes é inspirador. É um exemplo da mais esmerada filosofia, expressa em apenas 140 caracteres.

Ok... ele atropela a língua portuguesa repetidas vezes. Mas isso é parte de uma inteligentíssima estratégia de comunicação: os ataques à língua-mater são uma forma de ficar mais parecido com os eleitores comuns, pessoas que também erram.

É deprimente ficar sem ler - em primeira mão - aqueles twitts cheios de coragem, ousadia e ímpeto inovador. As palavras do deputado dão a esperança de que, quando estiver na prefeitura (sim, porque é apenas uma questão de tempo), finalmente teremos lá um homem que vai por, ao serviço da cidade, toda a sua vasta experiência profissional – testada nos longos anos de trabalho fora da política.

Se não formos desbloqueados, Papai Noel, onde iremos buscar o alento necessário para acreditar num futuro melhor para Joinville? Queremos acompanhar cada passo até a chegada à Prefeitura. Porque então, como temos lido, todos os problemas serão resolvidos num ápice. Temos a certeza de que ele será incansável. E só descansará ao sétimo dia.

Será que ele não gosta de nós, Papai Noel? Será que levou a mal o texto do Charles Henrique? Aquele post a dizer que os deputados joinvilenses recebiam a bagatela de R$ 670 de diária para “visitar” Joinville? Ou terá sido outro texto feito com base nos seus twitts? Aquele a mostrar que talvez a história das diárias tivesse pontas soltas? Nada disso, Papai Noel.

Só pode ser um mal-entendido. O deputado que nos livrou da presença de Hugo Chávez em Santa Catarina (num dos seus mais indômitos atos como político) só pode ser um democrata que sabe conviver com todas as opiniões. Temos a certeza de que tudo não passa de um engano e a culpa é do Twitter. Damn you, Jack Dorsey!

Prefeito, vereadores, deputados...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Frágil versus ágil

POR ET BARTHES

Sabe aqueles produtos que você compra e a caixa tem a inscrição “frágil”? Mas talvez o conceito de fragilidade possa levantar algumas dúvidas, como podemos ver nesta entrega de um monitor. E o dono do aparelho estava em casa. Mas, aqui entre nós, talvez em vez de “frágil” o entregador tenha lido apenas “ágil”. E ágil ele foi, sem qualquer dúvida.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Não tem jeito


Por JORDI CASTAN

Cada vez a vontade de desistir é maior. Se não fosse pelo apoio constante dos leitores que enviam e-mails, telefonam ou contribuem com seus comentários, confesso que já teria desistido mais de uma vez. Não porque esteja fatigado de escrever sobre como esta administração municipal é ruim. Fadiga não é algo capaz de me desmotivar. As criticas, ameaças e chiliques menos ainda. O motivo mesmo é acreditar que não há esperança, que estamos vivendo um quadriênio perdido. E que estes quatro anos são um retrocesso e que nos levarão outros tantos para voltar ao patamar anterior que, bem analisado, tampouco era grande coisa. Mas entre ficar parado quatro anos e regredir há uma sensível diferença.

Dois exemplos para mostrar o nível de incompetência que assola a cidade. O primeiro é a historia da ponte que faria a ligação entre a Rua Aubé  e a Rua Plácido Olimpio de Oliveira. Joinville receberia R$ 3.000.000 através de uma emenda parlamentar, dinheiro a fundo perdido que, acrescentado aos R$ 1.200.000 de contrapartida. permitiria construir uma ponte que é importante para a cidade. Vamos perder os R$ 3 milhões, porque o prazo esgotou neste final de ano. Uma pendenga judicial com dois terrenos não permitiu que a obra fosse iniciada. A Prefeitura já trabalha com duas alternativas: a primeira contratar um empréstimo com o Badesc, que teremos que pagar entre todos e que incluirá juros; a segunda opção será executar a ponte com recursos próprios. De uma forma simples e clara perdemos R$ 3.000.000 e a ponte ficou cada vez mais distante de se concretizar.

O outro exemplo é o do esgoto. É a única obra que esta administração está executando digna deste nome. Ninguém deveria questionar a sua importância. A obra toda está sendo custeada com o sobrepreço que pagamos todos na nossa água e no nosso esgoto. Aqueles valores escandalosos que pagávamos antes para a Casan - e que eram drenados para manter a estrutura da empresa em Florianópolis e permitiam equacionar a tarifa de água dos municípios deficitários - foram mantidos quando da municipalização. E permitiram que se constituísse um caixa significativo para executar as obras necessárias e pudéssemos incorporar, na Companhia Águas de Joinville, os mesmos vícios da antiga operadora do sistema. Tanto os altos salários como as perdas significativas da água tratada escancaram uma ineficiência que já foi bem menor. 

O mais curioso no tema do esgoto são as informações desencontradas com que o governo nos brinda. Durante a campanha, o promessômetro registrou a promessa de concluir a gestão com 70% do saneamento básico instalado. Quando a esmola é demais, o santo deveria desconfiar. Mas depois os percentuais foram mudando para coisa de 52% em abril deste ano, agora já se fala de 32%, mas ainda mantendo a esperança que possa ser de 38%. Quando a administração de uma empresa pública de importância transcendental para Joinville, baseia suas previsões na esperança, mais que na técnica é bom se preocupar. Porque é provável que os cálculos e previsões estejam mais baseados no chute e no achismo que em qualquer estudo técnico. Por isto aumenta a sensação que há muita incompetência e pouco conhecimento. A possibilidade que isto possa vir a endireitar, nos poucos meses que faltam, é cada vez menor.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Vocação esportiva e a Arena Joinville

POR FELIPE SILVEIRA

Foi anunciada nessa semana a possível ampliação da Arena Joinville. Essa que foi a grande obra eleitoreira de Tebaldi, pode ser um belo reforço na campanha de reeleição de Carlito. E, sem querer misturar as coisas (cada área e projeto tem a sua verba), fico indignado com a felicidade que dá nesse povo cada vez que se fala nesse estádio.

Fico indignado porque não vejo ninguém brigando por uma pista de atletismo adequada, por mais projetos esportivos junto à comunidade, por uma piscina olímpica ou por mais estrutura para os nossos atletas. Não quero também criticar o trabalho da Felej, pois considero um trabalho bem feito e que, na medida do possível, tem atuado em todas as áreas do esporte. Ressalto que essa é uma visão de fora, superficial. Enfim, quero apenas dizer que a cidade tem potencial para ser uma potência esportiva do país, que tem vocação para o esporte, mas que para isso também precisa contar com o apoio das pessoas que atualmente se contentam com a ampliação da Arena Joinville.

Joinville é uma cidade com vocação para o esporte e 2011 foi um ano que, apesar de alguns resultados ruins, mostra a força esportiva da cidade. Quais cidades no Brasil podem se orgulhar de ter um time na forte série B do campeonato brasileiro, um time de basquete no campeonato nacional, um time de futebol americano disputando o nacional, um time de futsal campeão da taça Brasil, uma promessa olímpica como a Tamiris de Liz e outros tantos atletas que são referências nacionais e estaduais em diversas modalidades, como o caratê, a natação e outras tantas. E, claro, isso é apenas uma visão superficial da coisa, de quem nem é muito ligado em esportes.

Muitas vezes não reconhecemos a qualidade da cidade neste âmbito, mas é inegável a grandeza esportiva de Joinville. Preferimos reclamar de resultados ruins, como as quedas do JEC, a má campanha da Krona, principalmente neste ano, o fechamento do time de vôlei da Tigre. Claro que há coisas ruins, mas o esporte é cheio de altos e baixos mesmo, e a consistência e a insistência são fatores determinantes. O time de basquete de Joinville, por exemplo, deu um susto na cidade este ano. Parecia que ia fechar, e quando chegou o início do NBB, parecia que não iria pra frente. Hoje, no entanto, está sendo formado um time forte, bem treinado pelo José Neto e com reforços importantes. O futsal da Krona é outro exemplo. Depois de uma campanha muito ruim na Liga, com um bom time, poderia ter abandonado o barco, mas pelo que se vê está montando uma seleção para ganhar tudo em 2012. Se vai ganhar alguma coisa, são outros quinhentos.

Em qual das duas imagens está a nossa maior riqueza esportiva?

Virei um porco capitalista


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Yo no creo en estalinistas, pero que los hay los hay.

Ontem rolou um pequeno debate nos comentários do Chuva Ácida sobre a Coreia do Norte (depois a coisa se prolongou no Twitter). Um dos intervenientes recomendava a leitura de um blog de solidariedade à nação asiática, até pouco tempo liderada com mão-de-ferro pelo generalíssimo Kim Jong Il.

Para começar, tive uma dúvida. Em vez de solidariedade com a Coreia do Norte, não seria mais adequado uma solidariedade com o povo coreano? Tenho a convicção de que as duas coisas são muito diferentes. Porque apoiar o povo talvez seja rejeitar o apoio aos homens responsáveis por um dos sistemas mais fechados e atrasados do planeta.

Fui dar uma olhada no blog. Não aprendi grande coisa sobre o país, que chora convulsivamente a perda do Querido Líder (vejam o vídeo mais abaixo). Mas descobri coisas sobre mim que nem imaginava. Para começar, sei agora que integro “a maioria dos jornalistas e ‘analistas’ propagandistas da ordem capitalista”. Ok... segundo o blog passei de dinossauro socialista a porco capitalista. Ops!

O blog tem uma teoria. Existe uma insidiosa conspiração do Ocidente para denegrir a imagem da Coreia do Norte. Parece que aquilo é um paraíso, mas a mídia norte-americana anda a manchar o nome do país. “Qualquer notícia que fale em ‘crise econômica’ e ‘fome’ na Coreia Popular nos dias de hoje é mera propaganda capitalista, não merecendo sequer ser levada em consideração”, diz o texto do blog. Não levar o interlocutor em consideração? Eis um bom argumento.

O fato é que algumas pessoas analisam a questão através de filtros um pouco fora de tempo. Socialismo versus capitalismo. Propaganda ianque versus a realidade coreana. Imperialismo versus governo “popular”. Acontece que sou uma pessoa simples e prefiro simplificar. A minha medida é mais fácil de entender: são as toneladas de alimentos que o Ocidente (e os aliados asiáticos) tem enviado para Pyongyang a fim de evitar catástrofes humanitárias como a fome. Ou será invenção da ONU?

Descobri também que tenho cometido outro erro. Sempre achei que aquilo era um sistema sem eleições e com ditadores hereditários (parece que agora vamos ter um governo tricéfalo formado pelo exército, Kim Jong-Un e o seu tio). Mas o site mostra que estou enganado, porque sou raso e superficial.

“A transição aparentemente hereditária da liderança na Coreia Popular recebe os mais odiosos ataques da imprensa burguesa mundial, que fala em 'ditadura monárquica comunista' norte-coreana. Poderíamos concordar com tal linha de argumentação se adotássemos um método de analise raso e superficial”, diz o texto. Ah... entendi.

Esse pessoal rejeita também as insinuações de que o choro histérico dos norte-coreanos seja uma farsa. E diz que os caras realmente gostavam de Kim Jong Il. Ok... talvez fosse melhor analisar os mecanismos de marketing pessoal e de culto à personalidade tão queridos pelos ditadores, em especial o Querido Líder. Aliás, qualquer consultor de imagem pode dizer que o falecido tinha o carisma de uma lata de ervilhas.

Em resumo. Até sou capaz de entender que em pleno século 21 uma pessoa não goste da democracia e esteja disposta a apoiar um sistema feito por cleptocratas (onde foi que Kim Jung-Un estudou?), notadamente autoritário e que obriga o povo a viver no atraso. É uma questão de opção política e eu respeito por dever democrático.
Mas não é por ser de esquerda que vou acreditar nos estalinismos. Nunca acreditei e não será agora. Aliás, nem venham dizer que aquilo é socialismo.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Pimenta nos olhos dos outros...

POR ET BARTHES

As imagens já são do mês passado, mas mesmo assim vale a pena recordar o tratamento que a polícia deu aos manifestantes na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Os protestantes, que instalaram 25 barracas no campus, não mostraram qualquer resistência à ação da polícia. Mas mesmo assim o tratamento foi o que se vê no filme: os policiais atacaram com gás pimenta sem dó nem piedade. É claro que houve uma onda de indignação por todo o país.

O 2011 de nossos representantes

POR CHARLES HENRIQUE

Mais um ano está indo, e a época de retrospectivas, vindo. Eu vou entrar nessa onda. Afinal, em uma véspera de eleições é salutar que lembremos do que nossos representantes (aqueles que tem domicílio eleitoral aqui na cidade) andaram fazendo por aí...

O Chuva Ácida, que está no ar desde 23 de setembro deste ano, tem o dever de alertar o cidadão joinvilense para algumas questões, fomentando o debate e qualificando a opinião de cada um sobre os mais diversos temas aqui levantados. Se porventura algum fato for esquecido, ou simplesmente não comentado, deixo claro desde já que os comentários serão bem aceitos. Então, vamos lá:

PREFEITURA: Esse foi o ano em que o Carlito mais inaugurou obras. Pequenas e pontuais, mas foram obras. Algumas pontes, praças, asfaltamentos, binário polêmico e um falso parque ali na rotatória da Rua do Bera. Teve o esgotamento sanitário, a falência de duas empreiteiras que estavam realizando duas obras importantes, pacotão de 60 medidas que ainda não foram implementadas em sua integralidade, greve que praticamente parou a cidade, estratégias erradas com aliados políticos, Presidente da Fundema preso, submissão à Câmara de Vereadores no repasse das sobras, não-renovação do Conselho da Cidade, pressa na discussão da LOT. Diante disto tudo, 2011 foi o melhor dos três anos de gestão de Carlito. Ainda está longe do ideal, mas parece que os petistas se encontraram.

LEGISLADORES EM BRASÍLIA: Nossa representatividade no Distrito Federal é muito aquém do que a cidade merece. Dois senadores e um deputado federal. Pouco. Quando estive em Brasília, a ministra Ideli Salvatti me confessou que “falta força política para representar os anseios de Joinville junto ao Congresso e União”. O senador LHS se envolveu em polêmicas com o novo Código Florestal ao ser o relator do projeto. E só. No mais ele atuou como o estrategista que sempre foi. Paulo Bauer protocolou um Projeto de Lei interessante: tirar o imposto dos medicamentos. Já Mauro Mariani se afastou demais do cenário joinvilense, rodeando mais as cidades do norte catarinense. Parece que o único deputado federal aqui da região já está pensando em voos maiores para 2014...

GOVERNO DO ESTADO: foi tão apagado, mas tão apagado, que se resume à novela do BNDES. E só. Para quem tanto critica a gestão Carlito e apóia Colombo, o constrangimento deve ser a primeira palavra do dicionário.

DEPUTADOS ESTADUAIS: o quê falar deles após a denúncia que fizemos aqui no Chuva? Diárias para “ficar” em Joinville, sendo que aqui é o reduto eleitoral dos mesmos? Gastos absurdos com telefone e postagem? “Meteram o bedelho” nas principais polêmicas da cidade, mas, pouco produziram (ah, protocolaram vários projetos de subvenção social)... penso que já gastei linhas demais para falar do Clarikennedy, do Nilson e do Darci.

CÂMARA DE VEREADORES: o aumento ou não do número de Vereadores acabou resumindo o ano dos nossos legisladores municipais. Sem contar a “média” que tentaram fazer na greve dos servidores estaduais e saíram prejudicados, pois estavam atuando em um tema que não lhes pertencia. Além disso, muito barulho com as sobras do orçamento da casa. Parece que as discussões mais importantes que passaram por lá foram os Projetos de Lei advindos do Executivo e que foram amplamente debatidos, devido a grande oposição ao Executivo.

UNIÃO: Se atrapalhou demais com o caso da BR-280 (as denúncias de corrupção em licitações suspendeu todo o processo), UFSC-de-um-curso-só e BNDES (fez um empurra-empurra). Um ano sem ter muito que falar.

Num geral, o ano de 2011 foi de muitas expectativas não correspondidas, da mesma forma que 2010 e 2009. Percebe-se que tudo já está sendo feito pensando nas eleições do ano que vem e também na de 2014 (nenhuma novidade). Muitas pendências para 2012, e muitos capítulos de novelas mexicanas ainda não chegaram ao fim.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Chovendo no Twitter

Coreanos choram a morte de Kim Jong Il

POR ET BARTHES

O generalíssimo Kim Jong Il bateu o coturno. E parece que os norte-coreanos vão aproveitar a morte do Querido Líder para bater o recorde do mais histérico e mais ruidoso choro coletivo da história da humanidade. As imagens impressionam, o som chateia. Agora só resta saber se é mesmo choro pelo pesar ou se são lágrimas de crocodilo.

Santos 0 x 4 Barça

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO


O Barcelona tratou o Santos como trata a maioria dos seus adversários. Ou seja, deu uma aula de futebol. Mas o jogo de ontem pôs frente a frente duas realidades muito distintas. E as comparações não podem ficar restritas ao que aconteceu no relvado do Nissan Stadium. Foi, antes de tudo, um confronto cultural.


Para começar, o torneio é encarado de forma diferente nos dois continentes. Yokohama parecia ser o único objetivo para o Santos, ao ponto de a equipe não dedicar atenção suficiente ao campeonatos que disputou. E mesmo jogadores que poderiam estar a fazer carreira na Europa, desde o início das ligas, decidiram ficar no Brasil apenas por causa desse jogo.


Os times europeus não dão importância a esse torneio. É claro que os torcedores comemoraram (afinal, é um título mundial), mas a ida ao Japão obrigou a equipe a se desligar das competições que realmente importam: a liga espanhola e a Champions. É só ver as audiências das televisões para perceber que esse campeonato não é um produto apetecível na Europa.


Sobre o que aconteceu em campo, foi o jogador Puyol quem, no fim do jogo, deu a melhor definição, ao dizer que o Santos joga numa liga mais lenta. E ao falar em “liga”, está a falar do futebol brasileiro como um todo. O fato é que o melhor time brasileiro não teria grandes chances ao disputar qualquer uma das cinco melhores ligas europeias.


Na prática isso explica por que os técnicos brasileiros não tem mercado na Europa. E até os jogadores, mesmo os craques, precisam de passar por um período de adaptação quando mudam para clubes europeus. Aliás, se uma crítica pode ser feita a Muricy Ramalho é o fato de ele não ter iniciado o jogo com Elano, jogador com experiência na Europa.


E por falar no técnico santista, a imprensa europeia destaca hoje uma análise sua, quando diz que o Barca joga num esquema tático 3-7-0. “No Brasil seria um absurdo, viraria caso de polícia e mandariam prender o técnico. Temos o costume no Brasil de que o número de atacantes indica ofensividade, mas o Barcelona prova que é possível jogar bem e fazer gol sem nenhum atacante. Quem sabe aos poucos a gente não comece a aceitar isso no futebol brasileiro também”, disse Muricy Ramalho.


Certíssimo. Os brasileiros vivem com o mito de que o Brasil é o país do futebol. Mas produzir craques não é tudo. O fato é que existe uma indústria do futebol. E, assim como em outros setores da economia, o Brasil precisa deixar de ser fornecedor de mão-de-obra (ou, neste caso, pé-de-obra) barata e tentar ganhar competitividade. Isso exige uma reorganização, um modernização e uma mudança de mentalidades.


José António Baço é torcedor do Santos

Barça 4 x 0 Santos



Por JORDI CASTAN

Otorcedor do Barça já faz algum tempo que ao hino do time, tem incorporado outro“grito de guerra”: “Oh-le-le-oh-la-la ser del Barça es el millor que hi há”.Que não quer dizer outra coisa que não há nada melhor que ser torcedor doBarça.

Se porum lado o resultado foi reflexo do que se viu sobre o terreno de jogo, também éverdade que a imprensa brasileira criou um clima de duelo e de igualdade que sófoi verdade nos editoriais dos jornais, dos programas de radio e principalmentedas dezenas de horas que diariamente a televisão dedica ao esporte em geral eao futebol em particular.

Nãohouve cor no embate previsto e tãoanunciado entre Messi e Neymar. Messi é um jogador mais maduro, com maiorexperiência e Neymar tem um futuro promissor, que ainda não se há concretizado.Não houve tampouco duas equipes sobre o terreno de jogo de Yokohama, o FCBarcelona se apresentou com a melhor equipe possível, respeitou o rival e mesmosem Villa lesionado e sem Alexis também com problemas, mostrou a seriedade comque encarou o jogo. O Santos cometeu, tal vez um único erro, o mesmo quecometeu o Al Saad, vestir de branco, o FC Barcelona se cresce e saca o seumelhor futebol quando enfrenta equipes que vestem de branco, o branco despertao sentimento mais bravio e esporea ainda mais a vontade de vencer nesta equipe. Mesmo sem receber nenhuma primaou bicho pela vitoria a equipe catalã mostrou profissionalismo e mostrou osméritos que a trouxeram até este campeonato. Sob a batuta de Pep Guardiola o FCBarcelona tem ganhado 13 dos 16 troféus disputados, os aficionados do Barça, naCatalunha e no mundo todo, tem toda a razão para entoar depois de cada jogoque: Ser do Barça é o melhor que há.

Com 72%de possessão da bola alguns aficionados ao futebol, não gostaram do jogo, quealegando que não foi um jogo equilibrado, que só tinha uma equipe sobre ogramado e que a quase perfeição que o Barcelona há desenvolvido e vempraticando no trato com a bola e na pratica deste esporte denominado futebolfatiguem. Alguém já disse que ver jogar o Barça cansa. Para mim que me crieifutebolisticamente vendo jogar a Johan Cruyff, Neeskens, Hugo Sotil, Reixach eoutros grandes jogadores, tendo como treinador a Rinus Michels, ver o Barça foie continua sendo uma festa. Por isto que o Barça é mais que um clube, é umaforma de viver, de sofrer, de curtir e de sentir. No domingo vimos um recitalde bom futebol, de respeito pela bola e de seriedade, fico com a frase deNeymar: "Hoje, oBarcelona nos ensinou a jogar futebol"., a sua humildade foia melhor imagem do dia.

Jordi Castan é torcedor do FC Barcelona

sábado, 17 de dezembro de 2011

Defensoria Dativa x Defensoria Pública

POR LUIZ EDUARDO DE CARVALHO SILVA


Mais um ano chega ao fim e Santa Catarina continua sendo a única unidade da federação que ainda não constituiu uma Defensoria Pública, conforme determina o artigo 134 da Constituição. Está lá: “A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º. LXXIV”. Em outras palavras, é garantia fundamental a “assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. Como alternativa, o Estado de Santa Catarina instituiu a Defensoria Dativa e a Assistência Judiciária Gratuita, através da Lei Complementar Estadual nº. 155, de 15 de abril de 1997 (http://www.oab-sc.org.br/setores/defensoria/lei%20155-1997.pdf). A Defensoria Dativa e a Assistência Judiciária Gratuita são prestadas por advogados inscritos na Seccional catarinense da Ordem dos Advogados do Brasil, os quais são organizados em listas para o atendimento da população carente. Atualmente, tanto a OAB/SC quanto o Estado de Santa Catarina reputam a Defensoria Dativa como sendo “modelo” de prestação de atendimento jurídico à população carente, tendo em vista o maior número de advogados inscritos no sistema, bem como o menor custo, se comparado à instituição de uma Defensoria Pública propriamente dita, com defensores públicos e servidores administrativos concursados. Conforme dados divulgados na Revista Digital Ad Vocatus, da OAB/SC (http://bit.ly/ADVOCATUS, p. 32/34), Santa Catarina conta com 7.914 advogados atendendo pela Defensoria Dativa, contra 5.191 Defensores Públicos, estaduais e federais, atendendo no restante do país.

Pois bem, à primeira vista, o sistema catarinense realmente parece ser um verdadeiro “modelo” que deveria ser seguido em todo o país. Mas, não é bem assim. Esse sistema interessa principalmente à OAB/SC e ao governo estadual, em detrimento da população carente e dos advogados que prestam o serviço. Nesse sentido, consoante o artigo 5º, da Lei Complementar Estadual nº. 155/97, a OAB/SC tem direito à 10% (dez por cento) do total de repasses efetuados pelo Estado de Santa Catarina à Defensoria Dativa. Em números, isso correspondeu a cerca de R$ 9 milhões, entre os anos de 2007 e 2011, e outros R$ 4,2 milhões entre 1999 e 2006 (vide http://bit.ly/ADVOCATUS, p. 34). Como se vê, não restam dúvidas de que esse sistema é interessante à OAB/SC. Da mesma forma, ainda na seara financeira, também é interessantíssimo ao governo estadual, haja vista que, de 1999 à 2011, despendeu pouco mais de R$ 130 milhões com o atendimento jurídico à população carente, ou seja, aproximadamente R$ 11 milhões por ano, valor este insuficiente para manter uma verdadeira Defensoria Pública por um mês.

Esses baixos valores são facilmente explicáveis e constituem uma das principais deficiências do sistema. Para se ter ideia, em 2011, considerando o número de certidões emitidas (documento que autoriza o pagamento dos honorários pelo estado aos advogados), 82.984, e o valor repassado pelo estado à Defensoria Dativa, cerca de R$ 14,5 milhões (vide http://bit.ly/ADVOCATUS, p. 33/34), cada advogado recebeu, em média, R$ 175,00 (cento e setenta e cinco reais) por processo em que atuou! Além disso, a “Tabela de Honorários” da Lei Complementar Estadual nº. 155/97 é totalmente “surreal” se comparada com a tabela da OAB/SC para atendimento particular (http://www.oab-sc.org.br/documentos/tesouraria/tab_honorarios.pdf). Para exemplificar, pela tabela da Defensoria Dativa, um advogado receberia 10 URH's pela atuação em um inventário (1 URH = R$ 55,00), ou seja, R$ 550,00, contra, no mínimo, R$ 2.984,91 pela tabela da OAB/SC. Em outras palavras, o advogado literalmente paga do próprio bolso para atender pela Defensoria Dativa. É esse valor irrisório que cobre despesas com deslocamentos ao fórum, papel para impressão de petições, energia, telefone, etc.! É um verdadeiro trabalho voluntário! E imaginar que nossos “nobres” deputados estaduais recebem “míseros” R$ 670,00 por diária, e alguns chegam a gastar R$ 6,2 mil em correspondência e R$ 12,4 mil em telefonemas em um único mês!

Para finalizar, há de se considerar toda a burocracia do sistema, desde a triagem dos beneficiários ao efetivo pagamento dos honorários aos advogados pelo estado. Sem entrar em detalhes, a triagem é deveras deficiente, haja vista que muitas vezes seleciona pessoas que não teriam direito ao benefício, tomando tempo (e dinheiro) do advogado nomeado para o encargo. Já o pagamento dos honorários é uma verdadeira via crucis, haja vista que após o término da atuação o advogado espera meses para receber os seus honorários. A propósito, a Defensoria Dativa também é considerada “modelo” porque os repasses não são feitos com regularidade pelo estado. Ou seja, o Estado de Santa Catarina paga quando lhe interessa e quando quer, geralmente após muita reclamação da OAB/SC (que tem interesse nos 10% do bolo). Em 2011 foram feitos não mais que 3 ou 4 repasses pelo estado à OAB/SC. Esse é o “modelo” de atendimento jurídico à população carente em Santa Catrina.

Luiz Eduardo de Carvalho Silva, advogado.

Uma alternativa para Joinville?

POR ET BARTHES

Para muitas pessoas a chuva é sempre sinal de problemas. Mas para outras uma enchente pode ser a oportunidade de experimentar algo completamente novo. É o que mostra este filme: há pessoas que mostram criatividade até baixo de chuva.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Aumento pode? (lá no P.S.)


POR FELIPE SILVEIRA

Ontem acompanhei o show de horror, digo, a última sessão da Câmara de Vereadores. Pra não dizer que só falei mal, um elogio: foi hilário. Ok, isso não é novidade, todo mundo diz. Mas quero destacar um ponto, quando o Bisoni disse que o Bento gosta de aparecer.

Lá pelas tantas, na discussão sobre a criação do Fundo de Proteção Civil, o vereador disse que a Prefeitura deveria indenizar as famílias construíram terrenos em loteamentos permitidos pela Prefeitura. Aí o Bento, líder do governo, ficou puto e pediu a palavra. A revolta se devia ao fato de o Bisoni fazer parte da gestões PMDB-PSDB, que, segundo ele, teriam aprovados inúmeros lotes em condição de alagamento. Assim, o Bisoni não teria moral para sugerir algo desse tipo (e eu, particularmente, acho que não tem o menor cabimento mesmo).

Na volta da fala do Bisoni, ele solta essa: "O Bento gosta de aparecer, mas só quando tem gente. Vem até de vermelho pra aparecer". Depois disso só dava pra ouvir o Bento reclamando, mesmo com o microfone fechado, da fala do Bisoni. Sob protestos Bisoni justificava. “É brincadeira, é brincadeira. Mas é verdade”.

Enfim, vocês tinham que ter visto. É uma pérola atrás da outra.

No entanto, o que eu quero dizer com isso, é que o que deixa a desejar na Câmara é a falta de qualidade dos nossos vereadores. É um absurdo, gente, que certas figuras sejam eleitas. O Bisoni, coitado, já deu o que tinha que dar. Ele é uma figura carismática, engraçada, mas isso não pode garantir uma eleição, muito menos as quatro que ele tem.

A Câmara é um lugar para o debate de ideias que resultem em ações para melhorar a vida do cidadão e a cidade. Hoje ela é um festival de remendos, no qual cada um puxa uma sardinha para o seu lado. É difícil encontrar um argumento que preste sobre qualquer discussão que se tenha nessa casa.

No entanto, essa discussão é fundamental para a democracia e ela vai acontecer. Ela só acontece nesse nível por causa das nossas escolhas tortas, por causa do nosso descrédito no sistema democrático (se fosse for anarquista, posição que respeito e admiro, o descrédito tem razão de ser).

Esse descrédito que só aumenta com a ideia “de que político é tudo vagabundo mesmo”, com a ideia de que ter menos vereador é melhor do que mais, com a ideia que política não vale a pena, e, principalmente, que as discussões não devem “partir para o campo ideológico”.

Enfim, fica o meu apelo para que elevemos a qualidade da Câmara da próxima eleição, para votarmos em gente inteligente, que debate, que tem idéias, que tem ideologia, que quer o melhor não só para a cidade, mas para as pessoas.


P.S.: Ontem, aos 45 minutos do segundo tempo, na última sessão ordinária do ano, os vereadores aumentaram o próprio salário. Quer dizer que não pode aumentar o gasto com mais vereadores, mas aumento de salário pode?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quer protestar? Tire a roupa...

POR ET BARTHES

Sempre que há um protesto do movimento feminista ucraniano Femen, uma coisa é certa: vamos ter seios à mostra. Há alguns dias as moças foram até Moscou para protestar contra os resultados das eleições na Rússia, que elegeram Putin e levantaram muitas questões da oposição. E como lá por aquelas bandas está um frio danado, os barbados da polícia trataram logo de cobrir as moças... que espernearam.

Arborização urbana ou comédia de erros?



Por JORDI CASTAN

Leitor atento deste blog avisa sobre o plantio das árvores na Marquês de Olinda. Ele acha que está tudo errado. Outro leitor, poucos dias depois, também entra em contato e dá detalhes mais precisos. Desta vez, toca mesmo dar uma olhada. A arborização urbana não é tarefa tão complexa. Nas ruas há dois lados, o direito e o esquerdo, aliás praticamente todas as ruas tem esta característica.

No caso de Joinville, em algumas ruas a fiação elétrica, que é aérea, está em um ou outro lado e é preciso prestar atenção. Os técnicos municipais determinaram que, no lado que não tem fiação elétrica, se plantem árvores maiores e no lado com fiação elétrica se opte por árvores menores. Parece simples.

A prefeitura escolheu uma lista de árvores adequadas para arborização urbana e se estabeleceu que devem ser nativas. Definido, árvores de porte maior de um lado e as de porte menor do outro, aonde tem fiação elétrica, que é facilmente visível, até porque há postes de concreto que ajudam a identificar qual é cada lado.
Então vamos lá. Na avenida Marques de Olinda a prefeitura optou por plantar Canelinha e Magnólia Amarela, árvores de porte, de um lado, e Murta, que é um arbusto de pequeno porte, no outro.


Aparentemente tudo resolvido? Não. Tanto a Magnolia Amarela (Michelia campacha) como a Murta (Murraya paniculata) são plantas exóticas. Originárias da Ásia, vizinhas das figueiras da Beira-Rio, pelo que não é difícil imaginar que no futuro próximo grupos de puristas proponham também o seu corte e a sua troca por outras árvores nativas.  É este o problema mais grave? Claro que não. Os vizinhos estão esperando que a Celesc venha trocar os postes e a fiação de lado, porque as árvores de porte maior foram plantadas em baixo da fiação e as menores no outro lado da rua. Como os técnicos da prefeitura não cometem erros, ou tem dificuldade em reconhecê-los quando esta eventualidade acontece, devem ser os da Celesc os que erraram ao colocar a fiação do lado errado faz uns quinze anos.
Não é preciso elogiar as ações de esta administração municipal. A prefeitura conta com um nutrido grupo de assessores de comunicação que diariamente produzem notícias divulgando, elogiando e às vezes até exagerando um pouco os logros desta gestão.
Destacar o lado negativo - o que se faz ou deixa de fazer - é cansativo, tanto para quem escreve, como principalmente para quem um dia sim e outro também se depara com notícias e informações diversas divulgadas pelos meios oficiosos e pelos canais oficiais. E acaba desorientado, sem saber muito bem em quem o em que acreditar.
Mesmo as tarefas e empreitadas aparentemente mais singelas se convertem em tarefas árduas para o detentor de cargo público. O pior ainda é que a sociedade está cada dia mais atenta, fotografa, escreve, se manifesta. E as críticas adquirem uma força nunca antes imaginada pelos que, durante décadas, se acostumaram a fazer calar, a não deixar que opiniões contrárias tivessem eco e fossem divulgadas, ficando praticamente na clandestinidade.

Faz muito bem a prefeitura em se sentir injustamente criticada, porque nesta administração não se fazem as coisas como eram feitas no passado. Agora são bem feitas. A população que é excessivamente critica e exige uma perfeição inatingível